Der Prozess | |
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O Processo (PT) | |
Autor(es) | Franz Kafka |
Idioma | Alemão |
País | Predefinição:Country data Áustria-Hungria |
Editora | Kurt Wolff Verlag |
Lançamento | 1925 (póstumo) |
ISBN | NA |
Edição portuguesa | |
Tradução | Gervásio Álvaro |
Editora | Livros do Brasil |
Lançamento | 1965 |
Edição brasileira | |
Tradução | Torrieri Guimarães |
Editora | Abril Cultural |
Lançamento | 1982 |
O Processo (no original em alemão, Der Prozess) é um romance do escritor checo Franz Kafka, que conta a história de Josef K., que acorda certa manhã, e é processado e sujeito a longo e incompreensível processo por um crime não especificado.[1]
Segundo Max Brod, amigo pessoal de Kafka, o livro permaneceu inacabado como estava quando Kafka lhe entregou os escritos, em 1920. Após sua morte, Brod editou O Processo pelo que ele julgou um romance coerente e o publicou em 1925.
Adaptações para o cinema foram feitas, como The Trial, de Orson Welles, com Anthony Perkins no papel de Josef K. Em 1999, o artista italiano Guido Crepax fez a adaptação do romance para os quadrinhos.
Pontos-guia da obra
O Processo apresenta ao leitor a narrativa carregada de uma atmosfera claustrofóbica, absurda e distópica, na qual o personagem Josef K. está imerso. Tal atmosfera deve-se mormente à sequência infindável de surpresas quase surreais, geradas por uma lei maior e inacessível, que está no entanto em perfeita conformidade com os parâmetros reais da sociedade moderna. A desorientação de Josef K. diante do absurdo presente em situações e ambientes verossímeis transmite ao leitor o mal-estar análogo ao provocado pelo Unheimliche, o "estranho familiar" tão próprio às obras de Kafka.
Nesse romance, a ambiguidade onírica do peculiar universo kafkiano e as situações de absurdo existencial chegam a limites insuspeitados. A ação desenvolve-se num clima de sonhos e pesadelos misturados a fatos corriqueiros, compondo uma trama em que a irrealidade beira a loucura.
Ao analisar O Processo, faz-se necessário notar que o final do romance, a cena da execução, foi a primeira parte escrita por Kafka. Josef K. nunca é informado por que motivos está sofrendo o processo, e ele sustenta sua inocência quase até ao fim. Ao declarar a sua inocência, a Josef é feita a pergunta: "inocente de quê?". Talvez o processo contra Josef tenha sido instaurado pela sua incapacidade de confessar a sua culpa, e, por conseguinte, a sua humanidade. O tema da não humanidade, largamente explorado por Kafka em toda a sua obra, torna o livro atual, provocando questões acerca dos costumes e crenças arbitrários, que podem parecer, sob certo aspecto, tão bizarros como os acontecimentos da vida de Josef K.
Personagens
Outros
- Josef K. - Personagem principal. No enredo, o personagem sofre longo processo judicial sem que lhe seja dito ao certo o seu crime.
- Fräulein Bürstner - Mora na mesma casa que Josef K. Aparece nas primeiras partes do livro e daí então apenas no final.
- Frau Grubach - A proprietária da pensão onde K. mora.
- Tio Karl - Tio impetuoso de K., que o convence a procurar o Advogado senhor Huld.
- Senhor Huld, o Advogado - Advogado pouco eficiente de K., indicado por seu tio Karl.
- Leni - Enfermeira do Senhor Huld. Torna-se amante de K.
- Rudi Block - Outro cliente do Senhor Huld. Tem, além do Senhor Huld, mais cinco advogados para tomar conta de seu longo caso.
- Titorelli, o pintor - Pintor da corte de Napoleão.
- Religioso(Sr. Ross) - Encontra K. na catedral e ajuda-o.
