𝖂𝖎ƙ𝖎𝖊

Meliponicultura

Predefinição:Manutenção/Categorizando por assunto

Meliponicultura é a criação racional de abelhas sem ferrão (Meliponíneos), especialmente das tribos meliponini e trigonini.[1] Na meliponicultura, as colméias são organizadas em Meliponários e era praticada há muito tempo pelos povos nativos da América Latina, em especial aqueles do Brasil e México. Os objetivos da meliponicultura estão na produção e comercialização de colméias (ou parte delas), mel, pólen, resinas, própolis e outros substratos como atrativos e ninho-iscas, além das abelhas serem os principais agentes da polinização e a conservação da biodiversidade, ou simplesmente a proteção das espécies contra a extinção. Os povos indígenas já manuseavam as abelhas sem ferrão e utilizavam o seu mel para diversos tratamentos de saúde, como a catarata.

Atividade sustentável

No Brasil há 240 espécies de abelhas silvestres sem ferrão, muitas delas com características específicas e propícias para o desenvolvimento agroecológico sustentável. Os seres humanos possuem uma relação de esclavagismo interespecífico com as abelhas sem ferrão, se aproveitando do trabalho desempenhado pelas colônias.

A meliponicultura apresenta importância econômica, ambiental e social dentro de diversos nichos e regiões onde ocorrem as abelhas, pois não necessitam de cuidados intensivos e nem investimento elevado na construção de um meliponário. A atividade, inclusive, pode ser desenvolvida por meliponicultores de todas as idades, como crianças e idosos. Além disso, podem ser criadas em áreas residenciais, já que as espécies não apresentam riscos de acidentes.

Principais espécies brasileiras

Todas as espécies de meliponas são eussociais, ou seja, possuem uma estrutura de trabalho dividido por castas, onde as operárias realizam a maioria das atividades de sustento do enxame, como construção e manutenção dos discos/cachos de cria, coleta e processamento de alimento, limpeza e proteção da colônia e cuidado com as crias. A rainha é responsável pela postura dos ovos. Os machos são responsável pela fecundação das princesas (rainhas virgens) e tarefas secundárias dentro da colônia. Nas melíponas, um quarto das operárias podem virar rainhas, enquanto nas trigonas a rainha é gerada em uma realeira.

Espécies Brasileiras Ameaçadas de Extinção[2]

Mandaçaia (Melipona quadrifasciata) carregando pólen


Livro Vermelho Espécies Brasileiras Ameaçadas de Extinção 2018
Nome Comum Nome da Espécie Ocorrência Classificação
Uruçu amarela Melipona rufventris EN
Uruçu amarela Melipona scutellaris EN
Uruçu capixaba Melipona capixaba Espírito Santo, Brasil EN
Partamona literallis EN

Tribo Meliponini

Nomes comuns Nomes da Espécies
Canudo, tubi, bravo, benjoin Scaptotrigona postica
Guarupu, guaraipo Melipona bicolor
Jandaíra (2 espécies) Melipona subnitida, Melipona cripta
Manduri Melipona marginata
Manduri-preto, manduri-preto, uruçu, uruçu-boi Melipona fuliginosa
Mandaçaia (2 espécies) Melipona quadrifaciata, Melipona mandacaia
Mandaçaia de buraco, Mandaçaia-da-terra, mandaçaia-do-chão, uruçu-do-chão Melipona quinquefaciata
Moça branca Melipona varia
Mirim, Mirim-mosquito Plebeia droryana, Plebeia quadripunctata, Plebeia minima
Tiúba Melipona compressipes
Uruçu-nordestina, Uruçu verdadeira Melipona scutellaris
Uruçu amarela (3 espécies) Melipona flavolineata, Melipona rufiventris e Melipona mondury
Uruçu-boca de renda Melipona seminigra
Uruçu preta ou negra Melipona capixaba
Entrada do ninho de Jataí (Tetragonisca angustula)

Tribo Trigonini

Nomes comuns Nomes da Espécies
Cupira Partamona cupira
Jataí (3 espécies) Tetragonisca angustula, Tetragonisca friebrigi, Tetragonisca weyrauchi
Tataíra, caga fogo Oxytrigona tataira
Sanharão Trigona silvestriana
Arapuá, sanharó Trigona spinipes

Captura de enxames[3]

O CONAMA emitiu a resolução 346, de 2004, que trata sobre a criação racional de abelhas silvestres nativas no Brasil. Neste documento são permitidas capturas de enxames da natureza, desde que não agridam o meio ambiente. Uma das maneiras é através da atração para os ninho-iscas. Os mais comuns são aqueles confeccionados com garrafas tipo pet de 1,5 a 5 litros embebidas internamente em loção atrativa e envoltas com papelão/jornal e lona plástica preta, imitando o interior oco de árvores. A loção atrativa é produzida com álcool de cereais e material proveniente dos enxames que se tem interesse, como resinas, geoprópolis e cera, na proporção de 3 partes de álcool para uma parte de material. O produto deve ser curtido durante 15 dias, agitando-o diariamente. O ninho-isca deve ser instalado em locais de ocorrência de abelhas e no período de maior enxameação, geralmente, durante a primavera e o verão (entre os meses de setembro a janeiro, dependendo da região). A relação entre ninho-mãe e ninho-filho se encerra, geralmente, quando nascem as primeiras crias.[4] Entre 30 e 90 dias após a instalação do enxame na isca, deve-se proceder o traslado para o local definitivo/meliponário e a transferência para a caixa racional, que deve estar a mais de 300 metros do local de captura.

