Samuel Klein | |
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Nome completo | Samuel Klein |
Conhecido(a) por | Fundador das Casas Bahia |
Nascimento | 15 de novembro de 1923[[Categoria:Predefinição:Categorizar-ano-século-milénio/1]] Zaklików, Subcarpácia, Polônia |
Morte | 20 de novembro de 2014 (91 anos)[[Categoria:Predefinição:Categorizar-ano-século-milénio/1]] São Paulo, SP |
Nacionalidade | Predefinição:POLn brasileiro (naturalizado) |
Cônjuge | Anna Klein (née Wangerin) |
Filho(a)(s) | Michael Klein (empresário) Saul Klein Eva Klein Oscar Klein[1] |
Ocupação | Empresário |
Samuel Klein (Zaklików, 15 de novembro de 1923 Predefinição:Mdash São Paulo, 20 de novembro de 2014) foi um empresário polaco-brasileiro, fundador da conhecida rede de lojas de departamento Casas Bahia.[1]
Biografia
Nascido na Polônia, numa família judaica, era naturalizado brasileiro.[2] Chegou ao Brasil em 1952, no período pós-guerra,[3] construindo na América do Sul um império varejista.
Infância e adolescência
No início do século XX, aos 15 dias do mês de Novembro de 1923, nascia Samuel, o terceiro, dos nove filhos de Sucker e Sveza Klein, em uma aldeia da cidade de Zaklików, Polônia. Nessa aldeia havia mais ou menos 3 mil habitantes, onde apenas uma pequena minoria eram judeus e tinham como idioma o ídiche. O continente ainda estava sob tensão e ameaças nazistas, e sofria sequelas da Primeira Guerra Mundial.[4] Seu pai usava barba mais curta, postura assumida pela minoria judaica. Tinha como profissão carpinteiro e sua vida supria-se dentro de uma rotina. Szev, sua mãe, resplandecia o sofrimento pelas dificuldades da vida. Sempre se dedicava em fazer o melhor para família. A primeira vez que Samuel frequentou uma escola, ele tinha cerca de cinco anos, era uma escola comum, os ensinamentos eram passados por rabinos. Além de tantas outras dúvidas, havia algo que o perturbava, ninguém o chamava pelo nome, era tratado apenas de judeu quando não, "judeuzinho". Muitos judeus não assumiam sua nacionalidade por medo de represálias. Aos sete anos, Samuel foi estudar numa escola que não era judaica. Logo no 1º dia, sentiu como era difícil para um judeu ser aceito na sociedade. Com apenas oito anos de idade, aprendeu e começou a trabalhar com o tio como marceneiro.[4] na infância e adolescência já demostrava o dom de negociar e vender os animais que possuía no campo. Samuel levava uma vida entre estudo, que logo foi substituído pelo trabalho, até então tranquila.
Segunda Guerra Mundial
Quando no ano de 1939 os nazistas invadiram a Polônia, e foi levado para Majdanek com o pai. Majdanek era o terceiro maior campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial,e lá ambos foram obrigados a trabalhos forçados durante sua permanência.[4] Sua mãe e cinco irmãos seus mais jovens, foram levados para o Campo de Extermínio de Treblinka.[4] Foi levado junto com outros prisioneiros para Auschwitz-Birkenau em 1944, após a libertação da Polônia. Caminharam 50 quilômetros a pé até o rio Vístula (maior rio da Polônia).
Fugiu dos soldados numa tentativa ousada, no dia 22 de julho. Suas palavras:
“ | "Fui me escondendo e entrando no trigal cada vez mais. Não sei para onde estava indo, mas tinha a certeza de me afastar do grupo." | ” |
Passou a noite na plantação. Ao acordar, encontrou-se com polacos cristãos também fugidos, que o acolheram e o ajudaram a fugir.
Samuel chegou a voltar para sua antiga casa, que estava totalmente arrasada. Trabalhou numa pequena fazenda nas proximidades em troca de comida. Com o fim da guerra, reencontrou a irmã Sezia e o irmão Salomon.
Depois da Guerra
Os Klein na Alemanha
Os irmãos Klein foram para a Alemanha que era administrada pelos norte-americanos. Conseguiram reencontrar vivo o pai. Viveram em Munique de 1946 até 1951, tendo início sua carreira como comerciante, vendendo Vodka e Cigarro para soldados americanos.[4] Na Alemanha, Samuel fez de tudo para ganhar a vida vendendo produtos para as tropas aliadas. Em cinco anos, juntou algum dinheiro e casou-se com uma jovem alemã de nome Ana, e ali tiveram seu primeiro filho. Logo, sentiram que era hora de deixar a Europa e reconstruir a vida em outro lugar.[1]
Chegada à América
O pai foi para Israel, junto com a outra irmã Esther. Samuel queria emigrar para os Estados Unidos, mas não conseguiu. A cota de emigração estava cheia. Decidiu ir para a América do Sul, onde tinha alguns amigos. Conseguiu visto para a desconhecida Bolívia e lá chegou com a esposa e o filho.
