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Batalha da Ponte Mílvia: mudanças entre as edições

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ola amigo. então vou começar,{{Info/Batalha
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  | nome_batalha = Batalha da Ponte Mílvia
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A '''Batalha da Ponte Mílvia''' ou '''Ponte Mílvio''' ({{langx|la|''Pons Milvius''}}; {{langx|it|''Ponte Milvio''}}) foi o último confronto travado no verão de [[312]], durante a [[Guerra Civil de Constantino e Magêncio|Guerra Civil]] entre os [[imperador romano|imperadores romanos]] {{lknb|Constantino,|o Grande}} {{nwrap|r.|306|337}} e [[Magêncio]] {{nwrap|r.|306|312}} próximo à [[ponte Mílvia]], uma das várias sobre o [[rio Tibre]], em [[Roma]]. Precisamente teria ocorrido em 28 de outubro. Constantino seria o vencedor da batalha e passaria desde então a trilhar o caminho que levou-o a extinguir a [[Tetrarquia]] vigente e tornar-se o governante único do [[Império Romano]]. Magêncio, por outro lado, morreria afogado no Tibre durante o combate.
A '''Batalha da Ponte Mílvia''' ou '''Batalha da Ponte Mílvio''' ({{langx|la|''Pons Milvius''}}; {{langx|it|''Ponte Milvio''}}) foi o último confronto travado no verão de [[312]], durante a [[Guerra Civil de Constantino e Magêncio|Guerra Civil]] entre os [[imperador romano|imperadores romanos]] {{lknb|Constantino,|o Grande}} {{nwrap|r.|306|337}} e [[Magêncio]] {{nwrap|r.|306|312}} próximo à [[ponte Mílvia]], uma das várias sobre o [[rio Tibre]], em [[Roma]]. Precisamente teria ocorrido em 28 de outubro. Constantino seria o vencedor da batalha e passaria desde então a trilhar o caminho que levou-o a extinguir a [[Tetrarquia]] vigente e tornar-se o governante único do [[Império Romano]]. Magêncio, por outro lado, morreria afogado no Tibre durante o combate.


Num claro intento de apagar a memória de Magêncio (''[[damnatio memoriae]]''), Constantino revogou sua legislação e deliberadamente apropriou-se dos projetos de construção realizados por ele, notadamente a [[Basílica de Magêncio]] e o [[Templo de Rômulo]], que fora dedicado a seu filho [[Valério Rômulo]]. Constantino adotou uma postura de conciliação e não perseguiu os apoiantes de Magêncio que pertenciam ao [[Senado romano|senado]]; os senadores, por sua vez, concederam-lhe um título especial de "título do primeiro nome" e erigiram o [[arco triunfal]] que levaria seu nome. Além disso, ele desmantelou a [[guarda pretoriana]] e a [[cavalaria pessoal do imperador|cavalaria imperial]] e estabeleceu as escolas palatinas
Num claro intento de apagar a memória de Magêncio (''[[damnatio memoriae]]''), Constantino revogou sua legislação e deliberadamente apropriou-se dos projetos de construção realizados por ele, notadamente a [[Basílica de Magêncio]] e o [[Templo de Rômulo]], que fora dedicado a seu filho [[Valério Rômulo]]. Constantino adotou uma postura de conciliação e não perseguiu os apoiantes de Magêncio que pertenciam ao [[Senado romano|senado]]; os senadores, por sua vez, concederam-lhe um título especial de "título do primeiro nome" e erigiram o [[arco triunfal]] que levaria seu nome. Além disso, ele desmantelou a [[guarda pretoriana]] e a [[cavalaria pessoal do imperador|cavalaria imperial]] e estabeleceu as [[escolas palatinas (militar)|escolas palatinas]].


Segundo os cronistas do {{séc|IV}} [[Eusébio de Cesareia]] e [[Lactâncio]], a batalha marcou o começo da conversão de Constantino ao Cristianismo. Eusébio de Cesareia relata que Constantino e seus soldados tiveram uma visão do [[Deus]] cristão prometendo-lhes a vitória caso eles exibissem o sinal do [[Qui-Rô]], as duas primeiras letras do nome de [[Cristo]] em [[língua grega|grego]], em seus escudos. O [[Arco de Constantino]], erigido para celebrar esta vitória, atribui em seus relevos e inscrições à intervenção divina.
Segundo os cronistas do {{séc|IV}} [[Eusébio de Cesareia]] e [[Lactâncio]], a batalha marcou o começo da conversão de Constantino ao Cristianismo. Eusébio de Cesareia relata que Constantino e seus soldados tiveram uma visão do [[Deus]] cristão prometendo-lhes a vitória caso eles exibissem o sinal do [[Qui-Rô]], as duas primeiras letras do nome de [[Cristo]] em [[língua grega|grego]], em seus escudos. O [[Arco de Constantino]], erigido para celebrar esta vitória, atribui em seus relevos e inscrições à intervenção divina.
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== Antecedentes ==
== Antecedentes ==


Desde 293, o [[Império Romano]] está dividido em duas metades, cada qual governada por um [[Augusto (título)|Augusto]] (imperador sênior) e um [[César (título)|César]] (imperador júnior). Em 306, o Augusto do Ocidente [[Constâncio Cloro]] {{nwrap|r.|293|306}} falece em [[Eboraco]] (atual [[Iorque]], [[Inglaterra]]){{harvref|DiMaio|1996c}} e seus soldados elevam seu filho {{lknb|Constantino,|o Grande}} {{nwrap|r.|306|337}} como seu sucessor.{{harvref|Eutrópio|século IV|loc=10.1–2}} O Augusto do Oriente [[Galério]] {{nwrap|r.|293|311}}, no entanto, eleva [[Flávio Severo]] {{nwrap|r.|305|307}} à posição de Augusto, pois pelas prerrogativas do [[Tetrarquia|sistema tetrárquico]] vigente, sendo ele o César ocidental, deveria suceder o Augusto morto. Após algumas discussões diplomáticas, Galério demoveu Constantino para a posição de César, o que ele aceitou, permitindo assim que Severo assumisse sua posição.{{harvref|name=Di1996b|DiMaio|1996b}}
Desde 293, o [[Império Romano]] está dividido em duas metades, cada qual governada por um [[Augusto (título)|Augusto]] (imperador sênior) e um [[César (título)|César]] (imperador júnior). Em 306, o Augusto do Ocidente [[Constâncio Cloro]] {{nwrap|r.|293|306}} falece em [[Eboraco]] (atual [[Iorque]], [[Inglaterra]]){{sfn|DiMaio|1996c}} e seus soldados elevam seu filho {{lknb|Constantino,|o Grande}} {{nwrap|r.|306|337}} como seu sucessor.{{sfn|Eutrópio|século IV|loc=10.1–2}} O Augusto do Oriente [[Galério]] {{nwrap|r.|293|311}}, no entanto, eleva [[Valério Severo]] {{nwrap|r.|305|307}} à posição de Augusto, pois pelas prerrogativas do [[Tetrarquia|sistema tetrárquico]] vigente, sendo ele o César ocidental, deveria suceder o Augusto morto. Após algumas discussões diplomáticas, Galério demoveu Constantino para a posição de César, o que ele aceitou, permitindo assim que Severo assumisse sua posição.{{sfn|name=Di1996b|DiMaio|1996b}}


[[Magêncio]] {{nwrap|r.|306|312}}, filho de [[Maximiano]] (r. 285-305; 310), o Augusto antecessor de Constâncio Cloro, com inveja da posição de Constantino, declara-se imperador na Itália com o título de [[príncipe (Roma Antiga)|príncipe]] e chama seu pai da aposentadoria para co-governar consigo. Durante o ano de 307, ambos sofrem invasões de Flávio Severo, que é derrotado e morto, e Galério, que decide retirar-se.<ref name=Di1996b />{{harvref|name=Di1997a|DiMaio|1997a}} Em 308, na [[Conferência de Carnunto]] convocada por Galério, o oficial [[Licínio]] {{nwrap|r.|308|324}} foi nomeado Augusto do Ocidente e deveria, portanto, lidar com o usurpador, porém nada fez.{{harvref|DiMaio|1997c}} No mesmo ano, em algum momento antes da conferência, Maximiano tentara depor seu filho num fracassado plano, o que forçou-o a fugir para a corte de Constantino na [[Gália]].<ref name=Di1997a />{{harvref|DiMaio|1997b}}
[[Magêncio]] {{nwrap|r.|306|312}}, filho de [[Maximiano]] (r. 285-305; 310), o Augusto antecessor de Constâncio Cloro, com inveja da posição de Constantino, declara-se imperador na Itália com o título de [[príncipe (Roma Antiga)|príncipe]] e chama seu pai da aposentadoria para co-governar consigo. Durante o ano de 307, ambos sofrem invasões de Flávio Severo, que é derrotado e morto, e Galério, que decide retirar-se.<ref name=Di1996b />{{sfn|name=Di1997a|DiMaio|1997a}} Em 308, na [[Conferência de Carnunto]] convocada por Galério, o oficial [[Licínio]] {{nwrap|r.|308|324}} foi nomeado Augusto do Ocidente e deveria, portanto, lidar com o usurpador, porém nada fez.{{sfn|DiMaio|1997c}} No mesmo ano, em algum momento antes da conferência, Maximiano tentara depor seu filho num fracassado plano, o que forçou-o a fugir para a corte de Constantino na [[Gália]].<ref name=Di1997a />{{sfn|DiMaio|1997b}}


