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Tradições populares em Oliveira de Azeméis

Introdução

Este trabalho tem como principal objectivo apresentar uma viagem pelos usos e costumes tradicionais de Oliveira de Azeméis, predominantes sobretudo nos finais do século XIX, início do século XX. Das crenças e lendas às festas religiosas, passando pelos ofícios e vestuário da época, o artesanato, a gastronomia, as danças, cantares e os seus "cantadores", sem esquecer as desfolhadas ou os magustos, num roteiro que pretende valorizar certos aspectos muito ligados à realidade de Oliveira de Azeméis. Ao mesmo tempo, não se esquece o património natural, arqueológico e arquitectónico e as infra-estruturas existentes para a prossecução deste que pode e deve ser um contributo diferente para um Projecto de Educação Patrimonial.

Não sendo o concelho de Oliveira de Azeméis muito rico em factos da história e, também por isso, não apresentando um conjunto monumental e arquitectónico de grande valor, é na cultura popular que assentam as suas mais profundas raízes.

Hoje, a velocidade galopante da vida moderna faz-nos esquecer, muitas vezes, os usos e costumes, as tradições e os saberes dos nossos antepassados. Reviver esses tempos idos, recordar a paz das aldeias, a alegria das coisas simples, em testemunhos plenos de sinceridade, são um contributo valioso para educar os filhos de hoje a saberem amar a sua terra e a(s) sua(s) história(s). Desta forma, o turismo sairia valorizado, e este seria um importante contributo para um Projecto de Educação Patrimonial. Para além disso, o concelho de Oliveira de Azeméis, pela sua importância e localização, é o pólo de onde floresce um turismo de negócios assente, apenas, no facto de ali estar sedeado um grande número de empresas. Contudo, tal como se apresenta, não tem um turismo de lazer evoluído, mas apenas o de recurso, vivendo com base em situações efémeras ou de casualidades mais ou menos bem sucedidas. É de extrema importância a definição de um Plano de Desenvolvimento Turístico, inventariando o que interessa e o que não interessa, separando as zonas cuja vocação não se coaduna com uma actividade turística e definindo as áreas com potencialidades para atrair o investimento.

Usos e costumes tradicionais

Vestuário

É a consulta aos mais idosos que nos permite conhecer os trajes de outros tempos, nomeadamente do final do século XIX, inícios do século XX.

Mesmo tratando-se do mesmo concelho, fala-se que, muitas vezes, os habitantes de freguesias muito próximas ostentavam diferentes trajes (COSTA, 1990, p. 34).

Aliás, as pessoas eram distinguidas pelo seu trajar: o camponês rico do remediado, por exemplo.

Outro factor de diferenciação era a quantidade de ouro transportado. Este era um factor de riqueza. Todas as mulheres tinham brincos. O poder económico e a riqueza viam-se pelo tamanho dos brincos, cordão e medalhas.

Não há qualquer obra publicada em Oliveira de Azeméis sobre esta temática. Recorremos a três responsáveis de Grupos Folclóricos, concretamente Teresa Leite, Amália Pinheira e Fernanda Quintino, as quais, em conversas informais, nos foram facultando diversas informações essenciais para a elaboração deste trabalho. Os diferentes ofícios dos finais do século XIX, inícios do século XX, de acordo com pesquisas efectuadas em diferentes grupos folclóricos do concelho são: Traje domingueiro feminino, Feirantes, Camponeses, Moleiros, Padeira, Tremoceira, Regueifeira, Sardinheira, Romeiros, Carvoeiros, Barbeiro, Sapateiro, Galinheira, Leiteira, Vidreiro, Criados, Noivos (ricos), Noivos (povo).

Artesanato

Apesar de algumas "artes" estarem já extintas, pelo falecimento de artesãos e pela falta de continuadores do seu trabalho, o concelho de Oliveira de Azeméis continua a ter muitos artesãos no activo. Não obstante a falta de um local onde estes possam mostrar publicamente o seu trabalho, com alguma dificuldade pode-se "visitar" os artesãos nos respectivos domicílios e adquirir peças de inestimável valor.

Destaca-se o seguinte artesanato: escultura, olaria em grés, artefactos em madeira, tanoaria, latoaria, cestaria, sacas e tapeçarias em tiras de farrapos, artefactos em arame, rodízios de madeira para moinhos e carros de bois, arcos de festa, vassouraria, cobres, vidro, escudelas, canastras e artigos em verga e vime.

Crenças / Lendas

As crenças/lendas mais conhecidas dizem respeito ao Santuário de La- Salette. Reza a história, e de acordo com o transcrito por António César Guedes (1985, p 3-52) que em Oliveira de Azeméis tudo começou em 1870 quando um Verão escaldante, como não havia memória, trazia as populações aterrorizadas. As nascentes secas, o solo empedernido, as plantas e as frutas definhadas; Tal era o panorama nesse mês de Julho que fazia prever a breve trecho o aspecto da fome e da miséria. Rezavam-se preces em todos os templos da região.

Perante este quadro horrível, o Abade da Paróquia de Oliveira de Azeméis, Padre João José Correia dos Santos, organizou a cinco do mês de Julho uma procissão de penitência levando o Santo Cristo até ao Monte de Crasto, junto ao velho Cruzeiro, que recordava a última "estação" do remoto Calvário. Aí, numa breve alocução, sugeriu a ideia de nesse mesmo local se construir uma capelinha em honra de Nossa Senhora da La-Salette. Segundo reza a tradição, muitos dos peregrinos antes de chegarem às suas casas foram apanhados por uma chuva copiosa que pôs termo a tão horrível seca. Logo se procurou dar cumprimento ao voto feito pelo Abade em momento tão angustioso.

Em 6 de Janeiro de 1871 lançava-se a primeira pedra para a Capela. A sua construção arrastou-se por vários anos e só foi concluída em 1880 graças aos esforços de uma comissão presidida por Bernardo José da Costa Bastos.

A imagem de Nossa Senhora de La-Salette, que havia sido esculpida no Porto, na oficina de Manuel Soares Oliveira, já desde 19 de Setembro de 1875, encontrava-se exposta na Igreja Matriz, esperando pela conclusão da sua capela.

