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McCartney (álbum)

Disambig grey.svg Nota: Para outros significados, veja McCartney.
McCartney
Paul McCartney - McCartney - 1970.jpg
Álbum de estúdio de Paul McCartney
Lançamento 17 de abril de 1970
Gravação 1º de Dezembro de 1969 – 25 de Fevereiro de 1970
Estúdio(s) Casa de Paul, Londres; Morgan, Willesden, Londres; Abbey Road, Londres
Gênero(s) Rock, Indie pop, lo-fi[1]
Duração 34:38
Idioma(s) Inglês
Gravadora(s) Apple
Produção Paul McCartney
Cronologia de Paul McCartney
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The Family Way
(1967)
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Ram
(1971)

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McCartney é o primeiro álbum solo do músico britânico Paul McCartney, lançado em 17 de abril de 1970 pela Apple Records. O álbum foi gravado em segredo, usando principalmente equipamentos básicos de gravação caseira em sua casa em St John's Wood. A mixagem e algumas gravações aconteceram em estúdios profissionais de Londres. Em suas sessões espontaneamente arranjadas, McCartney deixou de lado o polimento dos discos anteriores dos Beatles em favor de um estilo lo-fi. Exceto por contribuições ocasionais de sua esposa, Linda, Paul executou o álbum inteiro sozinho, usando da técnica de overdub.

McCartney gravou o álbum durante um período de depressão e confusão, após a saída de John Lennon dos Beatles em setembro de 1969. Conflitos sobre o lançamento do álbum de McCartney o afastaram ainda mais de seus colegas de banda, pois ele se recusou a atrasar o lançamento de seu álbum em benefício de títulos previamente agendados, como o álbum dos Beatles Let It Be, atraso esse pedido por seus ex-parceiros de banda por meio de um carta entregue por Ringo. Paul relembra "Todos, para mim, estavam me tratando como lixo. Era algo do tipo "Somos os grandes, somos os adultos".[2] Um comunicado à imprensa na forma de entrevista, fornecida com cópias promocionais de McCartney, tornou pública a separação dos Beatles.

McCartney recebeu principalmente críticas negativas, enquanto Paul foi vilipendiado e culpado pela separação do grupo. O álbum foi amplamente criticado por ser subproduzido e por suas músicas inacabadas, embora a canção "Maybe I'm Amazed" tenha sido constantemente elogiada. Comercialmente, McCartney se beneficiou da publicidade em torno da separação; ela ocupou a posição número 1 por três semanas no Top LPs da Billboard dos EUA antes de ceder essa posição para Let It Be. Atingiu o número 2 na Grã-Bretanha.

Nos anos posteriores, o álbum foi reconhecido por ter tido um impacto sobre músicos DIY e estilos de música lo-fi[3]. McCartney também gravou dois álbuns sucessores: McCartney II (1980) e McCartney III (2020). Em 2011, o álbum foi remasterizado e relançado com faixas bônus para a Paul McCartney Archive Collection.

Contexto

Depois que John Lennon pediu o "divórcio" dos Beatles em uma reunião da banda em 20 de setembro de 1969[4], Paul McCartney retirou-se para sua fazenda em Campbeltown, Escócia[5]. O autor Robert Rodriguez descreve seu estado de espírito como "com o coração partido, chocado e desanimado com a perda do único emprego que ele conheceu"[6]. Embora a saída de Lennon não tenha sido oficializada, em parte por motivos de negócios[4][7], o período de reclusão de McCartney com sua família coincidiu com rumores generalizados na América de que ele havia morrido[8] - uma extensão do rumor "Paul Is Dead"[9][10]. O boato foi dissipado por jornalistas da BBC Radio e da revista Life, que o localizaram em sua fazenda, High Park[8][10].

"Quase tive um colapso. Suponho que a dor de tudo isso e a decepção e a tristeza de perder essa grande banda, esses grandes amigos... Eu estava ficando louco."

– McCartney para sua filha Mary, 2001

Os dois meses de McCartney na Escócia criaram um distanciamento entre ele e seus companheiros de banda, além da divisão causada pela nomeação de Allen Klein como gerente de negócios em maio daquele ano[4]. McCartney mais tarde citou a nomeação de Klein como a primeira "diferença irreconciliável" dentro dos Beatles, já que ele continuava a favorecer os advogados de Nova York Lee Eastman e John Eastman[4] - pai e irmão, respectivamente, de sua esposa Linda[8]. Para McCartney, o período após a saída de Lennon também foi marcado por um surto de depressão severa[5], durante o qual, segundo ele mesmo, esteve perto de sofrer um colapso nervoso[11][8].

