O Palácio Belmonte é um antigo palácio localizado no Pátio de D. Fradique, em Lisboa, nele estando instalado, no presente, um hotel.[1]
O Palácio Belmonte está classificado como Imóvel de Interesse Público desde 2002.[2]
História
Construído, numa primeira fase, em 1449, por Brás Afonso Correia, um funcionário do Conselho de El-Rei D. Manuel I e Corregedor de Lisboa, o Palácio Belmonte atravessaria um conjunto diverso de proprietários e épocas, que lhe configurariam o seu aspecto tão peculiar e interessante.
Erguido, então, sobre ruínas romanas e mouras, à volta das antigas paredes da Alcáçova e da Cerca Moura, o seu edifício seria alargado com Rui de Figueiredo, que a transformava numa residência senhorial ao adquirir e transformar terrenos, antigas casas, um quintal e uma estrebaria. O complexo compreendia, então, as muralhas, uma porta chamada de D. Fradique, um cubelo e duas torres, ambas datadas dos séculos XV e XVI. Em 1503, após ter descoberto o Brasil, Pedro Álvares Cabral construía aí a primeira parte do palácio actual. Por esses anos, Alfama, núcleo primitivo da cidade de Lisboa e bairro onde se insere o Palácio, era palco de grandes acontecimentos nacionais: Vasco da Gama era aí recebido após o triunfante regresso da Índia; antes, Gil Vicente apresentara a sua primeira peça teatral; e Fernão Lopes, célebre historiador português, escrevera também as suas célebres crónicas. Em 1640, ano da Restauração, o edifício seria ainda alargado ao anexar o seu deslumbrante terraço e cinco fachadas em estilo clássico, conferindo-lhe então o seu aspecto actual. Quase cem anos depois, entre 1720 e 1730, dois grandes mestres da azulejaria portuguesa, Manuel Santos e Valentim de Almeida, davam o seu contributo com uma colecção única de 59 painéis, com mais de 30 000 azulejos, que descrevem episódios do cristianismo e cenas da corte portuguesa da época. Na sua porta principal, destacam-se as armas dos Figueiredos, com 5 folhas de figueira, que acompanham a expressão Pro Deo Pro Patria PN AM.
A sua colecção única de azulejos, uma chaminé setecentista tão peculiar ou o seu jardim com vista deslumbrante sobre Alfama, São Vicente de Fora e o rio Tejo tornam-no num palácio único da capital portuguesa, o que justifica o título de Património Nacional.
Actualmente, foi transformado em hotel de luxo que, constituído por 10 suites, aproveita para distinguir algumas grandes personalidades da História portuguesa, ao tomá-las como nome das suas suites - Fernão de Magalhães, Egas Moniz, Fernão Mendes Pinto, Gil Vicente, Bartolomeu de Gusmão, entre outros. É um verdadeiro hino à História e à cultura portuguesa.
Em 2000, o príncipe Carlos e a sua fundação destacariam o Palácio com o prémio RICS (Royal Institution of Chartered Surveyors), pela qualidade ambiental e patrimonial assegurada na sua recuperação. Esse sucesso deveu-se a Frédéric Coustouls, seu actual proprietário, que ao comprá-lo, em 1994, então quase devoluto, decidiu renová-lo de acordo com os métodos construtivos mais sustentados. Nesse mesmo ano, o célebre realizador alemão Wim Wenders escolhia o Palácio para a rodagem do seu filme, Lisbon Story. Marcello Mastroianni passara também pelo Palácio, no filme Afirma Pereira.