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Roda dos expostos

"La guardia alla ruota dei trovatelli" de Gioacchino Toma (1846-1891).

A roda dos expostos ou roda dos enjeitados consistia num mecanismo utilizado para abandonar (expor ou enjeitar na linguagem da época) recém-nascidos que ficavam ao cuidado de instituições de caridade.

O mecanismo, em forma de tambor ou portinhola giratória,[1] embutido numa parede, era construído de tal forma que aquele que expunha a criança não era visto por aquele que a recebia.

Esse modelo de acolhimento ganhou inúmeros adeptos por toda a Europa, principalmente a católica, a partir do século XVI.[1]

Em Portugal

Roda dos expostos (Recolhimento de Santa Maria Madalena, Ilha de Santa Maria (Açores), Portugal).

Em Portugal, as rodas espalharam-se a partir de 1498 com o surgimento das irmandades da Misericórdia, financiadas pelos Senados das Câmaras.[1]

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa foi pioneira neste dispositivo.[2] Ao lado existia uma pequena capela onde as crianças eram imediatamente batizadas, ao entrarem.

Segundo as Ordenações Manuelinas de 1521 e confirmadas pelas Ordenações Filipinas de 1603, as Câmaras deveriam arcar com o custo de criação do enjeitado nascido sob a sua jurisdição, caso esta não tivesse a Casa dos Expostos e nem a Roda dos Expostos.[1][2] A Câmara teria essa obrigação até que o exposto completasse sete anos de idade.[2]

A última mulher executada em Portugal, que aconteceu em 1 de julho de 1772, foi uma rapariga com 22 anos, chamada Luísa de Jesus, que matava os bebés que adoptava, que tinham sido expostos na roda, com o intuito de se apoderar do enxoval da criança e embolsar os 600 réis que eram dados nessa altura.

Em 21 de Novembro de 1866, foi decretada a extinção da Roda dos Expostos em todo o país. A Roda dos Expostos de Lisboa só foi efetivamente extinta alguns anos mais tarde.

No Brasil

As primeiras Santas Casas de Misericórdia da América Portuguesa que receberem a roda dos expostos foram as de Salvador (1726) e a do Rio de Janeiro (1738).[2]

Ver também

Referências

  1. 1,0 1,1 1,2 1,3 Franco, Renato. (1 de outubro de 2010). Rejeitados, jamais. Revista de História da Biblioteca Nacional, acesso em 16 de outubro de 2010
  2. 2,0 2,1 2,2 2,3 Ferreira, Luciana Vieira. A criação de enjeitados em Vila Rica: a permanência da caridade (1775-1850). II Encontro Memorial do ICHS da Universidade Federal de Ouro Preto, 2009

Ligações externas

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