Multiplicação de enxames

A melhor época para a divisão das colônias é o mesmo período de ocorrência de enxameação natural, ou seja, durante o aumento da oferta de alimento. Geralmente a multiplicação envolve dois enxames fortes (acima de cinco discos de cria) para a formação de um terceiro. Sempre é necessário tomar cuidados no manuseio dos discos/cachos de cria, da rainha, e dos potes de alimento, já que são bem frágeis. O procedimento deve ser realizado em dias de sol e sem ventos.

Melíponas

Para as melíponas, em especial aquelas espécies de colônias com populações pequenas, como a Mandaçaia, o procedimento é o seguinte:

  • ENXAME UM doa rainha e campeiras para ENXAME TRÊS
  • ENXAME DOIS doa discos de cria maduros para o ENXAME TRÊS
  • ENXAME TRÊS toma o lugar do ENXAME UM
  • ENXAME UM vai para outro local distante do meliponário para que as campeiras não retornem

Trigonas

Já para a divisão das trigonas, como a Jataí, deve-se atentar para a existência de realeiras. Normalmente ficam nas bordas dos discos de cria e são cerca de três vezes maiores que as crias comuns. Nesse caso, o procedimento é o seguinte:

  • CAIXA FILHA recebe discos de cria maduros com realeiras, campeiras e metade do alimento (mel e pólen)
  • CAIXA MÃE permanece com a rainha e discos de cria verdes
  • CAIXA FILHA toma o lugar da CAIXA MÃE
  • CAIXA MÃE vai para outro local distante do meliponário

Cuidados

Os cuidados com as colônias deve ocorrer nas transferências e nas divisões. É neste momento que o pode haver infestação de forídeos, um pequena mosca da família dos Dipteros que se infiltra na caixa e deposita seus ovos nos potes de pólen abertos. Se não tomadas as devidas providências, em dez dias haverá eclosão de novos forídeos e o ciclo recomeça, até a extinção do enxame. Se detectados precocemente, podem ser removidos manualmente, ou através de armadilhas contendo vinagre de maçã. A recomendação é nunca deixar a caixa infestada de forídeo no meliponário, já que há risco de contaminar outras colônias. Para evitar a proliferação das moscas, os potes de alimento, em especial os de pólen, devem ser manuseados com cuidado e, se rompidos, devem ser removidos da caixa. Todas as frestas devem ser vedadas com cerume ou fita crepe.

Caixa Racional

A Caixa racional é uma estrutura construída para abrigar as colônias de abelhas nativas dada a facilidade de manuseio, diferindo da caixa rústica. Diversos modelos já foram desenvolvidos, cada qual com uma finalidade em destaque e de acordo com as características do enxame. De modo geral, a caixa racional é segmentada em dois compartimentos: ninho e melgueira. O ninho, pode ainda, ser subdivido entre ninho e sobre-ninho, em criações que visam a multiplicação não-natural dos enxames. Este é o local onde estarão os discos/cachos de cria e a rainha. Já a melgueira é o compartimento onde serão estocados os potes de mel e/ou pólen.

O material utilizado para a confecção da caixa racional é prioritariamente a madeira, tendo também experimentos em concreto, isopor e outros materiais que possuem características de isolamento térmico, acústico, de umidade e de luminosidade, buscando a semelhança com os locais de nidificação encontrados na natureza e a proteção contra predadores.

Ver também

Referências

  1. Paulo., Nogueira Neto, (1997). Vida e criação de abelhas indígenas sem ferrão. São Paulo: Edição Nogueirapis. ISBN 8586525014. OCLC 39540264 
  2. ICMBIO, MMA (2018). «Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção» (PDF) 1 ed. Brasília, DF, Brasil: Ministério do Meio Ambiente. Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. III. Consultado em 25 de Janeiro de 2019 – via ICMBIO Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 
  3. «Resolução CONAMA Nº 346/2004 - "Disciplina a utilização das abelhas silvestres nativas, bem como a implantação de meliponários."». www2.mma.gov.br. Consultado em 7 de fevereiro de 2019 
  4. «APACAME - Mensagem Doce 100 - Artigo». www.apacame.org.br. Consultado em 7 de fevereiro de 2019 

Ligações externas

Predefinição:Agricultura

Predefinição:Esboço-abelha

Wiki letter w.svg Este é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o. Editor: considere marcar com um esboço mais específico.

talvez você goste