A Sibéria (em russo: Сиби́рь, Sibir' ) é uma vasta região da Rússia e do norte do Cazaquistão, integralmente no norte da Ásia, estendendo-se dos Urais ao oceano Pacífico, e para sul desde o oceano Ártico até aos montes do centro-norte do Cazaquistão e até à fronteira com a Mongólia e República Popular da China.[1]
A região da Sibéria é conhecida mundialmente por seus invernos duros e longos, com a temperatura chegando, em janeiro, a −25 °C.[2] Está geograficamente situado na Ásia; no entanto, por ser parte da Rússia, é cultural e politicamente parte da Europa, exercendo uma enorme influência cultural na história russa.[3]
Durante a era czarista e no regime soviético, devido ao seu isolamento geográfico e condições de vida difíceis, a Sibéria era o local principal de deportação de dissidentes políticos na Rússia, com várias gulags sendo construídas lá.[4]
Geografia
A Sibéria no sentido mais lato ocupa cerca de 13,5 milhões de km2. Geograficamente, pode ser dividida na planície Ocidental Siberiana, a Sibéria Central, o planalto Central Siberiano e área de Baikal.[1]
A planície Ocidental Siberiana consiste principalmente de depósitos aluviais do Cenozoico e é extraordinariamente baixa, tanto que um aumento do nível do mar de 50 metros causaria a inundação de todas as terras entre o oceano Ártico e Novosibirsk. Os rios principais são o Ob e o Ienissei.
Na zona sul da planície, onde já não há permafrost, terras de pastagem (estepes) formavam a vegetação original, hoje já é rara.
O planalto Central Siberiano situa-se entre os rios Ienissei e Lena. Ocupa cerca de 3,5 milhões de km2, e a altitude máxima é de 1 701 metros. O território é ocupado principalmente por florestas de coníferas. Os recursos minerais são abundantes, especialmente carvão, ferro, ouro, diamantes e gás natural.
O clima varia entre o clima polar e o clima continental. Na Sibéria situa-se o local habitado mais frio do mundo, a aldeia de Oymyakon.
A ocupação humana da Sibéria é principalmente urbana. As principais cidades da Sibéria são:
História da Sibéria
A conquista e colonização da Sibéria pelos cossacos, e pelos russos, feita no século XVI, em geral, têm muitos paralelismos com a conquista do Oeste Americano: um povo europeu tecnologicamente mais desenvolvido invade territórios ancestralmente ocupados por povos nômades, com menos sofisticação tecnológica e um estilo de vida, tradições e maneira de olhar para o mundo muito diferentes das do povo invasor.
O resultado inevitável é a derrota militar dos povos com menor potencial tecnológico, que traz consigo uma assimilação cultural em grande medida feita pela força. Todos os povos europeus que se expandiram pelo mundo, derrotando militarmente as culturas autóctones de menor potencial tecnológico, utilizaram alguns aspectos mais diferentes das culturas locais como pretexto para a sua classificação como inferior, justificando assim não só a dominação mas todo o tipo de desmandos que chegaram mesmo à escravatura e ao genocídio. Os russos na Sibéria não foram exceção.
Entre os traços culturais usados para justificar a dominação e a assimilação dos povos siberianos contam-se em lugar de destaque os ritos funerários. Devido à dificuldade em abrir campos com os instrumentos de que dispunham em solo gelado ou encharcado, as culturas siberianas não enterravam os seus mortos. Os koryaques e os chukchis dissecavam-nos. Os yukaghires desmembravam-nos e depois distribuíam as várias partes, já secas, pelos familiares mais próximos. Estes pedaços do ente querido eram apelidados de "avós", funcionando como amuletos. Os kamchadales, pelo seu lado, tinham em mente as necessidades de transporte no Além: davam os cadáveres a comer aos cães, para que os falecidos tivessem uma boa equipe de cães a puxar-lhes o trenó.
No entanto, os cossacos rapidamente aprenderam que lhes sairia muito caro desprezar toda a experiência acumulada pelos siberianos ao longo das muitas gerações que levaram a encontrar as melhores soluções de sobrevivência no clima agreste da Sibéria e na escassez local de recursos.
Os costumes alimentícios locais foram rapidamente adotados por eles, e muitos destes costumes ainda perduram. Os ostíacos (Khanty) e voguls (Mansi), por exemplo, bebiam sangue fresco de renas e, quando tal não era possível, aproveitavam-no para fazer panquecas ou para engrossar a sopa. Os peixes geralmente eram comidos crus, e, como acompanhamento, bebia-se seiva de bétula. Os quirguizes, buriates e iacutos gostavam muito de kumis (leite de égua fermentado). Os iacutos orgulhavam-se particularmente do seu "alcatrão de leite" (não sendo a tradução fiável). Trata-se de uma mistura cozida de carnes, peixes, raízes, ervas e cascas de árvores. Tudo isto era bem triturado e misturado. Em seguida, adicionava-se farinha e leite.
Países
Referências
- ↑ 1,0 1,1 «Siberia». Encyclopædia Britannica. 2019. Consultado em 28 de março de 2019
- ↑ «Arctic Oscillation and Polar Vortex Analysis and Forecasts». Atmospheric and Environmental Research, Verisk Analytics. Consultado em 20 de maio de 2018
- ↑ Haywood, A. J. (2010). Siberia: A Cultural History (em English). [S.l.]: Oxford University Press. ISBN 9780199754182
- ↑ V.N. Zemskov, Inmates, Special Settlers, Exile Settlers, Exiled and Evicted (Statistical-Geographical Aspect). In: History of the USSR, 1991, no.5, pp. 151–165. (em russo)
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