Em 1952, a Bolívia vivia uma situação social muito complicada, com disputas políticas violentas e uma revolução em curso. Klein recordou-se de uma tia que vivia no Rio de Janeiro. Com a mulher e o filho, embarcou no primeiro avião de La Paz para a então capital brasileira. Em menos de dois meses conseguiu autorização para viver no Brasil.
De mascate a Rei do varejo
O Comerciante
Estabeleceu-se em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo com a família. A esposa e o primeiro filho do casal, Michael, então com um ano de idade, o acompanharam. Na bagagem, além da família, trazia o sonho de prosperar em um país onde, principalmente, se podia viver em paz. Tornou-se mascate, vendendo roupas de cama, mesa e banho de porta em porta, com uma charrete que adquiriu de um conhecido que transitava bem pelo comércio do Bom Retiro, zona central da Cidade de São Paulo, reduto dos imigrantes judeus e árabes na década de 50.
Casas Bahia
Em 1957, o governo de Juscelino Kubitschek autorizou as automobilísticas multinacionais a instalarem em São Paulo suas montadoras e, para isso, precisava-se de mão de obra. Como essa mão de obra veio do Norte e Nordeste do país - conhecidas pelo clima muito quente - haveria muitas dificuldades para enfrentar a terra da garoa e suas baixas temperaturas. Foi aí que Samuel enxergou um grande negócio: vender cobertores a essa população de baixa renda.
Os primeiros anos foram duros, mas como nada resiste ao trabalho, pouco a pouco as coisas iam melhorando. Em cinco anos de dedicação ao trabalho, conseguiu capital para comprar uma loja e batizou-a Casas Bahia.[4] Era a sua homenagem aos seus clientes, em sua maioria retirantes do Nordeste vindo tentar a sorte na região.[1] Entre as suas principais concorrentes estavam as Casas Pernambucanas, presentes em São Paulo desde 1910. Klein aumentou a variedade de produtos e começou a trabalhar com móveis, colchões, entre outros itens. A clientela não demorou a frequentar a loja para pagar suas prestações e adquirir novas mercadorias. Era o início de um império que foi conquistando cada vez mais clientes e mercados. A pequena loja de Klein, transformou-se em um gigante varejista, estando na Década de 2000 com 560 lojas e sendo o maior depósito de distribuição da América Latina.[4] Décadas depois, Samuel passou a gestão da Companhia para seus dois filhos: Michael e Saul. No entanto, continuou a dar expediente de segunda à quinta regularmente, até se aposentar em 2012.[4]
Mesmo tendo apenas a Educação Primária,[4] Klein sempre demonstrou extremo tino comercial, sendo um dos primeiros empresários no Brasil a acreditar e investir na oferta de produtos às camadas mais medianas e pobres do estrato social.[4] Em entrevistas afirmou que: "Pela minha experiência, posso dizer que, quanto mais pobre uma pessoa, mais honesta ela é".[4] Ainda quando era um mascate que vendia de porta em porta em São Caetano do Sul, Klein fornecia aos seus clientes, a possibilidade de pagar parcelado pelos pequenos produtos vendidos, o que foi o embrião do famoso "Carnê das Casas Bahia".[4] Justificava tal confiança em oferecer crédito a pessoas de baixa renda dizendo que: "...a riqueza do pobre é o nome".[4]
Uma de suas ações comunitárias foi o apoio à reforma da sede do Macabi, clube desportivo judaico, na Avenida Angélica. Quem conhecia o clube antes das obras e vai visitá-lo agora, fica surpreso com as novas e modernas instalações que encontra. Por essa razão, a Diretoria do Macabi decidiu dar ao edifício, totalmente reformado, o nome de Samuel Klein.[carece de fontes]
Morte
Samuel Klein morreu em 20 de novembro de 2014, vítima de insuficiência respiratória no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, onde estava internado havia quinze dias.[5][6] Foi velado e enterrado no Cemitério Israelita do Butantã na tarde do dia 20 de novembro de 2014.
