Antônio Álvares Pereira Coruja | |
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Nascimento | 31 de agosto de 1806[[Categoria:Predefinição:Categorizar-ano-século-milénio/1]] Porto Alegre |
Morte | 4 de agosto de 1889 (82 anos)[[Categoria:Predefinição:Categorizar-ano-século-milénio/1]] Rio de Janeiro |
Serviço militar | |
País | Brasil |
Antônio Álvares Pereira Coruja, conhecido como Professor Coruja (Porto Alegre, 31 de agosto de 1806[1] — Rio de Janeiro, 4 de agosto de 1889[1]) foi um político, educador, historiador e escritor brasileiro.
Filho de José Alvares Pereira e Felícia Maria da Silva, foi batizado como Antônio Álvares Pereira. Foi em seu tempo de estudante que recebeu o apelido "Coruja", que depois incorporou ao seu nome.[2] De família pobre, fez seus primeiros estudos com os professores que Porto Alegre então dispunha: Maria Josefa, Antônio D’Ávila (o "Amansa-Burros"), padre Tomé Luís de Sousa e padre João de Santa Bárbara.[1] Para auxiliar na sua subsistência era sacristão na Igreja Matriz de Nossa Senhora Mãe de Deus, onde tornou-se amigo do padre Tomé Luís de Sousa, com quem aprendeu, mais tarde, o latim.[1]
Entre 1826 e 1827 estudou no Rio de Janeiro, e em seu retorno foi habilitado para dar aulas de primeiras letras, abrindo sua primeira aula pública, que em 1830 já tinha 140 alunos.[2] Em 1831 foi habilitado professor público de Gramática Latina, e mais tarde lecionou também Filosofia Racional e Moral.[3]
Maçom, participava das reuniões da Sociedade Continentino, desde sua fundação, em 1831.[4] Nesse mesmo ano era, junto com Pedro Boticário, redator do jornal O Compilador, patrocinado pela Sociedade Continentino, que circulou entre 3 de outubro de 1831 e novembro de 1832.[5][6] Em 1835 publicou em Porto Alegre sua primeira obra, Compendio da grammatica da lingua nacional, que teve ótima recepção, recebendo 11 reedições no Rio de Janeiro até 1894.[2]
Eleito suplente de deputado provincial na 1ª Legislatura da Assembléia Legislativa Provincial do Rio Grande do Sul, foi chamado a assumir em dezembro de 1835. Pouco depois de assumir apresentou um projeto de lei para reorganizar o ensino primário e criar uma escola normal para formação de professores, que foi aprovado em 29 de dezembro, mas devido ao tumulto gerado pela eclosão da Revolução Farroupilha, não foi implementado.[2] Por se envolver na Revolução Farroupilha, quando da retomada de Porto Alegre pelas tropas imperiais foi preso no quartel do 8º Batalhão e depois na Presiganga. Solto após cerca de cinco meses, mudou-se então, em 1837, para o Rio de Janeiro com a família, alegando perseguições que teria passado a sofrer.[3]
No Rio de Janeiro, em 1839 era secretário da Sociedade Literária do Rio de Janeiro. Em 1840 fundou sua primeira escola, o Liceu Minerva,[1] foi também professor particular de prestígio na corte.[7] Em 1842 ingressou no Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, onde ocupou por quase vinte anos o cargo de tesoureiro e escreveu vários artigos sobre o Rio Grande do Sul na Revista Trimensal do Instituto.[7] Na corte também teve a preocupação em divulgar uma imagem positiva do Rio Grande do Sul, envolvido ainda no conflito farroupilha.
No Rio publicou vários livros didáticos e gramáticas,[1] além de ter presidido a Sociedade Imperial Amante da Instrução no Rio e a Sociedade Beneficente e Humanitária Rio-Grandense. Atuou como jornalista no Porto-Alegrense em 1847, no Argos de 1840 a 1850 e no Mercantil de 1850 a 1858, todos do Rio Grande do Sul.[8]
Tendo reunido uma pequena fortuna, abandonou o magistério[8] e entrou no mundo dos negócios, fundado uma caixa bancária. Foi enganado pelo sócio e arruinou-se economicamente no final da década de 1870,[9][7] quando já não era mais professor. Apesar de inocentado no processo judicial, sentiu-se desonrado.[7] Viúvo em 1882, passou a viver recluso e ser sustentado por seu filho, Antônio Álvares Pereira Coruja Júnior, adotado em 1834,[7] sogro do poeta Emílio de Meneses e comendador por seus serviços prestados na Guerra do Paraguai.[9]
Com a morte de seu único filho em 1888, passou a levar uma vida de extrema miséria, vivendo em repúblicas de estudantes gaúchos.[1] Morreu extremamente pobre, em 1889, em um pequeno quarto emprestado por um ex-aluno.[9] Dentre as muitas obras que deixou, hoje é mais lembrado pela sua coletânea de reminiscências sobre Porto Alegre intitulada Antigualhas, que segundo Sérgio da Costa Franco é "fonte preciosa e insubstituível da história da cidade no princípio do século XIX".[3]
Foi agraciado oficial da Imperial Ordem da Rosa, cavaleiro da Imperial Ordem de Cristo.
