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Quadro de Material Bélico

Símbolo do Material Bélico

O Quadro de Material Bélico é o serviço do Exército Brasileiro que realiza apoio logístico voltado para a manutenção do material bélico, principalmente, os armamentos, as viaturas e as aeronaves, no tocante ao suprimento de peças e conjuntos de reparação destinados a esses materiais. Entre suas atribuições, incluem-se também o suprimento de combustíveis, óleos, graxas e lubrificantes para motores e máquinas.

Quadro de Material Bélico

Foi criado por meio da Lei 3.654, de 4 novembro de 1959, o Quadro de Material Bélico, componente operacional do exército, que integrava os antigos setores que se dedicavam na obtenção e distribuição de suprimento de material bélico, manutenção e evacuação de todo o material usado pela força terrestre.

Todavia, as origens do Material Bélico remontam ao período colonial da história do Brasil, quando se organizara uma estrutura de manutenção capaz de apoiar e prestar manutenção ao material militar do exército colonial.


A Guerra da Tríplice Aliança representou o ponto alto da atuação dos arsenais e fábricas no século XIX. Afora a deficiência de suprimentos, o então Marquês de Caxias deparou-se com a precariedade do material bélico existente. Em sua preparação para a arrancada vitoriosa, o invicto general reequipou a infantaria e a cavalaria, bem como dotou a artilharia com novas peças, fabricadas, em sua maior parte, no país, a fim de reduzir ao máximo a dependência da importação de armamento e munição, indispensáveis às operações de guerra.

Durante a república, em 1915, instituiu-se, no Exército Brasileiro, o Serviço de Material Bélico e, três anos depois, foi inaugurado, no Rio de Janeiro, o Depósito Central de Material Bélico, com a missão de estocar o armamento e a munição da então denominada Diretoria de Material Bélico.

O Estado-Maior do Exército criou, na década de 1930, a Seção de Motomecanização. Em 1938, os blindados Renault, adquiridos na década anterior, foram substituídos pelos carros Ansaldo, de fabricação italiana, que passaram a mobiliar o recém-criado Esquadrão de Autometralhadoras. Mais tarde, tornou-se o Centro de Instrução de Motorização e Mecanização (CIMM), primeiro centro de instrução de Material Bélico. Em 1942, o CIMM transformou-se em Escola de Motomecanização, sob o comando do então tenente-coronel Artur da Costa e Silva, futuro Presidente da República.

Durante a Segunda Guerra Mundial, implementou-se a 1ª Companhia Leve de Manutenção, integrante da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária, a qual foi organizada em três pelotões: o de suprimentos, o de evacuação e reparação auto e o de reparação de armamento, além de uma seção de comando. Fruto das experiências colhidas na campanha da Itália, o exército reformulou seu apoio de Material Bélico, criando, em 1946, batalhões de manutenção e companhias de manutenção leves, médias e especiais.

A Missão Militar Francesa trouxe a motomecanização o que acarretou um grande volume de novos equipamentos, proporcionando um aumento significativo das necessidades de manutenção de material rodante militar, bem como das demais atividades paralelas requeridas à sua manutenção.

Em razão dessa necessidade criou-se o Centro de Instrução de Motorização e Mecanização, por ordem do marechal José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque e do general Carlos Flores Paiva Chaves. O centro ampliou-se, e foi sucessivamente denominado: Escola de Motomecanização (1942) e Escola de Material Bélico (1960), quando incorporou o Curso de Armamento e Munições que era ministrado na Escola de Instrução Especializada. A Portaria do Comandante do Exército nº 126, de 10 de março de 2010, transformou a Escola de Material Bélico em Escola de Sargentos de Logística.

Como consequência natural de toda essa evolução, em 1959, foi criado o mais novo componente operacional do exército, o Quadro de Material Bélico. Sua lei de criação estabelecia que o Material Bélico tivesse as seguintes finalidades:

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O Material Bélico - Reunir, num só quadro, todos os oficiais que exerçam funções relativas à pesquisa, estudo, fabricação, recuperação, armazenamento e manutenção de material bélico: armamento, munições e explosivos, material de guerra química, instrumentos e equipamentos de observação e direção de tiro, viaturas, combustíveis e lubrificantes. Prover as necessidades em pessoal especializado para o exercício de funções de direção, chefia e comando e execução em órgãos da alta administração do Ministério da Guerra, diretorias incumbidas do suprimento, manutenção e fabricação de material bélico, serviços dos grandes comandos, fábricas, arsenais, parques e depósitos, bem como unidades de manutenção.

Em 1986, com a aprovação pelo Estado-Maior do Exército do manual de campanha C 9-1 – Emprego do Material Bélico, definiu-se a doutrina de emprego até hoje vigente, atribuindo-se ao Quadro, desde então, missões de combate, de apoio ao combate e de apoio logístico.

As missões de combate consistem no seu emprego como arma base e englobam a defesa de seus locais de trabalho, a sua própria proteção em marchas e estacionamentos, as ações preventivas e repressivas como integrante de forças de segurança de área de retaguarda e, mesmo, o seu emprego como infantaria em situações excepcionais de combate. As missões de apoio ao combate compreendem a destruição e remoção de granadas e bombas, as informações e a assistência técnica, a defesa química, biológica e nuclear, as inspeções e o estabelecimento de normas técnicas.

As missões logísticas, razão inicial da criação do Material Bélico, são cumpridas por meio de atividades de suprimento e manutenção dos materiais de defesa, da coleta e evacuação do material salvado e capturado; em situações peculiares, essas missões poderão incluir o transporte de material de defesa.

Helicópteros do exército brasileiro.

Em síntese, cabe ao Material Bélico assegurar o apoio cerrado e contínuo, que confere o poder de fogo e a mobilidade ao Exército Brasileiro. O renascimento da Aviação do Exército e as recentes operações de manutenção de paz têm demonstrado que, sem um eficiente apoio de Material Bélico, tais missões ficam seriamente comprometidas.

Sendo assim, com as perspectivas de o Brasil se firmar cada vez mais como uma liderança no cenário internacional, aliado ao fato de o país possuir uma das maiores reservas de biodiversidade do planeta, cresce em importância a aquisição, por parte do Exército Brasileiro, de modernos materiais de defesa capazes de garantir a operacionalidade da tropa em ambientes de combate com características assimétricas. Nesse sentido, os integrantes do Quadro de Material Bélico vêm buscando seu constante aperfeiçoamento, a fim de estar à altura dos novos desafios advindos do combate moderno.

O tenente-general Carlos Antônio Napion é o patrono do Quadro de Material Bélico.

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