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Ilíada: mudanças entre as edições

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{{Mais notas|data=Janeiro de 2011}}
Ele viveu por volta de 10000000000000000000000000000 de anos a.C
{{Info livro
| nome        ilíada
| bgcolor      =
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| imagem        = [[Ficheiro:Beginning Iliad.svg|300px]]
| legenda      = Início da Ilíada em seu idioma original
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| origem        = [[Grécia Antiga]]
| idioma        = [[Grego homérico]]
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| genero        = [[Poesia épica]]
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| }}
 
A '''''Ilíada''''' (em [[Língua grega antiga|grego antigo]]: Ἰλιάς, {{IPA2|iːliás}}; em [[grego moderno]]: Ιλιάδα) é um [[Poesia épica|poema épico]] grego que narra os acontecimentos ocorridos no período de pouco mais de 50 dias durante o décimo e último ano da [[Guerra de Troia]] e cuja génese radica na cólera (μῆνις,  mênis), de [[Aquiles]]
<ref name=LEESON-WHITE>{{Referência a livro
| Autor              = GLEESON-WHITE, Jane
| Título              = 50 Clássicos
| Subtítulo          = que não podem faltar na sua biblioteca
| Edição              = 1
| Local de publicação = Campinas
| Editora            = Verus
| Ano                = 2009
| Páginas            = 276
| Volumes            = 1
| Volume              = 1
| ID = ISBN 978-85-7686-061-7}}</ref>. O título da obra deriva de um outro nome grego para [[Troia]], Ílion.
A ''Ilíada'' e a ''[[Odisseia]]'' são atribuídas a [[Homero]], que julga ter vivido por volta do [[século VIII a.C]]<ref name=LEESON-WHITE/>, na [[Jônia]] (lugar que hoje é uma região da [[Turquia]]), e constituem os mais antigos documentos literários gregos (e ocidentais) que chegaram nos nossos dias. Ainda hoje, contudo, se discute a sua autoria, a existência real de Homero, e se estas duas obras teriam sido compostas pela mesma pessoa.
 
==Visão geral==
[[Ficheiro:Akhilleus Patroklos Antikensammlung Berlin F2278.jpg|thumb|left|190px|Aquiles cura Pátroclo - Detalhe de vaso em técnica de cerâmica vermelha 500 a.C.]]
 
A ''Ilíada'' é constituída por 15.693 versos em [[hexâmetro dactílico]], que é a forma tradicional da poesia épica grega, e foi elaborada num [[dialeto]] literário artificial do grego antigo que nunca foi de fato falado, composto de elementos de outros dialetos. Continha elementos do grego jônico, eólico e outros.
 
Considera-se que tenha a sua origem na tradição oral, ou seja, teria originalmente sido cantada pelos [[aedo]]s, e só muito mais tarde os versos foram compilados numa versão escrita, no [[século VI a.C.]] em [[Atenas]]. O poema foi então posteriormente dividido em 24 cantos, divisão que persiste até hoje. A divisão é atribuída aos estudiosos da [[biblioteca de Alexandria]], mas pode ser anterior.
 
A ''Ilíada'' influenciou fortemente a cultura clássica, sendo estudada e discutida na [[Grécia Antiga]] (onde era parte da educação básica) e, posteriormente, no [[Império Romano]]. Sua influência pode ser sentida nos autores clássicos, como na [[Eneida]], de [[Virgílio]]. É considerada como a "obra fundadora" da literatura ocidental e uma das mais importantes da literatura mundial.
 
==Argumento==
{{Revelações sobre o enredo}}
A ''Ilíada'' passa-se durante o nono ano da [[guerra de Troia]] e trata da ira de [[Aquiles]]. A ira é causada por uma disputa entre Aquiles e [[Agamenon]], comandante dos exércitos gregos em Tróia, e consumada com a morte do herói troiano Heitor (ou Héctor), terminando com seu funeral.
Embora [[Homero]] se refira a uma grande diversidade de mitos e acontecimentos prévios, que eram de amplo conhecimento dos gregos e portanto da sua plateia, a história da guerra de Troia não é contada na íntegra. Dessa forma, o conhecimento prévio da mitologia grega acerca da guerra é relevante para a compreensão da obra.
 
