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Simpatectomia

A simpatectomia consiste na remoção cirurgia do nervo simpático principal, motivada para tratamento da hiperidrose (sudorese excessiva) nas mãos e axilas.

Procedimentos

Compõem os nervos simpáticos uma espécie paralela e separada do sistema nervoso, formado por uma rede de nervos localizados perto das costelas (região torácica), próximo às vértebras.

Dentre essas ramificações, há uma específica que formam gânglios, sendo eles os responsáveis pela sudorese excessiva. Sua remoção pode ser feita pela remoção cirúrgica, cauterização, corte de suas ramificações e a mais nova técnica de clipagem, que consiste na colocação de um clip de titânio no nervo simpático, possibilitando assim a reversão cirúrgica.

Os avanços da Medicina promoveram uma menor agressão da cirurgia, que originalmente eram feitas com grandes incisões no tórax. Das técnicas menos invasivas está a simpatectomia por endoscopia aliada ao uso do vídeo.

Para tratamento da chamada hiperidrose palmar, o gânglio T3-T4 são visados; para a hiperidrose axilar e para a hiperidrose palmar moderada ou leve, inibe-se pouco mais abaixo, o gânglio T4-T5. Sendo que quanto mais acima (mais próximo ao T2) for inibido, maiores são as chances de hiperidrose reflexa (ou compensatória), que é aquela que aparece no pós cirurgico.

Este mesmo procedimento é utilizado, por alguns especialistas, para tratamento do Rubor Facial, onde o gânglio T3-T2 são visados.

Estudos realizados em pacientes que se submeteram a simpatectomia[1] mostra em números o grau de satisfação pós-operatório devido a compensação da sudorese.

Efeitos físicos, mentais e emocionais

A Simpatectomia funciona desabilitando parte do sistema nervoso autônomo um (e, assim, interrompe seus sinais do cérebro), por meio de intervenção cirúrgica, na expectativa de remover ou aliviar o problema designado. Muitos médicos contrários à Simpatectomia acharam essa prática questionável principalmente porque seu objetivo é destruir nervos anatomicamente funcionais.[1]

Os resultados exatos da Simpatectomia são impossíveis de prever, devido à considerável variação anatômica na função nervosa de um paciente para o outro, e também por variações na técnica cirúrgica. O sistema nervoso autônomo não é anatomicamente exato e podem existir conexões que são afetadas imprevisivelmente quando os nervos estão desativados. Este problema foi demonstrado por um número significativo de pacientes submetidos a simpatectomia no mesmo nível para transpiração das mãos, mas que apresentaram redução ou eliminação da transpiração dos pés, em contraste com outros que não foram afetados dessa maneira. Não existe operação para o suor dos pés, exceto a simpatectomia lombar, na extremidade oposta da cadeia simpática.

A simpatectomia torácica alterará muitas funções corporais, incluindo transpiração,[2] respostas vasculares,[3] frequência cardíaca,[4] volume do fluxo cardíaco,[5][6] tireoide, barorreflexo,[7] volume pulmonar,[6][8] dilatação pupilar, temperatura da pele e outros aspectos do sistema nervoso autônomo, como a resposta essencial de luta ou fuga. Ela reduz as respostas fisiológicas a fortes emoções, como o medo e o riso, diminui a reação física do corpo tanto à dor como ao prazer, e inibe as sensações cutâneas, como a coceira.[2][6][9]

Um grande estudo de pacientes psiquiátricos tratados com esta cirurgia mostrou reduções significativas no medo, alerta e excitação.[10] A excitação é essencial para a consciência, na regulação da atenção e processamento de informações, memória e emoção.[11]

Os pacientes que fizeram a Simpatectomia estão sendo estudados usando o protocolo de falha autonômica liderado por David Goldstein, doutorado da M.D, investigador sênior do Instituto Nacional de Distúrbios Neurológicos e Derrame dos EUA. Ele documentou perda de função termorreguladora, desnervação cardíaca e perda de vasoconstrição.[12] A recorrência dos sintomas originais devido à regeneração do nervo ou brotação do nervo pode ocorrer no primeiro ano após a cirurgia. O surgimento de nervos ou o crescimento anormal do nervo após danos ou lesões nos nervos podem causar outros danos adicionais. A brotação de nervos simpáticos pode formar conexões com nervos sensoriais e levar a condições de dor que são mediadas pelo Sistema Nervoso Simpático. Toda vez que o sistema é ativado, é traduzido em dor. Este broto e sua ação podem levar à síndrome de Frey, um efeito colateral reconhecido da simpatectomia, quando os nervos simpáticos em crescimento inervam as glândulas salivares, levando a transpiração excessiva, independentemente da temperatura ambiental por meio de estimulação olfativa ou gustativa.

