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Walter Neves

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Walter Neves

Walter Alves Neves (Três Pontas, 17 de outubro de 1957)[1][2] é um biólogo, arqueólogo, e antropólogo evolutivo brasileiro, professor aposentado do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo. Foi responsável pelo estudo de Luzia, o esqueleto humano mais antigo do continente americano que foi descoberto pela arqueóloga francesa Laming-Emperaire durante a década de 1970, e pela inscrição rupestre mais antiga do continente americano, falocêntrica.[3]

Biografia

Neves nasceu em Três Pontas, Minas Gerais, sendo o segundo filho de um pai pedreiro e mãe vendedora, e mudaram-se para São Bernardo do Campo em 1970. Seu primeiro trabalho foi como ajudante-geral na fábrica de Malas Primicia, e depois na fábrica de turbinas de avião da Rolls-Royce, em São Bernardo,[1] onde ficou por dez anos.[3] É homossexual assumido desde os anos 80 e foi casado com o publicitário Wagner Fernandes (falecido por aids em 1992).[3]

É graduado em Ciências Biológicas pela USP, formando-se em (1981), concluiu o pré-doutorado (não existia doutorado sanduíche - programa de bolsas de estudo da Capes é chamado Programa de Doutorado Sanduíche) nas Universidades de Stanford e Berkeley em (1982), doutorado em Ciências Biológicas pela USP em (1984), pós-doutoramentos pelo Center for American Archeology, Universidade de Illinois, em (1985) e pelo Departamento de Antropologia da USP (1991-92), Livre Docência em Evolução Humana pelo departamento de Genética e Biologia Evolutiva da USP (2000).[4] Durante o pré-doutoramento foi supervisionado pelo Prof. Cavalli-Sforza que estuda a evolução humana a partir de marcadores moleculares. Neves trabalhou com marcadores craniométricos durante seis meses sob a supervisão do Prof. Cavalli-Sforza.[1]

É professor titular (2008 - 2017),[3] associado (2000 - 2008) e doutor (1992 - 2000) do departamento de genética e biologia evolutiva da USP, onde fundou e coordena o Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos,[5] único do gênero da América Latina.[6] Tem produção científica desde 1980 e orientação a graduandos e pós-graduandos nas áreas de antropologia ecológica, antropologia biológica, arqueologia pré-histórica, ecologia humana e psicologia evolutiva[7] durante seus vínculos com a USP e com o Museu Goeldi no Pará (1988 - 1992).[3] Ministra duas disciplinas no Instituto de Biociências da USP, implicações biológico-evolutivas do comportamento humano (para a pós-graduação) e biologia evolutiva (para a graduação).[carece de fontes?]

Seu modelo de dois componentes biológicos principais é frequentemente adotado para o entendimento da origem e dispersão dos humanos anatomicamente modernos no continente americano. Outras contribuições expressivas foram no estudo das populações amazônicas, onde foi responsável por diversas pesquisas relacionadas a dieta e saúde de populações ribeirinhas junto com o Prof. Rui Murrieta (IB-USP), seu orientando na época.[carece de fontes?]

Interessa-se especialmente pela investigação da origem do homem na América, dedicando-se também à divulgação científica, promovendo e realizando palestras, exposições museográficas e artigos,[4] sendo o coordenador da exposição permanente "Do macaco ao homem" no Museu Catavento (2014 - ). Desde 2013 é responsável pelo projeto "Evolução biocultural hominínia no Vale do rio Zarqa, Jordânia: uma abordagem paleoantropológica", na Jordânia, buscando estudar os registros dos primeiros humanos que deixaram a África em direção à Ásia.[4]

Foi homenageado em sessão especial no 83rd Annual Meeting of the American Association of Physical Anthropologists (2014) com discursos da Profa. Jane Buikstra (Universidade do Estado do Arizona) e Profa. Darna Dufour (Universidade de Colorado - Boulder).[8] Também foi homenageado pelo seu pupilo acadêmico, Prof. Mark Hubbe, na revista PaleoAmericam (2015).[9]

Em entrevista para a revista Piauí, falou que havia se aposentado devido a ter sido diagnosticado com a síndrome de burnout.[3]

Em 2018 candidatou-se a deputado federal por São Paulo, pelo Partido Pátria Livre (PPL), representando os Cientistas Engajados,[10][11] ao lado de Mariana Moura, como deputada estadual, pelo mesmo partido[12] e recebeu 0,05% dos votos.[13]

Luzia

Walter Neves não foi o descobridor do fóssil de Luzia, mas foi quem teve acesso ao crânio, que estava no Museu Nacional do Rio de Janeiro, e que elaborou estudos mais pormenorizados da peça. Foi ele quem batizou o achado arqueológico de Luzia, antes chamado apenas de esqueleto da Lapa Vermelha IV, em referência ao sítio arqueológico onde foi encontrado, escavado pela missão franco-brasileira, coordenada por Annette Emperaire.[1]

