𝖂𝖎ƙ𝖎𝖊

Sismo de Lisboa de 1755: mudanças entre as edições

Sem resumo de edição
Sem resumo de edição
Linha 7: Linha 7:
Relatos contemporâneos afirmam que o terramoto durou entre 2 horas e meia e seis minutos, causando fissuras gigantescas de cinco metros que contaram o centro da cidade. Com os vários desmoronamentos os sobreviventes procuraram refúgio na zona portuária assistiram ao abaixamento das aguas, revelando o fundo do mar, cheio de destroços de navios e cargas pedidas. Dezenas de minutos depois um enorme tsunami de 20 metros fez submergir o porto e o centro da cidade. Nas áreas que não foram afectadas pelo tsunami, o fogo logo se alastrou, e os incêndios duraram por 5 dias.
Relatos contemporâneos afirmam que o terramoto durou entre 2 horas e meia e seis minutos, causando fissuras gigantescas de cinco metros que contaram o centro da cidade. Com os vários desmoronamentos os sobreviventes procuraram refúgio na zona portuária assistiram ao abaixamento das aguas, revelando o fundo do mar, cheio de destroços de navios e cargas pedidas. Dezenas de minutos depois um enorme tsunami de 20 metros fez submergir o porto e o centro da cidade. Nas áreas que não foram afectadas pelo tsunami, o fogo logo se alastrou, e os incêndios duraram por 5 dias.


A cidade de Lisboa não foi a única cidade portuguesa afectada pela catástrofe. Todo o sul de Portugal, nomeadamente o [[Algarve]] foi atingido e a destruição foi generalizada. As ondas de choque do terramoto foram sentidas por toda [[Europa]] e norte da [[Africa]]. Os tsunamis originados por este terramoto varreram desde a África do norte até ao norte da Europa, nomeadamente até a [[Finlândia]] e através do [[Atlântico]], afectando a [[Martinica]] e [[Barbados]].
Lisboa não foi a única cidade portuguesa afectada pela catástrofe. Todo o sul de Portugal, nomeadamente o [[Algarve]], foi atingido e a destruição foi generalizada. As ondas de choque do terramoto foram sentidas por toda [[Europa]] e norte da [[Africa]]. Os tsunamis originados por este terramoto varreram desde a África do norte até ao norte da Europa, nomeadamente até a [[Finlândia]] e através do [[Atlântico]], afectando a [[Martinica]] e [[Barbados]].


De uma população de 275 mil habitantes em Lisboa, 90 mil foram mortos. Outros 10 mil foram mortos em [[Marrocos]]. Cerca de  85% das construções de Lisboa foram destruídas, incluindo palácios famosos e bibliotecas. Várias construções que sofreram pouco danos pelo terramoto foram destruídas pelo fogo que se seguiu ao abalo sísmico.
De uma população de 275 mil habitantes em Lisboa, 90 mil foram mortos. Outros 10 mil foram mortos em [[Marrocos]]. Cerca de  85% das construções de Lisboa foram destruídas, incluindo palácios famosos e bibliotecas. Várias construções que sofreram pouco danos pelo terramoto foram destruídas pelo fogo que se seguiu ao abalo sísmico.
Linha 13: Linha 13:
[[Image:ConventodoCarmoRuinas.jpg|thumb|right| Ruínas do Convento do Carmo]]
[[Image:ConventodoCarmoRuinas.jpg|thumb|right| Ruínas do Convento do Carmo]]