Obras
- As alcunhas de Porto Alegre e outras alcunhas
- Compêndio de Gramática da Língua Nacional, dedicado à mocidade rio-grandense, Porto Alegre, 1835, reeditado em 1849, 1862 e 1872.
- Manual dos Estudantes de Latim, dedicado à mocidade brasileira, Rio de Janeiro, 1838.
- Compêndio de Ortografia da Língua Nacional, dedicado a S.M.I. o Sr. D. Pedro II, Rio de Janeiro, 1848.
- Aritmética para Meninos, Rio de Janeiro, 1850.
- Manual de Ortografia da Língua Nacional, Rio de Janeiro, 1852
- Compêndio da Gramática Latina, Rio de Janeiro, 1852.
- Lições de História do Brasil, Rio de Janeiro, 1855, com reedições em 1857, 1861, 1866, 1869, 1873 e 1877.
- Coleção de vocábulos usados na província de S. Pedro do Rio Grande do Sul. Rio de Janeiro, 1861.
- A vida de José Bernardino de Sá depois de sua morte. Rio de Janeiro, 1862.
- Annotações às Memorias historicas de monsenhor Pizarro. Rio de Janeiro, 1858.
- Notas à memória do tenente-coronel José dos Santos Veiga. Rio de Janeiro, 1860.
- Antigalhas, livro sobre vultos e fatos do Rio Grande do Sul, 1881.[1]
Referências
- ↑ 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 1,6 1,7 PORTO-ALEGRE, Achylles. Homens Illustres do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Livraria Selbach, 1917.
- ↑ 2,0 2,1 2,2 2,3 DIAS, Juciele Pereira. "O ensino da língua nacional no século XIX e a constituição da gramatização brasileira: a produção de Antonio Alvares Pereira Coruja". In: Gragoatá, 2019; 24 (48):75-94
- ↑ 3,0 3,1 3,2 FRANCO, Sérgio da Costa. Porto Alegre: Guia Histórico. Porto Alegre: Editora da Universidade (UFRGS), 4ª edição, 2006, pp. 122-123
- ↑ BASTOS, Maria Helena Camara. "A escola e o ensino em Porto Alegre, RS". In: UNIrevista, 2006; 1 (2)[ligação inativa]
- ↑ BASTOS, Maria Helena Camara. «Reminiscências de um tempo escolar. Memórias do professor Coruja» (PDF). Revista Educação em Questão, vol. 25, n. 11[ligação inativa]
- ↑ BARRETO, Abeillard. Primórdios da Imprensa no Rio Grande do Sul. Comissão Executiva do Sesquicentenário da Revolução Farroupilha, Porto Alegre, 1986.
- ↑ 7,0 7,1 7,2 7,3 7,4 SPALDING, Walter. Construtores do Rio Grande. Porto Alegre: Livraria Sulina, 1969, 3 vol., 840pp.
- ↑ 8,0 8,1 BLAKE, Augusto Victorino Alves Sacramento Blake. Diccionario bibliographico brazileiro. 7 vols, 1883.
- ↑ 9,0 9,1 9,2 TERRA, Eloy. As ruas de Porto Alegre: Curiosidades ; Como batizar uma rua ; Ruas de muita história - Volume 1 de As ruas de Porto Alegre. Editora Editora AGE Ltda, 2002, ISBN 8574970654, ISBN 9788574970653
Bibliografia
- Dicionário de Folcloristas Brasileiros
- LAZZARI, Alexandre. Entre a grande e a pequena pátria: literatos, identidade gaúcha e nacionalidade (1860 – 1910). Unicamp, Campinas, 2004.