Assim, no dia 19 de Setembro de 1880, foi intronizada a Imagem e inaugurada a capela, dando lugar a grandes festejos que atraíram a Oliveira de Azeméis um número impressionante de peregrinos calculado em 15 a 20 mil pessoas. Admitindo um certo exagero dos cronistas da época, o certo é que os festejos atingiram um brilho invulgar. Já na véspera, às 17 horas, o clero e a Comissão Promotora com a Filarmónica de Santiago de Riba-Ul e numerosos fiéis, procederam à bênção da nova capela. E toda a noite se trabalhou para preparar a grande procissão do dia seguinte. Desde a Igreja à capela todo o trajecto apresentava-se com bandeiras, galhardetes, arcos, verdes e muito mais.

Quando a Comissão Patriótica Oliveirense, em 1909, meteu mãos à obra para transformar num parque o árido e inóspito Monte dos Crastos, tomou também conta da capelinha que aí existia desde 1880 consagrada à Nossa Senhora da La-Salette. Em local tão isolado era preciso alguém que tomasse conta da capela e a abrisse quando necessário. A escolha da Comissão Patriótica recaiu num habitante do lugar de Cidacos conhecido pelo "Tio Martinho", homem honesto e cumpridor. Mas o "Tio Martinho" passou a andar preocupado: os roubos sucediam-se e não se descubram os culpados. E atingiu o máximo de falta de respeito e heresia quando roubaram um valioso anel, levando-o com o dedo mínimo da mão direita que partiram a Nossa Senhora. Assim, o "Tio Martinho", apesar de muito cansado, não pôs qualquer dificuldade quando a Comissão lhe pediu para ficar de guarda à capela durante a noite após as festas, dado que havia objectos de culto de valor que tinham servido nas festas, além da caixa de esmolas. Muniu-se de uma espingarda caçadeira que lhe emprestaram e preparou-se para passar a noite tomando as devidas precauções. Passado pouco tempo, acordou com um barulho na capela, mas do sítio onde estava (escadas que davam acesso ao pequeno côro), não via nem era visto. Pegou na arma e, espreitando, viu um vulto junto ao altar. Não esperou por mais nada: Meteu a arma à cara e disparou. Apesar da pequena distância a que disparou (a capela era pequenina), o vulto continuou de pé. O "Tio Martinho", que tinha outro cartucho na arma, aproximou-se intimando o intruso a manter-se quieto. E assim o manteve sob vigilância até o dia clarear. Nesta altura fechou-o bem na Sacristia e saindo cá fora começou a tocar o sinete da capela, ao mesmo tempo que gritava por ladrões. Em breve espaço de tempo tinha ocorrido muito povo, e cercando a capela, entraram no seu interior e prenderam o gatuno. Trouxeram-no para a vila e, na cadeia, foram examinados os ferimentos que se limitavam a alguns chumbos que tinham ficado à flor da pele e, caso curioso, o tiro tinha-lhe decepado o dedo mínimo da mão direita. Interrogado, confessou que tinha sido ele que algum tempo antes tinha roubado o anel e partido o dedo mínimo da mão direita da Nossa Senhora. O "Tio Martinho" voltou à capela e junto ao altar encontrou o dedo, ainda ensanguentado do gatuno. Curiosamente, tantos anos passados, e esse mesmo dedo ainda se encontra num frasco com álcool na actual capela.

Como é que os chumbos penetraram na pele, cortaram cerce o dedo do gatuno? O mesmo dedo que ele tinha partido a Nossa Senhora. Coincidência? Milagre?!...

Festas

São várias as festas e romarias de carácter religioso celebradas neste concelho (MORGADO, 1988, p. 37).

Começando pela própria cidade de Oliveira de Azeméis temos as festas em honra de Nossa Senhora de La-Salette, na segunda semana do mês de Agosto.

Nas freguesias temos em Carregosa a festa do Mártir S. Sebastião, em Janeiro, a festa de Nossa Senhora da Ribeira, em Agosto, as Festas de Santo António, a de Nossa Senhora de Lurdes no dia 1 de Agosto e a festa de S. Miguel que se efectua no mês de Setembro. Em Cesar, a festa de S. Pedro no primeiro domingo de Julho.

Chegando a Fajões temos a festa de Nossa Senhora da Ribeira, a de S. Martinho e a de S. Marcos.

As festas em honra de Nossa Senhora da Alumieira animam a freguesia de Loureiro na segunda-feira de Páscoa.

Em Macinhata da Seixa são celebrados o Santo António e o Santo André.

Em Madaíl o S. Mateus na segunda semana de Setembro.

Três são as festas que se fazem na freguesia de Ossela: a festa em honra de S. Frutuoso em Maio, a festa em honra de Nossa Senhora da Fonte e em Honra da Senhora da Graça.

Em Palmaz podemos visitar as festas em honra de Nossa Senhora da Piedade em Maio. Se preferirmos Agosto temos as festas de S. Lourenço ou no último domingo do mesmo mês as festas de S. Luís. No mês de Setembro ocorre ainda a festa da Senhora do Bom Despacho.

Em Pindelo, no dia 10 de Junho, celebra-se a festa do Corpo de Deus.

Na freguesia do Pinheiro da Bemposta são celebradas as festas de S. Paio, em Julho, de S. Luís, no último domingo de Agosto, da Senhora da Ribeira, de S. Silvestre e do Mártir S. Sebastião.

Falando de Santiago de Riba-Ul temos as Festas do Rio que se celebram durante toda a primeira semana de Agosto.

Em Travanca existem as festas em honra do Espírito Santo, no último domingo de Maio, da Nossa Senhora das Flores e de S. Martinho.

Nos dias 2 e 3 de Fevereiro é celebrado em Ul o S. Brás.

Na vila de Cucujães temos as festas do Santo António da Ínsua em Junho, de Nossa Senhora da Conceição e de Santa Luzia em 13 de Dezembro e também as festas do Mártir S. Sebastião. No fim do mês de Julho são celebradas as Romarias de S. Sebastião, também em Cucujães.

Em S. Roque, decorrem no lugar de Bustelo as festas de Santo António (Junho), com animado desfile de marchas.

