A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, também conhecida como Osesp, foi fundada na cidade de São Paulo pela Lei nº 2.733, de 13 de setembro de 1954[1][2] e desde então tem papel de destaque no cenário sinfônico nacional e internacional. No entanto, alternou entre períodos de sucesso e de grandes dificuldades, chegando até a ter que paralisar suas atividades. [3]
Sua sede fica na capital paulista, na Sala São Paulo, considerada uma das melhores salas de concerto do mundo[4], onde são realizados uma média de 200 concertos por ano, entre apresentações sinfônicas, corais e de câmara – em 2016, foram 224. [5] A Orquestra também se apresenta em outros estados do país e fora do Brasil com frequência.
Desde 2005, a Osesp é gerenciada pela Fundação Osesp, instituição sem fins lucrativo que tem a Orquestra como base para uma série de outras atividades artísticas e educativas [6], como o Coro da Osesp, a Editora da Osesp[7] e a Academia de Música[8].
História
Século XX
Apesar de ter realizado seu primeiro concerto no dia 18 de julho de 1953, a fundação da Osesp - na época denominada Orquestra Sinfônica Estadual - foi oficializada somente em 13 de setembro de 1954, pela Lei Estadual nº 2.733, na gestão do governador do Estado Lucas Nogueira Garcez.[1][2] Quem assume como primeiro regente titular é o pianista, maestro e compositor João de Sousa Lima. Mesmo tendo sido criada por lei, os concertos não tem continuidade nos anos seguintes e a orquestra passa por um hiato de 10 anos.
A Osesp só volta à ativa em 1964, quando o maestro italiano Bruno Roccella assume o cargo de regente e diretor artístico. Na época, o contingente de músicos chegava a 80 pessoas. Este período de atividades durou cerca de 4 anos, durante os quais a orquestra se apresentou ao menos 22 vezes na capital paulista. [2]
Após outro recesso de quase 5 anos, em 1973 a Osesp passa por seu primeiro grande processo de reestruturação sob a condução do então diretor artístico e regente Eleazar de Carvalho. O maestro dedicou 23 anos de vida à frente da orquestra, período intenso de atividades e muito importante para consolidar a orquestra e pavimentar o caminho para o reconhecimento que cresceu nas décadas seguintes.[2] Um exemplo disso foi a criação em 1973 da programação pedagógica dentro do Festival de Inverno de Campos do Jordão, evento criado por Carvalho, Camargo Guarnieri e João de Sousa Lima em 1970. O objetivo era conceder bolsas de estudo para jovens no campo da música. Até hoje, a iniciativa possibilita que os estudantes tenha contando com professores renomados. [9]
A mudança do nome da época, Orquestra Sinfônica Estadual, para o atual (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo), acontece em 1978. O objetivo era de "distingui-la, convenientemente, de outras, da mesma natureza pertencentes aos diferentes estados da federação".[10]
A década de de 80 é marcada por maiores dificuldades financeiras. Foi apenas em 1980 que os músicos da Osesp passaram a ser contratados no regime CLT. [10] A regularização dos contratos, somada a contratação de mais 42 músicos, deu início ao período mais produtivo sob a regência de Eleazar de Carvalho. A orquestra se apresentava semanalmente no Teatro Cultura Artística, que tinha a presença de uma audiência fiel e da atenção dos críticos dos principais jornais do país. Isso criou um "tímido mas efetivo sistema de música clássica". [10] O movimento só durou até 1985, quando o convênio com o Teatro venceu e a Osesp precisou se deslocar para o antigo cinema do Edifício Copan.
Em 1989, a Osesp foi realocada novamente, dessa vez para o Auditório Simón Bolívar, no então recém-inaugurado Memorial da América Latina. O auditório era usado para outras finalidades e muitas vezes a orquestra não podia nem menos ensaiar. [10]. Essa precaridade das instalações somado ao desânimo causado nos músicos por conta dos salários baixos estabeleceu um dos momentos de maiores privações da Osesp.
O cenário muda com a morte de Eleazar de Carvalho, em 1996. No ano seguinte, a convite do então Secretário do Estado da Cultura Marcos Mendonça, John Neschling asssume como regente titular e inicia a maior reestruturação da história da Osesp.[11] O processo é pautado por diretrizes que já haviam sido estabelecidas por Carvalho em seus últimos meses de cargo: uma nova sede e melhores salários para os músicos.[2]
Sala São Paulo
A nova sede da Osesp é inaugurada no dia 9 de julho de 1999. [3] A reforma da Estação Júlio Prestes durou 18 meses e foi idealizada pelo arquiteto Nelson Dupré em parceira com a empresa norte-americana Artec, especializada em acústica.[2] A sala tem capacidade para 1 498 espectadores, além de 22 camarotes. Muitos especialistas a consideram uma das salas de concerto com melhor acústica do mundo.[4]
Ter sua própria sala e poder desfrutar de qualidade técnica e musical foi o elemento mais importante na reestruturação da Osesp iniciada por John Neschling.
