Telma Lipp | |
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Nome completo | Deodoro Ricardo Nascimento[1] |
Nascimento | 1962[[Categoria:Predefinição:Categorizar-ano-século-milénio/1]] São Paulo, SP Brasil |
Morte | 24 de dezembro de 2004 (42 anos)[[Categoria:Predefinição:Categorizar-ano-século-milénio/1]] São Paulo |
Ocupação | Atriz e modelo |
Thelma Lipp (São Paulo, 1962 — São Paulo, 24 de dezembro de 2004),[2][3] foi uma modelo e atriz trans brasileira. Sucesso nos anos 80 e 90, Telma Lipp foi jurada do quadro "Eles e Elas", do Clube do Bolinha, e atuou em diversas peças de teatro, filmes, além de posar nua em revistas eróticas masculinas, como a Playboy.[2][3][4]
Apesar de não ser uma mulher cisgênero, Telma foi, no auge de sua beleza, considerada uma musa, ao lado de Xuxa, Luiza Brunet e Roberta Close, tendo sido portanto uma das belezas mais celebradas do Brasil.
Descoberta e estrelato
Desde criança Telma já era fisicamente muito feminina[5] e sempre contou com o apoio da família, tanto que seu nome social («Telma») foi dado por sua própria mãe.[5] Aos 16 anos, ela já causava admiração e fascínio por sua beleza e feminilidade, mesmo sem o uso de hormônios artificiais.
Foi no começo da década de 80 que Telma surgiu como uma resposta paulistana à transexual carioca Roberta Close, então em evidência na mídia.[4] Ambas chegaram a disputar, durante toda a década, capas de revistas de todo o Brasil. Roberta fazia o tipo «mulher fatal», enquanto Telma o tipo «garotinha», ambas contudo de belezas extraordinárias. A surpreendente beleza abriu-lhe portas, trouxe fama, admiração, amigos e tudo aquilo que um rosto e um corpo belos — acompanhados de inteligência — podiam trazer.
No teatro, Telma atuou em Terezinha de Jesus[5][6] e Filhas da Mãe, ambas de Ronaldo Ciambroni,[2], além de Mil e uma noites. Na televisão, foi jurada efetiva do quadro «Eles & Elas» do Clube do Bolinha (TV Bandeirantes),[3][5] e fez participações em vários programas de entretenimento, como Hebe. A fama a catapultou para o filme Dores de amor, de Pierre-Alain Meier e Matthias Kälin, e a tornou personagem de inspiração de Thelma, de Pierre-Alain Meier. Por causa desse filme, foi convidada a participar do Festival de Locarno, Suíça, na avant-première do filme Thelma.
Na mídia impressa, foi capa da Playboy,[2][4][5] e da Transex,[5], bem como apareceu em entrevistas e editoriais de O Estado de S. Paulo,[5] Contigo!, Close,[3] Nova Cosmopolitan (editoriais), WE inglesa. Telma participou ainda de diversas campanhas publicitárias diversas para a mídia brasileira.
Nocaute nos anos 90
Fenômeno drag queen e síndrome
Após brilhar em toda década de 80, Telma se viu nocauteada pelo fenômeno drag queen da década de 90, foi quando o ostracismo bateu à sua porta.[5] Sem trabalho e sem dinheiro ela buscou a prostituição. Sua vida já não tinha o mesmo glamour de seu tempo de celebridade do mundo artístico.
Concomitantemente, ela começou a sofrer de síndrome do pânico, enclausurando-se durante cinco anos em seu apartamento a maior parte do tempo. Para fugir da síndrome, Telma buscou as drogas, o que agravou ainda mais seus problemas.[5] Auxiliada pelo Programa para Dependentes Químicos do Coronel Ferrarini, no final da década de 90, em São Paulo, ela conseguiu vencer o vício, onde se tornou então uma porta-voz na luta para a recuperação de drogados.[5]
Teve então um breve momento de retomada da carreira, ao fazer algumas peças e teatro e televisão, o que lhe trouxe de volta um pouco de confiança e auto-estima.
Breve retorno e recaída
Em 1987, os cineastas suíços Pierre-Alain Meier e Matthias Källin vieram ao Brasil para filmar Dores de Amor, filme-documentário sobre a vida das travestis brasileiras em São Paulo. Participaram do filme várias pessoas trans, tanto as que já eram da cena artística como as que faziam prostituição. Durante a produção, o diretor Pierre-Alain não resistiu a beleza e feminilidade de Telma e se apaixonou. Contudo, não houve reciprocidade por parte dela. Mesmo assim, pouco tempo depois, o cineasta faria o filme Thelma, ambientado na Grécia, que conta a história de um homem comum que se apaixona por uma mulher trans. A produção foi lançada mundialmente em 2001.
Em 2001, Telma foi convidada a fazer parte do casting do filme Carandiru, de Hector Babenco, no qual faria o papel de uma travesti presidiária de nome «Lady Di». Entretanto, apesar de ter participado dos ensaios com os outros atores e de ter feito laboratório por meses, sua indicação foi preterida por motivos de marketing. Em seu lugar, entrou o ator Rodrigo Santoro. Esse foi um golpe duro para Telma, que já estava fragilizada e tentando se recuperar. Contudo, o fato de ser transgênero tornou sua vida muito difícil.
Já inveteradamente viciada em drogas, sobretudo o crack e a cocaína,[2] em agosto de 2003 ela foi internada em uma clínica de recuperação para dependentes químicos em Atibaia, interior de São Paulo, onde permaneceu até fevereiro de 2004.
Volta ao anonimato e morte
Após se recuperar, decidiu que não queria mais uma vida de agitação e flashes.[2] Cortou os cabelos e foi para a mesa de cirurgia para retirar as próteses de silicone. Decidiu se mudar com a família para o Jaçanã, bairro paulistano onde passou sua infância. Vivendo pacatamente, fazia planos para a nova vida, quando, repentinamente, na manhã de 9 de novembro de 2004 acordou com o lado esquerdo do corpo paralisado. Era uma neurotoxoplasmose, doença degenerativa que, com o tempo, paralisa órgãos do corpo.
Foi internada durante um mês e voltou para casa, mas faleceu por insuficiência pulmonar na véspera de Natal de 2004.
Referências
- ↑ IMDB
- ↑ 2,0 2,1 2,2 2,3 2,4 2,5 Carlos Henrique Ramos (2004). «Um mito que volta». Istoé Gente. Consultado em 28 de maio de 2013
- ↑ 3,0 3,1 3,2 3,3 Edmundo Barreiros & Pedro Só (2005). 1985, o ano em que o Brasil recomeçou. [S.l.]: Singula Digital. 209 páginas. ISBN 978-85-00018-47-3
- ↑ 4,0 4,1 4,2 Da redação (24 de outubro de 1984). «A gloriosa nudes de Betty Faria e da rival de Roberta Close». Playboy – edição 842. Consultado em 28 de maio de 2013
- ↑ 5,0 5,1 5,2 5,3 5,4 5,5 5,6 5,7 5,8 5,9 Claudia Wonder (12 de janeiro de 2005). «Homenagem a Telma Lipp». G Magazine. Consultado em 28 de maio de 2013
- ↑ Claudia Wonder (2008). Olhares de Claudia Wonder – crônicas e outras hitórias. [S.l.]: Editora Summus. 181 páginas. ISBN 978-85-86755-47-7