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Auguste Comte: mudanças entre as edições

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'''Isidore Auguste Marie François Xavier Comte''' ([[Montpellier]], [[19 de Janeiro]] de [[1798]] — [[Paris]], [[5 de Setembro]] de [[1857]]),  foi um [[Filosofia|filósofo]] [[frança|francês]] e o pai da [[Sociologia]].
'''Isidore Auguste Marie François Xavier Comte''' ([[Montpellier]], [[19 de Janeiro]] de [[1798]] — [[Paris]], [[5 de Setembro]] de [[1857]]),  foi um [[Filosofia|filósofo]] [[frança|francês]] e o pai da [[Sociologia]].


Sua obra - em que criou o [[Positivismo]] e fundou a [[Religião da Humanidade]] - é enorme e exige concentração e um razoável grau de erudição para ser lida e bem compreendida, de modo que não se presta a leituras rápidas ou apressadas. Todavia, talvez seja esse um dos motivos por que ela esteja sujeita a inúmeras más interpretações, várias delas simplesmente contrárias ao espírito e - pior - à letra de Augusto Comte.


== Biografia e generalidades ==


== Biografia e generalidades ==
Sua obra - em que criou o [[Positivismo]] e fundou a [[Religião da Humanidade]] - é enorme e exige concentração e um razoável grau de erudição para ser lida e bem compreendida, de modo que não se presta a leituras rápidas ou apressadas. Todavia, talvez seja esse um dos motivos por que ela esteja sujeita a inúmeras más interpretações, várias delas simplesmente contrárias ao espírito e - pior - à letra de Augusto Comte.


Em [[1814]], com dezesseis anos de idade, Comte ingressou na Escola Politécnica de [[Paris]] (fechada dois anos depois por acusação de [[jacobinismo]]). Embora Comte tenha ficado na escola politécnica por apenas dois anos, lá recebeu influências de cientistas, como o [[Física|físico]] [[Sadi Carnot]] ([[1796]]-[[1832]]), o [[Matemática|matemático]] [[Joseph-Louis de Lagrange|Lagrange]] ([[1736]]-[[1813]]) e o [[Astronomia|astrônomo]] [[Pierre Simon Laplace]] ([[1749]]-[[1827]]).
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Edição das 21h37min de 14 de fevereiro de 2006

Auguste Comte

Isidore Auguste Marie François Xavier Comte (Montpellier, 19 de Janeiro de 1798Paris, 5 de Setembro de 1857), foi um filósofo francês e o pai da Sociologia.


Biografia e generalidades

Sua obra - em que criou o Positivismo e fundou a Religião da Humanidade - é enorme e exige concentração e um razoável grau de erudição para ser lida e bem compreendida, de modo que não se presta a leituras rápidas ou apressadas. Todavia, talvez seja esse um dos motivos por que ela esteja sujeita a inúmeras más interpretações, várias delas simplesmente contrárias ao espírito e - pior - à letra de Augusto Comte.

Em 1814, com dezesseis anos de idade, Comte ingressou na Escola Politécnica de Paris (fechada dois anos depois por acusação de jacobinismo). Embora Comte tenha ficado na escola politécnica por apenas dois anos, lá recebeu influências de cientistas, como o físico Sadi Carnot (1796-1832), o matemático Lagrange (1736-1813) e o astrônomo Pierre Simon Laplace (1749-1827).

Em 1817, Comte tornou-se secretário do Conde de Saint-Simon (1760-1825). Porém, em 1824, Comte separou-se de Saint-Simon, acusando-o de ter publicado um escrito seu, intitulado "Planos de Trabalho Científico Necessários à Reorganização da Sociedade".

Nesse mesmo ano, Comte casou-se com Caroline Massin, que, por longos anos, apenas lhe trouxe dissabores e problemas e que, após a morte do filósofo, ainda foi responsável por uma campanha de difamação. Em 1826, iniciou o "Curso de Filosofia Positiva", cuja publicação ocorreu apenas a partir de 1830 e prolongou-se até 1842. O curso, porém, foi interrompido em sua terceira aula devido a uma crise de depressão melancólica sofrida por Comte, causada pelas infidelidades conjugais de Carolina Massin.

