Na teoria das relações internacionais, o idealismo se refere à escola de pensamento que, na história diplomática dos Estados Unidos, se desenvolveu com base nas ideias de Woodrow Wilson, tanto que é constantemente denominado como wilsonianismo ou idealismo wilsoniano. Teve influência dos pensadores do iluminismo europeu, como Kant, e se contrapõe fortemente ao realismo político. A primeira formulação de uma teoria liberal das relações internacionais ocorreu no imediato pós-Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e foi sintetizada nos 14 pontos da proposta de paz de Woodrow Wilson, em 1918. O idealismo liberal pretendia entender as causas da guerra e prescrever formas de evitar outro conflito de amplas proporções.
Pressupostos
- Os indivíduos são bons por natureza, seu interesse no bem-estar coletivo estimula o desenvolvimento por meio da cooperação possível.
- A natureza anárquica do sistema internacional não é imutável e pode ser amenizada com a formação e fortificação de organizações internacionais e do direito internacional.
- Estados democráticos não buscam a expansão militar e territorial. Estados com instituições não representativas são dominados por elites autoritárias e agressivas, e essas buscam afirmar e aumentar seu poder.
- É necessário garantir a liberdade individual e proteger os indivíduos dos abusos de poder que os Estados podem empreender.
- A guerra pode ser evitada.
Meios de tornar o Sistema Internacional mais cooperativo
Os Estados democráticos dificilmente entram em conflito bélico, então a expansão desse tipo de governo e a promoção de instituições democráticas nos países e fora deles, segundo o idealismo, diminuiria a probabilidade de guerra.
A expansão dos Estados governados democraticamente estimula a criação e sustenta a manutenção de organizações e leis internacionais, o que, por sua vez, facilita a difusão da democracia em âmbito internacional, resultando em um círculo virtuoso.
O liberalismo econômico cria laços entre povos e países, por meio de cooperação e de comércio internacional, contribuindo para redução e a expansão do poder bélico até o limite da autodefesa. Quando Estados podem obter ganhos políticos ou econômicos simultaneamente por mais de um agente, o caráter de benefício mútuo promove a cooperação entre eles.
Apesar de os interesses de diferentes Estados poderem ser antagônicos e conflituosos em algumas ocasiões, quando esses interesses são negociados por sociedades governadas democraticamente, tendem a buscar um equilíbrio nas negociações, assim como acontece com os interesses individuais no mercado. Quando promovidos os verdadeiros interesses nacionais, é possível, com as instituições internacionais (Organização Mundial do Comércio, por exemplo) e o direito internacional como mediadores, buscar a comunicação e o entendimento entre as partes, resultando na redução de hostilidade e guerra.
Os 14 pontos para manutenção da Paz de Woodrow Wilson
O discurso do dia 8 de janeiro de 1918 é um dos memoráveis episódios da História da Primeira Guerra Mundial. Nesse dia, o presidente norte-americano Woodrow Wilson apresentou uma proposta consistindo em catorze pontos cardeais do que deveria ser a nova ordem mundial. As interpretações da proposta de Wilson correspondem, de certa forma, às questões vinculadas ao debate "realismo versus liberalismo", já que os primeiros consideravam o presidente Wilson um idealista, enquanto os segundos o consideravam um brilhante precursor duma ordem mundial cooperativa. O décimo quarto ponto das propostas wilsonianas pedia que as nações desenvolvidas formassem uma associação com o objetivo de garantir a integridade territorial e a independência política dos países.
Essa foi a fracassada Liga das Nações, que, não obstante, figura hoje como modelo precursor das Nações Unidas e primeira experiência liberal do tipo. Embora Woodrow Wilson tenha se esforçado para convencer a população americana da necessidade de se estabelecer uma Liga das Nações, o presidente acabou sofrendo sérios problemas de saúde, sendo obrigado a se retirar de cena, enquanto um congresso cético rejeitava o seu projeto de paz perpétua.
Ver também
Referências bibliográficas
- BARBÉ, Esther. Relaciones.
- HALLIDAY, Fred. Repensando as Relações Internacionais. Porto Alegre: UFRGS, 1999.
- JACKSON, R.; SORENSEN, G. Introdução às Relações Internacionais. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007.
- MOREIRA, Adriano: Teoria das Relações Internacionais. Livraria Almedina. Coimbra, 1996.
- ROCHA, Antonio. J. R. Relações Internacionais: Teorias e Agendas. Brasília: IBRI / Funag, 2002.