Controvérsia

Em 2003, a Simpatectomia foi banida em seu local de surgimento, a Suécia, devido a queixas esmagadoras de pacientes com deficiência. Em outros países, incluindo os Estados Unidos da América, é um procedimento notoriamente não regulamentado.

A Internet agora possui muitos sites administrados por cirurgiões exaltando os benefícios da Simpatectomia. No entanto, também há muitos sites administrados por vítimas da Simpatectomia com deficiência que se queixam de reações adversas severas, levando a uma diminuição da capacidade de realizar atividades ocupacionais e diárias e uma falta percebida de informação para consentimento adequado. Vários fóruns de discussão on-line são dedicados ao assunto da cirurgia de Simpatectomia, onde abundam os depoimentos dos pacientes.

Referências

  1. McNaughton, Neil (1989). Biology and emotion. Cambridge, UK: Cambridge University Press. p. 67. ISBN 0-521-31938-2.
  2. 2,0 2,1 Sihoe, A. D.; Liu, R. W.; Lee, A. K.; Lam, C. W.; Cheng, L. C. (September 2007). "Is previous thoracic Sympathectomy a risk factor for exertional heat stroke?". The Annals of thoracic surgery. 84 (3): 1025-7. doi:10.1016/j.athoracsur.2007.04.066. PMID 17720429
  3. Redisch, W.; Tangco, F. T.; Wertheimer, L.; Lewis, A. J.; Steele, J. M.; Andrews, D. (1957). "Vasomotor Responses in the Extremities of Subjects with Various Neurologic Lesions: I. Reflex Responses to Warming". Circulation. 15 (4): 518-24. doi:10.1161/01.cir.15.4.518. PMID 13414070
  4. Abraham, Pierre; Berthelot, Jean; Victor, Jacques; Saumet, Jean-Louis; Picquet, Jean; Enon, Bernard (2002). "Holter changes resulting from right-sided and bilateral infrastellate upper thoracic sympathectomy". The Annals of Thoracic Surgery. 74 (6): 2076-81. doi:10.1016/S0003-4975(02)04080-8. PMID 12643398
  5. Chess-Williams, R. G.; Grassby, P. F.; Culling, W.; Penny, W.; Broadley, K. J.; Sheridan, D. J. (1985). "Cardiac postjunctional supersensitivity to β-agonists after chronic chemical sympathectomy with 6-hydroxydopamine". Naunyn-Schmiedeberg's Archives of Pharmacology. 329 (2): 162-6. doi:10.1007/BF00501207. PMID 2861571.
  6. 6,0 6,1 6,2 Hashmonai, M.; Kopelman, D. (2003). "The pathophysiology of cervical and upper thoracic sympathetic surgery". Clinical Autonomic Research. 13: 140-4. doi:10.1007/s10286-003-1105-3. PMID 14673672.
  7. Kawamata YT, Homma E, Kawamata T, Omote K, Namiki A (2001). "Influence of Endoscopic Thoracic Sympathectomy on Baroreflex Control of Heart Rate in Patients with Palmar Hyperhidrosis". Anesthesiology. 95: A160.
  8. Milner P, Lincoln J, Burnstock G (1998). "The neurochemical organization of the autonomic nervous system". In Appenzeller O, Vinken PJ, Bruyn GW. The autonomic nervous system. [Amsterdam, Netherlands]: Elsevier Science Publishers. p. 110. ISBN 0-444-82812-5.
  9. Bassenge, E; Holtz, J; von Restorff, W; Oversohl, K (July 1973). "Effect of chemical sympathectomy on coronary flow and cardiovascular adjustment to exercise in dogs". Pflugers Archiv. 341 (4): 285-96. doi: 10.1007/BF01023670. PMID 4798744
  10. Teleranta, Pohjavaara, et al. 2003, 2004
  11. Pohjavaara, Päivi (2004). Social Phobia: Aetiology, Course and Treatment with Endoscopic Sympathetic Block (ESB) (PDF) (Thesis). ISBN 978-951-42-7456-5.
  12. Moak, J. P.; Eldadah, B; Holmes, C; Pechnik, S; Goldstein, D. S. (June 2005). "Partial cardiac sympathetic denervation after bilateral thoracic sympathectomy in humans". Heart Rhythm. 2 (6): 602–9. doi:10.1016/j.hrthm.2005.03.003. PMID 15922266.

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