Sua vida era dedicada à elaboração de seus sistemas de idéias e, para manter-se, dava aulas de matemática. Todavia, personalidade forte, franca e independente, Augusto Comte não hesitava em dar suas opiniões e em criticar os poderes constituídos caso julgasse necessário, mesmo que isso lhe custasse suas fontes de renda - o que mais de uma vez ocorreu e forçou-o a recorrer ao auxílio generoso de seus discípulos e amigos.

Em 1844, Comte conheceu Clotilde de Vaux, irmã de um de seus discípulos, e apaixona-se perdidamente por ela. Promete transformá-la em nova Beatriz, a musa de Dante. Um ano depois, Clotilde morreu e Comte inspirou-se nela para coroar sua carreira filosófica e constituir uma nova religião, publicando entre 1851 e 1854 a "Política Positiva ou Tratado de Sociologia Instituindo a Religião da Humanidade". Comte escreveu duas explicações breves de sua doutrina nesse período: uma destinada aos proletários e às mulheres - então excluídas da vida pública -, em 1852, no "Catecismo Positivista ou Sumária Sumária da Religião Universal", e, em 1855, o "Apelo aos Conservadores", destinado aos chefes práticos, isto é, aos políticos e aos industriais. Em 1856 iniciou a publicação da última parte de sua obra madura, continuação do "Sistema de Política", com aplicações práticas: é a "Síntese Subjetiva".

Comte morreu em 1857, após viver seus últimos anos cercado de amigos, admiradores e discípulos, em meio a uma intensa atuação como sacerdote da Humanidade, celebrando sacramentos, orientando discípulos, comentando questões cotidianas e escrevendo um extenso epistolário, tendo inclusive adotado sua criada, Sofia Thomas Bliaux, como sua filha.

Sua influência no mundo foi enorme, incluindo uma variedade de países que é reveladora da amplidão de sua idéias: França, Inglaterra, Itália, Alemanha, Portugal, Espanha, Polônia, Estados Unidos, Japão, China, Índia, Turquia, Brasil, Argentina, México, Chile e diversos outros.

No Brasil - assim como em outros países -, a vida política, econômica e intelectual deveu muito ao positivismo, podendo-se incluir entre os aderentes dessa filosofia e religião: Luís Pereira Barreto, Benjamin Constant, Miguel Lemos, Raimundo Teixeira Mendes, Marechal Cândido Rondon, Euclides da Cunha, Barbosa Lima, Ivan Lins, Júlio Caetano Horta Barbosa.

Filosofia e religião da harmonia humana, da ação esclarecida e pacífica, do amor e do altruísmo, o apogeu do positivismo foi a segunda metade do século XIX, sendo substituído em seguida pela "era dos totalitarismos" (fascismos, comunismo e autoritarismos diversos), em virtude da rejeição dos particularismos e dos radicalismos baseados no ódio (de raça ou de classe). Entretanto, desde o final do século XX o Positivismo vem retomando sua força, a partir do reconhecimento de que, mais que uma importância histórica, ele é um guia importante para ação humana plenamente consciente de si.

Filosofia Positiva

A Filosofia Positiva de Comte nega que a explicação dos fenômenos naturais, assim como sociais, provenha de um só princípio. A visão positiva dos fatos abandona a consideração das causas dos fenômenos (Deus ou natureza) e torna-se pesquisa de suas leis, vistas como relações constantes entre fenômenos observáveis.

Tendo por método dois critérios, o histórico e o sistemático, outras ciências antes da sociologia, segundo Comte, haviam atingido a positividade: a Matemática, Astronomia, a Física, a Química e a Biologia. Assim como nestas ciências, em sua nova ciência chamada de física social e posteriormente Sociologia, Comte usaria da observação, da experimentação, da comparação, da classificação e da filiação histórica como método para a obtenção dos dados reais. Comte teve o mérito de firmar que os fenômenos sociais podem ser percebidos como os outros fenômenos da natureza, ou seja, como obedecendo a leis gerais.

