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Drogadição

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Drogadição (português brasileiro) ou toxicodependência (português europeu) são termos genéricos que designam toda e qualquer modalidade de vício bioquímico por parte de um ser humano, ou a alguma droga (substância química), ou à superveniente interação entre drogas (substâncias químicas), causada ou precipitada por uma combinação de fatores genéticos, farmacológicos e sociais, incluídos os socioeconômicos.

Usuários acampados na Cracolândia, como é conhecida a região de intenso consumo e tráfico de drogas na Zona Central da cidade de São Paulo

Definição

Considera-se, no domínio das ciências médicas conjugadas com as ciências sociopolíticas, "drogadição" como o termo preferível para referir-se à dependência, à farmacodependência, à toxicomania, na hipótese de se poder inferir aí uma gradação, o que usualmente acontece, na maioria dos casos.[1] Com efeito, sob a óptica de inclusão versus exclusão social, falar em drogadição é politicamente (lato sensu) preferível a citar diretamente alguma das modalidades. E, numa compreensão diagnóstica generalista, qualquer investigação clínica começa pelos aspectos gerais, definindo-se, na sequência, especificidades.

Conquanto às vezes se proponha drogadição como "apenas desordem crônica" (a cultura científico-médica inglesa, por exemplo, é defensora e partidária desse entendimento), não é menos verdade, todavia, na prática clínica e na constatação médico-social, que drogadição pode manifestar-se em episódios agudos, os quais, na sequencia de evolução dos casos, eventualmente podem vir a tornar-se crônicos.[2]

Terminologia e uso

Drogadição significa adicção a drogas, conforme o Dicionário Aurélio século XXI. Sua etimologia tem a seguinte explicação: "Adicto, do latim addictu, é um adjetivo, que significa:

  1. Afeiçoado, dedicado, apegado.
  2. Adjunto, adstrito, dependente.
  3. Em medicina é quem não consegue abandonar um hábito nocivo, mormente de álcool e drogas, por motivos fisiológicos ou psicológicos.

Constata-se, no estudo de comportamentos relacionados à drogadição, que todas as acepções acima descritas são-lhe aplicáveis, de forma conjunta e sinérgica.

Adição e drogadição

Adição psíquica

Ver artigo principal: Dependência psicológica

Adição psíquica refere-se à necessidade de usar certa droga para obter alívio das tensões, sensação de bem estar. Caracteriza-se por fenômenos cognitivos, com busca recorrente pelos efeitos iniciais do uso. Adição psíquica (ou dependência psicológica) normalmente age no cérebro e produz um ou mais dos efeitos: redução da ansiedade e a tensão; euforia ou outras mudanças agradáveis do humor; impressão de aumento da capacidade mental e física e alterações da percepção sensorial sobre a própria dependência química em ação na pessoa.

Os sintomas mais comuns são a ansiedade, a sensação de vazio, as dificuldades de concentração, os quais, contudo, podem variar em extensa gradação, na intensidade e no tipo, de pessoa para pessoa.

Dependência física

Ver artigo principal: Dependência física

Dependência física é um estado de adaptação do corpo a uma droga, que suscita distúrbios físicos se o uso da droga é interrompido. Significa uma perda de controle sobre o uso da substância, criando um estado chamado de fissura (do inglês: craving). A influência do tempo de uso da droga no usuário depende de vários fatores: forma de uso, compleição física do indivíduo, bem como sua carga genética.

O uso de uma droga em quantidades e frequências elevadas faz o organismo criar, por homeostase, meios de defesa, causando adaptação tal à droga que, na falta, funciona mal. É a síndrome de abstinência.[3]

Toxicomania

A toxicomania (do latim toxĭcum, por sua vez do grego τοξικόν, "veneno" + mania, do grego μανία, "estado de loucura") caracteriza-se pelo uso excessivo e repetido de uma ou mais drogas (como analgésicos e psicotrópicos) sem efetiva necessidade ou justificação terapêutica. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a "definição estrita da toxicomania" compreende os quatro elementos seguintes: (1) uma compulsão de consumir o produto; (2) uma tendência de aumentar as doses; (3) uma dependência psicológica e/ou física do(s) produto(s); (4) o surgimento de conseqüências nefastas sobre a vida cotidiana da pessoa (emotivas, sociais, econômicas etc.).[4]

Base neurobiológica

A base neurobiológica responsável pelo desenvolvimento da dependência de drogas é o sistema de recompensa do sistema nervoso central (SNC). No sistema límbico (área relacionada ao comportamento emocional), acha-se uma área relacionada à sensação de prazer, chamada circuito de recompensa cerebral. Estudos com animais demonstram que estímulos elétricos nestas regiões provocam sensações de prazer e levam as repetidas tentativas de estimulação. Todas as drogas de abuso, direta ou indiretamente, atuam no circuito de recompensa cerebral, podendo levar o usuário a buscar repetidamente essa sensação de prazer.[5]

Ver também

Referências

  1. «Manual MSD Versão Saúde para a Família». Manual MSD Versão Saúde para a Família (em português). Consultado em 27 de fevereiro de 2022 
  2. Abuso e agravamento da drogadição no cenário brasileiro
  3. Efeitos das drogas no cérebro
  4. Toxicomania – Manual Merk de Saúde
  5. Atkinson, R. L., Atkinson, R. C., Smith, E. E., Bem, D. J., & Nolen–Hoeksena, S. (2002). Introdução à Psicologia de Hilgard. [S.l.]: Artmed. 374-375 

Bibliografia

  • C. J. S. Severiano, I. I. Barcelos, J.G. Morais, N.S.G. Folly, U.R.P. Morais. Dependência Química: As Comunidades Terapêuticas de Reabilitação. Projeto de Pesquisa, Faculdade Pitágoras, 2007.
  • KALINA, E., & Kovadloff, S. Drogadição. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1988.
  • TANCREDI, F.B. As Toxicomanias do ponto de vista da Medicina e da Saúde Pública. In Drogas e Drogados: o indivíduo, a família e a sociedade. São Paulo, EPU: 1982.

Ligações externas

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