O Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (PROERD) é [1] programa educacional brasileiro que tem como base o DARE (Drug Abuse Resistance Education), programa educacional americano criado pela Professora e Psicopedagoga Ruth Rich em conjunto com chefe do Departamento de Polícia da cidade de Los Angeles Daryl Gates em 1983.[2] Atualmente o Programa está presente nos 50 estados americanos, e em 58 países. Apesar de sua difusão, diversos estudos indicaram a ineficiência do programa, incluindo o do Surgeon General of the United States que em 2001 classificou o programa DARE como ineficaz.[3] O Government Accountability Office realizou um novo estudo dois anos depois e obteve conclusões similares ao relatório do Surgeon General.[4] Em consequência disso, o Departamento de Educação dos Estados Unidos cortou o financiamento ao DARE em 2004 enquanto outros órgãos do governo do Estados Unidos reduziram significativamente o financiamento do programa (que passou de 10 milhões de dólares em 2002 para 3,5 milhões de dólares em 2012). Isso forçou a organização responsável pelo DARE a reformular o programa entre 2004 e 2009, adotando um novo currículo pedagógico chamado keepin' it REAL.[5]
No Brasil ele chegou em agosto de 1992 introduzidos por policiais estadunidenses na Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro[6], sendo que desde 2002 se encontra em todos os estados do Brasil. Em 2021 um estudo da Universidade Federal de São Paulo realizado em escolas do estado de São Paulo e publicado nas revistas científicas International Journal of Drug Policy e Prevention Science indicou que o programa Proerd foi considerado ineficaz.[7]
Em 2005, Miriam Abramovay e Mary Castro apresentaram resultados de pesquisa sobre drogas com estudantes de 14 capitais do Brasil. Esta versão resumida condensa trabalho maior, publicado em 2002, a partir da análise de vários indicadores. Os dados trouxeramum retrato importante do modo como o tema perpassa o cotidiano escolar e sobre como pensam e se comportam os jovens com relação à questão. As autoras defendem a escola como espaço legítimo para abordagem do tema, dada sua importância como locusde formação. Defendem não somente o tema como parte do projeto pedagógico das escolas como ainda a possibilidade de uma outra escola, capaz de proteger a comunidade e ressignificar a vida em sociedade a partir de uma nova abordagem às drogas.
Objetivos
O PROERD é desenvolvido nas escolas públicas e particulares, no 5º e 7º ano do Ensino Fundamental, na educação infantil (PROERD Kids) e para adultos.O programa é realizado, por policiais militares treinados e preparados para desenvolver o lúdico através de metodologia especialmente voltada para crianças, adolescentes e adultos. O objetivo é transmitir uma mensagem de valorização à vida, e da importância de manter-se longe das drogas e da violência. No PROERD, Pais são reforçados a importância da amizade e supervisão dos pais com os filhos. Após quatro meses de curso as crianças recebem o certificado PROERD, ocasião que prestam o compromisso de manterem-se afastados e longe das drogas e da violência. O PROERD Pais é composto de cinco encontros de aproximadamente duas horas.
O Programa
O Programa é pedagogicamente estruturado em lições, ministradas obrigatoriamente por um policial militar fardado; que além da sua presença física em sala de aula como educador social, propicia um forte elo na comunidade escolar em que atua, fortalecendo o trinômio: Polícia Militar, Escola e Família.
O Programa oferece, em linguagem acessível às faixas etárias que se direciona, uma variedade de atividades interativas com a participação de grupos em aprendizado cooperativo; atividades que foram projetadas para estimular os estudantes a resolverem os principais problemas na fase em que se encontram vivendo.
O Programa não invalida qualquer outro Programa, Trabalho ou Atividade de prevenção, dirigido aos jovens como um todo. A cooperação da sociedade é fundamental, e a participação efetiva do empresariado constitui-se na sustentação econômica e financeira, da viabilidade e continuidade do PROERD, visando atender parcela cada vez mais significativa das crianças e adolescentes, criando dessa forma uma rede protetiva crescente contra as drogas (lícitas e ilícitas), bem como, contra as atitudes que geram violência.
Atendimento
Somente no Estado do Rio de Janeiro, o PROERD já atendeu mais de 1.200.000 crianças desde sua implantação, em 1992.
No estado de Santa Catarina, de 1998, ano inicial, até 2013, o PROERD chegou a marca de 1.000.000 de crianças atendidas no 5º ano, o que corresponde a aproximadamente 15% da população catarinense.
Eficiência
Um estudo divulgado em dezembro de 2021 apontou falhas no programa, que não reduz o consumo de álcool e drogas entre os jovens.[8]
Referências
- ↑ «Polícia Militar mantém há 20 anos um projeto educativo contra drogas:Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd) já atendeu 13 milhões de alunos em todo o Brasil, mas recebe crítica de especialista». Glboo Educação. 7 de fevereiro de 2012. Consultado em 24 de novembro de 2021
- ↑ Renee Moilanen (janeiro de 2004). «Just Say No Again:The old failures of new and improved anti-drug education». Reason. Consultado em 24 de novembro de 2021
- ↑ Frontline. «How effective is D.A.R.E.?». PBS. Consultado em 24 de novembro de 2021
- ↑ «Youth Illicit Drug Use Prevention: DARE Long-Term Evaluations and Federal Efforts to Identify Effective Programs» (PDF). Government Accountability Office. 15 de janeiro de 2003. Consultado em 24 de novembro de 2021
- ↑ Christopher Ingraham (12 de julho de 2017). «A brief history of DARE, the anti-drug program Jeff Sessions wants to revive». The Washington Post. Consultado em 24 de novembro de 2021
- ↑ «Policial americano ensina hoje na escola como evitar drogas». Jornal do Brasil, ano CII, edição 141, página 18/republicaod pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 27 de agosto de 1992. Consultado em 24 de novembro de 2021
- ↑ André Julião (24 de novembro de 2021). «Estudo em escolas de São Paulo mostra que programa de prevenção às drogas mais comum no país é ineficaz». Agência Fapesp. Consultado em 24 de novembro de 2021
- ↑ «Programa da PM em escolas não reduz consumo de álcool e drogas». Folha de S. Paulo. Consultado em 28 de dezembro de 2021