𝖂𝖎ƙ𝖎𝖊

Robert Falcon Scott: mudanças entre as edições

imported>Carlos28
imported>Carlos28
Linha 94: Linha 94:
}}
}}


A marcha para sul começou a 1 de Novembro de 1911, constituída por um conjunto misto de meios de transporte (motores, cães, cavalos), com trenós carregados, viajando afastados uns dos outros a distâncias diferentes, preparados para dar apoio a um grupo de quatro homens que faria a marcha final para o Pólo. À medida que as diferentes equipas de apoio iam ficando para trás, o grupo do sul ia ficando reduzindo no seu tamanho. Scott lembrou a Atkinson, que regressava,  a ordem "de levar duas equipas de cães para sul no caso de Meares ter de regressar a casa, como seria provável "{{sfn|Cherry-Garrard|pp=424}}. No dia 4 de Janeiro de 1912, os dois últimos grupos de quatro homens chegaram à latitude 87° 34′ S.{{sfn|Huxley, ''Scott's Last Expedition'', Vol. I | p=528}} Scott anunciou a sua decisão: cinco homens (Scott, [[Edward Adrian Wilson|Edward Wilson]], [[Henry Robertson Bowers|Henry Bowers]], [[Lawrence Oates]] e [[Edgar Evans]]) seguiriam em frente, enquanto os outros três ([[Edward Evans|Teddy Evans]], [[William Lashly]] e [[Tom Crean]]) regessariam. O grupo principal continuou, chegando ao Pólo Sul no dia 17 de Janeiro de 1912, apenas para constatar que Amundsen os tinha precedido cinco semanas antes. A dor de Scott ficou registada no seu diário: "O pior aconteceu "; "Todos os sonhos se foram "; "Ó Deus! Este lugar é horrível ".{{sfn|Huxley, ''Scott's Last Expedition'', Vol. I | pp=543–544}}
A marcha para sul começou a 1 de Novembro de 1911, constituída por um conjunto misto de meios de transporte (motores, cães, cavalos), com trenós carregados, viajando afastados uns dos outros a distâncias diferentes, preparados para dar apoio a um grupo de quatro homens que faria a marcha final para o Pólo. À medida que as diferentes equipas de apoio iam ficando para trás, o grupo do sul ia ficando reduzindo no seu tamanho. Scott lembrou a Atkinson, que regressava,  a ordem "de levar duas equipas de cães para sul no caso de Meares ter de regressar a casa, como seria provável "{{sfn|Cherry-Garrard|pp=424}}. No dia 4 de Janeiro de 1912, os dois últimos grupos de quatro homens chegaram à latitude 87° 34′ S.{{sfn|Huxley, ''Scott's Last Expedition'', Vol. I | p=528}} Scott anunciou a sua decisão: cinco homens (Scott, [[Edward Adrian Wilson|Edward Wilson]], [[Henry Robertson Bowers|Henry Bowers]], [[Lawrence Oates]] e [[Edgar Evans]]) seguiriam em frente, enquanto os outros três ([[Edward Evans|Teddy Evans]], [[William Lashly]] e [[Tom Crean]]) regressariam. O grupo principal continuou, chegando ao Pólo Sul no dia 17 de Janeiro de 1912, apenas para constatar que Amundsen os tinha precedido cinco semanas antes. A dor de Scott ficou registada no seu diário: "O pior aconteceu "; "Todos os sonhos se foram "; "Ó Deus! Este lugar é horrível ".{{sfn|Huxley, ''Scott's Last Expedition'', Vol. I | pp=543–544}}





Edição das 17h08min de 7 de agosto de 2013

Robert Falcon Scott
Nascimento 6 de junho de 1868[[Categoria:Predefinição:Categorizar-ano-século-milénio/1]]
Plymouth (Devon)
Morte 29 de março de 1912 (43 anos)[[Categoria:Predefinição:Categorizar-ano-século-milénio/1]]
Plataforma de gelo Ross

Robert Falcon Scott, CVO (Plymouth (Devon), 6 de junho de 1868Predefinição:Circa 29 de março de 1912) foi um oficial da Marinha Real Britânica e um explorador que liderou duas expedições à Antárctida: a Expedição Discovery (1901–04) e a Expedição Terra Nova (1910–13). Durante este segundo empreendimento, Scott esteve à frente de um grupo de cinco homens que chegaram ao Pólo Sul em 17 de Janeiro de 1912, apenas para verificar que tinham sido ultrapassados pelo norueguês Roald Amundsen na sua própria expedição. Na sua viagem de regresso, Scott e os seus quatro companheiros, pereceram devido a uma combinação de exaustão, fome e frio extremo.

