O Mikoyan MiG-29 (codinome na OTAN Fulcrum ) é um caça utilizado em combate aéreo . Desenvolvido no início da década de 1970, entrou ao serviço da União Soviética em 1982 e mantem-se operacional até os dias de hoje na Força Aérea Russa, bem como nos países para onde foi exportado. Neste sentido, o elevado custo de manutenção tem levado a Força Aérea Russa e outros países como a Hungria a tentar se livrar de seus Mig-29, entretanto poucos países têm demonstrado interesse na aquisição destes equipamentos.[1]
Desenvolvimento
A concepção do MiG-29, tal como o Su-27 Flanker da Sukhoi, iniciou-se em 1969, quando a União Soviética tomou conhecimento da existência do programa 'FX' da Força Aérea dos Estados Unidos, que iria culminar na produção do F-15 Eagle. Ainda antes do desenvolvimento deste avião, os soviéticos se deram conta de que os novos caças iriam representar avanços significativos em termos tecnológicos, comparativamente aos caças existentes. O MiG-21 Fishbed mostrava-se até então ágil, segundo os padrões da época, embora o seu tamanho inserisse deficiências no alcance, armamento e potencial de expansão. O MiG-23 Flogger, desenvolvido para equiparar o F-4 Phantom II, era rápido e dispunha de mais espaço para equipamento e combustível, mas a manobrabilidade e capacidade de combate direto (dog fighting) mostrava-se deficiente. Os soviéticos necessitavam, assim, de um caça mais equilibrado, concentrando mais agilidade e sistemas sofisticados.
Sensores e armamentos
O MiG-29 representou uma evolução considerável em termos de sensores ofensivos e armamentos em relação aos equipamentos soviéticos anteriores.
Construído para abarcar o sistema de tiro RLPK-29 - que compreende o radar N019 "Rubin", com capacidade de detecção de alvos de até 100km - o MiG-29 tem uma atuação muito mais independente em relação ao controle de interceptação de solo do que modelos predecessores.[2]
Um sistema único para época, o OEPrNK-29 (S-31), que compreende o sistema eletro-óptico de aquisição de alvos OEPS-29, acoplado a tela no capacete Shchel'-3UM, permite ao piloto detectar e travar alvos sem emitir ondas de radar.[2] Uma vantagem tática já que permite um ataque furtivo a outra aeronave.
Defensivamente o MiG-29 conta com sistema de detecção de emissões de radar SPO-15LM Beryosa [3] e o sistema de identificação amigo-inimigo (IFF) STR-700.[4] O sistema BVP-30M é responsável pelas contramedidas de mísseis guiados a infravermelho e a radar.[5]
O armamento padrão do MiG-29 é constituído de um canhão interno de 30 mm GSh-301 com 150 munições.[6] A aeronave também possui seis estações para armamentos sob as asas para mísseis ar-ar de curto alcance e guiados por infravermelho, como o Vympel R-60 (OTAN: AA-8 "Aphid") e o Vympel R-73 (OTAN: AA-11 "Archer"), assim como mísseis de médio alcance guiados por radar, como o Vympel R-27R/T (OTAN: AA-10 "Alamo"). As versões modernizadas da aeronave, como o MiG-29M e MiG-29STM, podem levar mísseis de radar ativo Vympel R-77 (OTAN: AA-12 "Adler").[5]
Apesar de ser um caça e graças ao sistema de armamentos SUV-29, o MiG-29 também é capaz de realizar ataque ao solo utilizando bombas e foguetes não guiados. As variantes mais recentes são capazes de levar armas ar-solo guiadas, como os mísseis Vympel Kh-29 (OTAN: AS-14 "Kedge") e míssil anti-radar Vympel Kh-31P (OTAN: AS-17 "Krypton").[7]
História de combate