Em seu livro Fab: An Intimate Life of Paul McCartney (2010), Howard Sounes escreve sobre o exílio dos McCartneys em High Park: "Isso foi desagradável para Linda. Ela tinha um filho de sete anos e um bebê para cuidar, com um marido que estava deprimido e bêbado. Mais tarde, ela disse a amigos que foi um dos momentos mais difíceis de sua vida, enquanto Paul refletia que ele poderia ter se tornado uma 'vítima' do rock 'n' roll neste ponto de sua carreira."[8] Com o incentivo de Linda, McCartney começou a considerar um futuro fora dos Beatles, escrevendo ou terminando canções para seu primeiro álbum solo, McCartney[6][8].

Conteúdo e gravação

Gravações caseiras, Dezembro de 1969 – Janeiro de 1970

McCartney e sua família retornaram a Londres pouco antes do Natal de 1969[8], e ele começou a trabalhar no álbum em sua casa em Cavendish Avenue, St John's Wood[12]. As gravações foram realizadas em um gravador Studer, sem mesa de mixagem[11], e, portanto, sem telas VU como guia para os níveis de gravação[13][11]. McCartney descreveu sua configuração de gravação doméstica como "Studer, um microfone e nervo"[12][13]. Ele tocou todos os instrumentos musicais do álbum[8] - de guitarras acústicas e elétricas e baixo a teclados, bateria e vários instrumentos de percussão - com Linda fornecendo os vocais de apoio em algumas músicas.

As gravações do álbum ignoraram a sofisticação musical presente nos trabalhos dos Beatles com o produtor George Martin, em particular no álbum de 1969, Abbey Road[9]. De acordo com a The New Rolling Stone Encyclopedia of Rock & Roll, McCartney é "um LP de uma banda de estúdio" com "uma qualidade caseira pronunciada; era escasso e parecia quase inacabado". Rodriguez escreve que, ao evitar a estética do estúdio Abbey Road, "à sua própria maneira, [McCartney] estava retomando o tema 'como pretendido pela natureza' (espontâneo) das sessões abortadas de Get Back, embora como uma banda de meio homem."[6]

McCartney primeiro gravou uma porção de 45 segundos de uma canção que escreveu em Campbeltown, "The Lovely Linda"[12]. Como aconteceu com grande parte do álbum, McCartney cantou a composição acompanhado de violão antes de preencher as faixas restantes no Studer com uma segunda parte de guitarra, baixo e acompanhamento percussivo[5]. Embora esta performance de "The Lovely Linda" fosse apenas um teste do novo equipamento[5], ela seria incluída no lançamento oficial, como faixa de abertura, com o som de McCartney rindo no final da gravação[8]. Refletida na sequência do álbum, a segunda e a terceira canções gravadas por McCartney foram "That Would Be Something", também escrita na Escócia, e a instrumental "Valentine Day"[12]. Esta última foi uma das três canções de McCartney que seu criador "improvisou"[13], junto com as músicas igualmente orientadas para o rock "Momma Miss America" e "Oo You"[5].

Em 3 de janeiro de 1970, ele interrompeu o trabalho em McCartney para participar da sessão de gravação final dos Beatles[4], quando ele, George Harrison e Ringo Starr gravaram a composição de Harrison "I Me Mine" no Abbey Road Studios[14]. No dia seguinte, os três músicos revisitaram "Let It Be" de McCartney[4], uma canção gravada pela banda em janeiro de 1969 para seu próximo projeto de filme Get Back[14].

Morgan Studios, Fevereiro de 1970

Em 12 de fevereiro, McCartney levou suas fitas Studer para Morgan Studios, no subúrbio de Willesden[11], no noroeste de Londres, para copiar todas as gravações de quatro faixas em fitas de oito faixas, para permitir mais overdubbing[12]. Ansioso para manter o sigilo sobre o projeto[12], McCartney trabalhou no Morgan sob o pseudônimo de "Billy Martin"[11]. A essa altura, ele também havia gravado "Junk" e "Teddy Boy" na Cavendish Avenue, duas canções que ele começou a escrever durante a visita dos Beatles à Índia em 1968 e havia ensaiado com a banda em janeiro de 1969[14]. As outras gravações transferidas para oito faixas incluem "Glasses" - uma peça de efeitos sonoros com "taças de vinho tocadas aleatoriamente", na descrição de McCartney[5] - e "Singalong Junk", uma versão instrumental de "Junk" para a qual ele adicionou uma parte de cordas tocada em um Mellotron. Entre outros overdubs nessas mixagens de oito faixas, McCartney forneceu um vocal para a anteriormente instrumental "Oo You"[5].