A récem construída Casa da Opera, aberta apenas seis meses antes, foi totalmente consumida pelo fogo. O Palácio Real que se situava na margem do [[Tejo]], onde hoje existe o ''Terreiro do Paço'' foi destruído pelo terramoto e pelo tsunami. Dentro, a biblioteca de 70 mil volumes e centenas de obras de arte, incluindo pinturas de [[Titian]], [[Rubens]], e [[Antonio da Correggio|Correggio]], foram perdidas. O precioso Arquivo Real relacionado a exploração do Atlântico e outros documentos antigos também foram perdidos. O terramoto também destruiu as maiores igrejas de Lisboa, especialmente a Catedral de Santa Maria, e as Basílicas de São Paulo, Santa Catarina, São Vicente de Fora, e a da Misericórdia. As ruínas do Convento do Carmo ainda hoje podem ser visitada no centro da cidade. O hospital Real de Todos os Santos foi consumido pelos fogos e centenas de pacientes morreram queimados. Registos Históricos de explorados [[Vasco da Gama]] e [[Cristóvão Colombo]] foram perdidos, e incontáveis construções foram arrasadas (incluindo muitos exemplares da arquitectura de [[Manuelino]] em Portugal). A sepultura do herói nacional [[Nuno Álvares Pereira]] também foi perdida.
A récem construída Casa da Ópera, aberta apenas seis meses antes, foi totalmente consumida pelo fogo. O Palácio Real que se situava na margem do [[Tejo]], onde hoje existe o ''Terreiro do Paço'' foi destruído pelo terramoto e pelo tsunami. Dentro, a biblioteca de 70 mil volumes e centenas de obras de arte, incluindo pinturas de [[Titian]], [[Rubens]], e [[Antonio da Correggio|Correggio]], foram perdidas. O precioso Arquivo Real relacionado a exploração do Atlântico e outros documentos antigos também foram perdidos. O terramoto também destruiu as maiores igrejas de Lisboa, especialmente a Catedral de Santa Maria, e as Basílicas de São Paulo, Santa Catarina, São Vicente de Fora, e a da Misericórdia. As ruínas do Convento do Carmo ainda hoje podem ser visitada no centro da cidade. O hospital Real de Todos os Santos foi consumido pelos fogos e centenas de pacientes morreram queimados. Registos Históricos de explorados [[Vasco da Gama]] e [[Cristóvão Colombo]] foram perdidos, e incontáveis construções foram arrasadas (incluindo muitos exemplares da arquitectura de [[Manuelino]] em Portugal). A sepultura do herói nacional [[Nuno Álvares Pereira]] também foi perdida.


A destruição da cidade de Lisboa, colocou em causa as ambições do Império Português de então. Os europeus do século XVIII tentaram explicar o cataclismo através de sistemas religiosos e racionais. Os filósofos do [[Iluminismo]], especialmente [[Voltaire]] escreveram acerca do desastre. O proprio conceito de sublime avançado por [[Immanuel Kant]] teve em parte inspiração na tentativa para compreender a catástrofe.   
A destruição da cidade de Lisboa, colocou em causa as ambições do Império Português de então. Os europeus do século XVIII tentaram explicar o cataclismo através de sistemas religiosos e racionais. Os filósofos do [[Iluminismo]], especialmente [[Voltaire]] escreveram acerca do desastre. O proprio conceito de sublime avançado por [[Immanuel Kant]] teve em parte inspiração na tentativa para compreender a catástrofe.   

Edição das 13h18min de 17 de fevereiro de 2005

O Terramoto de 1755 como ficou conhecido, aconteceu no dia 1 de Novembro de 1755 as 9:20 da manhã, resultando na quase destruição da cidade de Lisboa. O terremoto foi seguido de um tsunami de 20 metros e incêndios, resultando na quase total destruição de Lisboa e matando mais de 100 mil pessoas, foi um dos mais mortiferos terramotos da história. O terramoto teve um enorme impacto na sociedade do Século XVIII, em especial na estrutura política em Portugal e tornou-se o primeiro estudo cientifico do efeito de um terramoto numa área alargada. Os geólogos modernos estimam que o terremoto de 1755 atingiu 9 graus na escala Richter.