Apesar das suas virtudes aparentes, o MiG-29 não foi tão bem sucedido em combate real. Voou em combate na Guerra do Golfo, sobre a Sérvia, e na Guerra Eritreia-Etiópia em 1999. Pelo menos uma dúzia foram atingidos, sem registo de victórias. Porém, a maioria das aeronaves destruídas estava no solo e as poucas perdidas em combate aéreo se deve ao fato da tecnologia superior utilizada pelos EUA, como aeronaves AWACS e mísseis mais modernos, além do alto grau de treinamento dos pilotos americanos. Alguns técnicos consideram estes valores reveladores das deficiências do MiG-29. No ambiente hostil do Iraque e Sérvia, os Estados Unidos tomaram a iniciativa e asseguraram a sua superioridade aérea desde muito cedo, restando poucas hipóteses aos MiG-29s de responder. No entanto, algumas análises de potencial, quando comparados paralelamente, indicam que o MiG-29 poderia ser equiparado ao F-15 Eagle. Análises efetuadas pela Federação dos Cientistas Americanos (FAS) revelaram que o MiG-29 é igual ou superior ao F-16, após os exercícios conjuntos DACT, realizado entre pilotos alemães (que herdaram o MiG-29 da antiga Alemanha Oriental) e pilotos americanos, em razão de seu sistema de mira montado no capacete (HMS) dos pilotos e da grande manobrabilidade do MiG-29 à baixa velocidade.[8][carece de fontes]
Imagens
Operadores
- Argélia
- Azerbaijão
- Bangladesh
- Bielorrússia
- Bulgária
- Chade
- Cuba
- Eritreia
- Índia
- Irã
- Cazaquistão
- Malásia
- Coreia do Norte
- Peru
- Polônia
- Rússia
- Sérvia
- Eslováquia
- Sudão
- Síria
- Turcomenistão
- Ucrânia
- Estados Unidos (empresa privada Air USA, para demonstração)
- Uzbequistão
Variantes[9]
- MiG-29 (izdeliye 9.12) Fulcrum-A: Primeira versão de produção em série de 1982 a 1991. Unidades produzidas: 840.[10]
- MiG-29UB (izdeliye 9.51) Fulcrum-A: Versão biplace de treinamento. Não possuía radar e o sistema de contramedidas, porém foi mantido o sistema de mira eletro-óptico. Produção em série iniciada em 1985 com 197 unidades produzidas.
- MiG-29 (izdeliye 9.12A), versão de exportação "A" Fulcrum-A: Voltada para exportação aos aliados do Pacto de Varsóvia a partir de 1988, até 1991. Como hábito da política bélica soviética, todas os equipamentos militares possuem versões de exportações que sofriam downgrades. No caso da versão "A", a aeronave possuía radar, sistema de mira, eletro-óptico e IFF desaprimorados.
- MiG-29 (izdeliye 9.12B), versão de exportação "B" Fulcrum-A: Versão com ainda mais downgrade em equipamentos, voltada principalmente para países alinhados aos soviéticos, porém de fora do Pacto de Varsóvia. Radar, sistema eletro-óptico e de navegação muito simplificados, também não possui datalink. Produzidos entre 1986 e 1996.
- MiG-29UB (izdeliye 9.51A) Fulcrum-A: Biplace de treinamento da versão de exportação "A".
- MiG-29UB (izdeliye 9.51B) Fulcrum-A: Biplace de treinamento da versão de exportação "B".
- MiG-29 (izdeliye 9.12P) Fulcrum-A: Versão produzida em poucos exemplares para shows aéreos. Seu sistema de navegação era compatível com a navegação ocidental, permitindo o sobrevoo de espaço aéreo internacional.
- MiG-29G (izdeliye 9.12) Fulcrum-A: Após a reunificação alemã, em 1990, a nova Luftwaffe incorporou os dois esquadrões de MiG-29 (9.12) pertencentes até então à República Democrática Alemã (DDR). Para se adequar ao padrão OTAN as aeronaves passaram por uma processo de ocidentalização, principalmente nos seus sistemas de comunicação, navegação e IFF.
- MiG-29GT (izdaliye 9.51) Fulcrum-A: Versão ocidentalizada biplace para treinamento da Força Aérea Alemã.
