O modelo SCOR (Supply Chain Operations Reference) ou, em português, modelo de referência das operações na cadeia logística, de distribuição, fornecimento, suprimentos ou abastecimento) é utilizado para analisar uma cadeia logística e identificar oportunidades de melhoria no fluxo de trabalho e de informação. O modelo foi criado pelo Supply Chain Council no ano da sua formação (1996) e lançado em Fevereiro de 1997 depois de ser testado em vários segmentos industriais. Em Abril de 2005 foi apresentada a 7ª versão do modelo SCOR (Pinto, 2006, p. 3).
O SCOR procura condições de conseguir estabelecer processos-padrão, métricas de avaliação da gestão da cadeia e criar um modelo de gestão que produza melhorias contínuas de forma eficiente, tendo assim a possibilidade de utilizar casos de sucesso na gestão integrada da cadeia de suprimentos.
Caracterização
O SCOR possui um conjunto de definições, padrões de medidas de desempenho e benchmarking que ajudam no desenvolvimento de estratégias de melhoria dos processos logísticos e apresenta quatro pontos relevantes (Guimarães, p. 25):
- definição dos processos de gestão de cadeias logísticas;
- relação dos dados de desempenho relacionados com os referidos processos;
- descrição das melhores práticas de gestão de cadeias logísticas; e
- apresentação das informações relacionadas com o processo de selecção de programas para a gestão da cadeia logística.
O SCOR procura também desenvolver um grupo de indicadores para a gestão da cadeia logística, compreendendo uma combinação de métricas de tempo de ciclo, custos, serviço/qualidade e activos.
Pode-se resumir o modelo SCOR em três conceitos (Guimarães, p. 25-26):
- Reengenharia dos processos do negócio - Descrição do estado actual dos processos e definição do estado futuro desejado.
- Benchmarking - Quantificação do desempenho de empresas/processos similares (melhores práticas) e definição de novos objectivos internos.
- Melhoria dos processos - Adopção das melhores práticas de gestão, conducentes a melhorias no desempenho.
A Tabela 1 apresenta um quadro de indicadores do modelo SCOR (Guimarães, p. 27):
Atributos de actuação | Definição dos atributos de actuação |
---|---|
Confiança na cadeia logística | A actuação da cadeia para distribuir o produto certo, na hora certa, na quantidade certa ao cliente correcto |
Grau de flexibilidade da cadeia | Rapidez da cadeia, na resposta ao mercado, para ganhar vantagem competitiva |
Custos da cadeia | Dizem respeito à operação da cadeia |
Reacção da cadeia | Velocidade a que cadeia consegue fornecer os produtos aos clientes |
Eficiência na gestão dos recursos da cadeia | Capacidade da empresa gerir os recursos que facilitam o atendimento da procura |
Desempenho da entrega | Diz respeito à capacidade da empresa entregar o produto certo, na hora certa e no local correcto |
Pedido perfeito | Demonstra a capacidade de entregar um produto de qualidade que satisfaz as necessidades dos clientes |
Tempo de resposta da cadeia logística | Relacionado com a rapidez e qualidade de resposta dos elos da cadeia |
Fonte: Supply Chain Council (1998, apud GUIMARÃES, Marco Aurélio Diláscio - Aplicação do modelo para SCM de Aragão nas cadeias de suprimentos de um fabricante de gases industriais, 2006)
Processos
O modelo trata cinco processos de negócio:
- Planejamento - Analisa toda a cadeia, desde as compras e necessidades dos clientes até à produção e entrega dos produtos.
- Abastecimento - Lida com toda a parte de compras de matérias-primas e sua infra-estrutura em toda a cadeia logística.
- Produção - Analisa o ambiente interno bem como cuida de todos os assuntos inerentes à manufatura do produto.
- Distribuição - Analisa a gestão da procura, pedidos e armazenamento. É o maior processo e vai dos canais de distribuição até ao cliente final.
- Devolução - Analisa a devolução de produtos em toda a cadeia e o retorno de materiais ao longo do abastecimento da mesma.