Antes de ser escolhido para liderar a Expedição Discovery, Scott tinha seguido a carreira habitual de um oficial de marinha britânico, em tempo de paz, na Era vitoriana, onde as oportunidades de progresso profissional eram limitadas e intensamente procuradas por oficiais ambiciosos. Foi uma oportunidade de distinção pessoal que levou Scott a candidatar-se ao comando do Discovery, e não um especial desejo de exploração polar.[1] No entanto, o seu nome iria ficar para sempre ligado à Antárctida, o campo de trabalho onde iria actuar nos últimos doze anos da sua vida.

No seguimento das notícias da sua morte, Scott tornou-se um herói britânico, um estatuto mantido por mais de 50 anos, e reflectido pelos muitos memoriais erigidos por toda a sua nação. Nas décadas finais do século XX, o seu nome voltou a ser alvo de atenção devido às causas da tragédia da sua morte, e da dos seus companheiros, e do nível de culpabilidade pessoal de Scott. Depois de se ter mantido intocável durante vários anos, Scott passou a ser uma figura controversa, alvo de várias questões acerca do seu carácter e competências. Historiadores e críticos do início do século XXI têm, contudo, olhado para Scott de um modo mais positivo, dando especial destaque à sua coragem pessoal e estoicismo, enquanto reconheciam os seus erros, mas apontando o destino dramático da sua expedição final ao factor azar.

Primeiros anos

Família

Scott nasceu no dia 6 de Junho de 1868, terceiro filho de seis, de John Edward Scott e Hannah Cuming de [[Stoke (Plymouth)|Stoke Damerel], perto de Devonport, Devon. Embora o seu pai fosse cervejeiro e magistrado, haviam tradições navais e militares na família: o avô de Scott, e quatro tios, tinham servido na marinha ou no exército.[2] Os rendimentos de John Scott provinham de uma pequena cervejaria própria em Plymouth, que ele tinha herdado do seu pai, e que depois vendeu.[3] Anos mais tarde, quando Scott estava a prosseguir a sua carreira naval, a família passou por sérios reveses financeiros, mas a sua juventude foi passada em conforto.

De acordo com a tradição da família, Robert e o seu irmão mais novo, Archibald, estavam predestinados a carreiras nas forças armadas. Robert passou quatro anos num colégio local antes de ser enviado para Stubbington House School, em Stubbington, Hampshire, uma escola preparatória para entrada no ensino superior, que preparava os candidatos para os exames de entrada para o navio-escola HMS Britannia, em Dartmouth. Depois de ter passado nos exames, Scott, de treze anos de idade, deu início à sua carreira naval em 1881, como cadete.[4]

Início da carreira naval

Em Julho de 1883, Scott passou ao posto de Guarda-marinha, o sétimo num total de.[5] Em Outubro, rumou para a África do Sul para se juntar ao HMS Boadicea, o navio-almirante da esquadra do Cabo, o primeiro de vários navios onde ele serviu durante os anos como aspirante-de-marinha. Enquanto se encontrava estacionado em St Kitts, Índias Ocidentais, no HMS Rover, teve o seu primeiro encontro com Clements Markham, então Secretário da Real Sociedade Geográfica (RSG), que teria um papel fulcral nos últimos anos da carreira de Scott. Neste encontro, a 1 de Março de 1887, Markham assistiu à vitória do cúter de Scott, na corrida dessa manhã pela baía. Markham tinha o hábito de agir como “observador” junto de jovens oficiais de marinha para avaliar da sua capacidade para a exploração polar futura. Ficou impressionado pela inteligência de Scott, assim como pelo seu entusiasmo e charme.[6]

Em Março de 1888, Scott passou nos exames para sub-tenente, com quatro certificados de primeira classe, num total de cinco.[7] A sua carreira progrediu, de forma regular, prestando serviços em vários navios, e sendo promovido a tenente em 1889. Em 1891, depois de uma longa estada em águas estrangeiras, candidatou-se ao curso de torpedo, de dois anos, no HMS Vernon, um passo muito importante para a sua carreira. Acabou o curso com certificados de primeira classe, tanto em exames teóricos como práticos. No Verão de 1893, Scott, ao comando de um barco-torpedo, encalhou o que lhe valeu uma pequena repreensão.[8]