Para além das festas populares, há a destacar de igual modo as desfolhadas. Segundo os nossos informantes, era tradição que o lavrador chamasse os amigos à sua eira, para a última desfolhada do ano. Homens e mulheres, com o traje de trabalho, sentavam-se à volta das espigas e, com a luz da lua, desfolhavam o milho, enquanto das gargantas saltavam cantares regionais. No final, o anfitrião oferecia as castanhas, o vinho e a boroa para, mais do que um acto de gratidão, festejar-se esta grande festa do Outono. O serão começava com os habituais cumprimentos entre todos. Depois de todos se sentarem, os cestos eram enchidos, aos poucos, com o milho já desfolhado. O anfitrião, entretanto, separava as espigas do folhedo e eis que surgia uma espiga de "milho-rei". Aí, o homem tinha de levantar-se, beijar as mulheres e "apertar o bacalhau" aos homens.

Uma das figuras mais características era o "encarapuçado", ou "serandeiro", o qual não era convidado do dono da quinta. Enquanto as mulheres aguardavam pelo beijo, este circulava por entre as pessoas, para ver se a sua noiva se encontrava lá pelo meio. Como este intruso não queria ser descoberto, vestia uma capa preta e colocava um capuz, que as raparigas tentavam tirar para descobrirem quem era, afinal, aquele visitante misterioso...

Enquanto os cestos se enchiam, o carregador transportava-os para o canastro, protegendo-se com um capuz de linhagem e, nos pés, calçando umas pesadas chancas. Depois de terminado o longo conclave, a hora era de varrer a eira, com uma vassoura de giesta. Mas a festa ainda não tinha acabado! Mulheres de um lado, homens do outro, começava o canto ao desafio. Cada grupo, pela voz do chefe, tinha de responder ao outro, até que um não tivesse mais improviso para continuar. Depois, castanhas, vinho e boroa com fartura...

Enquanto todos cantavam, dançavam, comiam e bebiam, o milho repousava no canastro, permanecendo ali durante alguns meses, até ficar seco. A tarefa seguinte seria malhá-lo e limpá-lo para, finalmente, ir para a moagem.

Avivar a memória dos mais velhos e ensinar aos mais novos estas tradições, para que elas não se percam, é tarefa que algumas Associações têm vindo a desenvolver neste concelho. Contudo, estas iniciativas não têm um aproveitamento turístico e/ou pedagógico, acontecem por iniciativa de uns e convites a poucos, sem uma divulgação cuidada e atenta.

Em todo o concelho comemorava-se o S. Martinho, em Novembro, e há freguesias que conseguem mobilizar muitas pessoas, que empolgam esta tradição. Na base da festa está o vinho novo que, das pipas e torneiras, sai para o torro, constituindo motivo de prova. As castanhas assadas, ainda a fumegar, são passadas de mão em mão, sendo este o melhor aperitivo para o acompanhamento do precioso liquido. No borralho assam-se as castanhas e da pipa vem o carrascão ou a saborosa água-pé, a qual saboreia-se e bebe-se em honra a S. Martinho, o santinho sempre evocado, amigo dos pobres, até ao ponto de ter cortado a sua capa para agasalhar dois pedintes... Reconstituir estas tradições populares, tarefa anual dos homens da terra noutros tempos, torna-se deveras importante.

Reconstituindo, transmite-se às gerações vindouras, envolve-se as populações e os forasteiros, ávidos por conhecer estas tradições populares.

Folclore

O concelho de Oliveira de Azeméis tem 12 ranchos folclóricos.

A preservação dos usos e costumes, e o seu reviver, faz parte dos objectivos destas agremiações. Eis os seus nomes:

Grupo Folclórico Infantil e Juvenil de Cucujães, Rancho Folclórico As Ceifeiras de S. Martinho de Fajões, Grupo Folclórico de Cidacos, Grupo Os Pauliteiros de Ossela, Grupo Folclórico de Palmaz, Grupo Folclórico e Etnográfico de Palmaz, Rancho Folclórico Juventude Santa Maria de Pindelo, Rancho Folclórico Recordar é Viver, Rancho Folclórico "A Chama", Rancho Folclórico Cravos e Rosas, Rancho Folclórico As Padeirinhas de Ul e Rancho Folclórico de S. Miguel de Azagães.

O concelho, rico como é em tradições etnográficas e folclóricas, não pode esquecer estas colectividades, que muitas vezes vivem com dificuldades para concretizarem os seus objectivos.

O papel e a importância das danças, cantares e trajes, como retrato fiel das regiões a que estão ligadas, merece, por isso, um debate amplo e sério. Embora a Federação do Folclore Português – organismo máximo da tutela deste sector - impeça adulterações etnográficas, já que a inscrição neste organismo obedece a certos requisitos, o certo é que há grupos que não conhecem o carácter testemunhal dos trajes, das cantigas e danças. Muitas vezes, por falta de formação dos seus dirigentes, os ranchos querem o "bonitinho", esquecendo que este, muitas vezes, não simboliza as tradições do povo e a época que pretende retratar. Um dos erros mais flagrantes, notado com frequência, é o uso de meias bordadas num traje de campo e de trabalho...

Apesar da hipótese de estarmos a assistir, portanto, ao "gato por lebre", quando presenciamos a qualquer Festival de Folclore, estes são sempre aguardados com enorme expectativa. Afinal, o Folclore é uma tradição das mais genuínas...

Quanto ao concelho de Oliveira de Azeméis, a riqueza do seu folclore tem contribuído para o desenvolvimento do turismo. Contudo, dadas as poucas condições de trabalho da maioria dos grupos, aquilo que nos é dado ver é, cada vez mais, uma imagem desfocada de uma realidade que já foi, e apenas é, conhecida na memória dos mais idosos. E disto são unânimes os nossos interlocutores.

Não podemos esquecer a questão dos "cifrões". Um distrito com muitas dezenas de ranchos, algumas entidades e organismos oficiais parecem ver o renascimento do folclore com maus olhos, pois a recolha dos costumes de outrora é cara, o dinheiro é escasso (a maioria dos grupos subsiste à base de pequenos subsídios, quando os há) e há uma urgente necessidade de dar a estas agremiações as verbas à altura da sua importância.

