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Edição das 20h09min de 20 de novembro de 2007

Predefinição:Património Mundial

Provável tumba de Ciro, o Grande

Pasárgada era uma cidade da antiga Pérsia e é atualmente um sítio arqueológico na província de Fars, no Irã, situado 87 km a nordeste de Persépolis. Foi a primeira capital da Pérsia Aqueménida, no tempo de Ciro II da Pérsia, e coexistiu com as demais, dado que era costume persa manter várias capitais em simultâneo, em função da vastidão do seu império: Persépolis, Ecbátana, Susa ou Sardes. É hoje um Patrimônio Mundial da Unesco.

A construção de Pasárgada foi iniciada por Ciro II, e foi mantida inacabada devido à morte de Ciro em batalha. Pasárgada manteve-se como capital até que Dario iniciou a mudança para Persépolis. O nome moderno vem do grego, mas pode ter derivado de um outro usado no período aquemênida, Pasragada.

O sítio arqueológico cobre uma área de 1,6 quilômetros quadrados, e contém uma estrutura que acredita-se ser o mausoléu de Ciro, o forte de Tall-e Takht em uma colina próxima e as ruínas de um palácio real e jardins. Os jardins mostram o exemplo mais antigo dos chahar bagh persas, ou jardins quádruplos.

O monumento mais importante de Pasárgada é indubitavelmente a tumba de Ciro, o Grande. Possui sete passagens largas levando à sepultura, que mede 534m em comprimento e 531m de largura e possui uma entrada estreita e baixa. Apesar de não haver evidências fortes identificando a tumba como a de Ciro, os historiadores gregos dizem que Alexandre, o Grande da Macedônia acreditava que era. Alexandre passou por Pasárgada em suas campanhas contra Dario III em 330 a.C.. Arriano, historiador do primeiro século da era Cristã, afirma que Alexandre ordenou que Aristobulus, um de seus guerreiros, entrasse no monumento. Do lado de dentro, ele encontrou uma cama dourada, uma mesa arrumada com copos, um caixão dourado, alguns ornamentos enfeitados com pedras preciosas e uma inscrição na tumba. Nenhum traço de qualquer inscrição sobreviveu até os tempos modernos, e há considerável discordância quanto às palavras do texto. Estrabão disse que está escrito:

Forasteiro, sou Ciro, que deu aos Persas um Império, e fui Rei da Ásia
Não tenha rancor de mim por causa desse monumento

Uma outra variação, documentada em Pérsia: O Reino Imortal, é:

Ó forasteiro, quem quer que sejas, de onde quer que venhas, porque sei que virás, sou Ciro, que fundou o Império dos Persas
Não tenha rancor de mim por causa dessa pequena terra que cobre meu corpo.

Durante a conquista islâmica do Irã, as forças árabes foram até a tumba planejando destruí-la, considerando-a estar em violação direta aos princípios do Islã. Os guardas da tumba convenceram o comando árabe que a tumba não fora construída para horar Ciro, mas que abrigava a mãe do rei Salomão, o que evitou sua destruição. Como resultado, a inscrição da tumba foi substituída por um verso do Qur'an, e a tumba ficou conhecida como "Qabr-e Madar-e Sulaiman", ou a tumba da mãe de Salomão. Ainda é conhecida por esse nome atualmente. Foi destruída por Alexandre Magno, o Grande, ao conquistar a Pérsia em 323 a.C.


Literatura brasileira

Na literatura brasileira, Manuel Bandeira (1886-1968), consagrou o nome Pasárgada como um lugar ironicamente ideal, em Vou-me embora pra Pasárgada.

Vou-me Embora pra Pasárgada
Manuel Bandeira
   Vou-me embora pra Pasárgada
   Lá sou amigo do rei
   Lá tenho a mulher que eu quero
   Na cama que escolherei
   
   Vou-me embora pra Pasárgada
   Vou-me embora pra Pasárgada
   Aqui eu não sou feliz
   Lá a existência é uma aventura
   De tal modo inconseqüente
   Que Joana a Louca de Espanha
   Rainha e falsa demente
   Vem a ser contraparente
   Da nora que nunca tive
   
   E como farei ginástica
   Andarei de bicicleta
   Montarei em burro brabo
   Subirei no pau-de-sebo
   Tomarei banhos de mar!
   E quando estiver cansado
   Deito na beira do rio
   Mando chamar a mãe-d'água
   Pra me contar as histórias
   Que no tempo de eu menino
   Rosa vinha me contar
   Vou-me embora pra Pasárgada
  
   Em Pasárgada tem tudo
   É outra civilização
   Tem um processo seguro
   De impedir a concepção
   Tem telefone automático
   Tem alcalóide à vontade
   Tem prostitutas bonitas
   Para a gente namorar
    
   E quando eu estiver mais triste
   Mas triste de não ter jeito
   Quando de noite me der
   Vontade de me matar
   — Lá sou amigo do rei —
   Terei a mulher que eu quero
   Na cama que escolherei
   Vou-me embora pra Pasárgada.


Texto extraído do livro "Bandeira a Vida Inteira", Editora Alumbramento – Rio de Janeiro, 1986, pág. 90.

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