As Ruínas romanas das Carvalheiras, também referidas como Insula de Bracara Augusta, localizam-se na freguesia da Braga (Maximinos, Sé e Cividade), cidade e município de Braga, distrito do mesmo nome, em Portugal.[1]
Encontram-se classificadas como Imóvel de Interesse Público desde 1990.[1]
História
Integra os vestígios remanescentes de um bairro residencial da antiga "Bracara Augusta". Acredita-se que tenha sido erguido no século I, tendo sofrido transformações no século III, e sendo habitado até finais do século V. Em nossos dias encontra-se em processo de estudo e musealização.
Esta casa é considerada o exemplo mais elucidativo da arquitectura urbana privada de "Bracara Augusta". Situada nas proximidades do "forum", a casa foi construída na época Flávia (69-96), tendo sido remodelada na primeira metade do século II e em finais do século III ou inícios do IV, supondo-se que tenha sido abandonada no século V.
Na primeira metade do século II o quadrante noroeste da casa foi remodelado para instalação de um balneário, com uma área de 190 metros quadrados.
Características
Esta habitação ocupava a totalidade de um quarteirão da cidade, com uma área de 1.156 metros quadrados, dispondo-se em duas plataformas que definiam dois espaços funcionais distintos, com entradas autónomas, a sul e a norte, respectivamente.
A entrada sul dava acesso a um átrio, com um tanque ("implúvio"), que recebia a água da chuva a partir de uma abertura no telhado ("complúvio"). Em torno deste átrio organizavam-se vários espaços de recepção. Uma escada interior permitia descer ao peristilo, ao redor do qual se dispunham os espaços mais privados da habitação, designadamente, as salas de recepção e de refeição, os quartos, a cozinha e a latrina.
Ao longo das fachadas sul e oeste da casa existiam lojas que eram acessíveis a partir dos pórticos que ladeavam as ruas e que serviam de eixos de circulação pedonal.
No revestimento dos pavimentos e paredes deverão ter sido usados mosaicos e pinturas murais, ainda que os mesmos não se tenham conservado dada a natureza ácida do solo no local.
Musealização
Em 10 de Dezembro de 2018, a Câmara de Braga e a Universidade do Minho decidiram desenvolver um projeto de valorização e musealização do conjunto arqueológico das Carvalheiras, com vista a tornar o local visitável pelo público[2].
A primeira fase, que será desenvolvida durante 2019, inclui a conceção da "solução arquitetónica de musealização das ruínas e dos circuitos de visita, das soluções de conservação e cobertura dos vestígios, da solução arquitetónica do centro de interpretação e da sua articulação com a área a visitar e do tratamento da envolvente, que implica uma solução de arranjo paisagístico do interior do quarteirão das Carvalheiras".
A segunda fase, que diz respeito à execução do projeto, será desenvolvida a partir de 2020.
O projeto pretende ainda criar as condições para dotar o interior do quarteirão das Carvalheiras de um parque urbano, aberto à cidade e aos visitantes, anexo às ruínas, que facultará um usufruto qualificado do espaço pelos cidadãos e o desenvolvimento de atividades culturais e de lazer.
Entre 1983 e 2000 a Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho realizou trabalhos no local que permitiram descobrir um "significativo e diversificado conjunto de estruturas arqueológicas, correspondentes a uma área residencial da cidade romana de Bracara Augusta".
A Zona Arqueológica é composta por um extensa área de ruínas (cerca de 1900 metros quadrados), que definem um quarteirão residencial da cidade de Bracara Augusta.
O projeto, que deverá estar concretizado até 2021 vai permitir aos bracarenses e visitantes um maior conhecimento da história da cidade através de uma experiência interativa, alicerçada nas media arts.
Para além da componente arqueológica, o projeto prevê a criação de um parque urbano anexo às ruínas, que facultará um usufruto qualificado do espaço pelos cidadãos e o desenvolvimento de atividades culturais e de lazer[3].
A Ínsula vai entrar em obras na primavera de 2021. O projeto de musealização e visitação das ruínas, realizado por projetistas espanhóis, de Tarragona, Ricardo Mar e Alejandro Beltrán-Caballero, estará concluído em janeiro de 2021.
O investimento base, previsto, está estimado em 2,5 milhões de euros e a promessa é a de construir um túnel do tempo, remetente à história romana da cidade e para visita e usufruto de todos os cidadãos.
O acesso à ruína será feito através da Rua Cruz de Pedra.
Ver também
Referências
Ligações externas