Em 1851 Comte instituiu uma sétima ciência, a Moral, cujo âmbito de pesquisa é a constituição psicológica do indivíduo e suas interações sociais.

Pode-se dizer que o conhecimento positivo tem como fundamento "ver para prever, a fim de prover" - ou seja: conhecer a realidade para saber o que acontecerá a partir de nossas ações, para que o ser humano possa melhorar sua realidade. Dessa forma, a previsão científica caracteriza o pensamento positivo.

O espírito positivo, segundo Comte, tem a Ciência como investigação do real. No social e no político, o espírito positivo passaria o poder espiritual para o controle dos cientistas, embora esse poder seja exclusivamente baseado nas opiniões e no aconselhamento, afastando-se a ação política prática a esse poder espiritual.

O seu método em termos gerais caracteriza-se pela observação, mas deve-se perceber que cada ciência, ou melhor, cada fenômeno tem suas particularidades, de modo que o método de observação para cada fenômeno será diferente.

Além da realidade, outros princípios caracterizam o Positivismo: o relativismo e o espírito de conjunto (hoje em dia chamado de "holismo"). Na verdade, na obra "Apelo aos conservadores", Comte apresenta sete definições para o termo "positivo": real, útil, certo, preciso, relativo, orgânico e simpático.

A Lei dos Três Estados

O alicerce fundamental da obra comtiana é, indiscutivelmente, a "Lei dos Três Estados", tendo como precursores nessa idéia seminal os pensadores Condorcet e, antes dele, Turgot.

Segundo o marquês de Condorcet, a humanidade avança de uma época bárbara e mística para outra civilizada e esclarecida, em melhoramentos contínuos e, em princípio, infindáveis - sendo essa marcha o que explicaria a marcha da história.

A partir da percepção do progresso humano, Comte formulou a Lei dos Três Estados. Observando a evolução das concepções intelectuais da humanidade, Comte percebeu que esta evolução passa por três estados teóricos diferentes: o estado 'teológico' ou 'fictício', o estado 'metafísico' ou 'abstrato' e o estado 'científico' ou 'positivo', em que:

  • No primeiro, os fatos observados são explicados pelo sobrenatural, ou seja, as idéias baseadas no sobrenatural são usadas como ciência. Ainda nesta fase, a sociedade se encontra em uma estrutura militar fundamentada na propriedade e na exploração do solo.
  • No segundo, já se encontram as idéias naturais, mas ainda há a presença do sobrenatural na ciências. A indústria já se expandiu mas não totalmente, a sociedade já não é francamente militar. Pode-se dizer que este estado serve apenas de intermediário entre o primeiro e o terceiro.
  • No terceiro, ocorre o apogeu do que os dois anteriores prepararam progressivamente. Neste, os fatos são explicados segundo leis gerais de ordem inteiramente positiva. A indústria torna-se prepoderante, tendo como atividade única e permanente a produção.

Principais Obras

  • Opúsculos de Filosofia Social (1816-1828)
  • Curso de Filosofia Positiva, 6 vols. (1830-1842)
  • Sistema de Política Positiva, 4 vols. (1851-1854)
  • Discurso sobre o Espírito positivo (1844)
  • Catecismo Positivista (1852)
  • Apelo aos conservadores (1855)
  • Síntese Subjetiva (1856)
  • Correspondência, 8 vols. (1816-1857)

Ver também

  • Jules Ferry - Um discípulo. Grande reformador da educação nacional francesa.

Ligações externas

  • Projeto Auguste Comte et le Positivisme: [[1]]
  • Igreja Positivista do Brasil: [[2]]
  • Casa de Augusto Comte: [[3]]
  • Artigo "Elementos estáticos da teoria política de Augusto Comte": [[[4]]]
  • Calendário Positivista: [[5]]
Wikiquote
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--201.21.146.79 19:27, 14 Fevereiro 2006 (UTC)Gustavo Biscaia de Lacerda, 14.02.2006, a partir da versão anterior.

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