O folclore não é só as danças e os cantares; É tudo o que o povo espiritualmente transmite de geração em geração. Neste "tudo" cabem os jogos e tradições antigas, em suma, o fruto do fenómeno das aculturações.

O povo aprende sem saber quem o ensinou. É por isso que assistimos, em diferentes regiões, às mesmas danças e cantares dançadas e cantadas com ligeiras alterações. Isto é o reflexo da forma como o povo captou essa dança ou cantoria, adaptando-a à sua maneira de estar e ao seu sentimentalismo, bem como é reflexo das vias como essa dança ou cantoria chegou a essa região.

O comportamento das pessoas de hoje é totalmente diferente de há 70, 80 ou 100 anos. Logo, para recriar esses tempos, temos de nos isentar da vida que levamos actualmente, viajando até ao passado e, depois, no regresso ao presente, temos de reconstituir o mais fielmente possível o que pesquisámos. Divulgar as danças e cantares regionais é, acima de tudo, apresentar um verdadeiro "museu-vivo". O modo de vida dos nossos antepassados é pretexto para trabalhos de investigação levados a cabo, sobretudo, por ranchos folclóricos que, depois, os apresentam em festivais no concelho, no país e no estrangeiro.

Normalmente, um grupo folclórico inicia uma actuação com a rusga. Tal como o nome indica, esta "moda" era dançada e cantada nas caminhadas que se faziam, em grupo, às festas e romarias. A seguir, vêm danças movimentadas e alegres. Por exemplo, esta "moda": Após uma tarefa cumprida, apesar do cansaço, todos se juntavam para alegremente cantarem e dançarem as músicas que surgiam com facilidade e iam enriquecendo o nosso património cultural. Os "viras" são, pois, o retractar dessa riqueza que tão importante é preservar e divulgar.

O nosso povo tinha uma vida muito dura, mas não deixavam de ser pessoas muito unidas. Trabalhavam de sol a sol, mas os seus trabalhos rudes não lhes tiravam a vontade de dançar. As danças alegres que animavam as eiras ou os terreiros devem ser retratadas. Os grupos folclóricos do concelho de Oliveira de Azeméis retratam, muitas vezes, o quotidiano de Aveiro, capital deste distrito. As suas marinhas de sal, a ria ou o farol da Barra, são temas que servem de inspiração.

Mas não só Aveiro e Portugal influenciam as tradições deste povo. Muitos espanhóis, naturais da Galiza, vieram há 100 anos para esta região trabalhar na construção da linha do Caminho de Ferro. Aqui se instalaram, partilhando culturas. Mas não quiseram deixar passar a oportunidade sem mostrar que também sabiam dançar e que, tal como nós, tinham o seu folclore. E os "viras" espanhóis são muito apreciados.

De entre as muitas "modas", outra há que merece referência: "Ciranda" era o nome que o povo dava ao crivo ou peneira. Este era um instrumento que servia para separar os cereais ou o feijão das impurezas. Então, a "ciranda" servia para "cirandar"! Em conjunto, no espírito de entre-ajuda comum no povo daquele tempo, juntos dançava-se com este instrumento.

Retratar as danças e cantares de outros tempos, é relembrar as mulheres que quebravam a monotonia dos seus trabalhos domésticos com cantigas arrastadas, dado o cansaço que era provocado pelas duras tarefas ou pelo calor. Estas cantigas, ou cantadas, eram muito comuns nos trabalhos do linho, nas ceifadas e nas cortadas. Muito ricas, sem dúvida.

Dos nomes que se dão hoje a essas "modas", destaca-se os seguintes: "A Rusga", "A Moda Nova", "Lambão", "Vira", "Vão as Madamas ao meio", "A Cana Real das Canas", A Ciranda", "O Tome Rebelo" e outras muitas vezes com nomes próprios de pessoas, já muito idosas ou que já faleceram mas marcaram uma época ou uma geração.

Gastronomia

Com ou sem influências da gastronomia de outras regiões, sobretudo da Beira Alta, Oliveira de Azeméis tem, na verdade, pratos caracteristicamente seus, confeccionados por famílias que ficaram conhecidas na História do seu lugar, exactamente por esta ou aquela especialidade.

Seria interessante que os restaurantes do concelho apresentassem, a par das suas ementas habituais, estes pratos, como um contributo para a preservação da nossa gastronomia que, apesar de tudo, poderemos considerar, ainda, muito rica: Vitela assada no forno; Papas S. Miguel; Arroz de Ossos do Suã – Cesar; Borrego (Anho) à moda de Fajões; Pão de Ul; Queijadinhas de cenoura; Formigos Cesarenses; Caladinhos; Beijinhos de Azeméis; Rabanadas; Sopa Seca; Rojoada com arroz de feijão; Nacão de porco (mais recente), zamacóis, etc..

Aqui ficam alguns dos pratos regionais mais reconhecidos como sendo oliveirenses. Também os doces e o pão de Ul enriquecem esta pequena lista, à qual muitas outras especialidades poderiam ser acrescentadas.

Diversas correntes de opinião defendem que a gastronomia do concelho de Oliveira de Azeméis é pobre, quase inexistente. Partindo dessa hipótese, e tentando confirmá-la ou desmenti-la, lançamos mãos ao trabalho. Ao conversar com alguns estudiosos na matéria, pudemos chegar à conclusão que esta premissa tem a sua razão de existir, apesar de assentar em critérios falsos ou pelo menos fundamentados em bases menos verdadeiras. Para a enraização desta ideia, muito contribuiu o esquecimento em que caíram os pratos típicos regionais e as receitas caseiras de outras épocas e, sobretudo, a inexistência de uma recolha profunda ou de um levantamento dos mesmos.

Por outro lado, tal como noutras regiões, a nossa gastronomia sofreu algumas influências, não menos positivas, advindas do facto de Oliveira de Azeméis ser um ponto geográfico de confluência de diversas culturas e etnografias. É que não podemos esquecer que este concelho desempenhou um papel importante na Mala-Posta, de acordo com SANTOS (1979, p. 16) o que obrigava a passagem, pelo burgo, de outros povos e de outras tradições. Esta situação possibilitou a troca de ideias, de conceitos, usos e costumes, quer a nível etnográfico e cultural, quer a nível gastronómico e outros, entre pessoas tão diferentes. As Beiras interligaram-se e difundiram-se entre si. A gastronomia não foi excepção.

