O Teatro Popular do SESI - TPS - foi uma companhia de teatro popular brasileira da cidade de São Paulo que existiu entre os anos de 1962 a 1993, proposta, organizada e dirigida por Osmar Rodrigues Cruz. O TPS, inicialmente um teatro experimental, teve como principal objetivo levar o teatro gratuitamente aos trabalhadores da indústria da cidade de São Paulo, inspirada no modelo do Théatre National Populaire do diretor francês Jean Vilar. É a companhia de teatro popular profissional com a mais longa existência em todo o mundo.
Inicialmente o TPS apresentava seus espetáculos no Bom Retiro, no Teatro da Associação Israelita do Brasil, o TAIB, mudando-se em 1977 para a Avenida Paulista, no novo prédio da FIESP. Após a aposentadoria de seu fundador, em 1992, a sala de espetáculos onde se apresentavam recebe o nome da companhia que o abrigou desde 1977 e de seu fundador, encerrando, ao mesmo tempo, as atividades do TPS como companhia permanente de teatro popular. O Teatro Popular do SESI (teatro) passa a ser palco de atividades de diferentes encenadores convidados pelo SESI a dirigirem seus espetáculos naquela casa.
Antecedentes
É curioso perceber que no mesmo ano (1948) em que o industrial paulista Franco Zampari fundava o TBC – Teatro Brasileiro de Comédia, o Serviço Social da Indústria (SESI) passava a incentivar a prática teatral dentro das indústrias. Também é interessante notar que, enquanto o primeiro trazia à cena superproduções dirigidas à burguesia paulista, o segundo tinha a incumbência de criar espetáculos com operários em seus elencos e apresentá-los gratuitamente.
Nicanor Miranda, crítico e jornalista do jornal o Diário de São Paulo, foi idealizador do programa com operários, e o primeiro a cuidar do setor até 1955. Eram fundamentalmente atividades amadoras, com textos de Martins Penna e Viriato Corrêa. Osmar Rodrigues Cruz o sucedeu na direção do Serviço de Teatro do SESI de 1955 até 1991. É importante que se mencione que Nicanor Miranda também foi um dos fundadores do Teatro Brasileiro de Comédia.
Um dos encenadores (na época o termo usado era ensaiador) contratados para a tarefa de dirigir grupos na indústrias foi Osmar Rodrigues Cruz, que passou a dirigir um grupo na Rhodia, no município industrial paulista de Santo André, em 1951. No ano de 1957, a visita do Thèâtre National Populaire (TNP) e o pensamento do seu produtor e diretor teatral, o francês Jean Vilar influenciaram fortemente Osmar Rodrigues Cruz.
A palestra proferida por Villar no Teatro de Arena de São Paulo, intitulada "...Significado do Popular", estimulou Osmar a propor ao SESI um plano para a organização de uma companhia estável, cuja função seria montar espetáculos voltados ao gosto e às necessidades culturais do operariado paulista. A estréia do então chamado Teatro Experimental do SESI se deu em 30 de janeiro de 1959, no Teatro João Caetano, com Amar e Curar-se, de Thornton Wilder e O Homem de Flor na Boca, de Pirandello. Mas a temporada oficial, no mesmo teatro, se deu no ano de 1959, com o espetáculo A Torre em Concurso, de Joaquim Manuel de Macedo.
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Experimental do SESI era um elenco de caráter amador e o sucesso dessa e das produções seguintes levaram a diretoria da instituição a considerar a possibilidade de dar ao elenco e à iniciativa garantias mais perenes, profissionalizando-o. Desse modo, foi fundado o Teatro Popular do SESI, em 1963, a partir de duas premissas do plano de Osmar: "ingresso gratuito e elevado teor artístico nas realizações".
Fundação
A chamada "Fase Osmar" incluiu encenações das mais variadas, desde alguns textos clássicos até outros encomendados especialmente para a companhia, ou adaptados da literatura universal. Até 1977, o elenco do Teatro Popular do SESI - TPS apresentava-se em salas alugadas por temporada, como o Teatro da Associação Israelita do Brasil (TAIB), no bairro do Bom Retiro, onde apresentou a maioria de seus espetáculo. A partir de 1977 passou a contar com uma sala própria no prédio da FIESP, situado à Av. Paulista, que hoje leva o nome da companhia e de seu fundador. É ainda nesta fase que também são criados espetáculos para viajar, nas populares Caravanas do SESI pelo interior paulista. Nesta fase a maioria das montagens eram executadas sob a batuta de Osmar Rodrigues Cruz, que se aposentou em 1993. Era uma companhia que contava principalmente com os mesmos atores, entre eles Ruthnéa de Moraes e Nize Silva, mas que trazia atores convidados para seus espetáculos, como Cláudio Correa e Castro e Antonio Fagundes.