===A guerra de Troia===
{{Ver artigo principal|[[Guerra de Troia]]}}
[[Ficheiro:Helen of Troy.jpg|thumb|280px|''[[Helena de Troia]]'', por Evelyn de Morgan, 1898]]
Os gregos antigos acreditavam que a [[Guerra de Troia]] era um fato histórico, ocorrido por volta de [[1200 a.C.]] no [[período micênico]], mas alguns estudiosos atuais têm dúvidas sobre se ela de fato ocorreu. Até à descoberta do sítio arqueológico na Turquia, na [[Anatólia]], acreditava-se que [[Troia]] era uma cidade mitológica.
A Guerra de Troia deu-se quando os [[aqueus]] atacaram a cidade de Troia, buscando vingar o rapto de [[Helena de Troia|Helena]], esposa do rei de Esparta, [[Menelau]], irmão de [[Agamémnom]]<ref name=LEESON-WHITE/>. Os aqueus eram os povos que hoje conhecemos como gregos, que compartilhavam uma cultura e língua comuns, mas na época se definiam como vários reinos, e não como um povo uno.
A lenda conta que a deusa ([[ninfa (mitologia)|ninfa]]) do [[mar]] Tétis era desejada como esposa por [[Zeus]] e seu irmão [[Posídon]]. Porém [[Prometeu]] profetizou que o filho da deusa seria maior que seu pai. Então os deuses resolveram dá-la como esposa a [[Peleu]], um mortal já idoso, intencionando enfraquecer o filho, que seria apenas um humano. O filho de ambos é o guerreiro [[Aquiles]]. Sua mãe, visando fortalecer sua natureza mortal, mergulhou-o, ainda bebê, nas águas do mitológico rio Estige. As águas tornaram o herói invulnerável, exceto no calcanhar, por onde a mãe o segurou para o mergulhar no rio (daí a famosa expressão [[calcanhar de Aquiles]], significando ponto vulnerável). Aquiles tornou-se o mais poderoso dos guerreiros, porém, ainda era mortal. Mais tarde, sua mãe profetiza que ele poderá escolher entre dois destinos: lutar em Troia e alcançar a glória eterna, mas morrer jovem, ou permanecer em sua terra natal e ter uma longa vida, mas sendo logo esquecido.
Para o casamento de Peleu e Tétis todos os deuses foram convidados, menos [[Éris]], ou Discórdia. Ofendida, a deusa compareceu invisível e deixou à mesa um pomo de ouro com a inscrição “à mais bela”. As deusas [Hera], [[Atena]] e [[Afrodite]] disputaram o pomo e o título de mais bela. Zeus então ordenou que o príncipe troiano [[Páris]], à época sendo criado como um pastor ali perto, resolvesse a disputa. Para ganhar o título de “mais bela”, Atena ofereceu a Páris poder na batalha, Hera o poder e Afrodite o amor da mulher mais bela do mundo. Páris deu o pomo a Afrodite, ganhando assim sua proteção, porém atraindo o ódio das outras duas deusas contra si e contra Troia.
A mulher mais bela do mundo era [[Helena de Troia|Helena]], filha de Zeus e Leda. Leda era casada com [[Tíndaro]], rei de Esparta. Helena possuía diversos pretendentes, que incluíam muitos dos maiores heróis da Grécia, e o seu pai adotivo, Tíndaro, hesitava tomar uma decisão em favor de um deles temendo enfurecer os outros. Finalmente um dos pretendentes, Odisseu (cujo nome latino era Ulisses), rei de [[Ítaca]], resolveu o impasse propondo que todos os pretendentes jurassem proteger Helena e sua escolha, qualquer que fosse. Helena então se casou com [[Menelau]], que se tornou o rei de [[Esparta]].
 
Quando [[Páris]] foi a Esparta em missão diplomática, se enamorou de Helena e ambos fugiram para Troia, enfurecendo Menelau. Este apelou aos antigos pretendentes de Helena, lembrando o juramento que haviam feito. Agamémnom então assumiu o comando de um exército de mil barcos e atravessou o [[mar Egeu]] para atacar Troia. As naus gregas desembarcaram na praia próxima a Troia e iniciaram um cerco que duraria 10 anos, custando a vida de muitos heróis, de ambos os lados. Finalmente, seguindo um estratagema proposto por [[Odisseu]], o famoso [[Cavalo de Troia]], os gregos conseguiram invadir a cidade governada por Príamo e terminar a guerra.
 
