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Toxoplasma gondii

Como ler uma infocaixa de taxonomiaToxoplasma gondii
Toxoplasma gondii.jpg
Classificação científica
Reino: Protista
Superfilo: Alveolata
Filo: Apicomplexa
Classe: Conoidasida
Ordem: Eucoccidiorida
Família: Sarcocystidae
Género: Toxoplasma
Espécie: T. gondii
Nome binomial
Toxoplasma gondii
( Nicolle & Manceaux, 1908 )

O Toxoplasma gondii (toxon = arco, plasma = forma, grego) é um protozoário do reino chromalvelata na classificação dos 8 reinos, microscópico do filo Apicomplexa, de ciclo de vida facultativamente heterogéneo, tendo os felídeos como hospedeiros definitivos, enquanto que as outras espécies de mamíferos e as aves funcionam como hospedeiros intermediários[1]. O Toxoplasma gondii é a única espécie conhecida do gênero Toxoplasma.

O T. gondii é o agente causador da toxoplasmose, uma protozoonose de distribuição mundial. Estima-se que 1/3 da população global já tenha sido infectada por esse microorganismo, com algumas regiões chegando a 90% de infectados. Ela causa mudanças comportamentais nos seus hospedeiros, para que os mesmo sejam predados por felinos, os hospedeiros definitivos da espécie T. gondii. Umas das principais é a perda da aversão natural ao cheiro de urina de felinos, por exemplo, pelos ratos e chimpanzés, que tem felinos como principais predadores naturais. Isso também ocorre com seres humanos, que perdem a aversão a urina de gato, por exemplo[2]. As principais espécies que são infectadas pelo T. gondii são as aves e os mamíferos, inclui o Homem e o gato, o principal felino hospedeiro da espécie[3], no entanto, ele é capaz de infectar qualquer animal homeotérmico. Possui três formas infetantes: oocistos, bradizoítos e taquizoítos[3]

Histórico

O Toxoplasma gondii foi isolado pela primeira vez em 1908, por Nicolle & Manceaux. Ele foi isolado de um roedor africano da espécie Ctenodactylus gundi, a qual originou o nome. [4] [5] Na mesma época, em São Paulo, Splendore isolou o mesmo agente de coelhos. [6] [7] O ciclo deste parasita só foi totalmente publicado em 1970 por Dubey e colaboradores. [8]

Ciclo de vida

O ciclo de vida do T. gondii é heteróxeno facultativo (hetero = outros, xenos = estrangeiros) e eurixeno (eurys = largo). Possui reprodução assexuado nos hospedeiros definitivos e intermediários, e sexuada apenas nos felinos, incluindo o gato doméstico.[9]

Hospedeiros intermediários podem se infectar por diversas vias, sendo as mais comuns a fecal-oral, a partir da ingestão de oocistos presentes em alimentos e água contaminada; o carnivorísmo, pela ingestão de cistos teciduais presentes em carne crua ou mal cozida; e a transmissão materno-fetal, onde taquizoítas atravessam a placenta e infectam o feto. No caso dos oocistos e dos cistos teciduais, uma vez que alcançam o intestino, a parede presente nessas estruturas é digerida, permitindo que o T. gondii possa invadir as células do epitélio intestinal e linfócitos intra-epiteliais. Uma vez que o parasita obtém sucesso na invasão da célula hospedeira, ele estabelece seu vacúolo parasitóforo, para que então possa promover sua conversão para o estágio de taquizoíta. Após a conversão, o T. gondii utiliza o sistema vascular do hospedeiro para se disseminar de forma sistêmica, alcançando diversos órgãos. Passados alguns dias da infecção, inicia-se uma resposta imune contra o parasito, que faz com que ele se estabeleça em alguns locais de tropismo: o tecido muscular esquelético, muscular cardíaco e neuronal. Estabelecido nesses locais, inicia-se a produção da parede cística, para que então ocorra a conversão para seu estágio de bradizoíta, conhecido como seu estado de latência.