Espetáculos
- 1963 Cidade Assassinada, de Antônio Callado
- 1964 Noites Brancas, de Dostoievski, com adaptação de Bertha Zemmel
- 1966 Manhãs de Sol, de Oduvaldo Vianna
- 1967 O Milagre de Annie Sullivan, de William Gibson
- 1971 Senhora, de José de Alencar, adaptação de Sérgio Viotti
- 1977 O Poeta da Vila e Seus Amores, de Plínio Marcos
- 1979 A Falecida, de Nelson Rodrigues
- 1983 Ó Abre Alas, de Maria Adelaide Amaral
- 1985 O Rei do Riso, de Luis Alberto de Abreu
- 1986 Muito Barulho por Nada, de William Shakespeare
- 1987 Feitiço, de Oduvaldo Vianna
- 1988 Onde Canta o Sabiá, de Gastão Trojeiro
- 1989 Confusão na Cidade, de Carlo Goldoni
- 1993 O Tipo Brasileiro, de França Junior
- 1993 A Árvore que Andava, espetáculo infantil de Oscar Von Pfhul
Terceira fase: outros diretores
A partir da aposentadoria de Osmar Rodrigues Cruz, o SESI convidou uma comissão de profissionais encarregados de formar uma espécie de curadoria para produção de espetáculos no teatro, encerrando as atividades da companhia e não mais procurando os industriários como seu público alvo. Nesta fase foram convidados diretores dos mais variados estilos e para os mais variados gostos, com o objetivo de oferecer um painel da contemporânea criação teatral. A fase se estendeu desde 1993 até 1998 (aproximadamente), quando o SESI financiava e gerenciava as produções sob a coordenação de vários profissionais, entre eles o diretor Francisco Medeiros e a diretora Maria Lúcia Pereira.
Passam pelo palco do SESI encenadores que vão desde os veteranos Antônio Abujamra e Cacá Rosset, até os então novatos Gabriel Vilela, Bia Lessa e Ulysses Cruz. Esta fase estendeu-se até o final dos anos 90. Nesta época os elencos eram contratados para cada montagem, mantendo-se vínculo empregatício com a instituição apenas durante a montagem e exibição. A cada nova montagem eram selecionados novos atores.
Quarta fase: produções independentes
A partir de 1998/99, o SESI dissolveu seu departamento de produção e passou a contratar produções independentes por meio de edital, sem estabelecer qualquer vínculo empregatício.
Local das encenações
Está situado no prédio da FIESP na Avenida Paulista, na cidade de São Paulo, inaugurada em 1977.
Foi utilizado desde o ano de 1977. Com a aposentadoria de seu principal encenador Osmar Rodrigues Cruz e diretor do departamento de teatro do SESI, assim como da companhia de teatro popular, o local recebeu o nome de Teatro Popular do Sesi Osmar Rodrigues Cruz.
Situado no prédio da FIESP pertence atualmente ao seu centro cultural, contando com galeria de arte e mezanino, recebendo exposições, performances e palestras.
Referências
- Camargo, Robson Corrêa de. O Teatro Popular do Sesi de Osmar Rodrigues Cruz: Uma trajetória entre o patronato e as massas. Dissertação de mestrado apresentada na ECA/Universidade de São Paulo. 1992.
- Camargo, Robson Corrêa de. O Mundo é um Moinho. Goiânia: Editora Kelps, PUC-GO, (2010).
- Cruz, Osmar Rodrigues. Uma Vida no Teatro. SP: Hucitec. 2001.
- Leitura Crítica de o Mundo é um Moinho por Alexandre Mate
Ver também
- Teatro Popular do SESI (teatro), teatro situado no prédio da Av. Paulista que pertence a FIESP, em São Paulo, local onde também estão localizados muitos dos sindicatos das indústrias paulistas.
- Teatro do Brasil