===Personagens principais===
A ''Ilíada'' é um poema extenso e possui uma grande quantidade de personagens da mitologia grega. Homero assumia que seus ouvintes estavam familiarizados com esses mitos, o que pode causar confusão ao leitor moderno. Segue um resumo dos personagens que tomam parte na ''Ilíada'':
 
====Os Aqueus====
Os gregos antigos não se definiam como "[[gregos]]" ou "Helênicos", denominação posterior, mas como "[[aqueus]]", compostos por diversos povos de diversos reinos que tinham uma língua e cultura razoavelmente compartilhada. Os aqueus também são chamados de "[[Dánaos|Dânaos]]" por [[Homero]].
* [[Aquiles]]: príncipe de [[Ftia]], líder dos [[Mirmidão|mirmidões]] (mirmídones), herói e melhor de todos os guerreiros, filho da deusa marinha [[Tétis (Nereida)|Tétis]] e do mortal rei [[Peleu]]. Sua ira é o tema central da ''Ilíada''. Vinga a morte do amigo Pátroclo matando Heitor em um duelo um a um.
* [[Agamémnon|Agamêmnon]]: Rei de [[Micenas]] e comandante supremo dos aqueus, sua atitude de tomar a escrava [[Briseis]] de Aquiles é o estopim do desentendimento entre eles.
* [[Pátroclo]]: Amigo de Aquiles. Alguns argumentam que há envolvimento íntimo entre Aquiles e Pátroclo, o que foi, no entanto, refutado por [[Sócrates]], no Diálogo [[Fedro]], citando passagens da Ilíada que dizem que Aquiles e Pátroclo dormiam em leitos separados, cada um com sua respectiva concubina. Foi morto por Heitor enquanto fingia ser Aquiles.
* [[Odisseu]] (Ulisses): Rei de Ítaca, considerado “astuto”, ou “ardiloso”. Frequentemente faz o papel de embaixador entre Aquiles e Agamémnom. Foi ele que teve a ideia de fazer uma armadilha aos troianos. É o personagem principal de [[Odisseia]], também atribuído a Homero em que é narrada a volta de Odisseu a Ítaca
* Calcas Testorídes: Poderoso vidente que guia os aqueus. Foi ele que predisse que a guerra duraria 10 anos, que era preciso devolver [[Briseis]] (Briseida) ao pai e muitas outras coisas.
* [[Ájax]], [[Nestor]], [[Idomeneu]]: Reis e heróis gregos, que comandavam exércitos de seus reinos sob a supervisão geral de Agamenon.
 
* [[Diomedes]]: Príncipe de Argos, comandava a frota de navios de seu reino. Herói valente que participou ativamente do cerco, da pilhagem e do saque de Troia
* [[Menelau]]: Rei de Esparta, marido de Helena e irmão mais novo de Agamémnom.
 
====Os Troianos e seus aliados====
* [[Heitor]], ou Héctor: Príncipe de Troia, filho de [[Príamo]] e irmão de [[Páris]]. É o melhor guerreiro troiano, herói valoroso que combate para defender sua cidade e sua família. Líder dos exércitos troianos. Mata Pátroclo em uma batalha achando que ele era Aquiles porque usava sua armadura, escudo e espada sem mencionar a semelhança física entre os dois. Morto por Aquiles em um duelo.
* [[Príamo]]: rei de Tróia, já é idoso, portanto quem comanda de fato a luta é seu filho, Heitor.
* [[Páris]]: Príncipe de Troia, sua fuga com Helena é a causa da guerra. É sua a flecha que finalmente mata Aquiles, acertando-o no calcanhar.
 