Durante o trabalho de pesquisa para a sua biografia dupla de Scott e Roald Amundsen,Predefinição:Nota de rodapé o historiador polar Roland Huntford investigou um possível escândalo na fase inicial da carreira naval de Scott, ocorrido no período 1889–90, quando este era tenente no HMS Amphion. De acordo com Huntford, Scott "desaparece dos registos navais " num período de oito meses, de meados de Agosto de 1889 até 26 de Março de 1890. Huntford pensa que se terá tratado de um envolvimento com uma mulher casada norte-americana, encobrimento, e protecção dos oficiais superiores. O biógrafo David Crane acha que o período terá sido inferior, onze semanas, mas não consegue encontrar um porquê. Crane discorda da ideia de protecção dos oficiais superiores argumentando que Scott não era assim tão importante, ou com boas ligações, para merecer o encobrimento. A documentação que poderia fazer alguma luz sobre este assunto desapareceu dos registos do Almirantado.[9]

Em1894, enquanto prestava serviço como oficial torpedo no navio depósito HMS Vulcan, Scott soube do drama financeiro que tinha atingido a sua família. John Scott, depois de ter vendido à sua cervejaria e de ter investido de forma desorganizada o dinheiro obtido, tinha perdido todo o seu capital e estava, virtualmente, falido.[10] Aos 63 anos de idade, e com pouca saúde, teve de aceitar o lugar de gerente de uma cervejaria, e mudou-se com a família para Shepton Mallet, Somerset. Três anos mais tarde, enquanto Robert prestava serviço no no navio-almirante da esquadra do Canal da Mancha, HMS Majestic, John Scott morreu vítima de doença coronária, dando origem a mais problemas familiares.[11] Hannah Scott e as suas duas filhas solteiras, ficaram dependentes do salário de Scott e do irmão mais novo Archie, que tinha deixado o exército e ingressado no serviço colonial, mais bem pago. A morte de Archie no Outono de 1898, depois de ter contraído febre tifóide, significava que toda a responsabilidade financeira para a família, dependia de Scott.[12]

Ser promovido, e ganhar mais, tinha-se tornado uma preocupação para Scott.[13] No início de Junho de 1899, de licença, encontrou, por acaso, numa rua em Londres, Clements Markham (cavaleiro e presidente da RSG), e ficou a saber de um projecto de expedição antárctica patrocinada pela Real Sociedade Geográfica. Era uma oportunidade para um lugar de comando e uma hipótese de se distinguir. O que se passou entre eles naquele dia, não se sabe, mas alguns dias mais tarde, a 11 de Junho, Scott apareceu em casa de Markham e candidatou-se ao lugar de líder da expedição.[6]

Expedição Discovery, 1901–1904

Ver artigo principal: Expedição Discovery
O Discovery em 2005 no seu porto de Dundee

A Expedição Antártica Nacional Britânica, mais tarde conhecida por Expedição Discovery, foi um projecto conjunto entre a RSG e a Royal Society. Um sonho de longa data de Markham, exigia que fossem aplicadas todas as suas capacidades e vontade de levar a expedição a bom porto, sob comando naval e com uma tripulação maioritariamente da marinha. Scott poderá não ter sido a primeira escolha de Markahm para o seu líder mas, depois de o escolher, Markham continuaria sempre seu apoiante.[14] Em relação à abrangência de responsabilidades de Scott, verificaram-se algumas discussões com a Royal Society a pressionar para que fosse um cientista o responsável pelo programa da expedição, enquanto Scott ficava apenas com o comando do navio. No final, contudo, foi a opinião de Markham que prevaleceu;[15] Scott recebeu o comando total, e foi promovido a capitão-de-fragata antes de o Discovery rumar para a Antárctida a 6 de Agosto de 1901.[16] O rei Eduardo VII, que mostrou um interesse especial na expedição, visitou o "Discovery" um dia antes de este deixar a costa britânica em Agosto de 1901,[17] e, durante a visita, atribuiu-lhe o título de Membro da Real Ordem Vitoriana, um presente pessoal.[18]

