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O Bandido da Luz Vermelha

Disambig grey.svg Nota: Este artigo é sobre um filme brasileiro. Para o bandido que o inspirou, veja João Acácio Pereira da Costa.
O Bandido da Luz Vermelha
 Brasil
1968 •  p&b •  92 min 
Direção Rogério Sganzerla
Roteiro Rogério Sganzerla
Elenco Paulo Villaça
Helena Ignez
Luiz Linhares
Sérgio Hingst
Género policial
Idioma português

O Bandido da Luz Vermelha é um filme brasileiro de 1968, do gênero policial, dirigido por Rogério Sganzerla. Inspirado nos crimes do famoso assaltante João Acácio Pereira da Costa, apelidado de "Bandido da Luz Vermelha". Este filme é considerado um clássico do cinema marginal.[1] Sganzerla tinha 22 anos quando o dirigiu. Uma continuação dirigida por Ícaro Martins e Helena Ignez, viúva de Sganzerla, foi lançada em 2010 sob o título de Luz nas Trevas – A Volta do Bandido da Luz Vermelha.[1] Em novembro de 2015 o filme entrou na lista feita pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos.[2] Foi listado por Jeanne O Santos, do Cinema em Cena, como "clássicos nacionais".[3]

Sinopse

Jorge, um assaltante de residências de São Paulo, apelidado pela imprensa de "Bandido da Luz Vermelha", desconcerta a polícia ao utilizar técnicas peculiares de ação. Sempre auxiliado por uma lanterna vermelha, ele possui as vítimas, tem longos diálogos com elas e protagoniza fugas ousadas para depois gastar o fruto do roubo de maneira extravagante.

Se relaciona com Janete Jane, conhece outros assaltantes, um político corrupto e acaba sendo traído. Perseguido e encurralado, encontra somente uma saída para sua carreira de crimes: o suicídio.

Elenco

Helena Ignez interpretou Janete Jane

O roteiro

O roteiro, de autoria do próprio diretor, é livremente baseado na história de João Acácio Pereira da Costa, bandido catarinense que, em 1967, atormentou a polícia paulista.

O roteiro denota uma familiaridade muito grande com a história contada, com a narração à maneira dos programas policiais de rádio. Ele é bastante minucioso ao mostrar os "anos de aprendizagem" do Luz, na apresentação do delegado Cabeção e nas exatas palavras do casal de locutores que comentam os acontecimentos da cidade em que é transformada São Paulo no filme.

Os créditos iniciais

Como a maioria dos filmes, O bandido da luz vermelha inicia com os créditos que indicam a produtora, o título, o diretor, os atores principais, entre outros. Os dados são fornecidos por um luminoso que faz desfilar as palavras diante da câmera. Ao apresentar o diretor, ao invés de "um filme de…" ou "dirigido por…" aparece "um filme de cinema de…".

Após a aparição do nome do diretor nos créditos, entram os nomes dos atores, iniciando com o de Paulo Villaça, intérprete do bandido. Concomitante ao aparecimento de seu nome, surge uma voz em off, que é a voz do "Bandido da Luz Vermelha", para um curto monólogo que inicia com: "Eu sei que fracassei". Finda a apresentação dos atores, o monólogo do bandido prossegue sobre a primeira sequência: crianças miseráveis brincam num monte de lixo com armas, um plano geral da cidade de São Paulo, crianças assaltando uma favela, enquanto a voz do bandido fornece informações biográficas a seu respeito.

A locução radiofônica

Os atores que interpretam os locutores de rádio receberam instruções de Rogério e de Silvio Renoldi, responsável pela montagem do filme, para "carregar no tom debochado" de narração policial sensacionalista. Os locutores de rádio acompanham o filme e são ouvidos pelos espectadores, mas não pelos personagens. Eles falam como jograis, numa paródia de programa policial popular de rádio, com as informações dramatizadas pela ênfase das entonações.

Outros personagens do filme

Luis Linhares interpreta o "delegado Cabeção", ocupado com a morte e sobrevivendo dela. Sua trilha é paralela à do bandido. Acabam morrendo juntos, lado a lado. O diretor não deixa por menos, presta-lhes uma homenagem, um coro fúnebre: o samba e o sangue.

Pagano Sobrinho, que interpreta "J.B. da Silva", é o político corrupto. Considerado oficialmente o cabeça da "Mão Negra", nada mais faz senão atender às exigências de tão alto encargo. Seu afilhado "Lucho Gatica", vivido por Roberto Luna, é um misto de brigão bem comportado e puxa-saco desabusado. A insinuante presença de Martin Bormann, o carrasco nazista que estaria vivendo na América Latina, evidencia os anseios da organização "Mão Negra".

Não faltam ainda o "melhor advogado do Brasil", um guarda-costas e "Chico Laço", o conhecido repórter de Itapecerica da Serra.

"Janete Jane" é a prostituta que leva o espectador a penetrar no íntimo do bandido. O amor é, na vida do bandido, o momento de descuido que irá ocasionar uma ruptura na rotina de sangue.

Além de todas as demais personagens, que são de muita importância, deve-se evidenciar a presença do disco voador, que aparece, providencialmente, para desviar as atenções do significado da morte de "Luz" e do fim da organização "Mão Negra" na vida nacional. Ele é o presente de grego oferecido ao povo.

O suicídio

Antes de chegar ao local no qual vai se matar, o bandido finge ter sido atingido por uma bala policial, levando a mão ao ombro pretensamente ferido e cambaleando às gargalhadas. Assim, ironiza a incompetência da polícia, que não conseguiu prendê-lo, nem conseguirá. Depois, um pouco adiante, envolve a cabeça e o torso com fios elétricos e, pisando numa grande chave elétrica (que inesperadamente encontra-se funcionando num monte de lixo na favela), morre eletrocutado.

O cadáver é descoberto por policiais displicentes que chamam o delegado, embora achem que esse indivíduo lamentável não pode ser o famoso bandido da luz vermelha. Chega o delegado, que inadvertidamente, pisa na mesma chave elétrica e morre estendido ao lado do bandido, pronunciando comicamente uma palavra dita no filme por um personagem: "Mamãe!".

Prêmios e indicações

Festival de Brasília 1968 (Brasil)

  • Venceu nas categorias de melhor figurino, melhor diretor, melhor montagem e melhor filme.

Referências

  1. 1,0 1,1 «Continuação de 'O bandido da luz vermelha' estreia em festival na Suíça». G1. 14 de julho de 2010. Consultado em 13 de janeiro de 2013 
  2. André Dib (27 de novembro de 2015). «Abraccine organiza ranking dos 100 melhores filmes brasileiros». Abraccine. abraccine.org. Consultado em 26 de outubro de 2016 
  3. Jeanne O Santos. «Clássicos nacionais». Cinema em Cena. CartaCapital. Consultado em 29 de junho de 2019 

Ligações externas

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