O Terremoto

Terramoto de 1755 em Lisboa

O terramoto fez-se sentir na manhã de 1 de Novembro, no feriado católico do dia de Todos-os-Santos. Relatos contemporâneos afirmam que o terramoto durou entre 2 horas e meia e seis minutos, causando fissuras gigantescas de cinco metros que contaram o centro da cidade. Com os vários desmoronamentos os sobreviventes procuraram refúgio na zona portuária assistiram ao abaixamento das aguas, revelando o fundo do mar, cheio de destroços de navios e cargas pedidas. Dezenas de minutos depois um enorme tsunami de 20 metros fez submergir o porto e o centro da cidade. Nas áreas que não foram afectadas pelo tsunami, o fogo logo se alastrou, e os incêndios duraram por 5 dias.

Lisboa não foi a única cidade portuguesa afectada pela catástrofe. Todo o sul de Portugal, nomeadamente o Algarve, foi atingido e a destruição foi generalizada. As ondas de choque do terramoto foram sentidas por toda Europa e norte da Africa. Os tsunamis originados por este terramoto varreram desde a África do norte até ao norte da Europa, nomeadamente até a Finlândia e através do Atlântico, afectando a Martinica e Barbados.

De uma população de 275 mil habitantes em Lisboa, 90 mil foram mortos. Outros 10 mil foram mortos em Marrocos. Cerca de 85% das construções de Lisboa foram destruídas, incluindo palácios famosos e bibliotecas. Várias construções que sofreram pouco danos pelo terramoto foram destruídas pelo fogo que se seguiu ao abalo sísmico.

Arquivo:ConventodoCarmoRuinas.jpg
Ruínas do Convento do Carmo

A récem construída Casa da Ópera, aberta apenas seis meses antes, foi totalmente consumida pelo fogo. O Palácio Real que se situava na margem do Tejo, onde hoje existe o Terreiro do Paço foi destruído pelo terramoto e pelo tsunami. Dentro, a biblioteca de 70 mil volumes e centenas de obras de arte, incluindo pinturas de Titian, Rubens, e Correggio, foram perdidas. O precioso Arquivo Real relacionado a exploração do Atlântico e outros documentos antigos também foram perdidos. O terramoto também destruiu as maiores igrejas de Lisboa, especialmente a Catedral de Santa Maria, e as Basílicas de São Paulo, Santa Catarina, São Vicente de Fora, e a da Misericórdia. As ruínas do Convento do Carmo ainda hoje podem ser visitada no centro da cidade. O hospital Real de Todos os Santos foi consumido pelos fogos e centenas de pacientes morreram queimados. Registos Históricos de explorados Vasco da Gama e Cristóvão Colombo foram perdidos, e incontáveis construções foram arrasadas (incluindo muitos exemplares da arquitectura de Manuelino em Portugal). A sepultura do herói nacional Nuno Álvares Pereira também foi perdida.

A destruição da cidade de Lisboa, colocou em causa as ambições do Império Português de então. Os europeus do século XVIII tentaram explicar o cataclismo através de sistemas religiosos e racionais. Os filósofos do Iluminismo, especialmente Voltaire escreveram acerca do desastre. O proprio conceito de sublime avançado por Immanuel Kant teve em parte inspiração na tentativa para compreender a catástrofe.

Muitos animais sentiram o perigo e fugiram para terrenos mais elevados. O terramoto de Lisboa, foi o primeiro em que esta documentado este fenómeno na Europa.

O dia seguinte

Quase por milagre a família real escapou ilesa da catástrofe. O rei D.José I e a corte tinham deixado a cidade depois de assistir a uma missa ao amanhecer, encontrando-se em Santa Maria de Belém na altura do terramoto. A ausência do rei na capital deveu-se à vontade das princesas em passar o feriado fora da cidade. Depois da catástrofe, D.Jose I ganhou uma fobia de recintos fechados e viveu o resto da sua vida num complexo luxuoso de tendas no Alto da Ajuda em Lisboa.