Acusações de crimes
Participação no Escândalo do Banestado
O relatório final da CPI do Banestado pediu o indiciamento de Samuel Klein, e seu filho e diretor das Casas Bahia, Michael Klein, além de outras 89 acusados de envolvimento no esquema de envio de remessas ilegais de cerca de US$ 30 bilhões para o exterior e crime contra a ordem tributária.[7][8]
Estupro e exploração de meninas
Em dezembro de 2020, o site UOL teve acesso a processo judiciais que revelavam que Samuel Klein usava o caixa de lojas das Casas Bahia para o pagamento de garota de programas menores de idade.[9]
Em abril de 2021, o site de jornalismo investigativo Agência Publica publicou uma matéria envolvendo os crimes sexuais de Samuel Klein, que na legislação brasileira incluem estupro de vulnerável e crime de exploração de vulnerável. As mulheres, menores de idade, descobriam que Samuel Klein recompensava mulheres com dinheiro e produtos, e o procuravam. Em alguns casos, o próprio empresário procurava as mulheres, distribuindo dinheiro em bairros populares com o intuito de aliciar as menores de idade. Os crimes aconteceram em sedes das Casas Bahia e em diversos imóveis do empresário. As vítimas, após os abusos, recebiam dinheiro e produtos das Casas Bahia. Em muitos casos, as mulheres iam até as lojas das Casas Bahia com bilhetes assinados pelo próprio Samuel Klein, causando situações vexatórias aos funcionários.[10]
Káthia Lemos, acusada pela reportagem de ser uma das aliciadoras de mulheres menores de idade para Samuel Klein, diz que na verdade agia para despistar as mulheres de pedidos, como recompensação monetária ou produtos, ao empresário.[10]
Um advogado ouvido pela Agência Pública afirma que fechou um acordo judicial, com pacto de confidencialidade, onde o processo judicial continha vídeos comprovando os crimes sexuais de Samuel Klein. O acordo judicial terminou em indenização monetária às vítimas e destruição das provas. Outros processos judiciais contra Samuel Klein tiveram final semelhante, com indenização das vítimas. Apenas um caso judicial segue em tramitação, esperando julgamento pelo Superior Tribunal de Justiça.[10]
A Via Varejo, empresa controladora das Casas Bahia, em resposta à Agência Pública, disse: "Esclarecemos que a família Klein nunca exerceu qualquer papel de controle na Via Varejo, holding constituída em 2011 para gerir as marcas Casas Bahia, Pontofrio, Extra.com.br e Bartira. [...] Repudiamos veementemente todo e qualquer tipo de assédio, práticas ilegais e atos discriminatórios em nossas dependências, incluindo nossa sede administrativa e nossas lojas."[10]
Bibliografia
- AWAD, Elias. Samuel Klein e Casas Bahia: uma Trajetória de Sucesso. Osasco: Novo Século Editora, 2005. ISBN 9788576790020
Referências
- ↑ 1,0 1,1 1,2 1,3 Conheça a história de superação de Samuel Klein, fundador da Casas Bahia, Claudia Facchini, iG São Paulo, 13 de janeiro de 2012
- ↑ Samuel Klein: O mascate que construiu um grande império no varejo. www.casasbahia.com.br
- ↑ «Entenda a classe C, por Michael Klein, presidente das Casas Bahia». Estratégia Empresarial (em português). 4 de agosto de 2008. Consultado em 19 de abril de 2019
- ↑ 4,00 4,01 4,02 4,03 4,04 4,05 4,06 4,07 4,08 4,09 4,10 4,11 4,12 De mascate em São Caetano a "rei do varejo", Estado de S. Paulo, 21 de novembro de 2014
- ↑ «Morre aos 91 anos Samuel Klein, fundador das Casas Bahia». noticias.r7.com. Consultado em 20 de novembro de 2014
- ↑ Portal G1. «Fundador das Casas Bahia, Samuel Klein morre aos 91 anos em SP». Consultado em 20 de novembro de 2014
- ↑ «Relatório provoca críticas da oposição e de aliados do governo». Gazeta Mercantil. Consultado em 16 de abril de 2021
- ↑ «Relatório sugere o indiciamento de 87 pessoas». Agência Câmara de Notícias. 21 de dezembro de 2004
- ↑ Lopes, Pedro (30 de dezembro de 2020). «Samuel Klein usava caixa das Casas Bahia para pagar garotas de programa». noticias.uol.com.br (em português). UOL. Consultado em 15 de abril de 2021
- ↑ 10,0 10,1 10,2 10,3 Barros, Ciro; Levy, Clarissa; Correia, Mariama; Pina, Rute; Domenici, Thiago; Dip, Andrea (15 de abril de 2021). «As acusações não reveladas de crimes sexuais de Samuel Klein, fundador da Casas Bahia». Agência Pública (em português). Consultado em 15 de abril de 2021