𝖂𝖎ƙ𝖎𝖊

Tempo imaginário

Diagrama ilustrando os eixos do tempo real e do tempo imaginário

Tempo imaginário foi um artifício de cálculo proposto por Minkowski logo após a publicação da Teoria da Relatividade Especial por Einstein, que consistia em considerar o continuum espaço-tempo como um espaço euclidiano de quatro dimensões, em que a quarta dimensão "espacial" seria a coordenada i c t, ou seja, a unidade imaginária multiplicada pela velocidade da luz e o tempo. Este conceito se tornou obsoleto quando foi publicada a Teoria da Relatividade Geral.[1]

Transformação de Lorentz como rotação

Pelo artifício de Minkowski, as fórmulas da transformação de Lorentz:

não seriam nada mais do que uma rotação de coordenadas através de um ângulo imaginário:

em que o "ângulo" seria o arco hiperbólico cujos cosseno e seno hiperbólicos seriam, respectivamente:

e, como pode ser facilmente verificado, temos que:

e a substituição de nas fórmulas da rotação, após aplicar as identidades

recompõe a transformação de Lorentz.[1]

Relatividade geral

A Relatividade Geral, ao introduzir coordenadas genéricas e uma pseudo-métrica, tornou este artifício desnecessário e obsoleto.[1]

Tempo Imaginário e a Casca de Noz

Para Hawking a história de nosso universo, quando mapeada via tempo imaginário, assemelha-se a uma casca de noz.

O tempo imaginário foi explorado por Stephen Hawking em seu livro "O Universo numa Casca de Noz". Segundo discutido, na relatividade o tempo (real) distingue-se das demais coordenadas espaciais pelo fato de o primeiro sempre avançar para um dado observador, ao passo que movimentos no espaço-tempo podem implicar aumentos ou diminuições nas coordenadas espaciais ao longo da história conforme percebida por esse observador. As "viagens no tempo" são por Hawking descartadas via o que denominou "Conjectura da proteção da cronologia", segundo o qual as leis da física conspiram para impedir as viagens de objetos macroscópicos no tempo.

Por ser ortogonal ao tempo real, o tempo imaginário, ao contrário do primeiro, passa a ter comportamento muito similar ao das coordenadas espaciais, podendo igualmente aumentar e diminuir à medida que se descrevem os eventos no espaço-tempo imaginário. Há uma correspondência direta entre a ocorrência de eventos mapeados em tempo real ou via tempo imaginário: "A história do universo no tempo real determina a sua história no tempo imaginário, e vice-versa, mas os dois tipos de história podem ser bem diferentes. Em especial, o universo não precisa ter um início nem fim no tempo imaginário.".

Nesse cenário, Hawking explora a possibilidade - a qual ele defende - de o universo ser autocontido, ou seja, a possibilidade de o universo ser completamente explicado pelas leis físicas que nele valem sem a necessidade de considerações e dependências teóricas acerca de limites externos ao universo - acerca das condições de contorno - que, em caso de um universo mapeado em tempo real, deveriam ser conhecidas e especificadas a fim de se traçar corretamente a história do universo. Nesse cenário, uma superfície esférica mapeada no espaço-tempo imaginário corresponderia, a exemplo, a um universo com origem e em expansão inflacionária eterna no espaço-tempo real. A história de nosso universo, conforme hoje conhecida e concebida no espaço real, conta com uma expansão inflacionária no início, que em frações de segundo diminui consideravelmente. No tempo imaginário, tal cenário é descrito via uma esfera com ligeiro achatamento no polo, para Hawking no "polo sul". Em verdade o cenário do nosso universo, conforme indicado pelos dados do satélite COBE sobre o mapeamento da radiação cósmica de fundo, implica não uma superfície lisa mas sim uma superfície rugosa, mesmo que minusculamente rugosa. Assim, no tempo imaginário, a história de nosso universo seria em muito semelhante a uma casca de noz, achatada nos polos e com rugosidades ao longo da sua extensão: o universo numa casca de noz. [2]

De acordo com Joseph Silk, do Department of Physics, Nuclear and Astrophics Laboratory da Oxford University, esta teoria do tempo imaginário, por fazer nenhuma previsão e não ser falsificável, não é uma teoria científica.[3] Seguindo o mesmo princípio, as também por Hawking comentadas teoria das cordas, teoria M e gravitação quântica, bem como outras que visam a explicar a origem do universo, também não são, até o momento, científicas, sobretudo em virtude da ausências de fatos embasando suas principais hipóteses e implicações. De científico sobre o universo e a sua origem tem-se até o momento a sua existência e expansão - o Big Bang - descrita de forma satisfatoriamente corroborada de um certo momento após o suposto "instante zero" em diante. A fim de descrevê-los, contudo relutando em se unirem em uma única teoria cientificamente consistente, têm-se as teorias da relatividade geral e mecânica quântica, cada qual atuando em seu escopo específico.

Referências

  1. 1,0 1,1 1,2 Informações baseadas em livro que foi lido pelo autor deste artigo no livro Gravitation, de Charles W. Misner, Kip S. Thorne e John Archibald Wheeler, publicado em 1973, capítulo Farewell to ict
  2. Hawking, Stephen - O Universo numa Casca de Noz - Editora ARX - 9 ed. - São Paulo, SP - 2002 - ISBN 85-7581-017-0
  3. Joseph Silk, Rave review for Hawking's new book, 8 de novembro de 2001 [em linha]
Ícone de esboço Este sobre física é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.

Predefinição:Esboço-quântica

talvez você goste