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Martijn

Vereniging MARTIJN
Fundação 1982
Sede Amsterdã
Línguas oficiais neerlandês

A Vereniging Martijn (Associação Martijn) foi uma associação neerlandesa que advogava uma reforma na idade de consentimento sexual[1]. Fez parte da Associação Internacional de Gays e Lésbicas até 1994, ano em que foi expulsa por esta com outras organizações semelhantes com a intenção de conseguir um status consultivo como ONG no Conselho Económico e Social das Nações Unidas[2][3].

Em 2012 um tribunal neerlandês ilegalizou a associação e determinou a sua dissolução imediata. Embora Martijn sempre tenha se mantido dentro da legalidade vigente, a promotoria argumentou que "As atividades e ideias da associação são contrárias à ordem pública e à moral"[4]. A associação interpôs um recurso de apelação e em 2013 um tribunal superior revogou a sentença em virtude à "liberdade de associação"[5]. Porém, em abril de 2014, o Supremo Tribunal dos Países Baixos, seguindo o conselho da Advocacia Geral do Estado, voltou ilegalizar a associação[6][7].

História

A ideia original de criar um grupo de apoio aos pedófilos foi desenvolvida originalmente por um ativista pedófilo chamado Theo, encarcerado por um delito sexual cometido em 's-Hertogenbosch. Enquanto cumpria condenação, e já desde a prisão, ele começou a editar a revista Martijn, elaborada inicialmente por três amigos na cidade de Hoogeveen. Em novembro de 1982 Martijn foi registrada oficialmente como associação na Câmara de Comércio dos Países Baixos e adotou o nome da revista Martijn.

Em 1986 Martijn mudou o nome para OK magazine, por "Ouderen-Kinderen" (Adultos-Crianças), com a vontade de se dirigir aos pedófilos em geral e não só aos pedófilos homossexuais, como tinha feito até então.[8] A revista incluía artigos sobre assuntos de atualidade relacionados com o tema, entrevistas, ensaios, narrações, poesia, resenhas de livros, cartas de leitores, ilustrações, endereços úteis e fotografias de crianças.[9][10] Ela foi, após o NAMBLA Bulletin, a revista pedófila mais durável.

Em 1994, após ter conseguido um status consultivo na Organização das Nações Unidas, a Associação Internacional de Gays e Lésbicas, pressionada pelo Senado dos Estados Unidos,[2][3] expulsou as associações pedófilas que fizeram parte dela até então, entre elas Martijn.

Após a chegada da internet, o site da associação tornou-se a principal plataforma para a difusão do seu ideário. Além de entrevistas, notícias e outras informações relacionadas com o tema, o site oferecia um arquivo digitalizado de revistas como Pan: A Magazine About Boy-Love, NAMBLA Bulletin, Koinos ou Kalos, entre outras. Também incluiu um fórum de debate com 186 membros registrados em agosto de 2009.

No 27 de junho de 2012, a Martijn foi ilegalizada pelo tribunal de Assen, que determinou a sua dissolução imediata. Embora esta se manteve sempre dentro da legalidade vigente, a promotoria argumentou que "as atividades e as ideias da associação são contrárias à ordem pública e à moral" Marthijn Uittenboogaard, ex-membro do conselho diretivo de Martijn, declarou então que era "um dia negro para a liberdade de expressão e o estado de direito"[11]. A associação se dissolveu imediatamente e o fechou o seu sítio na internet[11] A associação interpôs um recurso de apelação e no 2 de abril de 2013 o tribunal superior de Leeuwarden anulou a sentença. Este fundamentou a sua decisão no direito à liberdade de associação e no fato de as atividades da Martijn não poderem ser consideradas ilegais[5]. Porém, em abril de 2014, o Supremo Tribunal dos Países Baixos, seguindo o conselho da Advocacia Geral do Estado, voltou ilegalizar a associação e ordenou sua dissolução[6][12].

Ideologia

Martijn defende a possibilidade de consentimento e prazer mútuo nas relações sexuais entre adultos e crianças ou adolescentes e nega, como premissa básica, que estas sejam prejudiciais para os menores, contra o que considera um "dogma" moral sem fundamento científico. Desde essa perspectiva, a associação defende a descriminalização das relações sexuais consentidas entre adultos e menores, sem limite de idade.

Martijn propõe um código ético baseado em quatro regras que deveriam ser tidas em conta em todas as relação com menores:

  1. Consentimento, tanto do menor como do adulto;
  2. Abertura para os pais do menor;
  3. Liberdade para o menor de se retirar da relação em qualquer momento;
  4. Harmonia com o desenvolvimento do menor.

Este tipo de relações deveriam ter lugar, segundo Martijn, em uma sociedade "livre e humana", onde estivessem proibidas a "violência, a força e a dominação nas relações" e onde reinassem "a honestidade, a abertura de espírito, o prazer e o amor".

Embora a sua defesa das relações sexuais entre adultos e menores, a associação desaconselha qualquer atividade criminosa a respeito, entre outras razões para proteger os menores das consequências negativas que teria sobre eles uma eventual intervenção da lei. A sua declaração nesse sentido é inequívoca: “A associação Martijn aconselha a todos respeitarem a lei".

Referências

  1. Abonneer u eens op een tijdschrift voor pedofielen. Niewsblad.be, 2005-04-25.
  2. 2,0 2,1 Documentos sobre pornografía infantil en internet (em espanhol) Instituto Interamericano del Niño, la Niña y Adolescentes.
  3. 3,0 3,1 Smith, Bonnie. The Oxford Encyclopedia of Women in World History, Vol. I. Oxford: Oxford University Press, 2008, p. 602. ISBN 0195148908.
  4. Rechter verbiedt pedoclub Martijn
  5. 5,0 5,1 'Hof verwerpt verbod pedovereniging. NOS. Consulta 2013-04-02.
  6. 6,0 6,1 (em neerlandês) Coevert, Annemarie. «Hoge Raad: vereniging Martijn definitief verboden en ontbonden», 2014-04-18.
  7. (em espanhol) Ferrer, Isabel. «El Tribunal Supremo holandés prohíbe una asociación a favor de la pederastia», 2014-04-18.
  8. Carpentier, Philippe. "Du côté des revues" (em francês). L'Espoir. CRIES, nº 26 (julho-agosto 1986).
  9. Abonneer u eens op een tijdschrift voor pedofielen (em neerlandês). Nieuwsblad.be, abril 2005.
  10. We voeren een eenzame strijd (em neerlandês). Nieuswblad.be, abril 2005.
  11. 11,0 11,1 Illegale vereniging moet 'activiteiten' staken (em neerlandês). BNR, 2012-6-27.
  12. (em espanhol) Ferrer, Isabel. «El Tribunal Supremo holandês proíbe una asociación a favor de la pederastia», 2014-04-18.

Ver também

Predefinição:LGBT Predefinição:Identidade sexual

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