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Edição das 16h49min de 28 de março de 2006
Os Maias é um das obras mais conhecidas do escritor português Eça de Queirós.
Resumo da obra
Tudo começa no primeiro capítulo, quando se descreve a casa – “O Ramalhete” mas que nada tem de fresco ou de campestre, o nome vem-lhe de um painel de azulejos com um ramo de girassóis, colocado onde deveria estar a pedra de armas.
Afonso da Maia casou-se com Maria Eduarda Runa e do seu casamento resultou apenas um filho - Pedro da Maia. Pedro da Maia era muito ligado à mãe e após a sua morte, Pedro, ficou inconsolável, tendo só recuperado quando conheceu uma mulher chamada Maria Monforte com quem casou, apesar de Afonso não concordar. Deste casamento resultaram dois filhos Carlos Eduardo e Maria Eduarda. Algum tempo depois Maria Monforte apaixona-se e foge levando consigo a filha. Quando sabe disto Pedro, destroçado, vai com Carlos para casa de Afonso onde comete suicidio. Carlos fica na casa do avô onde é educado.
Passam-se alguns anos e Carlos tornou-se médico. Um dia conhece uma mulher chamada Maria Eduarda e eles apaixonam-se mas ela já era casada então eles tornam-se amantes.
Nesta obra nada é o que parece:
Carlos, com excepção da sua viagem no fim do curso, vive em Portugal. Carlos crê que a sua irmã morreu, Maria Eduarda crê que apenas teve uma irmãzinha, que morreu em Londres. Quando ambos se encontram em Lisboa, ela tem um amante, ele tem uma amante. Podiam nunca se ter encontrado. Quando se apaixonam, Carlos acaba por descobrir que Maria lhe mentiu sobre o seu passado – podiam ter-se zangado definitivamente. Quando senhor Guimarães vem a Lisboa, não se move nos mesmos círculos que Carlos, seria bem provável que nunca o chegasse a ver. É, pois, por uma série de espantosas coincidências que a desgraça acaba por chegar.
Há ainda a abordagem científica. O romance foi escrito numa altura em que as ciências floresciam. Eça joga nele com o peso da hereditariedade (Carlos teria herdado da avó paterna e do próprio pai o carácter fraco, e da mãe a tendência para o desequilíbrio amoroso), e da acção do meio envolvente sobre o indivíduo (Carlos fracassa, apesar de todas as condicionantes que tem a seu favor, porque o meio envolvente, a alta burguesia lisboeta, para tal o empurra). A psicologia dava os seus primeiros passos – é assim que Carlos, mesmo sabendo que a mulher que ama é sua irmã, não deixa de a desejar, uma vez que não basta que lhe digam que ela é sua irmã para que ele como tal a considere.
Lisboa do tempo dos Maias
Há em “Os Maias” um retrato da Lisboa da época. Quem conheça Lisboa pode espantar-se com o muito que as personagens andam a pé – Carlos, que mora na Rua das Janelas Verdes, caminha com frequência até ao Rossio (embora, por vezes, vá a cavalo ou de carruagem), coisa que, hoje, poucos lisboetas se disporão a fazer. Algumas das lojas citadas no livro ainda existem – a Casa Havaneza, no Chiado, por exemplo. É possível seguir os diferentes percursos de Carlos ou do Ega pelas ruas da Baixa lisboeta, ainda que algumas tenham mudado de nome. No final do livro, quando Carlos volta a Lisboa muitos anos depois, somos levados a ver as novidades – a Avenida da Liberdade, que substituiu o Passeio Público, e que é descrita como uma coisa nova, e feia pela sua novidade, exactamente como nos anos 70 se falava das casas de emigrante. Depois, claro, há as personagens. Cada personagem de “Os Maias” é um mundo.
Obra completa
Os Maias foram publicados no Porto em 1888, em 2 volumes de 458 e 532 páginas, pela Livraria Internacional de Ernesto Chardron. Existe uma versão digitalizada e integral disponível na Biblioteca Nacional Digital
Personagens de Os Maias
- Afonso da Maia
- Maria Eduarda Runa
- Pedro da Maia
- Maria Monforte
- Carlos da Maia
- Maria Eduarda
- Vilaça pai
- Vilaça
- João da Ega
- Dâmaso
- Craft
- Cruges
- Steinbroken
- O Marquês
- Rosa
- Sr Guimarães
- Miss Sara
- Melanie
- Castro Gomes
- Eusebiozinho
Lugares de Os Maias
- Lisboa
- O Ramalhete
- Santa Olávia
- Hotel Central
- Hotel Lawrence, Sintra
- Inglaterra
- Paris
- Sintra
- Coimbra
Bibliografia académica sobre Os Maias
- Roger Bismut, "Os Maias: imitação flaubertiana, ou recriação?", Colóquio/Letras, 69, 1982, pp. 20-28.
- Maria Leonor Carvalhão Buescu, "O regresso ao 'Ramalhete'" in Ensaios de literatura portuguesa, Lisboa, Editorial Presença, 1985, pp. 104-119.
- Jacinto do Prado Coelho, "Para a compreensão d'Os Maias como um todo orgânico" in Ao contrário de Penélope, Lisboa, Bertrand, 1976, pp. 167-188.
- Suely Fadul Flory, "O Ramalhete e o código mítico: uma leitura do espaço em Os Maias de Eça de Queirós" in Elza Miné e Benilde Justo Caniato (eds.), 150 anos com Eça de Queirós, São Paulo, Centro de Estudos Portugueses: Área de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa / FFLCH / USP, 1997, pp. 487-495.
- Alan Freeland, "O leitor e a verdade oculta. Ensaio sobre "Os Maias"", trad. de José Moura Carvalho, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1989 imp.
- Isabel Pires de Lima, "As máscaras do desengano. Para uma abordagem sociológica de "Os Maias" de Eça de Queirós", Lisboa, Caminho, 1987.
- Isabel Pires de Lima (coordenação) Eça e "Os Maias", Porto, Edições Asa, 1990.
- Óscar Lopes, "Três livros de Eça: "O Mandarim, A Relíquia, Os Maias" in Álbum de família. Ensaios sobre autores portugueses do século XIX, Lisboa, Ed. Caminho, 1984, pp. 69-114.
- António Coimbra Martins "O incesto d'Os Maias" in Ensaios queirosianos, Lisboa, Europa-América, 1967, pp. 269-287.
- João Medina, "O 'niilismo' de Eça de Queiroz n'Os Maias"; "Ascenção e queda de Carlos da Maia" in Eça de Queiroz e a Geração de 70, Lisboa, Moraes Editores, 1980, pp. 73-81 e 83-86, respectivamente.
- Jorge Vieira Pimentel, " As metamorfoses do herói e as andanças do trágico em Os Maias de Eça", Arquipélago, 1, Ponta Delgada, 1979, pp. 91-106.
- Carlos Reis, Introdução à leitura d'"Os Maias", 4ª ed., Coimbra, Almedina, 1982.
- Carlos Reis, "Pluridiscursividade e representação ideológica n'Os Maias" in Leituras d'"Os Maias", Coimbra, Liv. Minerva, 1990, pp. 71-89.
- Carlos Reis, (coord.) Leituras d'"Os Maias", Coimbra, Liv. Minerva, 1990.
- Alberto Machado da Rosa, "Nova interpretação de Os Maias" in Eça, discípulo de Machado?, 2ª ed., Lisboa, Ed. Presença, 1979.