Nelson Heráclito Alves Ferreira (Bonito, 9 de dezembro de 1902 — Recife, 21 de dezembro de 1976) foi um compositor brasileiro.
Tendo de sua autoria composições de vários ritmos e estilos, como foxtrote, tango, canção, especializou-se e foi conhecido no Brasil como compositor de frevos.
Biografia
Nelson Ferreira nasceu em Pernambuco, filho de um violonista vendedor de jóias e de uma professora primária. Aprendeu a tocar violão, violino e piano. Fez sua primeira composição aos catorze anos, a valsa Vitória, sob encomenda.
Tocou em pensões, cafés e saraus e nos cinemas Royal e Moderno, no Recife, sendo considerado o pianista mais ouvido na época do cinema mudo.
Foi diretor artístico da Rádio Clube de Pernambuco, convidado por Oscar Moreira Pinto. Também Diretor artístico da Fábrica de Discos Rozenblit, selo Mocambo, única gravadora de discos instalada nos anos 1950 fora do eixo Rio/São Paulo. Estudou no Grupo Escolar João Barbalho - Recife/PE. Maestro, formou uma orquestra de frevos cuja fama percorreu todo o Brasil.
Composições
Nelson Ferreira é um dos nordestinos com maior número de músicas gravadas na discografia brasileira. Grande parte delas, no entanto, restringiu-se a Pernambuco e ao Nordeste.
Sua primeira composição gravada foi Borboleta não é ave, em parceria com J. Borges pela gravadora Odeon, em 1924 pelo Grupo do Pimentel, como samba, e pelo cantor Baiano, como marcha. Essa composição é considerada como o primeiro sucesso do carnaval pernambucano gravado em disco.
A composição mais famosa, um frevo de bloco, foi Evocação número 1, a primeira das 7 evocações compostas por ele, e que foi sucesso no carnaval de 1957 no Rio de Janeiro, cantada em ritmo de marcha.[1]
Outras composições de sua autoria, famosas na época:
- Não puxa, Maroca
- Dedé
- O dia vem raiando
- Quarta-feira ingrata
- Frevo da saudade
- Chora, palhaço
- Boca de forno
- Sabe lá o que é isso? [2]
- Pernambuco, você é meu
- Cabelos brancos
- Bem-te-vi
- Arlequim
- Veneza americana
- Bloco da vitória [3]
Nelson Ferreira compôs o hino do Bloco Timbu Coroado, que sai pelas ruas do bairro dos Aflitos, no Recife, no domingo de Carnaval e pertence ao Clube Náutico Capibaribe. Para este clube, também fez o frevo Come & Dorme, talvez a música que mais esteja associada ao futebol alvirrubro pernambucano. Também é o autor do frevo-canção Cazá Cazá Cazá(1955), após o pedido na época do jovem Eunitônio Edir Pereira, que anos depois iria compor o Hino Oficial do Sport Club do Recife.
Parceiros
Nelson Ferreira teve como parceiros musicais, entre outros:
- Sebastião Lopes
- Ziul Matos
- Aldemar Paiva
- Oswaldo Santiago
- Eustórgio Wanderley
- Nestor de Holanda
Evocações
As composições da série Evocações foram feitas para homenagear carnavalescos companheiros seus
- Felinto
- Pedro Salgado
- Fenelon
- Mário Melo
e outros compositores e imortais da poesia, tais como:
O pesquisador Leonardo Dantas no seu livro Carnaval do Recife destaca que Nelson Ferreira sempre buscou homenagear figuras de destaques dos antigos blocos de carnaval do Recife, como o jornalista Mario Melo, Mestre Vitalino e Dona Santa, os poetas Ascenso Ferreira e Manoel Bandeira. Ele também foi responsável por homenagear muitas ruas do bairro de São José, bairro considerado como o berço do carnaval e do frevo pernambucano e que hoje abriga o maior bloco do mundo - Clube das Máscaras o Galo da Madrugada.
Intérpretes
Além de Claudionor Germano, um de seus maiores intérpretes, cantor de frevos de outros compositores, principalmente Capiba, também gravaram composições de Nelson Ferreira os cantores:
- Francisco Alves
- Almirante
- Carlos Galhardo
- Aracy de Almeida
- Joel Batista
- Nelson Gonçalves
- Expedito Baracho
Homenagens
Em vida
Nelson Ferreira recebeu homenagens de prefeituras, governo do estado, clubes e entidades carnavalescas.
Recebeu, também, do presidente Médici a condecoração de Oficial da Ordem Rio Branco.
Após a morte
O maestro Vicente Fittipaldi declarou, em depoimento no livro de Valter de Oliveira (médico, composistor e ator), o seguinte:
- "Ele era como Mário Melo, Ascenso Ferreira, Valdemar de Oliveira, uma das instituições da cidade. Era, com sua música, aquilo que Garrincha foi para o futebol, a alegria do povo."
Gilberto Freyre escreveu, no Diario de Pernambuco:
- "O vazio que deixa é o que nos faz ver como era grande pela sua música, pelo seu sorriso, pela sua fidalguia de pernambucano."
Em sua homenagem foi erigido um busto, em praça que tomou o seu nome, onde antes foi um antigo casarão, sua residência na Avenida Mário Melo.
Dia do Frevo
Desde 2007 tramita no Congresso Nacional o projeto de lei, proposto pela ex-deputada Ana Arraes, que institui o dia 9 de dezembro, data do nascimento de Nelson Ferreira, como Dia Nacional do Frevo.[4][5]
Ligações externas
- Fundação Joaquim Nabuco
- Frevos de Pernambuco
- MPB Cifrantiga
- Entrevista com Angela Belfort, autora do livro "Nelson Ferreira, o dono da música"
Notas
- ↑
- Felinto, Pedro Salgado,
- Guilherme, Fenelon,
- cadê seus blocos famosos?
- Bloco das Flores, Andaluza,
- Pirilampos, Apois Fum,
- dos carnavais saudosos...
- ↑ Sabe lá o que é isso é um dos sucessos de Nelson Ferreira, cantado como o hino do clube carnavalesco Batutas de São José.
- ↑ Tido como uma das composições das Evocações, foi feito para comemorar a vitória do então candidato Cid Sampaio ao governo de Pernambuco.
- ↑ Texto do projeto de lei de instituição do Dia Nacional do Frevo
- ↑ Relatório da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania sobre o Projeto de lei 79/2007.