* [[Eneias]]: Primo de Heitor e seu principal tenente. É o personagem principal da ''[[Eneida]]'', obra máxima do poeta latino [[Virgílio]].
* [[Helena]]: Esposa de Páris, antes casada com Menelau, e pivô da guerra. Com a queda de Troia volta para Esparta e para Menelau.
* [[Andrómaca]]: Esposa de Heitor, de quem tinha um filho bebê, Astíanax.
* [[Briseis]] (Briseida): Prima de Heitor e Páris, capturada pelos [[aqueus]], se torna escrava de Aquiles e acaba se apaixonando por ele e vice-versa.
 
====Os deuses====
Os deuses gregos tomam parte ativa na trama, envolvendo-se na batalha e ajudando ambos os lados. Notadamente temos [[Tétis]] (mãe de Aquiles) [[Apolo]], [[Zeus]], [[Hera]], [[Atena]], [[Poséidon]], [[Afrodite]], [[Ares]] e [[Péon (deus)|Péon]].
 
===Resumo da narração===
No décimo ano do cerco a [[Troia]], há um desentendimento entre as forças dos aqueus, comandadas por [[Agamémnom]]. Ao dividirem os espólios de uma conquista, o comandante aqueu fica, entre outros prêmios, com uma moça chamada Criseida, enquanto que a Aquiles cabe outra bela jovem, [[Briseis]] (Briseida). Criseida era filha de Crises, [[sacerdote]] do deus [[Apolo]], e este pede a Agamémnom  que lhe restitua a filha em troca de um resgate. O chefe aqueu recusa a troca, e o pai ofendido pede ajuda a seu deus. Apolo passa então a castigar os aqueus com a peste. Quando forçado a devolver Criseida ao pai para aplacar o castigo divino, Agamémnom toma a Aquiles sua Briseis, como forma de compensação e afronta a Aquiles. Este, ofendido, se retira da guerra junto com seus valentes [[Mirmidão|Mirmidões]]. Aquiles pede então a sua divina mãe que interceda junto a Zeus, rogando-lhe para que favoreça aos troianos, como castigo pela ofensa de Agamémnom. Tétis consegue a promessa de Zeus de que ajudará aos troianos, a despeito da preferência de sua esposa, Hera, pelo lado aqueu.
Então Zeus manda a Agamémnom, através de [[Oneiros]], um [[sonho]] incitando-o a atacar Troia sem as forças de Aquiles. Agamémnom resolve testar a disposição de seu exército. A tentativa por pouco não termina em revolta generalizada, incitada pelo insolente Tersites. A rebelião só é evitada graças à decisiva intervenção de Odisseu, que fustiga Tersites e lembra a profecia de Calcas de que ''Ílion'' cairia no décimo ano do cerco.
Os dois exércitos perfilam-se no campo de batalha, diante de Troia. Páris, príncipe de Troia, se adianta, mas logo recua ao ver Menelau, de quem roubara a esposa causando a guerra. Menelau o insulta e Páris responde propondo um [[duelo]] entre ambos. Os aqueus respondem com agressões, porém seu irmão Heitor, o maior herói troiano, reitera o desafio, propondo que o destino da guerra seja decidido numa luta entre Menelau e Páris. Menelau aceita, exigindo juramento de sangue sobre o pacto de respeitar o resultado do duelo. Enquanto os preparativos são feitos, Helena se junta a Príamo, rei de Troia, no alto de uma torre para observar a contenda. Ela apresenta os maiores comandantes gregos, apontando-os para Príamo.
O duelo tem início e Menelau leva vantagem. Quando está para derrotar Páris, Afrodite intervém e o retira da batalha envolto em névoa, levando-o ao encontro de Helena. Agamémnom declara então que Menelau venceu a disputa e exige a entrega de Helena e pagamento do resgate. Porém Hera e Atena protestam junto a Zeus, pedindo a continuidade da guerra até a destruição de Tróia. Zeus cede em troca da não intervenção de Hera caso deseje destruir uma cidade protegida por ela. Atena então desce entre as tropas troianas e convence Pândaro, arqueiro troiano, a disparar contra Menelau, ferindo-o e rompendo o pacto com os gregos. O exército troiano avança, e Agamémnom incita os aqueus ao combate. Tem lugar então uma luta violenta, na qual os gregos começam a levar vantagem. Porém Apolo incita aos troianos, lembrando-os que Aquiles não participa da peleja.
Os troianos então avançam, retomando a vantagem sobre os gregos, a despeito dos grandiosos esforços de Diomedes, que, insuflado pela deusa Palas Atena, chega a ferir os deuses Afrodite e Ares, que defendem os troianos. Os gregos por sua vez parecem retomar a vantagem, o que faz com que Heitor então retorne à cidade para pedir a sua mãe que tente acalmar Palas com oferendas. Após falar com a mãe, encontra-se com sua esposa e seu filho em uma torre. O encontro, em que Heitor fala com a esposa e o filho sobre o seus futuros, é bastante triste, pois Heitor pressente que Tróia cairá. A seguir, convoca Páris e com ele volta à batalha.
Apolo combina com Atena uma [[trégua]] na batalha e para consegui-la incitam Heitor a desafiar um herói grego ao duelo. Ajax é o escolhido num sorteio e avança para o combate. O duelo é renhido e prossegue até a noite, quando é interrompido. Os aqueus então aproveitam para recolher seus mortos e preparar um [[baluarte]].
Com a manhã, o combate recomeça, porém Zeus proíbe os outros deuses de interferir, enquanto que ele dispara raios dos céus, prejudicando aos aqueus. O combate prossegue desastroso para os gregos, que acabam por se recolher ao baluarte ao final do dia. Os troianos acampam por perto, ameaçadores.