Na obra de Eça de Queirós, várias são as referências a Oliveira de Azeméis. No seu livro "A Capital", o típico "Botequim da Corcovada" leva-nos a acreditar que Eça de Queirós conhecia (e referia-se) ao velho botequim oliveirense do largo de Santo António, que existiu no século XIX. (QUEIRÓS, 1980, p. 9).

Esta opinião é partilhada por Alberto Couto (1985, p. 14) que, no seu estudo "Eça de Queirós e Oliveira de Azeméis", salienta: "Pois sucede que o botequim que existiu no Largo de Santo António, em Oliveira de Azeméis, num prédio também já desaparecido, era pertença de umas damas, geralmente conhecidas pelas "senhoras do Botequim". Naquele lugar se reunia a finaflor da vila e arrabaldes, a denotar preferência pelos acepipes fabricados na cozinha da casa e pelo monumental bilhar, que era, sem dúvida, o mais aprazível divertimento da época (...)"

O Dr. Maurício Antonino Fernandes, ex-director da Casa-Museu Regional de Oliveira de Azeméis e historiador da região, em entrevista pessoal também nos falou um pouco deste botequim:

"Tinha a cozinha, onde se confeccionava óptimos pitéus, uma sala de jantar e uma varanda virada para o Caima. Era um encanto. Aí iam muitas pessoas passar a sua noite a jogar, a comer e a petiscar. Como não havia televisão, assim passavam o tempo deliciando-se com os pitéus da casa; Havia o gosto em preparar esses pitéus.

A proprietária tinha já uma certa idade, talvez o seu porte físico teria levado Eça de Queirós a falar da Casa da Corcovada..." Agora o Botequim de Santo António já não existe, dando lugar a um chalé brasileiro. Não obstante, as escadas que davam para o lado da praça ainda lá estão, do lado de dentro.

Se este Botequim de Santo António desempenhou um papel importante na gastronomia oliveirense do seu tempo, não menos importância teve a Coutada do Côvo.

Dizia-nos o Dr. Maurício Fernandes:

"Já no tempo de D. Manuel, na Coutada do Côvo, eram frequentes as caçadas ao javali (porco bravo), ao coelho e à perdiz - entre outros -, caçadas estas que se tornaram, anualmente, tradicionais.

No fim, havia sempre o assar dos animais caçados, as petiscadas no espeto... isto faz parte da história da Gastronomia nacional". Para além disso, o concelho possuía rios ricos, na época não poluídos, sendo a pesca privilégio só de alguns senhores. Os condes da Feira tinham privilégios da pesca na área que ia de Ul até S. João da Madeira, enquanto os senhores de Angeja possuíam a reserva do Caima, etc..

"A pesca dava origem a que fossem confeccionados determinados pitéus. Todos assados no espeto e servidos com arroz de forno em caçarolas de barro. Aqui existiam muitos tipos de peixe de água doce, com os quais se faziam certos pratos característicos...", refere o historiador.

Mas os menos abastados tinham, também, os seus pratos característicos, tendo em conta o que nos disse Lindolfo Ribeiro, um profundo conhecedor destas coisas de gastronomia e mestre culinário com programa televisivo regular.

"O Pão de Ul é caracterizadamente oliveirense. Isso ninguém nega. Com esse pão fazia-se a sopa seca. Era uma sobremesa fácil e barata, já que constava apenas de pão de Ul, açúcar amarelo, folha e casca de laranja, e, também, manteiga..."

A tradição conventual, referida tanto por Lindolfo Ribeiro, quanto pelo Dr. Maurício, está ainda bem patente na nossa gastronomia.

A proximidade geográfica de Arouca, as relações familiares e, sobretudo, o Mosteiro de Cucujães - Beneditino -, permitiram este tipo de influência.

"Os mosteiros eram uma espécie de escola, não só para as freiras, como para as criadas de famílias mais ricas", alerta-nos o Dr. Maurício Fernandes.

São cerca de doze ou catorze as variedades de doces que foram trazidos para Oliveira de Azeméis, com enormes características conventuais. Línguas de gato e morcelas, são apenas duas das muitas que a própria criada do Côvo aprendeu... ela que foi, também, servidora de Eça de Queirós, na chamada Casa de Tormes.

Tendo em conta a opinião deste profissional de restauração e cozinha, do historiador Dr. Maurício Fernandes e a nossa própria, por unanimidade se pode afirmar que o que faz falta é uma recolha cuidada destes pratos regionais, no sentido de os preservar e promover. Mesmo em termos de recolha bibliográfica, nenhum dos nossos interlocutores tem obra publicada sobre esta temática. O ex-libris gastronómico do concelho é Pão de Ul, caracterizadamente típico, não só pelo seu excepcional sabor, como pela forma tradicional que apresenta. Assim, o Pão de Ul torna-se único no mundo, um verdadeiro "ex-libris" da gastronomia oliveirense. A sua confecção é, no entanto, simples, numa mistura sábia de farinha, água, sal e fermento. O segredo reside, precisamente, na maneira de o amassar (à mão) e do seu cozimento (em forno de lenha). Contudo, encontrar Pão de Ul à venda torna-se uma tarefa quase impossível.

Património

Património Natural

De acordo com os dados que nos são fornecidos pelo PDM – Plano Director Municipal, o qual serviu de base para este capítulo, o relevo do concelho é marcado pela baixa altitude, com valores que rondam os 200 a 250 metros, embora se possam encontrar pontos situados acima dos 500 metros de altitude.

Esta situação encontra-se principalmente na parte leste do concelho, em freguesias como Palmaz, Ossela, Carregosa e Fajões. Em contrapartida temos S. Martinho da Gândara e Loureiro, freguesias da parte oeste do concelho, que apresentam valores muito baixos, sendo em certos casos inferiores aos 100 metros. A responsabilidade da movimentação do relevo, na sua maior parte, é das linhas de água que ao longo do tempo têm vindo a provocar a erosão e o encaixe dos respectivos vales.