Em 310, contudo, Maximiano também tentaria depôr Constantino, mas seria derrotado e forçado a suicidar-se.{{harvref|Pohlsander|2004|p=17}}{{harvref|Barnes|1981|p=34–35}}{{harvref|Elliott|1996|p=43}}{{harvref|Lenski|2006|p=65–66}}{{harvref|Odahl|2004|p=93}}{{harvref|Potter|2004|p=352}} No ano seguinte, Magêncio, conclamando vingança pela morte de seu pai, declara guerra a Constantino, que responde com uma invasão ao [[norte da Itália]] com {{formatnum|40000}} soldados;{{harvref|name=Mac71|MacMullen|1969|p=71}}{{harvref|Anônimos|século III-IV|loc=(9)5.1–3}} [[Zósimo]] alega que o exército invasor era de {{formatnum|90000}} [[legião romana|infantes]] e {{formatnum|8000}} [[cavalaria romana|cavaleiros]] provenientes de [[germânicos]] e [[celtas]] subjugados e de parte do exército estacionado na [[Diocese da Britânia|Britânia]].{{harvref|Zósimo|século VI|loc=II.15.1.}} Após o [[cerco de Segúsio]] (atual [[Susa (Itália)|Susa]], [[Itália]]),{{harvref|Odahl|2004|p=101}} Constantino dirige-se para o interior e depara-se com uma força de Magêncio acampada nas imediações de [[Augusta dos Taurinos]] (atual [[Turim]]).{{harvref|name=Ba41|Barnes|1981|p=41}}{{harvref|Jones|1978|p=70}}{{harvref|Odahl|2004|p=101–2}}
Em 310, contudo, Maximiano também tentaria depôr Constantino, mas seria derrotado e forçado a suicidar-se.{{sfn|Pohlsander|2004|p=17}}{{sfn|Barnes|1981|p=34–35}}{{sfn|Elliott|1996|p=43}}{{sfn|Lenski|2006|p=65–66}}{{sfn|Odahl|2004|p=93}}{{sfn|Potter|2004|p=352}} No ano seguinte, Magêncio, conclamando vingança pela morte de seu pai, declara guerra a Constantino, que responde com uma invasão ao [[norte da Itália]] com {{formatnum|40000}} soldados;{{sfn|name=Mac71|MacMullen|1969|p=71}}{{sfn|Anônimos|século III-IV|loc=(9)5.1–3}} [[Zósimo]] alega que o exército invasor era de {{formatnum|90000}} [[legião romana|infantes]] e {{formatnum|8000}} [[cavalaria romana|cavaleiros]] provenientes de [[germânicos]] e [[celtas]] subjugados e de parte do exército estacionado na [[Diocese da Britânia|Britânia]].{{sfn|Zósimo|século VI|loc=II.15.1.}} Após o [[cerco de Segúsio]] (atual [[Susa (Itália)|Susa]], [[Itália]]),{{sfn|Odahl|2004|p=101}} Constantino dirige-se para o interior e depara-se com uma força de Magêncio acampada nas imediações de [[Augusta dos Taurinos]] (atual [[Turim]]).{{sfn|name=Ba41|Barnes|1981|p=41}}{{sfn|Jones|1978|p=70}}{{sfn|Odahl|2004|p=101–2}}


Ele derrota a [[Batalha de Turim (312)|nova ameaça]] e então dirige-se para [[Mediolano]] (atual [[Milão]]), que lhe abre as portas. Ele permaneceu na cidade até meados do verão e então prossegue marcha.{{harvref|Barnes|1981|p=41–42}}{{harvref|name=Od103|Odahl|2004|p=103}} Seu [[Batalha de Bréscia|próximo combate]] ocorre nas imediações de [[Bríxia]] (atual Bréscia), onde um exército fora enviado pelo [[prefeito pretoriano]] [[Rurício Pompeiano]], que estava estacionado em [[Verona]], para bloquear seu caminho.<ref name=Od103 /> Constantino conseguiu rapidamente derrotar aqueles que obstruíam sua passagem e logo dirigiu-se contra a base veronesa de Magêncio.<ref name=Mac71 />{{harvref|Odahl|2004|p=103–4}} Pompeiano opôs-se ao imperador invasor em [[Batalha de Verona (312)|dois confrontos consecutivos]] às portas da cidade. Rurício foi morto e seu exército destruído.{{harvref|Odahl|2004|p=103–4}} Verona rendeu-se logo depois, seguida por [[Aquileia]],{{harvref|Lenski|2006|p=69}}{{harvref|name=Ba42|Barnes|1981|p=42}}{{harvref|Odahl|2004|p=104}} [[Mutina]] (atual [[Módena]]){{harvref|name=Jo71|Jones|1978|p=71}} e [[Ravena]].<ref name=Mac71 /> Com isso o caminho direto para [[Roma]] abriu-se para ele.<ref name=Jo71 /><ref name=Ba42 />{{harvref|Curran|2000|p=67}}
Ele derrota a [[Batalha de Turim (312)|nova ameaça]] e então dirige-se para [[Mediolano]] (atual [[Milão]]), que lhe abre as portas. Ele permaneceu na cidade até meados do verão e então prossegue marcha.{{sfn|Barnes|1981|p=41–42}}{{sfn|name=Od103|Odahl|2004|p=103}} Seu [[Batalha de Bréscia|próximo combate]] ocorre nas imediações de [[Bríxia]] (atual Bréscia), onde um exército fora enviado pelo [[prefeito pretoriano]] [[Rurício Pompeiano]], que estava estacionado em [[Verona]], para bloquear seu caminho.<ref name=Od103 /> Constantino conseguiu rapidamente derrotar aqueles que obstruíam sua passagem e logo dirigiu-se contra a base veronesa de Magêncio.<ref name=Mac71 />{{sfn|Odahl|2004|p=103–4}} Pompeiano opôs-se ao imperador invasor em [[Batalha de Verona (312)|dois confrontos consecutivos]] às portas da cidade. Rurício foi morto e seu exército destruído.{{sfn|Odahl|2004|p=103–4}} Verona rendeu-se logo depois, seguida por [[Aquileia]],{{sfn|Lenski|2006|p=69}}{{sfn|name=Ba42|Barnes|1981|p=42}}{{sfn|Odahl|2004|p=104}} [[Mutina]] (atual [[Módena]]){{sfn|name=Jo71|Jones|1978|p=71}} e [[Ravena]].<ref name=Mac71 /> Com isso o caminho direto para [[Roma]] abriu-se para ele.<ref name=Jo71 /><ref name=Ba42 />{{sfn|Curran|2000|p=67}}


== Visão de Constantino ==
== Visão de Constantino ==
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[[Imagem:Dream of Constantine Milvius BnF MS Gr510 fol440.jpg|thumb|upright=1.3|[[Iluminura]] do ''Sonho de Constantino e batalha da Ponte Mílvia'' nas [[Homilia]]s de [[Gregório de Nazianzo]] (BnF MS grec 510), folio 355). Ca. 879-882. [[Biblioteca Nacional da França|Biblioteca Nacional Francesa]]]]
[[Imagem:Dream of Constantine Milvius BnF MS Gr510 fol440.jpg|thumb|upright=1.3|[[Iluminura]] do ''Sonho de Constantino e batalha da Ponte Mílvia'' nas [[Homilia]]s de [[Gregório de Nazianzo]] (BnF MS grec 510), folio 355). Ca. 879-882. [[Biblioteca Nacional da França|Biblioteca Nacional Francesa]]]]


Segundo [[Lactâncio]], Constantino foi visitado em sonho na noite anterior à batalha, no qual foi aconselhado a "marcar o sinal divino de [[Deus]] nos escudos de seus soldados".{{harvref|name=Le71|Lenski|2006|p=71}} Ele seguiu as ordens recebidas e marcou os escudos com um sinal "denotando Cristo". Lactâncio descreve o sinal como um "estaurograma" ou [[cruz latina]] com sua extremidade superior arredondada em "P".{{harvref|Lactâncio|1871|loc=44.4–6}}
Segundo [[Lactâncio]], Constantino foi visitado em sonho na noite anterior à batalha, no qual foi aconselhado a "marcar o sinal divino de [[Deus]] nos escudos de seus soldados".{{sfn|name=Le71|Lenski|2006|p=71}} Ele seguiu as ordens recebidas e marcou os escudos com um sinal "denotando Cristo". Lactâncio descreve o sinal como um "estaurograma" ou [[cruz latina]] com sua extremidade superior arredondada em "P".{{sfn|Lactâncio|1871|loc=44.4–6}}