Apesar de não terem experiência no Árctico ou na Antárctida, os 50 membros do grupo tiveram alguma formação em equipamentos e técnicas antes de o navio partir.[19] Foram levados cães e esquis, mas praticamente ninguém sabia com os utilizar. Segundo Markham, o profissionalismo foi considerado menos louvável do que a "aptidão não forçada"",[20] e, possivelmente, Scott foi influenciado pela crença de Markham. No primeiro dos dois anos em que o Discovery passou no gelo, aquela indiferança foi severamente testada, à medida que a expedição lutava por enfrentar os desafios de um território desconhecido. Durante uma das primeiras tentativas de andar no gelo, uma tempestade de neve apanhou os membros da expedição desprevenidos nas suas tendas, e a decisão de as deixar resultou na morte de George Vince, que caiu de um precipício a 11 de Março de 1902.[21][22]

A cabana Discovery em Hut Point

A expedição tinha objectivos científicos e de exploração; este último incluía uma viagem ao sul, em direcção ao Pólo. Esta marcha, realizada por Scott, Ernest Shackleton e Edward Wilson, levou-os até uma latitude de 82° 17′ S, cerca de Predefinição:Convert/miPredefinição:Convert/test/A do pólo. A difícil marcha de regresso causaria um colapso físico a Shackleton e a sua saída antecipada and his da expedição.[23] O segundo ano mostrou progressos na área técnica, culminando na viagem que Scott efectuou a oeste, e onde descobriu o Planalto Antártico. Este facto foi descrito como "uma das maiores viagens polares ".[24] Os resultados científicos da expedição incluem importantes resultados nas área da biologia, zoologia e geologia.[25] Algumas das leituras meteorológicas e magnéticas, contudo, foram posteriormente criticadas como amadoras e incorrectas.[26]

No final da expedição, foi preciso a ajuda de dois navios de resgate e a utilização de explosivos para libertar o Discovery do gelo.[27] No rescaldo da expedição, Scott não ficou convencido da vantagem de utilizar cães e esquis nas viagens pelo gelo. Nos anos seguintes, continuou a expressar a sua preferência britânica por trenós puxados pelo homem,[28] uma opinião que ele manteria até tarde, na sua carreira como explorador da Antárctida. A sua insistência em aplicar as formalidades da Marinha Real, provocou algumas relações mais difíceis com os membros do contingente mercante do navio, muitos das quais partiriam para casa no primeiro navio de apoio, em Março de 1903. Ao segundo-no-comando, Albert Armitage, um oficial mercante, foi-lhe proposto regressar a casa, mas decidiu ficar por considerar a proposta um desrespeito.[29] Armitage também considerou que a decisão de enviar Shackleton para casa, no navio de apoio, tinha por base a animosidade entre este e Scott, e não o colapso de Shackleton, propriamente dito.[30] Embora mais tarde a relação entre Scott e Shackleton fosse difícil, principalmente no campo da exploração polar, em público o seu relacionamento era cordial;[31] Scott juntar-se-ia em recepções oficiais, em homenagem a Shackleton, quando este regressou, em 1909, da Expedição Nimrod,[32] e os dois homens acabaram por trocar cartas, educadamente, sobre as suas ambições, em 1909–10.[33]

Entre expedições

Herói popular

O Discovery regressou a Inglaterra em Setembro de 1904. A expedição tinha influenciado a imaginação popular, e Scott tornou-se o seu herói. Recebeu diversas homenagens e medalhas, incluindo muitas dos territórios ultramarinos, e foi promovido à patente de capitão.[34] Foi convidado para ir ao Castelo de Balmoral, onde o rei Eduardo VII lhe atribuiu o título de Comandante da Real Ordem Victoriana (CVO).[35]

Os seguintes de Scott foram bastante atarefados. Durante mais de um ano foi alvo de homenagens públicas, palestras e da elaboração do relato da expedição, The Voyage of the Discovery. Em Janeiro de 1906, voltou à sua carreira na marinha a tempo inteiro, primeiro como Director-Assistente da Naval Intelligence no Almirantado Britânico, e, em Agosto, como capião do navio-almirante do contra-almirante Sir George Egerton, no HMS Victorious.[36] Scott frequentava, agora, os mais altos círculos sociais — um telegrama enviado a Markham, em Fevereiro de 1907, refere encontros com a rainha e com o príncipe de Portugal, e uma carta enviada para sua casa cita um almoço com o Comandante-em-Chefe da Frota príncipe Henrique da prússia.Predefinição:Nota de rodapé