Oliveira de Azeméis possui um clima Temperado Mediterrânico, com valores de precipitação elevados. Ao mesmo tempo, meses há em que a precipitação é menor ou igual a duas vezes o valor da temperatura.

Em termos de hidrografia, o concelho está incluído na Bacia Hidrográfica do Vouga, do qual o Caima é afluente. Como rios temos, exactamente, o Caima, que é o principal rio que atravessa o concelho. Nasce na Serra da Freita e atravessa as freguesias de Ossela e Palmaz, sensivelmente com uma ligeira orientação nordeste-sudeste. Com esta mesma orientação, o Antuã tem a sua nascente nas Alagoas, no concelho de Arouca, e segue em direcção a Ul, onde recebe o Rio Ul. Para além destes três rios, a rede hidrográfica é caracterizada pela existência de pequenos rios e ribeiras afluentes, como por exemplo a ribeira da Felgueira e a ribeira da Filvida, ambas afluentes do rio Caima; o rio Ul tem também como afluentes a ribeira do Pintor e o rio Cercal; apenas o rio Antuã não possui nenhum rio ou ribeira merecedores de registo.

No que diz respeito à caracterização florestal, aproximadamente 69% do território de Oliveira de Azeméis classifica-se com predominância de solos de aptidão florestal. Os povoamentos florestais do concelho são constituídos, essencialmente, por pinheiro bravo e eucalipto, formando manchas contínuas. Constata-se também que já houve, e ainda há, embora já em menor escala, a substituição do pinheiro por eucalipto.

Património Arqueológico

De acordo com o PDM – Plano Director Municipal de Oliveira de Azeméis – neste Município podemos mencionar as áreas protegidas de La-Salette, da Lomba e do Castilho.

No concelho encontramos, na freguesia de Carregosa, a Mamoa de Silvares, em Cesar a área protegida do Monte Calvo pertencente à Serra da Naia e igualmente a área protegida do Monte Calvo mas do lado da Serra do Pinheiro. Na freguesia de Fajões, a Mamoa de Mourisca.

Passando a Loureiro, encontramos a Mamoa das Almas Mouras e a área protegida do Antuã. Em Ossela existe o Castro das Baralhas. A área protegida da Mó e a área protegida da Raposeira são em Palmaz.

Na freguesia de Santiago de Riba-Ul, a Mamoa do Peralta, o Castro de Vila Cova e a área protegida do Calvário. Em S. Martinho da Gândara, o Castro do Troncal.

Em Travanca temos a área protegida das Flores e o Castro de Damonde e, por último, na freguesia de Ul encontra-se o Castro de Ul e a Mamoa da Baixa.

São quase ignorados os traços primitivos da região onde assenta o concelho de Oliveira de Azeméis. Contudo, os machados de silex encontrados, em especial os de 1899 no rio Caima, são a excepção. Mas, o que é importante é que estes objectos provam que na denominada idade da Pedra Polida o Homem ali exerceu a sua actividade, tão restrita de recursos. Os vestígios de primitivos povoamentos pré-históricos são muitos, encontrados nos seus cinco Crastos.

O reconhecimento dos Crastos em diversos pontos do concelho é o que vem denunciar que os antigos habitantes da região procuravam os cerros montanhosos para ali instalarem os seus redutos. Estes povos costumavam escolher para sua defesa as escarpas dos montes, instalando baluartes, muralhas e fossos. Porém, o que verdadeiramente constituía fortins muralhados eram os castros. Os pequenos povoados aglomeravam-se, pelo menos, na vizinhança das cividades e castros, onde buscavam abrigo para pessoas e bens, ao mínimo sinal de incursão.

Seu testemunho as diversas mós encontradas em vários locais do actual concelho principalmente no Castelhão de Oliveira, próximo da Igreja Matriz e no Largo do Senhor da Campa, em Santiago de Riba-Ul.

Património Arquitectónico

Na cidade de Oliveira de Azeméis destacam-se as seguintes casas senhoriais: Solar dos Morgados de Santo António, Casa dos Corte-Reais (Cidacos), Casa dos Barreto-Feio, Casa da Família Albuquerque, a Casa do Brasileiro, a Casa Amarela da Família Adelino de Carvalho, a Casa dos Sequeira Monterroso, duas Casas já em elevado grau de degradação na Rua António Luís Gomes Filho, a Casa da Família Guerra e a Casa dos Monteiros.

No concelho temos em Carregosa, a Casa da Quinta da Póvoa e a Casa da Ínsua; Em Loureiro a Casa do Frei Caetano Brandão e a Casa do Barão; Em Cesar a Casa D. Maria e, em Macieira de Sarnes, a Casa Resende, a Casa do Touto e a Casa do Passadiço; A Casa das Terras, a Casa do Dr. Bodas, a Casa Rufino Fonseca e a Casa Barbedo são património da freguesia de Macinhata da Seixa. Em Madaíl são destaque a Casa do Manica e a Casa dos Cambeiras; São três as Casas Senhoriais existentes na freguesia de Nogueira do Cravo, a Casa de Martins Portugal, a Casa do Lima e a Casa do Torreal; Em Palmaz apenas uma casa situada em Nespereira de Cima; O Pinheiro da Bemposta é a freguesia mais rica: Aqui é possível encontrar, algumas já bastante degradadas, as seguintes casas: a Casa de Fonte-Chã, a Casa de S. Gonçalo, a Casa da D. Joaninha, a Casa do Dr. Norberto, a Casa do Cruzeiro, a Casa dos Melos, a Casa do Engenheiro Carlos Ribeiro, a Casa do Dr. Corte-Real, a Casa do Arco, a Casa do Dr. Tomás, a Casa Soares de Pinho e a Casa da Malaposta; Em Santiago de Riba-Ul a Casa do Comandante e a Casa Agrícola das Cortinhas e, finalmente, em S. Roque a Casa do Côvo.

Ao longo das freguesias, aí sim, é bastante mais fácil encontrar grandes Quintas e Solares dos séculos passados.