[[Eusébio de Cesareia]], por sua vez, faz dois relatos da batalha. No primeiro, extraído da ''[[História Eclesiástica (Eusébio)|História Eclesiástica]]'', ele afirma que Deus teria ajudado Constantino, mas não menciona qualquer visão. Na posterior ''[[Vida de Constantino]]'' ele faz menção à visão e alega ter ouvido a história do próprio imperador. Segundo este relato, Constantino estava marchando com seu exército ao meio-dia (não é descrito a localização exata, mas é certo que fora antes da batalha{{harvref|Cameron|1999|p=208}}) quando avistou nos céus um troféu da cruz aparecendo da luz do sol, portando a mensagem [[língua grega|grega]] "Εν Τούτῳ Νίκα" (''En toutō níka''), costumeiramente traduzida para o [[latim]] como ''[[In Hoc Signo Vinces]]'' (Neste sinal vencerás).<ref name=Od105 />{{harvref|name=Dra113|Drake|2006|p=113}}{{harvref|Eusébio de Cesareia|século IVb|loc=1.28}} De início ele não teria entendido com clareza a aparição, mas na noite seguinte foi visitado em sonho por [[Cristo]] que explicou-o que ele deveria usar aquele sinal contra seus inimigos.{{harvref|Gerberding|2004|p=55}}{{harvref|Eusébio de Cesareia|século IVb|loc=1.27–29}}{{harvref|Odahl|2004|p=105–6, 319–20}}
[[Eusébio de Cesareia]], por sua vez, faz dois relatos da batalha. No primeiro, extraído da ''[[História Eclesiástica (Eusébio)|História Eclesiástica]]'', ele afirma que Deus teria ajudado Constantino, mas não menciona qualquer visão. Na posterior ''[[Vida de Constantino]]'' ele faz menção à visão e alega ter ouvido a história do próprio imperador. Segundo este relato, Constantino estava marchando com seu exército ao meio-dia (não é descrito a localização exata, mas é certo que fora antes da batalha{{sfn|Cameron|1999|p=208}}) quando avistou nos céus um troféu da cruz aparecendo da luz do sol, portando a mensagem [[língua grega|grega]] "Εν Τούτῳ Νίκα" (''En toutō níka''), costumeiramente traduzida para o [[latim]] como ''[[In Hoc Signo Vinces]]'' (Neste sinal vencerás).<ref name=Od105 />{{sfn|name=Dra113|Drake|2006|p=113}}{{sfn|Eusébio de Cesareia|século IVb|loc=1.28}} De início ele não teria entendido com clareza a aparição, mas na noite seguinte foi visitado em sonho por [[Cristo]] que explicou-lhe que ele deveria usar aquele sinal contra seus inimigos.{{sfn|Gerberding|2004|p=55}}{{sfn|Eusébio de Cesareia|século IVb|loc=1.27–29}}{{sfn|Odahl|2004|p=105–6, 319–20}}


Eusébio então descreve o sinal como [[Qui]] (Χ) atravessado por [[Rô]] (Ρ) ou [[Chi Rho|☧]], um símbolo representando as primeiras duas letras da grafia grega da palavra Cristo (''Christos'').{{harvref|name=Ba306|Barnes|1981|p=306}}{{harvref|MacMullen|1969|p=73}}{{harvref|Odahl|2004|p=319}} A descrição eusebiana da visão tem sido explicada como um "[[Halo (fenómeno óptico)|halo]] solar", um [[meteorologia|fenômeno meteorológico]] que pode produzir efeitos similares.<ref name=Ba306 />{{harvref|Cameron|1999|p=206–7}}{{harvref|Drake|2006|p=114}}{{harvref|Nicholson|2000|p=311}} Em 315, um medalhão foi emitido em [[Ticino]] mostrando Constantino trajando um [[elmo]] brasonado com o Qui-Rô,<ref name=Le71 /> e moedas emitidas em [[Síscia]] em 317/318 repetem a imagem.{{harvref|Holloway|2004|p=3}} A figura era de outra forma rara e é incomum na iconografia e propaganda imperial antes dos anos 320.<ref name=Le71 />
Eusébio então descreve o sinal como [[Qui]] (Χ) atravessado por [[Rô]] (Ρ) ou [[Chi Rho|☧]], um símbolo representando as primeiras duas letras da grafia grega da palavra Cristo (''Christos'').{{sfn|name=Ba306|Barnes|1981|p=306}}{{sfn|MacMullen|1969|p=73}}{{sfn|Odahl|2004|p=319}} A descrição eusebiana da visão tem sido explicada como um "[[Halo (fenómeno óptico)|halo]] solar", um [[meteorologia|fenômeno meteorológico]] que pode produzir efeitos similares.<ref name=Ba306 />{{sfn|Cameron|1999|p=206–7}}{{sfn|Drake|2006|p=114}}{{sfn|Nicholson|2000|p=311}} Em 315, um medalhão foi emitido em [[Ticino]] mostrando Constantino trajando um [[elmo]] brasonado com o Qui-Rô,<ref name=Le71 /> e moedas emitidas em [[Síscia]] em 317/318 repetem a imagem.{{sfn|Holloway|2004|p=3}} A figura era de outra forma rara e é incomum na iconografia e propaganda imperial antes dos anos 320.<ref name=Le71 />


== Batalha ==
== Batalha ==
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[[Imagem:Batalla en Puente Milvio entre Constantino y Majencio.jpg|esquerda|upright=1.3|thumb|Afresco ''Batalha da Ponte Mílvia'', representação de [[Júlio Romano]]. 1520-1524]]
[[Imagem:Batalla en Puente Milvio entre Constantino y Majencio.jpg|esquerda|upright=1.3|thumb|Afresco ''Batalha da Ponte Mílvia'', representação de [[Júlio Romano]]. 1520-1524]]


Magêncio preparou-se para o mesmo tipo de guerra que travou contra Severo e Galério: permaneceu em Roma e organizou-se para um cerco.{{harvref|name=Ba42|Barnes|1981|p=42}}{{harvref|name=Od105|Odahl|2004|p=105}} Ele ainda controlava os [[guarda pretoriana|guardas pretorianos]] na cidade e estava bem abastecido com cereais africanos e cercado por todos os lados pelas aparentemente impenetráveis [[Muralhas Aurelianas]]. Ele ordenou que todas as pontas que atravessavam o [[rio Tibre]] fossem cortadas, relatadamente sob conselho dos [[Panteão romano|deuses]],{{harvref|Jones|1978|p=71}} e deixou o resto da [[Itália Central]] indefesa; Constantino, aproveitando-se disso, assegurou o apoio da região sem problemas.{{harvref|Odahl|2004|p=104}} Constantino prosseguiu vagarosamente<ref name=Ba42 /> através da [[Via Flamínia]],{{harvref|Odahl|2004|p=107}}{{harvref|MacMullen|1969|p=72}} permitindo que a fraqueza de Magêncio suscitasse mais tumulto em seu regime.<ref name=Ba42 /> O apoio a Magêncio continuou a enfraquecer: nas [[corrida de bigas|corridas de biga]] em 27 de outubro, a multidão abertamente zombou de Magêncio, gritando que Constantino era invencível.<ref name=Ba42 />{{harvref|name=Cu67|Curran|2000|p=67}}{{harvref|Jones|1978|p=71–72}}{{harvref|Odahl|2004|p=107–8}}
Magêncio preparou-se para o mesmo tipo de guerra que travou contra Severo e Galério: permaneceu em Roma e organizou-se para um cerco.{{sfn|name=Ba42|Barnes|1981|p=42}}{{sfn|name=Od105|Odahl|2004|p=105}} Ele ainda controlava os [[guarda pretoriana|guardas pretorianos]] na cidade e estava bem abastecido com cereais africanos e cercado por todos os lados pelas aparentemente impenetráveis [[Muralhas Aurelianas]]. Ele ordenou que todas as pontas que atravessavam o [[rio Tibre]] fossem cortadas, relatadamente sob conselho dos [[Panteão romano|deuses]],{{sfn|Jones|1978|p=71}} e deixou o resto da [[Itália Central]] indefesa; Constantino, aproveitando-se disso, assegurou o apoio da região sem problemas.{{sfn|Odahl|2004|p=104}} Constantino prosseguiu vagarosamente<ref name=Ba42 /> através da [[Via Flamínia]],{{sfn|Odahl|2004|p=107}}{{sfn|MacMullen|1969|p=72}} permitindo que a fraqueza de Magêncio suscitasse mais tumulto em seu regime.<ref name=Ba42 /> O apoio a Magêncio continuou a enfraquecer: nas [[corrida de bigas|corridas de biga]] em 27 de outubro, a multidão abertamente zombou de Magêncio, gritando que Constantino era invencível.<ref name=Ba42 />{{sfn|name=Cu67|Curran|2000|p=67}}{{sfn|Jones|1978|p=71–72}}{{sfn|Odahl|2004|p=107–8}}