Durante a noite Agamémnom se desespera, percebendo que havia sido enganado por Zeus. Porém Diomedes garante que os aqueus têm fibra e ficarão para lutar. Agamémnom acaba por ouvir os conselhos de Nestor, e envia a Aquiles uma embaixada composta por Odisseu, Ajax, dois [[arauto]]s e o veterano Fenix presidindo, para oferecer presentes e pedir ao herói que retorne à batalha. Aquiles, porém, ainda irado, não cede.
Agamémnom então envia Odisseu e Diomedes ao acampamento troiano numa missão de espionagem. Heitor, por sua vez, envia Dolon espionar acampamento aqueu. Dólon é capturado por Odisseu e Diomedes, que extraem informações e o matam. A seguir invadem o acampamento troiano e massacram o rei Reso e doze guerreiros que dormiam, retirando-se de volta para o lado aqueu, onde são recebidos com festa.
Durante o dia o combate é retomado, e os troianos novamente são superiores, empurrados por Zeus. Heitor manda uma grande pedra de encontro a um dos portões e invade o baluarte grego, expulsando-os e os empurrando até as naus, de onde não haveria mais para onde recuar a não ser para o oceano. Há amargo combate, com os aqueus recebendo apoio agora de Poséidon enquanto Zeus favorece os troianos, com heróis realizando grandes feitos de ambos os lados.
Hera, então, consegue convencer Hipnos a adormecer Zeus. Os gregos, acuados terrivelmente, se aproveitam desse momento para recuperar alguma vantagem, e Ajax fere a Heitor. Porém Zeus acorda e, vendo os troianos dispersos e a momentânea vitória grega, reconhece a obra de Hera e a repreende. Hera diz que Poséidon é o único culpado, e Zeus a manda falar com Apolo e Íris para que estes instiguem os troianos novamente à luta. Então Zeus impede Poséidon de continuar interferindo, e os troianos retomam a vantagem. Os maiores heróis aqueus estão feridos.
Pátroclo, vendo o desastre dos aqueus, vai implorar a Aquiles que o deixe comandar os Mirmidões e se juntar à batalha. Aquiles lhe empresta as armas e consente que lidere os Mirmidões, mas recomenda que apenas expulse os troianos da frente das naus, e não os persiga. Pátroclo então sai com as armas de Aquiles (incluindo a [[armadura]], o que faz com que aqueus e troianos achassem que Aquiles havia voltado à batalha) e combate os troianos junto às naus. Ao ver fugindo os troianos, Pátroclo desobedece a recomendação de Aquiles e os persegue até junto da cidade. Lá, Heitor, percebendo que é Pátroclo e não Aquiles, o confronta em duelo e acaba por matá-lo.
Há uma disputa pelas armas de Aquiles, e Heitor as ganha, porém Ajax fica com o corpo de Pátroclo. Os troianos então repelem os gregos, que fogem, acossados. Aquiles, ao saber da morte do companheiro, fica terrivelmente abalado, e relata o acontecido a Tétis. Sua mãe promete novas armas para o dia seguinte e vai ao [[Olimpo]] encomendá-las a Hefestos. Enquanto isso Aquiles vai ao encontro dos troianos que perseguem os aqueus e os detém com seus gritos, permitindo que os gregos cheguem a salvo com o cadáver. A noite interrompe o combate.
Na manhã seguinte Aquiles, de posse das novas armas e reconciliado com Agamémnom, que lhe restituíra Briseida, acossa ferozmente os troianos numa batalha em que Zeus permite que tomem parte todos os deuses. Trucidando diversos heróis, Aquiles termina por empurrar o combate até os portões de Tróia. Lá Heitor, aterrorizado, tenta fugir de Aquiles, que o persegue ao redor da cidade. Por fim Heitor é enganado por Atena, que o convence a se deter e enfrentar o maior herói aqueu. Ele pede a Aquiles que seja feito um trato, com o vencedor respeitando o [[cadáver]] do vencido, permitindo seu enterro digno e funerais adequados. Aquiles, enlouquecido de raiva, grita que não há pacto possível entre presa e predador. O terrível duelo acontece e Aquiles fere mortalmente Heitor na garganta, única parte desprotegida pela armadura. Morrendo diante de seus entes queridos, que assistiam de dentro das muralhas, Heitor volta a implorar a Aquiles que permita que seu corpo seja devolvido a Tróia para ser devidamente velado. Aquiles, implacável, nega e diz que o corpo de Heitor será pasto de abutres enquanto o de Pátroclo será honrado.
Aquiles amarra o corpo de Heitor pelos pés à sua biga e o arrasta diante da família e depois o traz até o acampamento grego. São feitos os jogos funerais de Pátroclo. Durante a noite, o idoso Príamo vem escondido ao acampamento grego pedir a Aquiles pelo corpo do filho. O seu apelo é tão comovente que Aquiles cede, chorando, com a ira arrefecida. Aquiles promete trégua pelo tempo necessário para o adequado funeral de Heitor. Príamo leva o cadáver de seu filho de volta para a cidade, onde são prestadas as honras fúnebres ao príncipe e maior herói de Troia.
[[Ficheiro:Hector brought back to Troy.jpg|center|thumb|390px||Corpo de Heitor sendo levado de volta a Troia – Alto relevo romano em mármore, detalhe de um sarcófago]]
 