Começando por Carregosa encontramos logo a Quinta de Santo António, seguida pela maior quinta de todo o concelho, a Quinta da Costeira. Existe também nesta freguesia a Quinta do Padre Aguiar. Seguindo para Cesar passamos pela Quinta do Outeiro, a Quinta Verde, a Quinta da Herdade e a Quinta do Sr. Amorim. Em Fajões temos apenas a Quinta da Vermiosa e um palacete datado de 1915 que ainda não está classificado. Chegando a Macinhata da Seixa, vemos a Quinta do Alméu e a Quinta do Fundo do Lagar. A Quinta das Camélias é a única existente na freguesia de Madaíl. Também em Macieira de Sarnes só temos uma quinta a salientar, a Quinta do Conde de Campo Belo. Quando passamos em Palmaz encontramos a Quinta do Casinhoto, a Quinta das Pamplonas e a Quinta de Baixo. No Pinheiro da Bemposta, talvez a freguesia com mais Quintas e Solares em todo o concelho, podemos ver a Quinta do Calvário, a Quinta do Passal, a Quinta de Vera-Cruz, a Quinta do Barral e a Quinta do Sobreiro. A Quinta de Carcavelos é a única existente em Santiago de Riba-Ul. Chegando a S. Martinho da Gândara encontramos a Quinta do Troncal e em Ul a Quinta de Adães. Na freguesia de Cucujães temos a Quinta do Sol, a Quinta Brandão, a Quinta do Picoto, a Quinta do Barreiro, a Quinta da Dna. Beatriz Brás, a Quinta da Família Macedo e a Quinta do Seminário. Em S. Roque, a Quinta do Côvo.

Ao nível arquitectónico, destaca-se um conjunto elevado de Igrejas

Na cidade de Oliveira de Azeméis, situa-se, mesmo no centro, a Igreja Matriz, cujo orago é S. Miguel. No que diz respeito a Capelas, podemos referir a Capela de La-Salette e a Capela de S. Lourenço. Paralelamente encontramos também as Alminhas de Passos e umas outras Alminhas das quais o nome é desconhecido, bem como é também desconhecido o nome de um cruzeiro existente em plena cidade.

No concelho, a oferta é, naturalmente, maior. Começamos pela Igreja Matriz de Carregosa, a Igreja Paroquial de Loureiro, a Igreja Matriz de S. Macinhata da Seixa, a Igreja Matriz da freguesia de Palmaz, a Igreja Paroquial do Pinheiro da Bemposta. Na freguesia de S. Martinho da Gândara temos também a Igreja Matriz e em Travanca a sua Igreja Paroquial e, por fim, em Ul a Igreja Matriz. Algumas das Igrejas mencionadas não se encontram nos dias de hoje no seu melhor estado de conservação, no entanto, tem sido feito um esforço por parte das entidades competentes para a execução de toda uma vasta obra para manutenção e restauro das mesmas. Ao longo de todas as freguesias são inúmeras as capelas existentes. Assim é possível encontrar a Capela de Nossa Senhora da Ribeira, a Capela de Nossa Senhora de Lurdes, a Capela de Azagães, a Capela de Nossa Senhora da Guia e a Capela de Nossa Senhora de Silvares na freguesia de Carregosa. Em Cesar temos a Capela da Sra. da Graça e a Capela de Vilarinho. Fajões oferece-nos a Capela do Coto e a Capela de S. Marcos. Em Loureiro podemos visitar as Capelas de Santo António, do Faial, da Alumieira e de Nossa Senhora da Esperança. Chegando a Macinhata da Seixa vemos duas capelas, a de Santo António e a de Nossa Senhora do Socorro. Na freguesia de Nogueira do Cravo temos a Capela de Santo Antão e a de Nossa Senhora dos Prazeres. A Capela do Sr. da Fonte, a Capela de S. Frutuoso, a Capela do Mosteiro, a Capela da Sra. da Graça e a Capela da Sra. da Lapa são património de Ossela. Em Palmaz é possível encontrar a Capela de S. Lourenço, a de Nossa Senhora da Piedade, de S. Gonçalo, de S. Luís, de S. João e a Capela de Nossa Senhora da Memória. Pinheiro da Bemposta tem três capelas dignas de visita, a Capela de S. Sebastião, a Capela de S. Silvestre e a Capela de S. Luís. Em Santiago de Riba-Ul podemos visitar a Capela das Garridas e a Capela do Sr. da Campa. Em Travanca apenas temos a Capela de Nossa Senhora das Flores. Chegando a Ul encontramos a Capela de Adães. Em Cucujães a Capela da Santa Luzia, a Capela de Nossa Senhora da Conceição e a Capela de Santo António. Em S. Roque as Capelas de Santo António, Nª Srª da Conceição (Côvo) e de Samil.

Já no que diz respeito às alminhas e cruzeiros, na freguesia de Carregosa existem três cruzeiros – de Teamonde, da Igreja Matriz e da Capela de Azagães.

Em Macieira de Sarnes encontramos um Cruzeiro digno de registo e, em Macinhata da Seixa, temos as Alminhas do Senhor da Ponte. O Cruzeiro do Souto, o Cruzeiro da Residência e as Alminhas do Muro são património da freguesia de Madaíl. No Pinheiro da Bemposta temos como única referência o Cruzeiro Paroquial e em Santiago de Riba-Ul as Alminhas dos Franceses.

Na Vila de Cucujães o Mosteiro Beneditino merece uma visita.

No que diz respeito à Arquitectura Civil, e como edifícios de construção actual que mereçam destaque, temos o edifício do antigo colégio, o edifício do café Xá-Xá-Xá, um edifício na rua Conde Santiago de Lobão, o edifício do Banco Pinto & Sotto Mayor, o edifício Ferreira de Castro, a Garagem Justino, o edifício da escola, o edifício da Farmácia Moderna, um edifício na Rua Dr. Pinto Basto e o edifício dos Correios. A estes juntam-se o Palácio da Justiça, o Tribunal do Trabalho e os Paços do Concelho. Distribuídos pelas freguesias temos o edifício dos Correios em Carregosa, o núcleo urbano do Largo da Igreja em Cesar, o edifício da ex–Junta de Freguesia em Fajões, a escola primária em Palmaz, a ponte sobre o rio Caima, a escola do Pardieiro em S. Martinho da Gândara, o núcleo urbano de Samil (freguesia de S. Roque), o edifício da Junta de Freguesia em Travanca. Em Cucujães, o antigo e o actual edifícios da Junta de Freguesia, o edifício das Finanças, o edifício do Centro de Saúde, o antigo cinema e o edifício da Estação dos CTT.