Magêncio, não mais certo que emergiria vitorioso de um cerco, organizou um acampamento em frente à [[ponte Mílvia]], que ligava a Via Flamínia a Roma, e ordenou a montagem de uma [[ponte flutuante]] temporária através do Tibre próximo a ela em preparação para uma batalha campal;{{harvref|name=Mac78|MacMullen|1969|p=78}}{{harvref|Barnes|1981|p=42–43}} [[Zósimo]] relata que construiu-se uma ponte de madeira dividida em duas partes que uniam-se através de uma parte central que continha presilhas de ferro capazes de serem removidas caso o exército inimigo tentasse atravessá-la.{{harvref|Nixon|1994|p=319-320}} Em 28 de outubro de 312, o sexto aniversário de seu reinado, ele se aproximou dos protetores dos ''[[Livros Sibilinos]]'' para conselho. Os protetores profetizaram que, naquele dia, "o inimigo dos romanos" morreria. Magêncio avançou para norte para encontrar Constantino em batalha.<ref name=Cu67 />{{harvref|name=Ba43|Barnes|1981|p=43}}{{harvref|name=Od108|Odahl|2004|p=108}}{{harvref|Lactâncio|1871|loc=44.8}}{{harvref|name=Jo72|Jones|1978|p=72}}
Magêncio, não mais certo que emergiria vitorioso de um cerco, organizou um acampamento em frente à [[ponte Mílvia]], que ligava a Via Flamínia a Roma, e ordenou a montagem de uma [[ponte flutuante]] temporária através do Tibre próximo a ela em preparação para uma batalha campal;{{sfn|name=Mac78|MacMullen|1969|p=78}}{{sfn|Barnes|1981|p=42–43}} [[Zósimo]] relata que construiu-se uma ponte de madeira dividida em duas partes que uniam-se através de uma parte central que continha presilhas de ferro capazes de serem removidas caso o exército inimigo tentasse atravessá-la.{{sfn|Nixon|1994|p=319-320}} Em 28 de outubro de 312, o sexto aniversário de seu reinado, ele se aproximou dos protetores dos ''[[Livros Sibilinos]]'' para conselho. Os protetores profetizaram que, naquele dia, "o inimigo dos romanos" morreria. Magêncio avançou para norte para encontrar Constantino em batalha.<ref name=Cu67 />{{sfn|name=Ba43|Barnes|1981|p=43}}{{sfn|name=Od108|Odahl|2004|p=108}}{{sfn|Lactâncio|1871|loc=44.8}}{{sfn|name=Jo72|Jones|1978|p=72}}


Magêncio organizou suas forças — duas vezes maiores que as de Constantino — em longas filas de frente para o campo de batalha, com suas costas bem próximo ao rio,<ref name=Od108 /> o que se mostraria um empecilho à mobilidade de suas tropas.{{harvref|Nixon|1994|p=319}} O exército de Constantino, que chegara ao campo portanto símbolos incomuns sobre seus estandartes ou sobre seus escudos,<ref name=Jo72 />{{harvref|Digeser|2000|p=122}}{{harvref|Odahl|2004|p=106}} foi disposto junto ao longo de todo o comprimento da linha inimiga. Após avistar uma grande quantidade de [[coruja]]s em voo, Constantino ordenou que sua cavalaria atacasse, e eles conseguiram quebrar a cavalaria magenciana. Ele então enviou sua infantaria contra a infantaria inimiga, empurrando muitos deles para o Tibre, onde foram abatidos ou se afogaram. Os [[cavalaria pessoal do imperador|cavaleiros da guarda imperial]] e os pretorianos de Magêncio inicialmente mantiveram suas posições, mas quebraram sob a força do ataque da cavalaria constantiniana. Magêncio fugiu com eles e tentou cruzar sua ponte, mas segundo Zósimo caiu no rio junto de seus soldados quando ela arrebentou devido ao peso em excesso; segundo Lactâncio, ele teria sido empurrado junto de seu cavalo no Tibre pela massa de soldados em fuga.<ref name=Ba43 /><ref name=Mac78 />{{harvref|Lactâncio|1871|loc=XLIV.10-11}}{{harvref|name=Le70|Lenski|2006|p=70}}{{harvref|Curran|2000|p=68}} Os soldados que permaneceram na margem foram capturados ou mortos.{{harvref|Zósimo|século VI|loc=II.16.2-4}}
Magêncio organizou suas forças — duas vezes maiores que as de Constantino — em longas filas de frente para o campo de batalha, com suas costas bem próximo ao rio,<ref name=Od108 /> o que se mostraria um empecilho à mobilidade de suas tropas.{{sfn|Nixon|1994|p=319}} O exército de Constantino, que chegara ao campo portanto símbolos incomuns sobre seus estandartes ou sobre seus escudos,<ref name=Jo72 />{{sfn|Digeser|2000|p=122}}{{sfn|Odahl|2004|p=106}} foi disposto junto ao longo de todo o comprimento da linha inimiga. Após avistar uma grande quantidade de [[coruja]]s em voo, Constantino ordenou que sua cavalaria atacasse, e eles conseguiram quebrar a cavalaria magenciana. Ele então enviou sua infantaria contra a infantaria inimiga, empurrando muitos deles para o Tibre, onde foram abatidos ou se afogaram. Os [[cavalaria pessoal do imperador|cavaleiros da guarda imperial]] e os pretorianos de Magêncio inicialmente mantiveram suas posições, mas quebraram sob a força do ataque da cavalaria constantiniana. Magêncio fugiu com eles e tentou cruzar sua ponte, mas segundo Zósimo caiu no rio junto de seus soldados quando ela arrebentou devido ao peso em excesso; segundo Lactâncio, ele teria sido empurrado junto de seu cavalo no Tibre pela massa de soldados em fuga.<ref name=Ba43 /><ref name=Mac78 />{{sfn|Lactâncio|1871|loc=XLIV.10-11}}{{sfn|name=Le70|Lenski|2006|p=70}}{{sfn|Curran|2000|p=68}} Os soldados que permaneceram na margem foram capturados ou mortos.{{sfn|Zósimo|século VI|loc=II.16.2-4}}


== Rescaldo e consequências ==
== Rescaldo e consequências ==
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[[Imagem:ArcoCostantino.jpg|thumb|upright=1.1|[[Arco de Constantino]] em [[Roma]] erigido em 315 para celebrar sua vitória]]
[[Imagem:ArcoCostantino.jpg|thumb|upright=1.1|[[Arco de Constantino]] em [[Roma]] erigido em 315 para celebrar sua vitória]]


Constantino entrou em Roma em 29 de outubro.<ref name=Od108 />{{harvref|name=Ba44|Barnes|1981|p=44}}{{harvref|MacMullen|1969|p=81}} Ele encenou um grande [[advento (cerimônia)|advento]] (cerimônia de chegada) na cidade e deparou-se com grande júbilo popular.{{harvref|Curran|2000|p=71–74}}{{harvref|Odahl|2004|p=105–6, 319–20}}{{harvref|Cameron|1999|p=93}} O corpo de Magêncio foi fisgado do Tibre e decapitado e sua cabeça foi exibida através das ruas para todos verem.<ref name=Jo72 /><ref name=Le70 /><ref name=Od108 /><ref name=Mac78 /><ref name=Ba44 />{{harvref|Curran|2000|p=72}} Após as cerimônias, a cabeça decepada de Magêncio foi enviado para [[Cartago]], o que teria encerrado a resistência a seu domínio,{{harvref|Barnes|1981|p=44–45}} já que a [[África Proconsular]] pertencia aos territórios do falecido. As descrições da entrada de Constantino em Roma omitem qualquer menção dele concluindo sua procissão no [[Templo de Júpiter Capitolino]], onde sacrifícios eram geralmente realizados. Apesar disso, esse silêncio não é encarado como prova de que ele já fosse cristão naquele momento, sendo muito mais um mero emprego para mostrar as sensibilidades cristãs do monarca.{{harvref|Stephenson|2009|p=146}} Constantino, por sua vez, decidiu visitar a [[Cúria Júlia|Cúria]] [[Senado romano|senatorial]], onde prometeu restaurar seus privilégios ancestrais e deu-lhe um papel seguro em sua reforma do governo: não haveria perseguição aos apoiantes de Magêncio. Em resposta, o senado decretou-o "título do primeiro nome", que significa que seu nome seria listado primeiro em todos os documentos oficiais,{{harvref|name=Od109|Odahl|2004|p=109}} e aclamou-o como "o maior Augusto".{{harvref|Barnes|1981|p=46}} Ele emitiu decretos retornando propriedades confiscadas, reconvocando exilados políticos e libertando oponentes políticos presos.<ref name=Ba44 />
Constantino entrou em Roma em 29 de outubro.<ref name=Od108 />{{sfn|name=Ba44|Barnes|1981|p=44}}{{sfn|MacMullen|1969|p=81}} Ele encenou um grande [[advento (cerimônia)|advento]] (cerimônia de chegada) na cidade e deparou-se com grande júbilo popular.{{sfn|Curran|2000|p=71–74}}{{sfn|Odahl|2004|p=105–6, 319–20}}{{sfn|Cameron|1999|p=93}} O corpo de Magêncio foi fisgado do Tibre e decapitado e sua cabeça foi exibida através das ruas para todos verem.<ref name=Jo72 /><ref name=Le70 /><ref name=Od108 /><ref name=Mac78 /><ref name=Ba44 />{{sfn|Curran|2000|p=72}} Após as cerimônias, a cabeça decepada de Magêncio foi enviada para [[Cartago]], o que teria encerrado a resistência a seu domínio,{{sfn|Barnes|1981|p=44–45}} já que a [[África Proconsular]] pertencia aos territórios do falecido. As descrições da entrada de Constantino em Roma omitem qualquer menção dele concluindo sua procissão no [[Templo de Júpiter Capitolino]], onde sacrifícios eram geralmente realizados. Apesar disso, esse silêncio não é encarado como prova de que ele já fosse cristão naquele momento, sendo muito mais um mero emprego para mostrar as sensibilidades cristãs do monarca.{{sfn|Stephenson|2009|p=146}} Constantino, por sua vez, decidiu visitar a [[Cúria Júlia|Cúria]] [[Senado romano|senatorial]], onde prometeu restaurar seus privilégios ancestrais e deu-lhe um papel seguro em sua reforma do governo: não haveria perseguição aos apoiantes de Magêncio. Em resposta, o senado decretou-o "título do primeiro nome", que significa que seu nome seria listado primeiro em todos os documentos oficiais,{{sfn|name=Od109|Odahl|2004|p=109}} e aclamou-o como "o maior Augusto".{{sfn|Barnes|1981|p=46}} Ele emitiu decretos retornando propriedades confiscadas, reconvocando exilados políticos e libertando oponentes políticos presos.<ref name=Ba44 />