Polêmica sobre ocupação humana no Brasil

Neves travou uma discussão acadêmica com a arqueóloga Niéde Guidon ao longo das últimas décadas, a respeito da datação da chegada do homem na América. Enquanto ele defende a chegada entre 20 mil e 12 mil anos atrás, Guidon defende a teoria de que o homem pode ter chegado por volta de 70 ou 80 mil anos atrás, por conta de restos de fogueira e de peças de pedra encontrados no sítio arqueológico Boqueirão da Pedra Furada, no Piauí, em 1978. A teoria de Guidon sofreu ampla rejeição de cientistas dos Estados Unidos, e também de Neves.[14] Em 1990 o arqueólogo americano Tom Dillehay, da Universidade do Kentucky, viu os instrumentos e reconheceu que alguns deles pareciam feitos por seres humanos.[15] Em 2006, dois cientistas, Eric Boeda, da Universidade de Paris, e Emílio Fogaça, da Universidade Católica de Goiás, divulgaram os resultados de suas análises, e concluíram que as peças de pedra realmente foram feitas pela ação do homem, com datas entre 33 mil e 58 mil anos de idade.[15] Após a divulgação dos resultados, Neves disse: "Do meu ponto de vista, esta é uma evidência incontestável de que os artefatos foram feitos por humanos",(...) "Ela merece esses louros".[15] Em 2012 Neves disse que, após ter acesso ao material lítico que a própria Niéde colocou à disposição, acredita 99,9% de que ela esteja correta, mas ainda assim não totalmente convencido.[1]

Áreas de dedicação

Publicações científicas

Livro
  • “Antropologia Ecológica. Um Olhar Materialista Sobre As Sociedades Humanas”, São Paulo (SP): Cortez, 1996, v.1. p.86.
Artigos mais importantes
  • “O modelo dos dois componentes biológicos principais: sua inserção nos eventos expansionistas do final do pleistoceno e suas implicações para a origem do Homo sapiens” in O Carste. Belo Horizonte (MG): , v.14, n.1, p.42 - 49, 2002.
  • “Fuegian cranial morphology: the Haush” in Ciência e Cultura. São Paulo (SP): , v.53, n.2, p.69 - 71, 2001
  • “The Buhl burial” in American Antiquity. Estados Unidos: , v.65, n.-, p.191 - 193, 2000.

Referências

  1. 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 «Walter Neves: o pai de Luzia». Revista Fapesp. Consultado em 2 de abril de 2020 
  2. «Walter Neves». Estado de S. Paulo. Consultado em 2 de abril de 2020 
  3. 3,0 3,1 3,2 3,3 3,4 3,5 «O evolucionista». Novembro de 2017. Consultado em 2 de julho de 2021 
  4. 4,0 4,1 4,2 «Walter Alves Neves». Fapesp. Consultado em 2 de abril de 2020 
  5. «Laboratório de Estudos Evolutivos e Ecológicos Humanos». 1 de julho de 2021 
  6. Fernanda Rezende (7 de maio de 2019). «Walter Neves recebe medalha Imperator Augustus». Consultado em 1 de julho de 2021 
  7. «Entrevista». 2020. Consultado em 1 de julho de 2021 
  8. «The 83rd Annual Meeting of the American Association of Physical Anthropologists (2014)» (em English). Consultado em 1 de julho de 2021. Arquivado do original em 12 de setembro de 2015 
  9. Hubbe, Mark (10 de abril de 2015). «Walter Neves and the Pursuit of the First South Americans». PaleoAmerica (em English). 1 (2): 131-133. doi:10.1179/2055556315Z.00000000015. Consultado em 1 de julho de 2021 
  10. «Cientista da USP, Walter Neves será candidato a deputado federal». Herton Escobar (em português) 
  11. «Cientista da USP quer "evoluir" a deputado». Exame. Consultado em 2 de abril de 2020 
  12. Fernando Tadeu Moraes; Gabriel Alves (3 de setembro de 2018). «Candidatos querem formar 'bancada da ciência'». Consultado em 2 de julho de 2021 
  13. «Walter Neves 5430». Consultado em 29 de outubro de 2020. Cópia arquivada em 29 de outubro de 2020 
  14. «Arqueóloga diz que fósseis no Piauí podem ter 15 mil anos». Folha de S. Paulo. Consultado em 2 de abril de 2020 
  15. 15,0 15,1 15,2 «Homem ocupou o Piauí há 58 mil anos». Folha de S. Paulo. Consultado em 2 de abril de 2020 


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