Disputa com Shackleton

Em 1906, Scott sondou a RSG sobre a possibilidade de efectuar uma nova expedição à Antárctida.[37] Entretanto, Scott soube que Ernest Shackleton tinha anunciado os seus próprios planos para viajar até à base do Discovery, Estreito de McMurdo e, a partir daí, seguir para o Pólo Sul.Predefinição:Nota de rodapé Scott afirmou, numa primeira de muitas cartas a Shackleton, que a área à volta de McMurdo era o seu "campo de trabalho" e que tinha direitos, até quando o desejasse, e que Shackleton deveria trabalhar a partir de outro local.[38] Nesta carta, tinha o apoio do zoólogo do Discovery, Edward Wilson, que acrescentou que os direitos de Scott se estendiam por todo o sector do mar de Ross.[39] Shackleton recusou-se a aceitar esta ideia. Por fim, para terminar o impasse, Shackleton concordou, por uma carta a Scott de 17 de Maio de 1907, em trabalhar a leste do meridiano 170° W e, assim, evitar trabalhar em toda a zona do Discovery.[40] Foi uma promessa que, contudo, não pode cumprir dado não ter conseguido encontrar um local para ancorar o navio e desembarcar em segurança; a alternativa seria regressar a casa; estabeleceu a sua base em Cabo Royds, perto da do Discovery.[41] Por este facto, Shackleton foi fortemente criticado pelo lobby britânico ligado à exploração polar, naquela época. Entre os modernos escritores polares, Ranulph Fiennes vê as acções de Shackleton como um ponto de honra técnico, mas acrescenta: "Pessoalmente creio que Shackleton era honesto, mas as circunstâncias forçaram o seu desembarque em McMurdo, para seu desagrado ".[42] O historiador polar Beau Riffenburgh afirma que a promessa feita a Scott "nunca deveria ter sido feita, eticamente", e compara a intransigência de Scott, sobre este assunto, com a atitude generosa do explorador norueguês Fridtjof Nansen, que aconselhou, de forma livre, todos os seus potenciais rivais, e não só.[43]

Casamento

Scott, devido à sua fama ganha com o Discovery, entrou para a sociedade eduardiana, e acabou por conhecer Kathleen Bruce no início de 1907, num almoço privado.[44] Ela era uma escultora, socialite e cosmopolita que tinha estudado com Auguste Rodin[45] e o seu circulo social incluía Isadora Duncan, Pablo Picasso e Aleister Crowley.[46] O seu primeiro encontro com Scott foi breve, mas quando se encontraram mais tarde nesse ano, a atracção entre ambos era evidente. Seguiu-se um cortejamento, mas Scott não era o único pretendente — o seu principal rival era o futuro escritor Gilbert Cannan — e as suas longas estadias no mar, não o ajudavam.[47] No entanto, a persistência de Scott foi recompensada, e, a 2 de Setembro de 1908, na Chapel Royal, do Palácio de Hampton Court, casaram-se.[48] O seu único filho, Peter Markham Scott, nasceu no dia 14 de Setembro de 1909.[49]

Entretanto, Scott tinha anunciado o seu plano para uma segunda expedição à Antárctida. Shackleton tinha regressado, e por pouco que não atingia o Pólo, o que deu um novo ânimo a Scott.[50] A 24 de Março de 1909, aceitou a nomeação, feita pelo Almirantado, para assistente naval do Second Sea Lord, que o colocou, convenientemente, em Londres. Em Dezembro, obteve uma dispensa, a receber meio salário, para assumir o comando da Expedição Antárctica Britânica de 1910, conhecida como Expedição Terra Nova (designação com origem no nome do seu navio, Terra Nova.[51]

Expedição Terra Nova, 1910-1912

Ver artigo principal: Expedição Terra Nova

Preparativos

A RSG desejava que esta expedição fosse "em primeiro lugar, científica, com a exploração e o Pólo como objectivos secundários",[52] mas, contrariamente à Expedição Discovery, nem eles [RSG] nem a Royal Society eram os responsáveis por este projecto. No seu plano para esta expedição, Scott dizia que o seu principal objectivo era "chegar ao Pólo Sul, e garantir para oImpério Britânico a honra desta conquista ".[52] Scott tinha sido, tal como Markham afirmara, "mordido pela mania do Pólo ".[52]