===Resumo dos Cantos===
* Canto I: É o décimo ano da guerra de Troia. Aquiles e Agamémnom desentendem-se devido à disputa sobre uma jovem cativa, Briseida.
* Canto II: Odisseu impede uma revolta e os gregos preparam-se para um ataque a Troia.
* Canto III: Páris desafia Menelau para um duelo, propondo decidir o destino da guerra. Menelau vence, mas Páris sobrevive, salvo por Afrodite.
* Canto IV: O pacto é quebrado pelos troianos e a guerra recomeça.
* Canto V: Diomedes, ajudado por Palas Atena, realiza grandes prodígios, ferindo Afrodite e Ares.
* Canto VI: Heitor retorna a Troia para pedir que se tente apaziguar Palas Atena. Encontra-se com esposa e filho e retorna à batalha junto de seu irmão Páris.
* Canto VII: Heitor duela com Ajax. A luta empata, interrompida pela noite.
* Canto VIII: Os deuses retiram-se da batalha.
* Canto IX: Agamémnom tenta reconciliar-se com Aquiles, mas este recusa.
* Canto X: Diomedes e Odisseu saem em missão de espionagem e atacam o acampamento troiano.
* Canto XI: Páris fere Diomedes, e Pátroclo fica sabendo da desastrosa situação grega.
* Canto XII: Retirada grega até às naus.
* Canto XIII: Poséidon apieda-se dos gregos e os motiva.
* Canto XIV: Hera adormece Zeus, permitindo a reação grega.
* Canto XV: Zeus acorda e impede que [[Posídon]] continue interferindo. Os troianos retomam a vantagem no combate.
* Canto XVI: Pátroclo pede a armadura a Aquiles e permissão para entrar na luta. Aquiles concede, porém Pátroclo é morto por Heitor.
* Canto XVII: Há uma disputa pelo corpo e armadura de Pátroclo. Ajax fica com a armadura e com o corpo de Pátroclo.
* Canto XVIII: Aquiles fica sabendo da morte de Pátroclo, e sua mãe providencia-lhe uma nova armadura.
* Canto XIX: Aquiles, de armadura nova e reconciliado com Agamémnom, junta-se à guerra.
* Canto XX: Batalha furiosa, da qual participam livremente os deuses.
* Canto XXI: Aquiles chega aos portões de Troia
* Canto XXII: Aquiles duela com Heitor e o mata. A seguir, desonra seu cadáver, arrastando-o ao acampamento grego.
* Canto XXIII: Pátroclo é velado adequadamente.
* Canto XXIV: Príamo pede o cadáver do filho a Aquiles que, comovido, cede. Heitor é devidamente velado em Troia.
{{spoiler-fim}}
 