Sua vitória resultou em sua ascensão ao título de [[Augusto (título)|Augusto Ocidental]], ou soberano de toda porção ocidental do [[Império Romano]], reconhecida por [[Licínio]], único Augusto Oriental após a morte de [[Maximino Daia]] {{nwrap|r.|305|313}}, no ano seguinte. Magêncio foi condenado ao ''[[damnatio memoriae]]'', com toda sua legislação sendo invalidada e Constantino usurpando todos os seus consideráveis projetos de construção, incluindo o [[Templo de Rômulo]] (que fora dedicado ao filho do falecido, [[Valério Rômulo]]) e a [[Basílica de Magêncio]]. Os mais fortes apoiantes de Magêncio no exército foram neutralizados quando a [[II Legião Parta]] foi removida de [[Alba Longa]]{{harvref|Barnes|1981|p=45}} e o restante do exército de Magêncio foi enviado para cumprir dever na [[Fronteira da Germânia|fronteira]] do [[rio Reno]]. Além disso, a guarda pretoriana e a [[cavalaria pessoal do imperador|cavalaria imperial]] (''equites singulares''), ambas instituídas pelo reinado de [[Augusto]] {{nwrap|r.|27 a.C.|14 d.C.}} foram debandadas.<ref name=Od109 /> Elas seriam substituídas por um corpo de tropas de elite ligadas à pessoa do imperador, as [[escolas palatinas (militar)|escolas palatinas]], que, a partir daí, seriam o núcleo do sistema militar romano, enquanto os velhos corpos de tropa territoriais eram negligenciados.{{harvref|MacMullen|1991|p=308}} A quase totalidade das forças militares móveis estava agora à disposição imediata do imperador — com a exceção de certas unidades territoriais que eram equiparadas às forças móveis e chamadas pseudocomitatenses  — concentradas em áreas urbanas onde pudessem ser mantidas abastecidas dos suprimentos que eram agora a maior parte do soldo militar.{{harvref|Luttwak|1979|p=178-179}}
Sua vitória resultou em sua ascensão ao título de [[Augusto (título)|Augusto Ocidental]], ou soberano de toda porção ocidental do [[Império Romano]], reconhecida por [[Licínio]], único Augusto Oriental após a morte de [[Maximino Daia]] {{nwrap|r.|305|313}}, no ano seguinte. Magêncio foi condenado ao ''[[damnatio memoriae]]'', com toda sua legislação sendo invalidada e Constantino usurpando todos os seus consideráveis projetos de construção, incluindo o [[Templo de Rômulo]] (que fora dedicado ao filho do falecido, [[Valério Rômulo]]) e a [[Basílica de Magêncio]]. Os mais fortes apoiantes de Magêncio no exército foram neutralizados quando a [[II Legião Parta]] foi removida de [[Alba Longa]]{{sfn|Barnes|1981|p=45}} e o restante do exército de Magêncio foi enviado para cumprir dever na [[Fronteira da Germânia|fronteira]] do [[rio Reno]]. Além disso, a guarda pretoriana e a [[cavalaria pessoal do imperador|cavalaria imperial]] (''equites singulares''), ambas instituídas pelo reinado de [[Augusto]] {{nwrap|r.|27 a.C.|14 d.C.}} foram debandadas.<ref name=Od109 /> Elas seriam substituídas por um corpo de tropas de elite ligadas à pessoa do imperador, as [[escolas palatinas (militar)|escolas palatinas]], que, a partir daí, seriam o núcleo do sistema militar romano, enquanto os velhos corpos de tropa territoriais eram negligenciados.{{sfn|MacMullen|1991|p=308}} A quase totalidade das forças militares móveis estava agora à disposição imediata do imperador — com exceção de certas unidades territoriais que eram equiparadas às forças móveis e chamadas pseudocomitatenses  — concentradas em áreas urbanas onde pudessem ser mantidas abastecidas dos suprimentos que eram agora a maior parte do soldo militar.{{sfn|Luttwak|1979|p=178-179}}


[[Imagem:Arch of Constantine, Inscription on South side, Rome (8130462845).jpg|thumb|esquerda|upright=1.2|Inscrição na parte sul do Arco de Constantino]]
[[Imagem:Arch of Constantine, Inscription on South side, Rome (8130462845).jpg|thumb|esquerda|upright=1.2|Inscrição na parte sul do Arco de Constantino]]


Constantino recebia de presente em memória à sua vitória um [[Arco triunfal]] [[Arco de Constantino|dedicado]] pelo senado que fora oficialmente aberto em 25 de julho de 315, com cerimônias que envolveram sacrifícios a [[Apolo]], [[Diana (mitologia)|Diana]], [[Hércules]], etc. Localizava-se entre o [[Monte Palatino|Palatino]] e o [[Célio]], sobre a chamada [[Via Triunfal (Palatino)|Via Triunfal]]. Ele estava cuidadosamente posicionado de modo a alinhá-lo com a [[escultura da Roma Antiga|estátua]] [[Colosso de Nero|colossal do Sol]] construída por [[Nero]] {{nwrap|r.|54|68}} e situada no [[Coliseu]].{{harvref|Marlowe|2006}} Dentre os relevos contidos no monumento há imagens representando a deusa [[Vitória (mitologia)|Vitória]], ao mesmo tempo que não há quaisquer elementos da imagética cristã, embora isso possa ser um ato deliberado do senado, que era [[paganismo|pagão]].{{harvref|Fox|2011|p=307, nota 27}} Nele ainda há uma inscrição, exposta nos lados norte e sul, na qual associa-se a vitória à intervenção divina:{{harvref|Thayer|1999}}
Constantino recebia de presente em memória à sua vitória um [[Arco triunfal]] [[Arco de Constantino|dedicado]] pelo senado que fora oficialmente aberto em 25 de julho de 315, com cerimônias que envolveram sacrifícios a [[Apolo]], [[Diana (mitologia)|Diana]], [[Hércules]], etc. Localizava-se entre o [[Monte Palatino|Palatino]] e o [[Célio]], sobre a chamada [[Via Triunfal (Palatino)|Via Triunfal]]. Ele estava cuidadosamente posicionado de modo a alinhá-lo com a [[escultura da Roma Antiga|estátua]] [[Colosso de Nero|colossal do Sol]] construída por [[Nero]] {{nwrap|r.|54|68}} e situada no [[Coliseu]].{{sfn|Marlowe|2006}} Dentre os relevos contidos no monumento há imagens representando a deusa [[Vitória (mitologia)|Vitória]], ao mesmo tempo que não há quaisquer elementos da imagética cristã, embora isso possa ser um ato deliberado do senado, que era [[paganismo|pagão]].{{sfn|Fox|2011|p=307, nota 27}} Nele ainda há uma inscrição, exposta nos lados norte e sul, na qual associa-se a vitória à intervenção divina:{{sfn|Thayer|1999}}


:{{smallcaps|{{nocaps|IMP · CAES · FL · CONSTANTINO · MAXIMO · P · F · AVGUSTO · S · P · Q · R · QVOD · INSTINCTV · DIVINITATIS · MENTIS · MAGNITVDINE · CVM · EXERCITV · SVO · TAM · DE · TYRANNO · QVAM · DE · OMNI · EIVS · FACTIONE · VNO · TEMPORE · IVSTIS · REMPVBLICAM · VLTVS · EST · ARMIS · ARCVM · TRIVMPHIS · INSIGNEM · DICAVIT}}}}
:{{smallcaps|{{nocaps|IMP · CAES · FL · CONSTANTINO · MAXIMO · P · F · AVGUSTO · S · P · Q · R · QVOD · INSTINCTV · DIVINITATIS · MENTIS · MAGNITVDINE · CVM · EXERCITV · SVO · TAM · DE · TYRANNO · QVAM · DE · OMNI · EIVS · FACTIONE · VNO · TEMPORE · IVSTIS · REMPVBLICAM · VLTVS · EST · ARMIS · ARCVM · TRIVMPHIS · INSIGNEM · DICAVIT}}}}


:''Para o Imperador César Flávio Constantino, o maior, pio, feliz, Augusto: inspirado por [uma] divindade, na grandeza de sua mente, ele usou seu exército para salvar o estado apenas pela força de suas armas de um tirano de um lado e todo tipo de facciosismo do outro; Portanto o Senado e Povo de Roma dedicaram este arco excepcional para seus triunfos.''
:''Ao imperador César Flávio Constantino, o maior, pio, [e] afortunado, o Senado e povo de Roma, por inspiração [de uma] divindade e sua própria grande mente com seus justos exércitos [derrotou] o tirano e sua facção numa batalha legítima [e] vingou a república, dedicou este arco como um memorial para sua vitória militar.''