- MiG-29 (izdeliye 9.13) Fulcrum-C: Primeira versão aprimorada do MiG-29. Possuí mais combustível interno (240 litros, 4540 litros no total), capacidade de levar dois tanques extras PTB-1150 de 1150 litros sob as asas, sistema de contramedidas eletrônicas Gardeniya-1FU e 1000kg adicionais de armamentos. Mais de 400 unidades produzidas entre 1986 e 1991.
- MiG-29S (izdeliye 9.13S) Fulcrum-C: Segunda versão aprimorada com melhorias para o combate ar-ar. Utiliza sistema de tiro RLPK-29M, baseado no radar NO019M "Topaz", integrado a versões aprimoradas do míssil R-27ET/ER e ao R-77. Além de um novo sistema eletro-óptico OEPrNK-29-1. Seu sistema de mira e aquisição de alvos é mais resistente a contra medidas inimigas. Ano de produção 1993. Unidades produzidas: 16
- MiG-29S (izdeliye 9.12S) Fulcrum-C: Upgrade pós-produção das aeronaves da versão inicial 9.12 para o padrão "S", porém sem o sistema de contramedidas Gardeniya-1FU e sem o combustível interno adicional.
- MiG-29SD (izdeliye 9.12SD) Fulcrum-C: Versão de exportação para países do terceiro mundo do upgrade 9.12S. Possuí uma sonda de reabastecimento em voo semi-retrátil, equipamentos de navegação ocidentais e, graças ao sistema RPLK-2929ME, com o radar NO019E "Topaz", capacidade para lançar mísseis R-77 contra dois alvos simultaneamente. Pode levar até três tanques de combustível extras, totalizando 8.000 litros e sua capacidade de armamento foi ampliada para 4.000kg. Inicio da produção: 1995
- MiG-29SE (izdeliye 9.13SE) Fulcrum-C: Outra versão de exportação, desta vez da versão 9.13S mas com as mesmas melhorias do MiG-29SD. Assim como o modelo 9.13S, também possui o incremento de combustível interno e com o sistema de tiro RPL-29ME. Ano de produção: 1992 Unidades produzidas: 30
- MiG-29SM (izdeliye 9.13SM) Fulcrum-C: versão modernizada da variante 9.13S. Compreende principalmente melhorias na capacidade ar-solo do equipamento. Podem levar mísseis guiados ar-solo Kh-29L, Kh-25ML e o anti-radar Kh-31P, além de bombas guiadas Kab-500Kr. Seu rol de armamentos ar-ar também foi ampliado para até seis R-77 e dois R-73 ou uma mistura de R-27 e R-73. Para cumprir sua missão ar-solo foi implementado a tela multifunção (MFD) MFI-54 e para sua defesa o casulo de contramedidas eletrônicas MSP-418K.
- MiG-29N Fulcrum-C: Versão final de desenvolvimento para a Real Força Aérea Malaia. Sua principal diferença está na utilização de instrumentos russos, porém calibrados para o sistema de medida imperial, além da ocidentalização do IFF, transponder, TACAN e VOR/ILS. A vida útil dos motores RD-33 também foi estendida para além da versão original. Ano de produção: 1995 a 1998. Unidades produzidas: 16
- MiG-29UBN Fulcrum-C: Versão biplace do MiG-29N malaio.
- MiG-29BM Fulcrum-C: Upgrade bielo-russo muito parecido com a versão "SM". Difere por possuir uma sonda de reabastecimento fixa, em vez da retrátil.
- MiG-29SMP (izdeliye 9.13SMP) Fulcrum-C: Desenvolvida a partir da versão "SM" para equipar a Força Aérea Peruana. As mudanças compreendem a adoção do radar N010ME Zhuk-ME e a sonda retrátil de abastecimento em voo.
- MiG-29UBP (izdeliye 9.51P) Fulcrum-C: Variante biplace de treinamento da Força Aérea Peruana.
