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Rádio Interferência

Rádio Interferência
País  Brasil
Frequência(s) 91.5 MHz (Rio)
Idioma Língua Portuguesa
Sítio oficial Página da Rádio

A Rádio Interferência é uma rádio livre mantida pelos estudantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), particularmente dos cursos localizados no campus da Praia Vermelha, desde 1985. Como rádio livre, a emissora não tem registro legal (nem o procura) e transmite na freqüência 91,5 MHz com potência de 50 watts, o que atinge um raio de cerca de 5 km (maior do que o legalmente permitido para rádios comunitárias).

Várias gerações de estudantes já passaram pela Rádio Interferência, totalizando centenas de participantes e ex-participantes. Alguns deles são hoje profissionais consolidados no mercado de rádios do Rio de Janeiro e do Brasil.

De acordo com seu projeto oficial de junho de 2002, a Interferência não é legalizada por projeto político, já que "contesta as formas concessionárias de legalização e apóia o movimento em favor das rádios livres". Ela também se considera uma rádio universitária "na medida em que seu projeto foi elaborado e organizado majoritariamente por estudantes da UFRJ e que seu estúdio está situado no prédio do DCE Mário Prata, no Campus da Praia Vermelha". E se diz ainda uma rádio comunitária "na medida em que seu raio de alcance está para além do terreno universitário e que se propõe a estabelecer uma interação da universidade com as comunidades que circundam o campus".[1]

Em outubro de 2003 foi aprovado outro texto que amplia e substitui o projeto anterior e enfatiza a atuação política da rádio contra as restrições da Lei 9.612 de Radiodifusão Comunitária e sua aplicação pela Anatel.[2]

História

A rádio foi fundada em 1985 por estudantes de Comunicação, Economia e Educação Física da UFRJ (cursos sediados no Campus da Praia Vermelha). Na primeira fase, a emissora usava a freqüência 91,5 FM e se propunha a ser uma "rádio móvel". As transmissões duraram até 1986.

Em 1988, entrou no ar a Rádio UFRJ ou UFRJ-FM, feita por alunos de Engenharia no Campus do Fundão, na freqüência 89,9 FM, e que é transmitida até hoje. No entanto, as duas rádios não mantém nenhuma ligação institucional.

Em 1989, foi inaugurada a Rádio Livre, criada por alunos e que funcionava no laboratório de rádio da ECO-UFRJ, e usando a mesma freqüência 91,5 FM da Rádio Interferência. Dois anos mais tarde, o laboratório foi demolido para criação da CPM (Central de Produção Multimídia) e a Rádio Livre se mudou para a sala do Centro Acadêmico da Escola de Comunicação (CAECO, que estava desativado desde 1987 por iniciativa de Bussunda). Em 1992, a Rádio Livre cessou suas atividades.

Em 1996, um grupo de alunos refundou a Rádio Interferência como atividade laboratorial da Escola de Comunicação, com orientação da Profª. Ivana Bentes. Transmitiam na freqüência 91,5 FM. A rádio voltou a ser localizada no prédio do DCE. É nesta época que se instala a antena no prédio da Uni-Rio, onde está até hoje. Esta segunda fase durou até 1997.

Em 2001, com dinheiro de uma nova gestão do CAECO, é comprado um transmissor, e a Rádio Interferência é ressuscitada novamente, voltando a utilizar a freqüência 91,5 FM. Depois de uma paralisação por defeito no transmissor e pela greve dos professores federais naquele ano, a Interferência se reestrutura em 2002, abole a diretoria e inaugura o sistema de núcleos, em gestão horizontal. A sala é reformada e a antena é substituída por uma nova.

Em 14 de abril de 2003, os estudantes receberam um policial federal que amparado por um mandato intimou a rádio a parar de transmitir e autuou a UFRJ, sob alegação de que o sinal da rádio interferia na comunicação do Aeroporto Santos Dumont. As transmissões pararam mas foram retomadas dias depois por internet (webrádio) e mais tarde pelo sinal convencional em FM. Uma nova visita, desta vez por fiscais da ANATEL, em novembro do mesmo ano, obrigou a rádio a fechar e os equipamentos foram lacrados.

Em 2008 houve a assinatura de um termo de ajustamento de conduta (TAC) entre a UFRJ e a Anatel com a intermediação da AGU. A universidade se comprometeu a não apoiar a Rádio Interferência em troca de uma concessão oficial de rádio educativa, a Rádio UFRJ FM. Desde então, são os alunos do DCE que assumiram a gestão da Rádio Interferência.

Atualmente a Rádio Interferência é gerida por um coletivo de alunos das várias faculdades do Campus da Praia Vermelha e opera por meio de um site onde tem sua programação musical e conteúdo de podcasts, vídeos de entrevistas e debates e outros conteúdos que serão produzidos a partir do ano de 2020. O Endereço do site é www.radiointerferencia.com.