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== Bibliografia ==
== Bibliografia ==
=== Fontes primárias ===


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* {{Citar livro|sobrenome=Anônimos|título=[[Doze Panegíricos Latinos]]|ano=século III-IV|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Anônimos|título=[[Doze Panegíricos Latinos]]|ano=século III–IV|local=desconhecido|editora=desconhecido|ref=harv}}
 
* {{Citar livro|sobrenome=Eusébio de Cesareia|autorlink=Eusébio de Cesareia|título=[[Vida de Constantino]]|local=desconhecido|editora=desconhecido| ano=século IVb|ref=harv}}
 
* {{Citar livro|sobrenome=Eutrópio|autorlink=Eutrópio (historiador)|título=[[Breviário da História Romana]]|local=Constantinopla|editora=desconhecido| url=http://www.forumromanum.org/literature/eutropius/|ano=século IV|ref=harv}}
 
* {{Citar livro|sobrenome=Lactâncio|autorlink=Lactâncio|título=The Works of Lactantius Vol. 1|capítulo={{ilc|Sobre as mortes dos Perseguidores||De mortibus persecutorum}}|ano=1871|editor1=Donaldson, James |editor2= Roberts, Alexander |tradutor= Fletcher, William|local=Edimburgo|editora=T. & T. Clark|ref=harv}}
 
*{{Citar livro|sobrenome=Zósimo|autorlink=Zósimo|título=[[História Nova (Zósimo)|História Nova]]|ano=século VI|local=Constantinopla| editora=desconhecido|ref=harv}} ''In'' {{Citar livro|ultimo=Ridley|primeiro=R.T.|título=Zosimus: New History|editora=Byzantina Australiensia 2|língua=en|ano=1982|local=Camberra}}
 
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=== Fontes secundárias ===
 
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* {{Citar livro|sobrenome=Barnes|nome=Timothy D.|título=Constantine and Eusebius|local=Cambridge, MA|editora=Harvard University Press|ano=1981|isbn=978-0-674-16531-1|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Barnes|nome=Timothy D.|título=Constantine and Eusebius|local=Cambridge, MA|editora=Harvard University Press|ano=1981|isbn=978-0-674-16531-1|ref=harv}}


* {{Citar livro|sobrenome=Cameron|nome=Averil|coautor=Hall, Stuart G.|título=Life of Constantine|ano=1999|local=Oxford|editora=Clarendon Press|isbn=0-19-814917-4|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome1=Cameron|nome1=Averil|sobrenome2=Hall|nome2= Stuart G.|título=Life of Constantine|ano=1999|local=Oxford|editora=Clarendon Press|isbn=0-19-814917-4|ref=harv}}


* {{Citar livro|sobrenome=Curran|nome=John|título=Pagan City and Christian Capital|local=Oxford|editora=Clarendon Press|ano=2000|isbn=0-19-815278-7|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Curran|nome=John|título=Pagan City and Christian Capital|local=Oxford|editora=Clarendon Press|ano=2000|isbn=0-19-815278-7|ref=harv}}
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* {{Citar livro|sobrenome=Digeser|nome=Elizabeth DePalma|título=The Making of A Christian Empire: Lactantius and Rome|local=Londres|editora=Cornell University Press|ano=2000|isbn=0-8014-3594-3|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Digeser|nome=Elizabeth DePalma|título=The Making of A Christian Empire: Lactantius and Rome|local=Londres|editora=Cornell University Press|ano=2000|isbn=0-8014-3594-3|ref=harv}}


* {{Citar web|sobrenome=DiMaio|nome=Michael|autor=Michael DiMaio|título=Maxentius (306-312 A.D.)|url=http://www.roman-emperors.org/maxentiu.htm|publicado=Salve Regina University|ano=1997a|ref=harv}}
* {{Citar web|sobrenome=DiMaio|nome=Michael|título=Galerius (305-311 A.D.)|url=http://www.roman-emperors.org/galerius.htm|publicado=Salve Regina University|ano=1996b|ref=harv}}


* {{Citar web|sobrenome=DiMaio|nome=Michael|autor=Michael DiMaio|título=Galerius (305-311 A.D.)|url=http://www.roman-emperors.org/galerius.htm|publicado=Salve Regina University|ano=1996b|ref=harv}}
* {{Citar web|sobrenome=DiMaio|nome=Michael|título=Constantius I Chlorus (305-306 A.D.)|url=http://www.roman-emperors.org/chlorus.htm|publicado=Salve Regina University|ano=1996c|ref=harv}}


* {{Citar web|sobrenome=DiMaio|nome=Michael|autor=Michael DiMaio|título=Constantius I Chlorus (305-306 A.D.)|url=http://www.roman-emperors.org/chlorus.htm|publicado=Salve Regina University|ano=1996c|ref=harv}}
* {{Citar web|sobrenome=DiMaio|nome=Michael|título=Maxentius (306-312 A.D.)|url=http://www.roman-emperors.org/maxentiu.htm|publicado=Salve Regina University|ano=1997a|ref=harv}}


* {{Citar web|sobrenome=DiMaio|nome=Michael|autor=Michael DiMaio|título=Licinius (308-324 A.D.)|url=http://www.roman-emperors.org/licinius.htm|publicado=Salve Regina University|ano=1997c|ref=harv}}
* {{Citar web|sobrenome=DiMaio|nome=Michael|título=Maximianus Herculius (286-305 A.D)|url=http://www.roman-emperors.org/maxherc.htm|publicado=Salve Regina University|ano=1997b|ref=harv}}


* {{Citar web|sobrenome=DiMaio|nome=Michael|autor=Michael DiMaio|título=Maximianus Herculius (286-305 A.D)|url=http://www.roman-emperors.org/maxherc.htm|publicado=Salve Regina University|ano=1997b|ref=harv}}
* {{Citar web|sobrenome=DiMaio|nome=Michael|título=Licinius (308-324 A.D.)|url=http://www.roman-emperors.org/licinius.htm|publicado=Salve Regina University|ano=1997c|ref=harv}}


* {{Citar livro|sobrenome=Drake|nome=H. A.|título=The Cambridge companion to the Age of Constantine|capítulo=Constantine and Consensus|editora=Cambridge University Press|ano=2006|isbn=0-521-52157-2|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Drake|nome=H. A.|título=The Cambridge companion to the Age of Constantine|capítulo=Constantine and Consensus| editora=Cambridge University Press|local=Cambridge|ano=2006|isbn=0-521-52157-2|ref=harv}}


* {{Citar livro|sobrenome=Elliott|nome=T. G.|título=The Christianity of Constantine the Great|local=Scranton, PA|editora=University of Scranton Press|ano=1996|isbn=0-940866-59-5|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Elliott|nome=T. G.|título=The Christianity of Constantine the Great|local=Scranton, PA|editora=University of Scranton Press|ano=1996|isbn=0-940866-59-5|ref=harv}}


* {{Citar livro|sobrenome=Eusébio de Cesareia|autorlink=Eusébio de Cesareia|título=[[Vida de Constantino]]|ano=século IVb|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome1=Fox|nome1=Robin Lane|sobrenome2=Bardill|nome2=Jonathan|título=Divine Emperor of the Christian Golden Age|local=Cambridge|editora=Cambridge University Press|ano=2011|isbn=978-0-521-76423-0|ref=harv}}


* {{Citar livro|sobrenome=Eutrópio|autorlink=Eutrópio (historiador)|título=[[Breviário da História Romana]]|url=http://www.forumromanum.org/literature/eutropius/|ano=século IV|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome1=Gerberding|nome1=R.|sobrenome2=Cruz|nome2= J.H. Moran|título=Medieval Worlds|ano=2004|local=Nova Iorque|editora=Houghton Mifflin Company|isbn=0-395-56087-X|ref=harv}}
 