Infra-estruturas

Locais para a realização de eventos

Se devidamente adaptados para o efeito, muitos seriam os locais de Oliveira de Azeméis que podiam e deviam ser revitalizados através da realização de iniciativas recreativas e culturais.

A preservação dos usos e costumes tradicionais só pode acontecer de facto, se forem organizados e realizados eventos que motivem, promovam e facilitem a intervenção de uma maior e activa participação dos habitantes locais, e dos turistas por esta temática. O público deve ser estimulado a apropriar o património e a usá-lo, para, assim o poder preservar, proteger e amar.

Espaços ao ar-livre não faltam. Um projecto integrado de desenvolvimento turístico deve contemplar animação turística junto a monumentos, praças, largos e ruas. Para além de revitalizar esse(s) espaço(s), o comércio local é incrementado, nomeadamente o dito tradicional, o que nos dias de hoje, e perante a conjuntura social e económica vigente, é imprescindível.

Assim, na cidade de Oliveira de Azeméis espaços há que merecem receber animação turística: As ruas antigas do centro histórico nomeadamente as ruas Bento Carqueja e António Alegria, Largo de S. Miguel e Jardim da Praça José da Costa; escadaria da Igreja Matriz; Largo da República, aproveitando o Solar dos Morgados de Santo António e os Paços do Concelho. Na área mais moderna da cidade, o Largo Luís de Camões ou o Largo do Gemini são, em suma, locais ideais para a movimentação de pessoas, para o incremento de animação turística.

Mas muitas iniciativas não podem ser realizadas ao ar-livre. Aqui os espaços são mais escassos: Cine-Teatro Caracas ou os cinemas Gémini, Salão Nobre da Câmara Municipal e o Auditório da Junta de Freguesia de Oliveira de Azeméis, Salas do Hotel Dighton, Estalagem S. Miguel e restaurante Rainha (estes dois últimos actualmente encerrados). Para a realização de recriações históricas, o mais adequado são os espaços que, por si só, tenham um valor histórico significativo. Na cidade estes não abundam, a não ser a Igreja Matriz. Quintas e solares existem que podiam ser aproveitados para o efeito, no entanto, sendo propriedade privada, os respectivos proprietários parecem não estar sensibilizados ou, por outro lado, nada foi organizado até agora que valesse a pena a cedência dos espaços.

Nas freguesias: Quinta da Costeira e capela, em Carregosa; Mosteiro Beneditino de Cucujães; lugar da Bemposta, no Pinheiro da Bemposta; Parque do Rio Caima e zona de Canastros antigos, ambos em Palmaz; Quinta do Côvo, em S. Roque; Casa-Museu Ferreira de Castro e biblioteca, em Ossela; Monte de S. Marcos, em Fajões; Largo da Feira dos 18, em Cesar; Casa do Torreão, em Cucujães; Largo da Alumieira e Quinta do Barão, em Loureiro.

Para além destes, regista-se Igrejas e Capelas em todo o concelho, a grande maioria habilitadas a receber iniciativas de âmbito cultural.

Por fim, o local mais aprazível do concelho: O frondoso Parque de La-Salette. O verde, as ruas estreitas e típicas ladeadas de árvores de muitas espécies, a basílica, o escadório e o padrão dos descobrimentos, os miradouros, o lago e a ponte, o coreto, as piscinas municipais, são possíveis alvos de um Plano de Desenvolvimento Turístico. Contudo, há dois espaços neste Parque que se encontram encerrados e que, se devidamente recuperados, traduzir-se-iam numa mais-valia para o turismo: a biblioteca infantil e a denominada "Casa das Heras". Este último poder-se-ia transformar num centro de interpretação e educação ambiental.

Hotelaria / Alojamento

Na cidade há duas unidades hoteleiras de quatro estrelas: Hotel Dighton, com 100 quartos, dois restaurantes, bar, sala de conferências; Hotel Rural Vale do Rio.

Para além destas, destaca-se as duas casas vocacionadas para turismo de habitação; a Residencial La-Salette (2 estrelas) e a Pensão Anacleto (2 estrelas), ambas com restaurante.

No Pinheiro da Bemposta, situa-se a Residencial Pinheirense, com restaurante.

Referências bibliográficas

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SANTOS, Valter (1979). Oliveira de Azeméis e o seu Concelho. Oliveira de Azeméis: ed. do autor

Informantes

CASTRO, Amadeu, 17 ano de idade, natural de S. Tiago de Riba-Ul

COSTA, António, 93 anos de idade, natural de São Roque

COSTA, José, 72 anos de idade, natural de São Roque

COSTA, Manuel, 39 anos de idade, natural de Macinhata da Seixa

COSTA, Maria Celeste, 63 anos de idade, natural de São Roque

COSTA, Sérgio, 31 anos de idade, natural de Silvalde

DOMINGUES, Gaspar, 68 anos de idade, natural de Oliveira de Azeméis

FERNANDES, Maurício, 65 anos de idade, natural de Oliveira de Azeméis

LEITE, Teresa, 45 anos de idade, natural de São Roque

NADAIS, Ana, 34 anos de idade, natural da Branca

PINHEIRA, Amália, 49 anos de idade, natural de Palmaz

PINHO, Maria, 94 anos de idade, natural de Pindelo

QUINTINO, Fernanda, 45 anos de idade, natural de São Roque

RIBEIRO, Lindolfo, 48 anos de idade, natural de Cesar

SANTOS, Augusto, 70 anos de idade, natural de Arcozelo

SILVA, António, 101 anos de idade, natural de Macieira de Sarnes

SILVA, Maria, 77 anos de idade, natural de Ul

SOARES, Cidália, 53 anos de idade, natural de Palmaz

SOARES, Nazaré, 55 anos de idade, natural de Ul

Excerto do Trabalho de John Nelson Costa, para o Mestrado "Supervisão e Coordenação de Educação"

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