- MiG-29MU1 (izdeliye 9.13) Fulcrum-C: Upgrade ucraniano produzido localmente. Possui melhorias no radar (N019U2), sistema SATCOM e ocidentalização dos sistemas de navegação e comunicação. Além do armamento típico do modelo, também foi modernizado para levar o míssil ar-ar de curto alcance e guiado por infravermelho ucraniano GRAM.
- MiG-29MU2 (izdeliye 9.13) Fulcrum-C: Enquanto a versão MU1 foi vista como um paliativo, a Ucrânia investiu em uma versão mais completa capaz tanto de capacidade ar-ar, quanto de capacidade ar-solo. Esta versão incorpora alguns sistemas de navegação e sensores produzidos localmente.
- MiG-29K: Versão naval deste caça, adaptada especialmente para a operação a partir de porta-aviões, com asas dobráveis e trens de pouso reforçados.
- MiG-35 - nova versão aeronave.
Referências
- ↑ (em inglês) Strategypage - Take My MiG-29s, Please.
- ↑ 2,0 2,1 GORDON, Yefim; Komissarov, Dmitriy (2019). Mikoyan Gurevich MiG-29/MiG-35: Russian Fourth-Generation Classic. Manchester, Reino Unido: Crécy Publishing Ltd. p. 69. ISBN 978-1910809228
- ↑ GORDON, Yefim; KOMISSAROV, Dmitriy (2019). Mikoyan Gurevich MiG-29/MiG-35: Russian Fourth-Generation Classic. Manchester, Reino Unido: Crécy Publishing Ltd. p. 167. ISBN 978-1910809228
- ↑ BAKER, David (2017). MiG-29: Owners' Workshop Manual. Newbury Park, Califórnia, Estados Unidos: Haynes Publishing. p. 150. ISBN 978-0857333971
- ↑ 5,0 5,1 BAKER, David (2017). Mikoyan MiG-29: Owners' Workshop Manual. Newbury Park, Califórnia, Estados Unidos: Haynes Publishing. p. 156. ISBN 978-0857333971
- ↑ GORDON, Yefim; KOMISSAROV, Dmitriy (2019). Mikoyan Gurevich MiG-29/MiG-35: Russian Fourth-Generation Classic. Manchester, Reino Unido: Crécy Publishing Ltd. p. 70. ISBN 978-1910809228
- ↑ BAKER, David (2017). Mikoyan MiG-29: Owners' Workshop Manual. Newbury Park, Califórnia, Estados Unidos: Haynes Publishing. p. 153. ISBN 978-0857333971
- ↑ «How To Win In A Dogfight: Stories From A Pilot Who Flew F-16s And MiGs». Foxtrot Alpha (em English). Consultado em 20 de outubro de 2020
- ↑ GORDON, Yefim; KOMISSAROV, Dmitriy (2019). Mikoyan Gurevich MiG-29/MiG-35: Russian Fourth-Generation Classic. Manchester, Reino Unido: Crécy Publishing Ltd. pp. 67–134. ISBN 978-1910809228
- ↑ BAKER, David (2017). Mikoyan MiG-29: Owners' Workshop Manual. Newbury Park, Califórnia, Estados Unidos: Haynes Publishing. pp. 45–46. ISBN 978-0857333971
Bibliografia
- Baker, David. Mikoyan MiG-29: Owners' Workshop Manual. Newbury Park, Califórnias, Estados Unidos. Haynes Publishing, 2017. ISBN 978-0857333971
- Gordon, Yefim e Komissarov, Dmitriy. Mikoyan Gurevich MiG-29/MiG-35: Russian Fourth-Generation Classic. Manchester, Reino Unido: Crécy Publishing Ltd, 2019. ISBN 978-1910809228
Ligações externas
- Tudo sobre aviões russos
- [ES] voar avião de caça Mikoyan-Gurevich MiG-29 Fulcrum
- [EN] voar avião de caça Mikoyan-Gurevich MiG-29 Fulcrum
- viajar de jacto MiG-29
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