* {{Citar livro|sobrenome=Fox|nome=Robin Lane|coautor=Bardill, Jonathan|título=Divine Emperor of the Christian Golden Age|local=Cambridge|editora=Cambridge University Press|ano=2011|isbn=978-0-521-76423-0|ref=harv}}
 
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* {{Citar livro|sobrenome=Lactâncio|autorlink=Lactâncio|título=The Works of Lactantius, Volume 1|capítulo={{ilc|Sobre as mortes dos Perseguidores||De mortibus persecutorum}}|ano=1871|editor=William Fletcher|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Lenski|nome=Noel Emmanuel|título=The Cambridge companion to the Age of Constantine|editora=Cambridge University Press|ano=2006|local=Cambridge|isbn=0-521-52157-2|ref=harv}}


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* {{Citar livro|sobrenome1=Lieu|nome1=Samuel N. C.|sobrenome2=Montserrat|nome2= Dominic|título=From Constantine to Julian: A Source History|editora=Routledge|local=Londres e Nova Iorque|ano=1996|isbn=0-415-09335-X|ref=harv}}
 
* {{Citar livro|sobrenome=Lieu|nome=Samuel N. C.|coautor=Montserrat, Dominic|título=From Constantine to Julian: A Source History|editora=Routledge|ano=1996|isbn=0-415-09335-X|ref=harv}}


* {{Citar livro|sobrenome=Luttwak|nome=Edward N.|autorlink=Edward Luttwak|título=The Grand Strategy of the Roman Empire|local=Baltimore|editora=The Johns Hopkins University Press|ano=1979|ref=harv}}
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* {{Citar periódico|sobrenome=Nicholson|nome=Oliver|título=Constantine's Vision of the Cross|jornal=Vigiliae Christianae|volume=54|número=3|ano=2000|páginas=309–323|ref=harv}}
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* {{Citar livro|sobrenome=Nixon|nome=C. E. V.|coautor=Rodgers, Barbara Saylor|título=Praise of Later Roman Emperors: The Panegyrici Latini, with the Latin Text of R.A.B. Mynors|local=Berkeley|editora=University of California Press|ano=1994|isbn=0-520-08326-1|ref=harv}}
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* {{Citar livro|sobrenome=Odahl|nome=Charles Matson|título=Constantine and the Christian Empire|local=Nova Iorque|editora=Routledge|ano=2004|0-415-38655-1|ref=harv}}
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Edição atual tal como às 19h36min de 1 de dezembro de 2021

Predefinição:Info/Batalha

A Batalha da Ponte Mílvia ou Batalha da Ponte Mílvio (em latim: Pons Milvius; em italiano: Ponte Milvio) foi o último confronto travado no verão de 312, durante a Guerra Civil entre os imperadores romanos Predefinição:Lknb Predefinição:Nwrap e Magêncio Predefinição:Nwrap próximo à ponte Mílvia, uma das várias sobre o rio Tibre, em Roma. Precisamente teria ocorrido em 28 de outubro. Constantino seria o vencedor da batalha e passaria desde então a trilhar o caminho que levou-o a extinguir a Tetrarquia vigente e tornar-se o governante único do Império Romano. Magêncio, por outro lado, morreria afogado no Tibre durante o combate.

Num claro intento de apagar a memória de Magêncio (damnatio memoriae), Constantino revogou sua legislação e deliberadamente apropriou-se dos projetos de construção realizados por ele, notadamente a Basílica de Magêncio e o Templo de Rômulo, que fora dedicado a seu filho Valério Rômulo. Constantino adotou uma postura de conciliação e não perseguiu os apoiantes de Magêncio que pertenciam ao senado; os senadores, por sua vez, concederam-lhe um título especial de "título do primeiro nome" e erigiram o arco triunfal que levaria seu nome. Além disso, ele desmantelou a guarda pretoriana e a cavalaria imperial e estabeleceu as escolas palatinas.

Segundo os cronistas do século IV Eusébio de Cesareia e Lactâncio, a batalha marcou o começo da conversão de Constantino ao Cristianismo. Eusébio de Cesareia relata que Constantino e seus soldados tiveram uma visão do Deus cristão prometendo-lhes a vitória caso eles exibissem o sinal do Qui-Rô, as duas primeiras letras do nome de Cristo em grego, em seus escudos. O Arco de Constantino, erigido para celebrar esta vitória, atribui em seus relevos e inscrições à intervenção divina.

Antecedentes

Desde 293, o Império Romano está dividido em duas metades, cada qual governada por um Augusto (imperador sênior) e um César (imperador júnior). Em 306, o Augusto do Ocidente Constâncio Cloro Predefinição:Nwrap falece em Eboraco (atual Iorque, Inglaterra)[1] e seus soldados elevam seu filho Predefinição:Lknb Predefinição:Nwrap como seu sucessor.[2] O Augusto do Oriente Galério Predefinição:Nwrap, no entanto, eleva Valério Severo Predefinição:Nwrap à posição de Augusto, pois pelas prerrogativas do sistema tetrárquico vigente, sendo ele o César ocidental, deveria suceder o Augusto morto. Após algumas discussões diplomáticas, Galério demoveu Constantino para a posição de César, o que ele aceitou, permitindo assim que Severo assumisse sua posição.[3]

Magêncio Predefinição:Nwrap, filho de Maximiano (r. 285-305; 310), o Augusto antecessor de Constâncio Cloro, com inveja da posição de Constantino, declara-se imperador na Itália com o título de príncipe e chama seu pai da aposentadoria para co-governar consigo. Durante o ano de 307, ambos sofrem invasões de Flávio Severo, que é derrotado e morto, e Galério, que decide retirar-se.[3][4] Em 308, na Conferência de Carnunto convocada por Galério, o oficial Licínio Predefinição:Nwrap foi nomeado Augusto do Ocidente e deveria, portanto, lidar com o usurpador, porém nada fez.[5] No mesmo ano, em algum momento antes da conferência, Maximiano tentara depor seu filho num fracassado plano, o que forçou-o a fugir para a corte de Constantino na Gália.[4][6]

Em 310, contudo, Maximiano também tentaria depôr Constantino, mas seria derrotado e forçado a suicidar-se.[7][8][9][10][11][12] No ano seguinte, Magêncio, conclamando vingança pela morte de seu pai, declara guerra a Constantino, que responde com uma invasão ao norte da Itália com 40 000 soldados;[13][14] Zósimo alega que o exército invasor era de 90 000 infantes e 8 000 cavaleiros provenientes de germânicos e celtas subjugados e de parte do exército estacionado na Britânia.[15] Após o cerco de Segúsio (atual Susa, Itália),[16] Constantino dirige-se para o interior e depara-se com uma força de Magêncio acampada nas imediações de Augusta dos Taurinos (atual Turim).[17][18][19]

Ele derrota a nova ameaça e então dirige-se para Mediolano (atual Milão), que lhe abre as portas. Ele permaneceu na cidade até meados do verão e então prossegue marcha.[20][21] Seu próximo combate ocorre nas imediações de Bríxia (atual Bréscia), onde um exército fora enviado pelo prefeito pretoriano Rurício Pompeiano, que estava estacionado em Verona, para bloquear seu caminho.[21] Constantino conseguiu rapidamente derrotar aqueles que obstruíam sua passagem e logo dirigiu-se contra a base veronesa de Magêncio.[13][22] Pompeiano opôs-se ao imperador invasor em dois confrontos consecutivos às portas da cidade. Rurício foi morto e seu exército destruído.[22] Verona rendeu-se logo depois, seguida por Aquileia,[23][24][25] Mutina (atual Módena)[26] e Ravena.[13] Com isso o caminho direto para Roma abriu-se para ele.[26][24][27]

Visão de Constantino

Iluminura do Sonho de Constantino e batalha da Ponte Mílvia nas Homilias de Gregório de Nazianzo (BnF MS grec 510), folio 355). Ca. 879-882. Biblioteca Nacional Francesa

Segundo Lactâncio, Constantino foi visitado em sonho na noite anterior à batalha, no qual foi aconselhado a "marcar o sinal divino de Deus nos escudos de seus soldados".[28] Ele seguiu as ordens recebidas e marcou os escudos com um sinal "denotando Cristo". Lactâncio descreve o sinal como um "estaurograma" ou cruz latina com sua extremidade superior arredondada em "P".[29]

Eusébio de Cesareia, por sua vez, faz dois relatos da batalha. No primeiro, extraído da História Eclesiástica, ele afirma que Deus teria ajudado Constantino, mas não menciona qualquer visão. Na posterior Vida de Constantino ele faz menção à visão e alega ter ouvido a história do próprio imperador. Segundo este relato, Constantino estava marchando com seu exército ao meio-dia (não é descrito a localização exata, mas é certo que fora antes da batalha[30]) quando avistou nos céus um troféu da cruz aparecendo da luz do sol, portando a mensagem grega "Εν Τούτῳ Νίκα" (En toutō níka), costumeiramente traduzida para o latim como In Hoc Signo Vinces (Neste sinal vencerás).[31][32][33] De início ele não teria entendido com clareza a aparição, mas na noite seguinte foi visitado em sonho por Cristo que explicou-lhe que ele deveria usar aquele sinal contra seus inimigos.[34][35][36]