Scott não sabia que iria estar numa corrida até receber um telegrama de Amundsen em Melbourne,em Outubro de 1910.[53] Antes deste facto, ele organizou a expedição de acordo com as suas próprias preferências, sem as limitações da comissão conjunta. Em relação ao tipo de transporte, decidiu que a utilização de cães seriam mais um elemento numa complexa estratégia que também envolvia cavalos e trenós motorizados, e muita tracção humana. Scott não tinha experiência em cavalos, mas já que eles tinham sido bastante úteis a Shackleton, também os iria utilizar.[54] O especialista em cães, Cecil Meares, ia para a Sibéria para escolher os cães, e Scott deu-lhe ordens para que, enquanto lá estivesse, adquirisse também, póneis da Manchúria. Meares não era experiente em cavalos, e os póneis que escolheria eram de fraca qualidade, e pouco adequados a longos períodos de trabalho na Antárctida.[33] Entretanto, Scott passou algum tempo em França e na Noruega a testar trenós motorizados, e recrutou Bernard Day, da expedição de Shackleton, para técnico de motores.[55]

Primeiro ano

Scott, a escrever o seu diário em na cabana de Cabo Evans, Inverno de 1911

Logo desde início, a expedição passou por alguns problemas que prejudicaram o trabalho da primeira estação, e comprometeram os preparativos para a marcha principal ao pólo. Na viagem desde a Nova Zelândia para a Antárctida, o Terra Nova ficou preso no gelo durante vinte dias,[56] muito mais tempo do que outros navios já tinham passado, o que significou um atraso na chegada no início da estação, e menos tempo de trabalho preparatório, antes da chegada do Inverno antárctico. Um dos trenós motorizados caiu no gelo do mar quando estava a ser descarregado do navio.[57] As más condições atmosféricas e os fracos, e pouco protegidos, póneis, influenciaram a primeira fase de instalação dos depósitos; assim, o Depósito One Ton foi instalado a 56 km a norte do local planeado, 80° S. Lawrence Oates, responsável pelos póneis, aconselhou Scott a matar os póneis para arranjar comida e a avançar o depósito para a latitude 80° S, mas Scott recusou a ideia. Oates terá dito a Scott, "Sr., receio que se irá arrepender de não seguir o meu conselho."[58] Seis póneis morreram durante esta viagem, tanto devido ao frio, ou porque atrasavam a progressão do grupo e tiveram que ser abatidos. No seu regresso à base, a expedição soube da presença de Amundsen, acampado com a sua equipa, e um largo contingente de cães, na baía das Baleias, a 320km a leste.[59]

Scott recusou-se a alterar os seus planos e calendário da expedição para fazer face à presença de Amundsen: "A atitude mais correcta, e mais adequada, é procedermos como se isto não tivesse acontecido ".[60] Embora reconhecendo que a base norueguesa estava mais próxima do pólo, e que a sua experiência com a tracção animal (cães) era formidável, Scott tinha a vantagem de viajar por uma rota conhecida, já experimentada por Shackleton. Durante o Inverno de 1911, a sua confiança aumentou; a 2 de Agosto, depois do regresso de um grupo de três homens da sua jornada de Inverno a to Cabo Crozier, Scott escreveu, "Sinto que estamos próximo da perfeição de acordo com a nossa experiência".[61]

Viagem até ao Pólo

Scott transmitiu os seus planos para a viagem até ao sul a toda a equipa terrestre,[62] mas deixou em aberto a composição do grupo que faria a marcha até ao fim. Onze dias antes das equipas de Scott partirem para o Pólo, Scott instruiu Meares com as seguintes ordens escritas, em Cabo Evans, no dia 20 de Outubro de 1911, para garantir o rápido regresso de Scott do pólo com os cães:

Página Predefinição:Quote/styles.css não tem conteúdo.

Por volta da terceira semana do mês de Fevereiro, gostaria que começasse a sua terceira viagem ao Sul, com o objectivo de apressar o regresso da terceira unidade [o grupo polar] dando-lhes a oportunidade de apanharem o navio. A data da sua partida deve depender das informações trazidas pelas unidades de regresso, o nível de provisões do depósito dos cães que conseguiram deixar em One Ton Camp, o estado dos cães, etc. . ..Actualmente, o local de encontro deverá ser a 1 de Março, na latitude 82 ou 82,30 [63]