Estes cinco processos correspondem ao primeiro nível do modelo SCOR (Pinto, p. 10).
Níveis de detalhe do modelo SCOR
A empresa deve seguir os seguintes níveis de detalhe para obter melhorias no desempenho da cadeia logística (Lemos, [2007?], p. 31-44)
Nível I - Definições dos processos
- As métricas são primárias e o desempenho em relação à concorrência é medido nos múltiplos processos do SCOR referidos em cima.
- Através dos indicadores de desempenho do Nível I, define-se o conteúdo e o âmbito de actuação do SCOR, fixando o desempenho a ser atingido em relação à concorrência.
Nível II - Configuração
- Define as categorias de processos que podem ser componentes da cadeia logística.
- Configura as operações das organizações, usando estes processos, para descobrir ineficiências e nivelar a cadeia, podendo analisar e avaliar o impacto de um potencial aperfeiçoamento.
Nível III - Elementos dos processos
- Identifica os elementos dos processos configurados no Nível II e estabelece indicadores de desempenho para acompanhamento das tarefas efectuadas durante a execução dos processos.
- Os utilizadores das informações agrupam metas de aperfeiçoamento da cadeia logística e definem os elementos dos processos, desenvolvendo indicadores de desempenho e investigando as melhores práticas criando, assim, um sistema de apoio.
Nível IV - Implementação
- Definido para atingir vantagens competitivas e para adaptar as condições de mudanças no negócio, focando-se no aperfeiçoamento das acções.
- Como as mudanças são únicas para cada empresa, os elementos específicos deste nível não estão definidos dentro de um modelo padrão, devendo ser adaptados às especificidades de cada organização.
Conclusão
Ao contrário de algumas tendências que se orientam no sentido de modelos matemáticos para a gestão da cadeia logística, o modelo SCOR é orientado para a tomada de decisões. O modelo SCOR fornece uma estrutura comum, uma terminologia padrão e medidas de desempenho comuns associadas ao benchmarking e às melhores práticas. Estas características fazem do modelo SCOR um referencial para a indústria de serviços, embora para o sucesso na aplicação do modelo seja necessária uma estratégia de operações consistente com a estratégia de negócios da empresa. Esta tem de estar organizada para suportar processos de decisão rápidos, e as suas práticas de gestão apoiadas por sistemas apropriados, nomeadamente de tecnologias da informação. Finalmente as medidas de desempenho e os objectivos devem motivar um comportamento que produza os resultados esperados (Pinto, 2006, p. 33).
Referências
- GUIMARÃES, Marco Aurélio Diláscio - Aplicação do modelo para SCM de Aragão nas cadeias de suprimentos de um fabricante de gases industriais [Em linha]. Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Engenharia Industrial, 2006. [Consult. 20 Abr. 2008]. Dissertação de mestrado. Disponível em WWW: <URL:http://www.maxwell.lambda.ele.puc-rio.br/cgi-bin/PRG_0599.EXE/9505_1.PDF?NrOcoSis=29747&CdLinPrg=pt>.
- LEMOS, Fernando de Oliveira - Modelo SCOR (Supply Chain Operations Reference – model) [Em linha]. Porto Alegre, RS: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Departamento de Engenharia de Produção e Transportes, [2007?]. [Consult. 20 Abr. 2008]. Disponível em WWW: <URL:http://www.producao.ufrgs.br/arquivos/disciplinas/85_scorlemosfinal.ppt[ligação inativa]>.
- PINTO, João Paulo - O modelo de referência para a gestão da cadeia de fornecimento: SCOR (supply chain operations reference) [Em linha]. Vila Franca de Xira, Portugal: Logística Moderna, 2006. [Consult. 21 Abr. 2008]. Apresentação ao 3.º Fórum de operadores logísticos. Disponível em WWW: <URL:https://web.archive.org/web/20061101010356/http://www.logisticamoderna.com/3forum_files/SCM_O_Modelo_SCOR.pps>.