Eusébio então descreve o sinal como Qui (Χ) atravessado por (Ρ) ou , um símbolo representando as primeiras duas letras da grafia grega da palavra Cristo (Christos).[37][38][39] A descrição eusebiana da visão tem sido explicada como um "halo solar", um fenômeno meteorológico que pode produzir efeitos similares.[37][40][41][42] Em 315, um medalhão foi emitido em Ticino mostrando Constantino trajando um elmo brasonado com o Qui-Rô,[28] e moedas emitidas em Síscia em 317/318 repetem a imagem.[43] A figura era de outra forma rara e é incomum na iconografia e propaganda imperial antes dos anos 320.[28]

Batalha

Afresco A Visão da Cruz, representação da Escola de Rafael da visão de Constantino. 1520-1524
Afresco Batalha da Ponte Mílvia, representação de Júlio Romano. 1520-1524

Magêncio preparou-se para o mesmo tipo de guerra que travou contra Severo e Galério: permaneceu em Roma e organizou-se para um cerco.[24][31] Ele ainda controlava os guardas pretorianos na cidade e estava bem abastecido com cereais africanos e cercado por todos os lados pelas aparentemente impenetráveis Muralhas Aurelianas. Ele ordenou que todas as pontas que atravessavam o rio Tibre fossem cortadas, relatadamente sob conselho dos deuses,[44] e deixou o resto da Itália Central indefesa; Constantino, aproveitando-se disso, assegurou o apoio da região sem problemas.[25] Constantino prosseguiu vagarosamente[24] através da Via Flamínia,[45][46] permitindo que a fraqueza de Magêncio suscitasse mais tumulto em seu regime.[24] O apoio a Magêncio continuou a enfraquecer: nas corridas de biga em 27 de outubro, a multidão abertamente zombou de Magêncio, gritando que Constantino era invencível.[24][47][48][49]

Magêncio, não mais certo que emergiria vitorioso de um cerco, organizou um acampamento em frente à ponte Mílvia, que ligava a Via Flamínia a Roma, e ordenou a montagem de uma ponte flutuante temporária através do Tibre próximo a ela em preparação para uma batalha campal;[50][51] Zósimo relata que construiu-se uma ponte de madeira dividida em duas partes que uniam-se através de uma parte central que continha presilhas de ferro capazes de serem removidas caso o exército inimigo tentasse atravessá-la.[52] Em 28 de outubro de 312, o sexto aniversário de seu reinado, ele se aproximou dos protetores dos Livros Sibilinos para conselho. Os protetores profetizaram que, naquele dia, "o inimigo dos romanos" morreria. Magêncio avançou para norte para encontrar Constantino em batalha.[47][53][54][55][56]

Magêncio organizou suas forças — duas vezes maiores que as de Constantino — em longas filas de frente para o campo de batalha, com suas costas bem próximo ao rio,[54] o que se mostraria um empecilho à mobilidade de suas tropas.[57] O exército de Constantino, que chegara ao campo portanto símbolos incomuns sobre seus estandartes ou sobre seus escudos,[56][58][59] foi disposto junto ao longo de todo o comprimento da linha inimiga. Após avistar uma grande quantidade de corujas em voo, Constantino ordenou que sua cavalaria atacasse, e eles conseguiram quebrar a cavalaria magenciana. Ele então enviou sua infantaria contra a infantaria inimiga, empurrando muitos deles para o Tibre, onde foram abatidos ou se afogaram. Os cavaleiros da guarda imperial e os pretorianos de Magêncio inicialmente mantiveram suas posições, mas quebraram sob a força do ataque da cavalaria constantiniana. Magêncio fugiu com eles e tentou cruzar sua ponte, mas segundo Zósimo caiu no rio junto de seus soldados quando ela arrebentou devido ao peso em excesso; segundo Lactâncio, ele teria sido empurrado junto de seu cavalo no Tibre pela massa de soldados em fuga.[53][50][60][61][62] Os soldados que permaneceram na margem foram capturados ou mortos.[63]

Rescaldo e consequências

Arco de Constantino em Roma erigido em 315 para celebrar sua vitória

Constantino entrou em Roma em 29 de outubro.[54][64][65] Ele encenou um grande advento (cerimônia de chegada) na cidade e deparou-se com grande júbilo popular.[66][36][67] O corpo de Magêncio foi fisgado do Tibre e decapitado e sua cabeça foi exibida através das ruas para todos verem.[56][61][54][50][64][68] Após as cerimônias, a cabeça decepada de Magêncio foi enviada para Cartago, o que teria encerrado a resistência a seu domínio,[69] já que a África Proconsular pertencia aos territórios do falecido. As descrições da entrada de Constantino em Roma omitem qualquer menção dele concluindo sua procissão no Templo de Júpiter Capitolino, onde sacrifícios eram geralmente realizados. Apesar disso, esse silêncio não é encarado como prova de que ele já fosse cristão naquele momento, sendo muito mais um mero emprego para mostrar as sensibilidades cristãs do monarca.[70] Constantino, por sua vez, decidiu visitar a Cúria senatorial, onde prometeu restaurar seus privilégios ancestrais e deu-lhe um papel seguro em sua reforma do governo: não haveria perseguição aos apoiantes de Magêncio. Em resposta, o senado decretou-o "título do primeiro nome", que significa que seu nome seria listado primeiro em todos os documentos oficiais,[71] e aclamou-o como "o maior Augusto".[72] Ele emitiu decretos retornando propriedades confiscadas, reconvocando exilados políticos e libertando oponentes políticos presos.[64]

Sua vitória resultou em sua ascensão ao título de Augusto Ocidental, ou soberano de toda porção ocidental do Império Romano, reconhecida por Licínio, único Augusto Oriental após a morte de Maximino Daia Predefinição:Nwrap, no ano seguinte. Magêncio foi condenado ao damnatio memoriae, com toda sua legislação sendo invalidada e Constantino usurpando todos os seus consideráveis projetos de construção, incluindo o Templo de Rômulo (que fora dedicado ao filho do falecido, Valério Rômulo) e a Basílica de Magêncio. Os mais fortes apoiantes de Magêncio no exército foram neutralizados quando a II Legião Parta foi removida de Alba Longa[73] e o restante do exército de Magêncio foi enviado para cumprir dever na fronteira do rio Reno. Além disso, a guarda pretoriana e a cavalaria imperial (equites singulares), ambas instituídas pelo reinado de Augusto Predefinição:Nwrap foram debandadas.[71] Elas seriam substituídas por um corpo de tropas de elite ligadas à pessoa do imperador, as escolas palatinas, que, a partir daí, seriam o núcleo do sistema militar romano, enquanto os velhos corpos de tropa territoriais eram negligenciados.[74] A quase totalidade das forças militares móveis estava agora à disposição imediata do imperador — com exceção de certas unidades territoriais que eram equiparadas às forças móveis e chamadas pseudocomitatenses — concentradas em áreas urbanas onde pudessem ser mantidas abastecidas dos suprimentos que eram agora a maior parte do soldo militar.[75]

Inscrição na parte sul do Arco de Constantino

Constantino recebia de presente em memória à sua vitória um Arco triunfal dedicado pelo senado que fora oficialmente aberto em 25 de julho de 315, com cerimônias que envolveram sacrifícios a Apolo, Diana, Hércules, etc. Localizava-se entre o Palatino e o Célio, sobre a chamada Via Triunfal. Ele estava cuidadosamente posicionado de modo a alinhá-lo com a estátua colossal do Sol construída por Nero Predefinição:Nwrap e situada no Coliseu.[76] Dentre os relevos contidos no monumento há imagens representando a deusa Vitória, ao mesmo tempo que não há quaisquer elementos da imagética cristã, embora isso possa ser um ato deliberado do senado, que era pagão.[77] Nele ainda há uma inscrição, exposta nos lados norte e sul, na qual associa-se a vitória à intervenção divina:[78]

Predefinição:Smallcaps
Ao imperador César Flávio Constantino, o maior, pio, [e] afortunado, o Senado e povo de Roma, por inspiração [de uma] divindade e sua própria grande mente com seus justos exércitos [derrotou] o tirano e sua facção numa batalha legítima [e] vingou a república, dedicou este arco como um memorial para sua vitória militar.

Referências

  1. DiMaio 1996c.
  2. Eutrópio século IV, 10.1–2.
  3. 3,0 3,1 DiMaio 1996b.
  4. 4,0 4,1 DiMaio 1997a.
  5. DiMaio 1997c.
  6. DiMaio 1997b.
  7. Pohlsander 2004, p. 17.
  8. Barnes 1981, p. 34–35.
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  10. Lenski 2006, p. 65–66.
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  12. Potter 2004, p. 352.
  13. 13,0 13,1 13,2 MacMullen 1969, p. 71.
  14. Anônimos século III-IV, (9)5.1–3.
  15. Zósimo século VI, II.15.1..
  16. Odahl 2004, p. 101.
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Bibliografia

Fontes primárias

Predefinição:Refbegin

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Fontes secundárias

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