A marcha para sul começou a 1 de Novembro de 1911, constituída por um conjunto misto de meios de transporte (motores, cães, cavalos), com trenós carregados, viajando afastados uns dos outros a distâncias diferentes, preparados para dar apoio a um grupo de quatro homens que faria a marcha final para o Pólo. À medida que as diferentes equipas de apoio iam ficando para trás, o grupo do sul ia ficando reduzindo no seu tamanho. Scott lembrou a Atkinson, que regressava, a ordem "de levar duas equipas de cães para sul no caso de Meares ter de regressar a casa, como seria provável "[64]. No dia 4 de Janeiro de 1912, os dois últimos grupos de quatro homens chegaram à latitude 87° 34′ S.[65] Scott anunciou a sua decisão: cinco homens (Scott, Edward Wilson, Henry Bowers, Lawrence Oates e Edgar Evans) seguiriam em frente, enquanto os outros três (Teddy Evans, William Lashly e Tom Crean) regressariam. O grupo principal continuou, chegando ao Pólo Sul no dia 17 de Janeiro de 1912, apenas para constatar que Amundsen os tinha precedido cinco semanas antes. A dor de Scott ficou registada no seu diário: "O pior aconteceu "; "Todos os sonhos se foram "; "Ó Deus! Este lugar é horrível ".[66]


Amundsen voltou para sua base em perfeito estado enquanto todo grupo de Scott sucumbiu durante o retorno do Pólo em condições de frio extremo que só foram registradas uma vez mais desde a introdução das estações de tempo modernas na década de 1960.

O primeiro a morrer foi Evans, que havia se ferido em uma queda e sofreu um rápido colapso físico e mental. Um pouco depois, Oates, que nunca teve a necessária experiência para tal provação, cuja deterioração física forçava descansos mais frequentes da expedição. Gradualmente percebeu do peso que era para os outros e o fato de não ter nenhuma chance de sobrevivência, Oates voluntariamente deixou a barraca e nunca mais foi visto de novo, num ato considerado de bravura por alguns, mas que pode ser interpretado como suicídio.

Críticos do trabalho de Scott afirmam que sua morte foi causada pela má previsão das possibilidades, acompanhada pela pior situação climática possível. Os diários recuperados de sua barraca, onde foram encontrados mortos, informam as dificuldades encontradas, condições que envolviam extremo frio (30º negativos ou menos ainda), ventos com mais de 100 km/h e fome, pois não alcançaram os depósitos de mantimentos no tempo previsto.

Os corpos dos três membros restantes do grupo foram encontrados seis meses depois no seu acampamento, a apenas 18 Km de um maciço depósito de suprimentos. Com eles estavam os seus diários detalhando a sua missão. O diário de Scott continha a seguinte introdução: "Se acaso sobreviver terei uma lenda para contar sobre a bravura, força e coragem de meus companheiros, que irá engrandecer o coração de todos os Britânicos".

Termina com as palavras: "pelo amor de Deus olhar depois de nossas pessoas. R. Scott". A morte de Scott foi muito lamentada na Inglaterra, que o considerou um herói. Recentes biografias, porém, particularmente o de Roland Huntford, publicada nos anos setenta, questionou a organização da expedição. É considerado que a insistência dele em primeiro usar pôneis siberianos e tração humana para transporte dos mantimentos, em vez de usar cachorros de trenó, teria contribuído à derrota dele - Scott usou cachorros, mas só até onde a Geleira de Beardsmore, considerando que Amundsen, um cachorro-motorista mais experiente, os levou por todo o percurso. Talvez esta repugnância para levar caça mais adiante estava por causa da aversão famosa de Scott de matar cachorros e os alimentar então a outros. Biografia de Fiennes sugere que Scott simplesmente usou o método que trabalhou melhor para ele, como homem-arrastamento teve na expedição de Descoberta. Críticos também indicam que a aversão dos ingleses pelas experiências dos povos indígenas do Ártico - peritos inquestionáveis acerca da sobrevivência em clima fria - como Amundsen tinha feito. Aquela crítica seria mais precisamente direcionada à Marinha Real em lugar de o próprio Scott que nunca visitou o Ártico. Ele levou o conselho dos precursores dele e superiores na Marinha, que não tiveram o aprendizado de outros como Amundsen, da Noruega, e Robert Peary, dos Estados Unidos, do saber nativo.

A causa precisa da morte de Scott é ainda alvo de muito debate. Os defensores de Scott dizem que a fome, exaustão e frio extremo o mataram. Os seus críticos dizem que escorbuto é também uma possível causa, e que Scott, um oficial da Marinha Real profissional devia ter feito mais para se prevenir a si e aos seus homens.