Programação

A programação da Rádio Interferência é de estilo "alternativo" ao das rádios comerciais, em que levam ao ar música e informações normalmente ausentes do repertório da grande mídia. Os temas dos programas não se restringem a assuntos relativos à universidade. O projeto define a emissora como "um espaço de experimentação exercendo a função de uma rádio laboratório, dando oportunidade aos estudantes que pretendem trabalhar com esse veículo a realizar uma experiência prática ainda durante o período universitário" mais informações entre no site www.radiointerferencia.com.

A rádio tem uma grade de programação fixa renovada a cada semestre. Duas vezes por ano ocorre um período de inscrição e reinscrição de programas, em que os estudantes devem apresentar propostas para pleitear um horário semanal de 60 minutos. Programas no ar há mais tempo têm prioridade para manter seu espaço na grade.

Técnica

O alcance do sinal da Rádio Interferência era delimitado pela potência do transmissor (50w) e sofreu interferência de outros sinais de rádio que operavam na mesma região. Sabia-se que o sinal atingia 5 bairros da Zona Sul do Rio de Janeiro: Urca, Botafogo, Flamengo, Laranjeiras (parcialmente), Catete (parcialmente) e mais a praia de Icaraí, em Niterói (pois as ondas FM se propagavam bem sobre as águas da Baía de Guanabara).

Para driblar a fiscalização, a antena de transmissão ficava instalada no terraço de um prédio da vizinha Uni-Rio, no bairro da Urca.

Gestão

A gestão da Rádio Interferência é totalmente horizontal. Cada estudante participante é chamado de "programador". Os programadores organizam-se em 8 núcleos temáticos. Todo programador é obrigado a fazer parte de pelo menos um deles. Os núcleos reúnem-se independentemente (a cada 15 dias, segundo o regulamento) e realizam as tarefas da sua área. O número de participantes por núcleo é ilimitado.

As reuniões acontecem de 15 em 15 dias em horários alternados, quando todas as questões referentes ao funcionamento da rádio são tratadas. Todo programador é obrigado a participar de pelo menos uma reunião a cada mês. Questões que alterem as normas de funcionamento ou provoquem mudanças significativas na estrutura da rádio devem ser votadas em assembléia extraordinária.

Os estudantes-programadores devem avisar ao núcleo de programação caso não possam comparecer no horário do programa para transmiti-lo, e suprir o espaço com programação pré-gravada. De outra forma, são passíveis de punição.

O regulamento estabelece uma taxa semestral (em 2005, o valor era de R$ 30 por programa, não por pessoa) ou mensalidade que já foi de caráter voluntário e passou a ser obrigatória (em 2020 a meta é de R$ 50 por programa).

Os núcleos são:

  • Programação - organiza a grade de programação; cuida para que a grade não tenha "buracos", aplicando punições no caso de mau uso ou falta de programadores;
  • Finanças - administra o sistema de cobrança das mensalidades e outras formas de arrecadação; presta contas periodicamente;
  • Conservação e Limpeza - organiza o rodízio de responsáveis pela limpeza semanal; compra material de limpeza; fiscaliza o funcionamento da limpeza e conservação dos equipamentos, acervo e sala;
  • Manutenção Técnica - responde pela boa utilização dos equipamentos de radiotransmissão, pela conservação e conserto de qualquer problema técnico, pelo controle do patrimônio tecnológico da rádio e pela gerência das dificuldades e necessidades;
  • Divulgação - divulga a emissora na universidade, na comunidade e na mídia
  • Acervo - mantém, cataloga e preserva o acervo de discos, fitas, CDs e MP3 da emissora
  • Apoios e Parcerias - busca, gerencia e leva propostas de apoios e parcerias que sejam de interesse
  • Integração e Unidade - elabora formas de dar unidade à programação, do ponto de vista estético, de linguagem e formal; elabora vinhetas de programação; redige as atas das reuniões e outros documentos.

Função social

Um dos pontos mais enfatizados no projeto da Rádio Interferência é a sua função social, definida como a necessidade de "estar ciente de que o seu público é mais amplo do que aquele dentro do campus". A regra interna estabelece que o programador "deve estar ciente de que ao falar no microfone da Rádio está falando em nome de um coletivo e por isso deve ser responsável por tudo que for veiculado no seu programa. No caso de questões político-ideológicas, o programador que quiser dar suas opiniões deve deixar claro que o posicionamento veiculado é individual e não de toda a rádio".[3]

Ao longo de sua história, a Interferência abriu espaço para representantes de outras instituições da comunidade local, como alunos do Instituto Benjamin Constant para deficientes visuais e a associação de moradores da Rua Lauro Müller (adjacente ao campus).

Este aspecto da rádio não é unanimidade e historicamente levantou polêmicas. Em 2003, por exemplo, o coletivo da rádio se recusou a aceitar um patrocínio de uma fabricante de biscoitos em troca de publicidade, por temer a comercialização da programação a longo prazo.

Ver também

Referências

  1. Projeto da Rádio Interferência, junho de 2002
  2. «Projeto da Rádio Interferência, outubro de 2003». Consultado em 14 de fevereiro de 2008. Arquivado do original em 7 de fevereiro de 2008 
  3. idem

Ligações externas

Predefinição:UFRJ

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