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Pátio

Pátio de entrada do Museu de Arqueologia de Itaipu, no Brasil. Seu desenho e aspecto podem se encontrar nos pátios rurais de grande parte da América Latina e, ainda, em toda a cultura mediterrânea.

Pátio (do latim pac através do occitano pàtu) é uma zona aberta situada no interior de uma construção. Numa casa, o pátio pode ser utilizado como lugar de convívio familiar, oferecendo segurança e conservando a intimidade.

Características

O pátio tradicional é composto por átrio e peristilo.[1] Sua função original é a de fornecer iluminação e ventilação necessárias aos quartos e dependências que se abrem para ele, como a de concentrar ali a maioria das atividades cotidianas das famílias.[2]

Histórico

A presença do pátio nas residências depende do clima do lugar para ser uma prática arquitetônica comum: locais de clima frio ou de constantes intempéries não se mostram aptos a contar com a presença deste elemento nas construções.[2]

Suas raízes estão nas aglomerações urbanas de três a dois mil anos antes de Cristo do Mohenjo-daro, na civilização que se desenvolveu às margens do rio Indo, passando para as primeiras moradias da Mesopotâmia na Suméria e em Ur (de 2.175 a 2.000 a.C.), dali passando para as culturas egípcia, grega e romana, desenvolvendo-se e expandindo-se nas moradias mediterrânicas até ser adotada, com características próprias, pela cultura árabe-islâmica.[2]

A casa-pátio evoluiu na arquitetura islâmica; surgiu nas tribos nômades e sedentárias da Península Arábica, ganhando rapidamente expansão com a divulgação da nova doutrina religiosa desde seu início; assim o modelo se espalhou pelo contato com a cultura bizantina e persa sassânida.[2] Os islâmicos tratavam não somente de implantar a religião, mas também todo o processo civilizatório que levou-os a interferir na linguagem, costumes, vida social e arquitetura dos lugares que dominava.[2] Como dito, em razão do clima regiões islâmicas como os Bálcãs ou o norte do Irão trazem casas fechadas por comum; também por outros motivos, como a defesa, este modelo não se faz presente em regiões como o Iêmen ou o Paquistão.[2]

Pátio andaluz

Pátio de Córdova, tradicional da Andaluzia

A casa-pátio, assim como a "casa-bloque", é uma construção característica da região espanhola da Andaluzia, fruto direto da ocupação islâmica naquele território.[2]

A casa com pátio central não é exclusiva das terras islâmicas, como ainda está presente em outras culturas; são moradias voltadas para o interior, relativamente fechadas para os lugares públicos e cujas entradas normalmente se localizam em estreitos becos sem saídas que em espanhol chamam "adarves" (do árabe "al-darb"), onde apenas circulam os poucos vizinhos cujas casas ali têm seu acesso; as entradas se dão de forma direta, levando ao núcleo principal da residência chamado "wasţ al-dār" (cuja tradução literal é "centro da casa") e que fica a céu aberto: o pátio.[2]

A expulsão dos mouros de Espanha levou o modelo de casa-pátio também ao Marrocos, onde o modelo arquitetônico passou a desenvolver-se de acordo com a cultura local; dali ainda se espalhou para o continente americano.[2]

No Brasil

Para Costa e Cotrim, o pátio não faria parte da arquitetura residencial tradicional luso-brasileira e o debate para seu uso teve lugar no século XX com o ecletismo que permitiu aceitar a influência das casas ibero-americanas, bem como as ideias italianas em que se dialogava o clássico com o moderno; arquitetos italianos, assim, teriam iniciado a experimentação de seu uso nos projetos em São Paulo - o que também se verificou com arquitetos brasileiros como Rino Levi e Vilanova Artigas.[1]

Para os dois autores o pátio se tornou fundamental nos projetos residenciais brasileiros nas décadas de 1940 e 1950, consolidando um esquema de duas alas paralelas à rua e conectadas por circulação periférica (ligando-as à área de serviço ou aos banheiros), de modo a organizar como os setores íntimos e social e de serviços interagem com o pátio que, assim, "é o centro que organiza a composição da casa, o centro que promove a privacidade doméstica e que proporciona uma vida em intensa relação com o exterior".[1]

Referências

  1. 1,0 1,1 1,2 Ana Elísia da Costa; Márcio Cotrim. «O pátio no Brasil:» (PDF). UFRGS. Consultado em 24 de novembro de 2018. Cópia arquivada (PDF) em 24 de novembro de 2018 
  2. 2,0 2,1 2,2 2,3 2,4 2,5 2,6 2,7 2,8 Alejandro Pérez Ordóñez (2008). «Arquitectura doméstica tardoandalusí y morisca: aproximación al modelo de familia y a sua plasmación en la arquitectura y el urbanismos de los siglos XIII al XVI». CSIC. Consultado em 24 de novembro de 2018. Cópia arquivada em 12 de dezembro de 2013. Necessita download do arquivo em PDF 
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