Após a sua morte

Scott foi condecorado Cavaleiro postumamente, e uma estátua dele feita pela sua mulher, Kathleen, escultora, foi erigida em Londres, em Waterloo Place. O cunhado de Scott, Reverendo Lloyd Harvey Bruce, era o padre da pequena vila de Binton do condado de Warwickshire, e encomendou um vitral memorial, que mostrava cenas da expedição de Scott, que ainda hoje existe na igreja da paróquia. Um memorial a Scott, grande e recentemente renovado, pode ser encontrado em Plymouth, Inglaterra com vista para a zona portuária. Nele estão gravadas palavras do diário de Scott.

A Estação Pólo Sul Amundsen-Scott é uma homenagem conjunta a ele e a seu rival.

Predefinição:Notas

Referências

  1. Crane, p. 84.
  2. Crane, p. 14–15.
  3. Crane, p. 22.
  4. Fiennes, p. 17.
  5. Crane, p. 23.
  6. 6,0 6,1 Crane, p. 82.
  7. Crane, p. 34.
  8. Crane, p. 50.
  9. Predefinição:Harvnb, and Predefinição:Harvnb.
  10. Fiennes, p. 21.
  11. Fiennes, p. 22.
  12. Fiennes, p. 23.
  13. Crane, p. 59.
  14. Crane, p. 90.
  15. Preston, pp. 28–29.
  16. Crane, p. 63.
  17. Predefinição:Cite newspaper The Times
  18. «The London Gazette, nº27346» (em inglês). 16 de Agosto de 1901. 5409 páginas. Consultado em 5 de Agosto de 2013 
  19. Predefinição:Harvnb: "A nossa ignorância era deplorável."
  20. Huntford, Shackleton, p. 134.
  21. Scott, pp. 211–227.
  22. Crane, pp. 161–167.
  23. Preston, p. 60–67.
  24. Crane, p. 270.
  25. Fiennes, p. 148.
  26. Predefinição:Harvnb; Predefinição:Harvnb.
  27. Preston, pp. 78–79.
  28. Predefinição:Harvnb, citado por [[#Predefinição:SfnRef|The Voyage of the Discovery]].
  29. Preston, pp. 67–68.
  30. Crane, pp. 240–241.
  31. Crane, p. 310.
  32. Crane, p. 396–397.
  33. 33,0 33,1 Preston, p. 113.
  34. Crane, p. 309.
  35. Preston, pp. 83–84.
  36. Preston, p. 86.
  37. Preston, p. 87.
  38. Crane, p. 335.
  39. Riffenburgh, pp. 113–114.
  40. Crane, pp. 335, 341.
  41. Barczewski, pp. 52–53.
  42. Fiennes, pp. 144–45.
  43. Riffenburgh, p. 118.
  44. Crane, p. 344.
  45. Preston, p. 94.
  46. Crane, p. 350.
  47. Crane, pp. 362–366.
  48. Crane, pp. 373–374.
  49. Crane, p. 387.
  50. Preston, pp. 100–101.
  51. Fiennes, p. 161.
  52. 52,0 52,1 52,2 Crane, pp. 397–99.
  53. Crane, pp. 425–28.
  54. Predefinição:HarvnbPredefinição:Harvnb.
  55. Preston, p. 112.
  56. Huxley, Scott's Last Expedition, Vol. I, pp. 30–71.
  57. Huxley, Scott's Last Expedition, Vol. I, pp. 106–107.
  58. Crane, p. 466.
  59. Huxley, Scott's Last Expedition, Vol. I, pp. 187–188.
  60. Huxley, Scott's Last Expedition, Vol. I, pp. 187–88.
  61. Huxley, Scott's Last Expedition, Vol. I, p. 369.
  62. Huxley, Scott's Last Expedition, Vol. I, p. 407.
  63. Evans, E.R.G.R. 1949, South with Scott, London: Collins, p. 187-188.
  64. Cherry-Garrard, pp. 424.
  65. Huxley, Scott's Last Expedition, Vol. I, p. 528.
  66. Huxley, Scott's Last Expedition, Vol. I, pp. 543–544.

Bibliografia

Books

Online

Predefinição:Caixa Antártica

Predefinição:Link FA Predefinição:Link FA Predefinição:Link FA Predefinição:Link FA

talvez você goste