Como o rei, o primeiro-ministro Marquês do Pombal sobreviveu ao terramoto. Com o pragmatismo que caracterizou a sua governação, o primeiro-ministro iniciou imediatamente a reconstrução de Lisboa. A sua rápida resolução levou a organizar equipas de bombeiros para combater os incêndios e recolher os milhares de cadáveres para evitar epidemias.

O primeiro-ministro e o rei, contrataram arquitectos e engenheiros, e em menos de um ano depois do terramoto, em Lisboa já não se encontravam ruínas e estava a ser reconstruída. O rei desejava uma cidade nova e ordenada, e grandes praças e avenidas largas e rectilíneas passaram a ser a nova configuração para Lisboa. Na altura alguém perguntou ao Marquês de Pombal para que serviam ruas tão largas, ao que este respondeu que um dias elas serão pequenas... o que se reflecte hoje no trânsito caótico de Lisboa.

O novo centro da cidade, hoje conhecido por baixa pombalina é uma das atracções turísticas da cidade. São os primeiros edifícios mundiais a serem construídos com protecções anti-sismo, que foram testados em modelos de madeiras à medida que as tropas marchavam ao seu redor.

Implicações Sociais

O terramoto abalou muito mais que a cidade e os seus edifícios. Lisboa era a capital de um país católico, com muita tradição de edificação de igrejas e evangelização das suas colónias. O facto de o terramoto ocorrer num feriado religioso e destruir várias igrejas importantes levantou muitas questões religiosas por toda a Europa. Para a mentalidade religiosa do século XVIII esta manifestação da ira de divina, era de difícil explicação.

Muitos escritores contemporâneos, como Voltaire, menciona o terramoto nos seus textos. O terramoto de 1755 é utilizado para por em causa a existência de Deus, associada ao conceito de bem pela fé católica, uma vez que tal deus não deveria permitir que tal tragédia ocorresse.

Na política, o terramoto foi também devastador. O primeiro ministro Marquês do Pombal era o favorito do Rei mas não era do agrado da alta nobreza, que competiam pelo poder e favores do Rei. Depois de 1 de Novembro, a resposta competente do Marquês do Pombal (cujo titulo é lhe atribuído em 1770, garante-lhe um maior poder e influência perante o rei, que também aproveita para reforçar o seu poder e aprofundar no Absolutismo o seu reinado. Isto leva a um descontentamento da aristocracia que iria culminar na tentativa de regicídio e na subsequente eliminação da família Tavoras.


O nascimento da sismologia

A competência do primeiro ministro não se limitou acção de reconstrução da cidade. O Marquês do Pombal ordenou um inquérito, enviado a todas as paróquias do país para apurar a ocorrência e efeitos do terramoto. O questionário incluía:

  • quanto tempo durou o terramoto?
  • quantas réplicas se sentiram?
  • que tipo de danos causou o terramoto?
  • os animais tiveram comportamentos estranhos?
  • que aconteceu nos poços?

entre outras questões. As respostas estão ainda arquivadas na Torre do Tombo. Através das respostas do inquérito foi possível aos cientistas actuais recolherem dados fiáveis e reconstituírem o fenómeno de uma perspectiva científica. O inquérito do Marquês do Pombal foi a primeira iniciativa de descrição objectiva no campo da sismologia, razão pela qual o Marquês do Pombal é considerado um percursor da ciência da sismologia.

As causas geológicas do terramoto e da actividade sísmica na região de Lisboa são ainda causa de debate científico. Apesar de existirem indícios geológicos da ocorrência de grandes abalos sísmicos com a periodicidade de aproximadamente 300 anos, Lisboa encontra-se no centro de uma placa tectónica, não existindo assim justificação para um terramoto tão intenso. Alguns geólogos portugueses avançam que o terramoto estará relacionado com a Zona de Subducção do Oceano Atlântico.


Veja também: Lista de terremotos

Lista dos maiores desastres naturais

ligações externas

en:1755 Lisbon earthquake

talvez você goste