Medida, aprovada no Congresso e no Senado, foi assinada no dia 3 de agosto; especialista analisa o impacto da medida para as famílias e para a economia brasileira
A medida que estende o consignado aos beneficiários do Auxílio Brasil representa um novo ‘fôlego’ para a economia brasileira e para as famílias de baixa renda
Cresce a expectativa dos beneficiários do Auxílio Brasil – programa que reúne políticas públicas de assistência social, saúde, educação, emprego e renda – com relação à possibilidade de acesso ao crédito pessoal já disponível aos segurados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), servidores públicos e trabalhadores.
O crédito consignado é um empréstimo com pagamento indireto, cujas parcelas são deduzidas diretamente da folha de pagamento ou benefício da pessoa física. O empréstimo terá prazo de pagamento de até 24 meses. A liberação foi aprovada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado no primeiro semestre e está disponível após a sanção do presidente Jair Bolsonaro (PL), no dia 3 de agosto.
Pela proposta aprovada no Congresso, as famílias que recebem o auxílio poderão comprometer até 40% do benefício com empréstimos, o que equivale a R$ 160 dos atuais R$ 400. A Câmara dos Deputados aprovou no dia 29 de junho a MP (Medida Provisória) 1.106/2022, que amplia o limite de crédito consignado para a maior parte dos assalariados e estendeu a modalidade aos segurados do INSS que recebem BPC (Benefício de Prestação Continuada), RMV (Renda Mensal Vitalícia), além dos beneficiários do Auxílio Brasil.
Ingrid Vedoveli, gerente-executiva do Sistema Vanguard – empresa que atua com sistemas de crédito consignado -, acredita que a liberação desse crédito a pessoas que, até então, não tinham esse direito, pode causar um impacto positivo para a economia do país.
“Por enquanto, temos mais de 18 milhões de pessoas que estão aptas para esse novo benefício. Olhando para esses números, é esperado pelo mercado que isso impacte em, no mínimo, R$ 25 bilhões na economia brasileira. Isso considerando que apenas 60% dos beneficiários optem pelo crédito”, afirma.
Consignado chega em cenário de recuperação econômica
Para Vedoveli, a medida que estende o empréstimo consignado aos beneficiários do Auxílio Brasil representa um novo “fôlego” tanto para a economia brasileira como para as famílias de baixa renda do país.
“Com a chegada da Covid-19, em março de 2020, as famílias, principalmente da classe C e D, ficaram em uma situação financeira delicada. Por isso, acredito que essa nova liberação chega como um ‘sopro’ para recomeçar e se estruturar”, analisa.
A gerente-executiva do Sistema Vanguard acredita que, “com os juros bem abaixo do que é oferecido em outras modalidades de crédito, a prazos altos, todos poderão conquistar os seus sonhos com muito mais tranquilidade e sem ficar ‘apertados’ nos outros meses”.
De acordo com o Dieese (Segundo dados divulgados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o custo de vida do brasileiro subiu 72% entre janeiro de 2019 e abril de 2022.
Aliás, uma pesquisa realizada pela Ipsos em 30 países apontou que o Brasil é o 4° colocado no ranking de maior percepção de inflação pela população. Para sete em cada dez (73%) cidadãos, o custo de vida aumentou no segundo semestre de 2021. Na América do Sul, a Argentina lidera a classificação, com 79%. Por outro lado, o Japão é o país com a menor taxa de percepção de inflação, com 21%.
Na Região Metropolitana de São Paulo (SP), o custo de vida aumentou 10% no último ano, conforme dados da Fecomercio-SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo). Trata-se da maior alta desde 2015, quando o indicador foi de 11,56%.
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