Século XXI
O novo século marca um período de crescimento e reconhecimento para a Osesp. Em 1999, o Coral Sinfônico do Estado tem suas estruturas ligadas às da orquestra. Em 2001, passa a ser chamado de Coro da Osesp. Também foram criados na mesma época: os coros da Câmara, Juvenil e Infantil, além dos Programas Educacionais, que "atingem nada menos que 120 mil crianças e adolescentes e cerca de 1.000 professores, majoritariamente da rede pública de ensino".[2]
A Fundação Osesp foi instituída em 22 de junho de 2005. Trata-se de uma instituição sem fins lucrativos com o objetivo "de apoiar, incentivar, assistir, desenvolver e promover a cultura, a educação e assistência social com ênfase à música de concerto."[6] Em contrato de gestão firmado com o Governo do Estado de São Paulo, é ela quem cuida do desenvolvimento e manutenção da Osesp, da Sala São Paulo e de outros projetos como o Festival de Inverno de Campos do Jordão, estipulados por contrato e de acordo com as políticas culturais do Estado. Esse modelo traz mais agilidade, transparência e eficiência para a implementação dessas diretrizes.[3] O presidente do conselho é Pedro Pullen Parente[12], mas antes, quem ocupava a cadeira, era o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, que agora é o presidente de honra do cargo.
O maestro John Neschling se desliga de forma conturbada da Osesp ao final de 2008.[13] Quem assume como regente titular entre 2009 e 2011 é o francês Yan Pascal Tortelier, que contribui de maneira significativa para o reconhecimento mundial da Osesp.
Em fevereiro de 2011, o Conselho da Fundação Osesp anuncia a primeira mulher a tomar o cargo de regente titular, a norte-americana Marin Alsop. Em 2013, a regente também assume o ofício de diretora musical.[2] A Osesp também sentiu os efeitos das crises financeiras da última década. Em maio de 2015, a Osesp sofreu um corte de R$ 10 milhões no orçamento. [14] Em fevereiro de 2017, a Osesp anunciou que a porção orçamental dedicada aos projetos artísticos seria 27% menor do que em 2016 – e o orçamento total, 23% mais enxuto.[15]
A partir de 2020, quem assume o cargo de Diretor Musical e Regente Titular é o suíço Thierry Fischer[16].
Ver também
- Coro da Osesp
- Sala São Paulo
- Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo
- Orquestra Experimental de Repertório
- Orquestra do Theatro São Pedro
- Lista de orquestras
Ligações externas
Referências
- ↑ 1,0 1,1 BOMFIM, Camila Carrascoza. A música orquestral, a metrópole e o mercado de trabalho: o declínio das orquestras profissionais subsidiadas por organismos públicos na Região Metropolitana de São Paulo de 2000 a 2016. Tese (Doutorado em Musicologia) – Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista, 2017. 423p.
- ↑ 2,0 2,1 2,2 2,3 2,4 2,5 2,6 2,7 [1] Osesp - Linha do Tempo
- ↑ 3,0 3,1 3,2 [2] ARRUDA, Fausto Augusto Marcucci. Parceria entre o Estado e o Terceiro Setor: a experiência da Fundação Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. Artigo apresentado ao III Congresso CONSAD de Gestão Pública. São Paulo, 2010.
- ↑ 4,0 4,1 Folha de S. Paulo, ed. (5 de março de 2015). «Jornal 'The Guardian' inclui Sala São Paulo entre as 10 melhores do mundo». Consultado em 27 de junho de 2017
- ↑ [3] Fundação Osesp - Relatório de Atividades Anuais de 2016
- ↑ 6,0 6,1 [4] Fundação Osesp - Conheça a história
- ↑ «EDITORA DA OSESP». osesp.art.br. Consultado em 8 de julho de 2021
- ↑ «Academia de Música da Osesp». osesp.art.br. Consultado em 8 de julho de 2021
- ↑ Governo do Estado de São Paulo, ed. (9 de julho de 2009). «Conheça a história do Festival de Inverno de Campos do Jordão». Consultado em 27 de junho de 2017
- ↑ 10,0 10,1 10,2 10,3 [5] TEPERMAN, Ricardo Indig. Concerto ou desconcerto: um estudo antropológico sobre a Osesp na inauguração da Sala São Paulo. São Paulo, 2016.
- ↑ Folha de S.Paulo, ed. (14 de outubro de 1996). «Neschling deve suceder Eleazar na Osesp». Consultado em 27 de junho de 2017
- ↑ «Fundação Osesp». www.fundacao-osesp.art.br. Consultado em 8 de julho de 2021
- ↑ Folha de S. Paulo, ed. (22 de janeiro de 2009). «Conselho da Osesp demite o maestro John Neschling». Consultado em 27 de junho de 2017
- ↑ Estadão, ed. (22 de maio de 2015). «Osesp sofre corte de R$ 10 milhões». Consultado em 27 de junho de 2017
- ↑ Folha de S. Paulo, ed. (9 de fevereiro de 2017). «Osesp perde 27% do orçamento e desconvida maestros para temporada». Consultado em 27 de junho de 2017
- ↑ «THIERRY FISCHER». osesp.art.br. Consultado em 8 de julho de 2021