==Traduções==
Existem muitas traduções para a ''Ilíada'' em [[Língua portuguesa|português]], tanto em verso como adaptações em prosa. A qualidade e fidelidade das traduções variam bastante, mas destacam-se algumas, todas em verso.
 
Das brasileiras, a mais antiga é a de [[Odorico Mendes]], feita no [[século XIX]] ([[1874]]), que possui a peculiaridade de trocar os nomes dos deuses gregos pelos seus arquétipos equivalentes latinos. Ou seja, em vez de [[Zeus]], [[Júpiter (mitologia)|Júpiter]], de [[Posídon]], [[Netuno (mitologia)|Netuno]],  etc. A tradução de Odorico Mendes, toda em decassílabos, se notabiliza pela escolha lexical preciosa e a estrutura sintática amiúde incomum, de feição muitas vezes arcaizante e com farto recurso ao neologismo. Outra tradução é a de [[Carlos Alberto da Costa Nunes]], feita em [[1962]], na qual o tradutor objetiva manter o metro e o andamento originais do poema. Há ainda a tradução de [[Haroldo de Campos]], em versos que buscam resgatar a sonoridade do original grego, inclusive com diversos [[neologismo]]s.
 
Em [[2005]], foi publicada uma nova tradução portuguesa de autoria de Frederico Lourenço, autor de várias obras e docente da [[Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa]].
 
== Adaptações ==
A história da [[Guerra de Troia]] em geral e da ''Ilíada'' em particular foi amplamente adaptada ao longo dos séculos, tanto na literatura quanto em outras artes. Uma das adaptações mais recentes que ganharam notoriedade é a do filme norte-americano [[Troy]] ([http://www.imdb.com/title/tt0332452/ veja IMDB]) de [[2004]], que narra basicamente os eventos da Ilíada acrescidos de uma introdução e do desfecho da guerra. Embora tenha sido baseado na ''Ilíada'', o filme toma uma série de liberdades em relação à história de Homero. A mais notável delas é a exclusão dos deuses gregos como personagens ativas da trama, sendo referidos apenas pela fé das personagens neles. Além disso, diversos eventos foram alterados no filme, como o destino de Agamémnom, de Menelau, de Ajax. Pátroclo foi transformado em primo de Aquiles, Briseis em sua amante e a duração da guerra foi reduzida de 10 anos para algumas semanas, entre outras mudanças.
Em 2003, o autor [[Dan Simmons]] lançou um livro épico de ficção científica chamado ''Ilium'', adaptando/homenageando o poema homérico.
Na [[antiguidade]] clássica diversas peças de teatro trataram dos eventos subsequentes à guerra, incluindo o destino de outros personagens. A [[Eneida]] de [[Virgílio]] deve grande tributo à ''Ilíada'' (e também à [[Odisseia]]), e narra a história do tenente de Heitor, Eneias.
 