Sinopse
O romance conta a história de Josef K., bancário que é processado sem saber o motivo. A figura de Josef K. é o paradigma do perseguido que desconhece as causas reais de sua perseguição, tendo que se ater apenas às elucidações alegóricas e falaciosas vindas de variadas fontes.
Embora Kafka tenha retratado um autoritarismo da Justiça que se vê com o poder nas mãos para condenar alguém, sem lhe oferecer meios de defesa, ou ao menos conhecimento das razões da punição, podemos levar a figura de Josef K., bem como de seus acusadores, para vários campos da vida humana: trabalho (quem nunca se viu cobrado ou perseguido, sem que seus acusadores lhe dissessem em que estaria sendo negligente), religião (quem nunca se viu pego, de surpresa, como Josef K., por um fanático intransigente, dizendo que teríamos ferido as leis divinas, sem que nos fossem apresentados os motivos), na escola (quem nunca se viu como Josef K., ao ser criticado por seu desempenho, sem que soubesse em que havia falhado, com críticas vagas, por vezes de colegas, por vezes dos próprios mestres).
Muito embora se preste às mais diversas interpretações, desde aquelas fundadas nos axiomas filosóficos até a mais profunda radiografia feita pela sociologia, de fato, O Processo fornece farto material àquele que se debruça sobre o estudo para além da mera dogmática jurídica, de vez que, por meio de um conto que mais se assemelha a uma parábola, Kafka reproduz a negação do [[estado democrático de direito e, ao mesmo tempo, leva o leitor a perceber que, mesmo vivendo sob a égide da democracia "plena", há que se não perder de vista que as instituições não guardam sua razão de ser na prestação de serviço público, mas na submissão à pura forma dos processos burocráticos.
Nesta obra, o protagonista, atônito, ao ser informado que contra ele havia um processo judicial (ao qual ele jamais terá acesso e fundado numa acusação que ele jamais conhecerá), percorre as vielas e becos da burocracia estatal, cumpre ritos inexplicáveis, comparece a tribunais estapafúrdios, submete-se a ordens desconexas e se vê de tal modo enredado numa situação absurda, que a narrativa aproxima-se (e muito) da descrição de confusos pesadelos. Mas não distam muito de pesadelos os processos reais que tramitam nos vãos da estrutura pesada, arcaica, burocrática e surreal das instituições zelosas da Justiça, de modo que, por fim, Franz Kafka terá sempre o mérito de ter, no início do século passado, retratado a sociedade de muitos povos, com fidelidade e crueza dignos de alçar sua obra à imortalidade.
Descrição
"Sem motivo Josef K. é capturado e interrogado em seu aniversário de 30 anos. As circunstâncias são grotescas, ninguém conhece a lei e a corte permanece anônima. A "culpa", descobre Josef K., torna-se-lhe inerente, sem que ele possa fazer algo contra isso. Obstinadamente, mas sem sucesso, ele tenta lutar contra o crescente absurdo e envolvimento, ignora todo aviso de resistência e é por fim executado um ano depois nos portões da cidade."
Adaptações para o cinema
Na adaptação para o cinema de Orson Welles de 1962, Josef K. é interpretado por Anthony Perkins. Kyle MacLachlan o interpreta na versão de 1993, produzido pela BBC e dirigido por David Hugh Jones, com roteiro adaptado por Harold Pinter.
Manuscrito
Em 1998 o manuscrito de O Processo foi a leilão e viria a ser adquirido, pelo equivalente a cerca de milhão e meio de euros, pelo Ministério da Cultura alemão, ficando depositado na Biblioteca de Marbach am Neckar no estado de Baden-Württemberg.[2]
Ver também
- Museu de Literatura Moderna, onde o manuscrito original é mantido.
- «Ler online - "O Processo" de Franz Kafka» (em português)
- Anexo: Os 100 livros do século do Le Monde
Referências
- ↑ «O Processo». Consultado em 4 de janeiro de 2013
- ↑ «Espólio de Franz Kafka entregue a Israel». Consultado em 4 de janeiro de 2013