Já nos hospedeiros definitivos, além da forma assexuada, o T. gondii também pode assumir a forma sexuada. Esta fase ocorre no intestino dos felinos. Os felinos se contaminam através da ingestão de animais contaminados por troquizoitos ou bradizoitos. Menos de 50% dos felinos que ingerem taquizoitos eliminam oocistos, e 100% quando ingerem bradizoitos eliminam oocistos nas fezes. Na fase assexuada, o parasita passa por um processo chamado esquizogonia, onde o núcleo do parasita se divide várias vezes formando o esquizonte. Este passa por um outro processo chamado gametogonia, onde esses esquizontes se dividirão em gametas, gerando zigotos (oocistos).

Manifestações clínicas

Na maior parte dos casos de toxoplasmose em pacientes imunocompetentes, a infecção ocorre de forma assintomática. No entanto, em mulheres grávidas e indivíduos imunocomprometidos, o risco de manifestações severas é elevado.

Mulheres grávidas que entram em contato com o parasita pela primeira durante a gravidez correm sério risco de transmissão vertical. Em casos como esse, podem ocorrer para no bebê quadros de miosite, encefalite, miocardite e retinocoroidite. Além disso, dependendo do estágio da gravidez, há o risco de má formação do feto e , até mesmo, aborto.

Em indivíduos imunocomprometidos, como portadores do HIV e utilizadores de terapias imunossupressoras, pode ocorrer uma reativação da fase crônica da doença, resultando em diversas complicações. Podem ocorrer quadros de encefalite, hemiparesia, convulsões e danos oculares, levando a cegueira parcial ou total.

Alguns estudos postulam que, apesar de assintomáticos, indivíduos com toxoplasmose em sua fase crônica podem sofrer com processos neuro-inflamatórios, em decorrência da presença de cistos teciduais no sistema nervoso.

Tratamentos

Atualmente, opções terapêuticas para toxoplasmose são escassas, sendo a combinação de Sulfadiazina e Pirimetamina, além da suplementação de Ácido Folínico, a estratégia mais utilizada. Em alguns casos bem específicos, onde mulheres grávidas contraem a doença, porém o feto não foi infectado, utiliza-se o antibiótico Espirimicina, a fim de evitar a transmissão via placenta.

Referências

  1. Ryan KJ, Ray CG (eds) (2004). Sherris Medical Microbiology (em inglês) 4° ed. [S.l.]: McGraw Hill. ISBN 0-8385-8529-9  Verifique data em: |acessodata= (ajuda);
  2. «Parasitas manipulam a mente de chimpanzés para que eles virem comida de leopardo». Superinteressante. 10 de fevereiro de 2016 
  3. 3,0 3,1 «Toxoplasma gondii». Universidade Federal do Rio Grande do Sul 
  4. «Toxoplasma gondii: 1908-2008, homage to Nicolle, Manceaux and Splendore. - PubMed - NCBI». Consultado em Fevereiro de 2016  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  5. «Biology and epidemiology of Toxoplasma gondii in man and animals. - PubMed - NCBI». Consultado em Fevereiro de 2016  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  6. «Brazilian contribution for a better knowledge on the biology of Toxoplasma gondii - Scielo.br». Consultado em Fevereiro de 2016  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  7. «Toxoplasmose - etallcorp.xpg.uol.com.br». Consultado em Fevereiro de 2016  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  8. «Characterization of the New Fecal Form of Toxoplasma gondii on JSTOR». Consultado em Fevereiro de 2016  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  9. Boothroyd JC (julho de 2009). «Toxoplasma gondii: 25 years and 25 major advances for the field». International Journal for Parasitology (em inglês). 39 (8): 935–46. doi:10.1016/j.ijpara.2009.02.003  Verifique data em: |acessodata= (ajuda);

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