== Temas na ''Ilíada''==
Embora a ''Ilíada'' narre uma série de acontecimentos da [[guerra de Troia]] e se refira a uma série de outros, seu tema principal é o ciclo da ira de [[Aquiles]], da sua causa ao seu arrefecimento. Isto fica claro logo na primeira linha do poema. A palavra grega ''mēnin'', ira, é a primeira do poema, cuja famosa primeira linha é "''Menin aeide, Thea, Peleiadeo Aquileos''". Em português seria “A ira canta, Deusa, de Peleio Aquiles” ou, adaptando, “Canta, Deusa, a ira do filho de Peleu, Aquiles”. Através da consumação dessa ira, é tratada a humanização do herói e semideus Aquiles, sempre conflitado por sua dupla natureza, filho de deusa e homem, portanto mortal.
A questão da escolha entre valores materiais, como a segurança e a vida longa, e valores morais, mais elevados, como a glória e o reconhecimento eterno, é tratada na escolha com que Aquiles se defronta: lutar, morrer jovem e ser lembrado para sempre, ou permanecer seguro e ser esquecido.
A [[soberba]] de Aquiles contrasta grandemente com a sobriedade de Heitor, também grande herói, que não busca a glória como Aquiles, mas luta pela segurança de sua família e de sua cidade, e a preservação de suas raízes troianas.
A guerra e suas consequências também é tema central na ''Ilíada'', sendo ricamente retratada.
A condição humana é magistralmente trabalhada por Homero, mostrando os dilemas mortais, as interferências de instâncias superiores e suas consequências, personificadas nos deuses que tomam partido.
Amizade, honra e muitos outros temas abstratos também fazem parte da obra, compondo um belo painel da alma humana, o que é, sem dúvida, uma das qualidades que têm determinado a longevidade da narrativa homérica na cultura universal.
 
{{Referências}}
 
=={{Ligações externas}}==
{{Wikisource|el:ΙΛΙΑΣ|Ilíada}}
{{Wikiquote|Ilíada}}
* [http://greciantiga.org/arquivo.asp?num=0387 '''Portal Græcia Antiqua''' – informações sobre a ''Ilíada'']
* [http://www.livros-digitais.com/livro.asp?livro=1 '''A Ilíada em português''' – texto integral em português da ''Ilíada'']
* [http://www.uark.edu/campus-resources/achilles/iliad/iliad.html Coleção de ilustrações e imagens sobre a Ilíada] {{en}}
* [http://www.iliada.com.mx/Texto_y_comentarios/Texto_y_comentarios.html Tradução para o Espanhol e comentários do texto integral em página HTML] {{es}}
* [http://www.ebooket.net/descargar.php?Descarga=true&Ebook=Iliada Arquivo em formato .ZIP contendo a Ilíada traduzida para o espanhol em formato PDF] {{es}}
* [http://www.gutenberg.org/etext/2199 Mesma tradução para o Inglês para ser baixada em formato texto no Projeto Gutenberg]
* [http://www.gradesaver.com/ClassicNotes/Titles/iliad/fullsumm.html Análise e resumo da Ilíada em Inglês] {{en}}
* [http://homepage.mac.com/cparada/GML/000Images/004maps/mapachaeanstrojans.gif Mapa completo contendo indicação dos participantes da Ilíada e suas origens] {{en}}
* [http://www.mikrosapoplous.gr/zpd/iliad_u10.zip Arquivo no formato .ZIP contendo documentos no formato .DOC com o texto integral da Ilíada em grego antigo]
{{Commonscat|Iliad}}
 
== Bibliografia ==
 
* HOMERO. ''Ilíada''. Trad. Odorico Mendes; pref. Augusto Magne. Rio de Janiero / São Paulo / Porto Alegre: W. M. Jackson Inc., 1950 (''in'': Clássicos Jackson, vol. XXI)
* HOMERO. ''Ilíada''. Trad. Carlos Alberto Nunes. Rio de Janeiro: Ediouro
* HOMERO. ''Ilíada''. Trad. Haroldo de Campos; intro. e org. Trajano Viera; 2 v. (bilíngüe). São Paulo: Arx, 2003
* HOMERO. ''Ilíada''. Trad. Frederico Lourenço. Lisboa: Livros Cotovia, 2005.
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Edição das 17h25min de 5 de agosto de 2011

Ele viveu por volta de 10000000000000000000000000000 de anos a.C

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