Enquanto estava no Morgan, ele também gravou "Hot as Sun", um instrumental "influenciado pela Polinésia" datado do final dos anos 1950, de acordo com o autor Bruce Spizer[5], e "Kreen-Akrore"[11], que Sounes descreve como um "faixa de percussão experimental"[8]. Iniciado em 12 de fevereiro, "Kreen-Akrore" foi a tentativa de McCartney de descrever sonoramente uma caçada por tribos Kreen-Akrore da Amazônia brasileira[5], após ter assistido a um documentário na ATV sobre seu modo de vida[12]. Em meio a interlúdios musicais com guitarra elétrica, órgão e piano[5], McCartney usou um arco e flecha que comprou na loja de departamentos Harrods de Knightsbridge, de acordo com o engenheiro Robin Black. Este último estava entre as poucas pessoas que sabiam que McCartney estava fazendo um álbum solo[5][11]. Linda contribuiu com a respiração e sons de animais, com McCartney, em "Kreen-Akrore"[12].

Abbey Road Studios, Fevereiro–Março de 1970

Em 21 de fevereiro de 1970, McCartney mudou para o Abbey Road Studios, com o qual tinha mais afinidade, com a reserva novamente sob o nome de Billy Martin[11]. Lá, ele fez mais mixagens no material gravado anteriormente, bem como gravou novas seleções[12]. Em 22 de fevereiro, McCartney gravou "Every Night"[11] - outra composição ensaiada durante as sessões de Get Back[14], e uma canção que os autores Chip Madinger e Mark Easter observaram como a "primeira gravação 'profissional'" no álbum final, dada sua posição como faixa 4, após "Valentine Day"[14]. No mesmo dia, McCartney gravou "Maybe I'm Amazed"[11], uma balada tocada em piano dedicada a Linda, e, na descrição de Madinger e Easter, "a faixa instrumental mais elaborada do LP"[12]. A última gravação de McCartney foi "Man We Was Lonely", que ele gravou em 25 de fevereiro[11], tendo-a composto no início daquele dia[12]. É a faixa do álbum em que os vocais de Linda são mais audíveis[12].

As mixagens finais de canções como "Junk" e "Teddy Boy" foram concluídas no Morgan Studios junto com as faixas restantes do álbum[12]. Durante este processo, "Hot as Sun" e "Glasses" foram compilados em um medley, terminando com um trecho de McCartney tocando a música "Suicide" no piano[12]. Não reconhecida na lista de faixas do álbum, "Suicide" era uma composição que ele pretendia que Frank Sinatra gravasse[5]. Ele também editou duas peças instrumentais separadas em uma para "Momma Miss America"[5]; McCartney pode ser ouvido gritando o título original da primeira parte, "Rock 'n' Roll Springtime", na gravação[12].

Em 23 de março, enquanto o produtor americano Phil Spector começou a mixar as fitas Get Back para lançamento como o álbum Let It Be dos Beatles no Studio 4[11] de Abbey Road, McCartney concluiu o trabalho em seu álbum homônimo no Studio 2[12]. Embora McCartney tenha afirmado frequentemente que ignorava o envolvimento de Spector até receber uma cópia em acetato de Let It Be para aprovação, o autor Peter Doggett escreve que após "várias semanas", McCartney finalmente "respondeu ao série de mensagens que ele recebeu sobre Phil Spector" e concordou em deixá-lo preparar Let It Be para o lançamento[4].

Arte

Para a capa do álbum, o artista Gordon House e o designer Roger Huggett trabalharam em um design concebido por Paul[5]. Fotos tiradas por Linda McCartney aparecem por toda a capa, incluindo uma colagem de 21 fotos de família na parte interna[5]. As imagens mostravam Paul, Linda, Heather (filha de Linda com seu primeiro casamento), a recém-nascida Mary e a sheepdog dos McCartney, Martha[8]. A arte em McCartney seria a primeira dos álbuns de Paul a apresentar fotografias de Linda, que apareceriam por mais de 30 anos[12].

Ambientado em um fundo preto, a capa consiste em uma tigela com um líquido vermelho-cereja, em cima de um muro cor creme, cercada de várias cerejas vermelhas, como se elas tivessem sido tiradas da tigela[5]. Na contracapa, uma foto tirada por Linda, na Escócia, mostra seu marido com Mary dentro da sua jaqueta de couro e pele[8][5]. Madinger e Easter comentam que, ao contrário de Lennon, McCartney não sentiu a necessidade de incluir sua esposa na capa, e a foto na contracapa foi uma contribuição "impressionante" da fotógrafa[12]. Em um artigo de notícias de 2013, relembrando o lançamento do álbum, a estação de rádio da Filadélfia WMMR descreveu a foto de McCartney e sua filha bebê como "icônica" e refletindo "sua mensagem final: 'Casa, família (e) amor'."[15]

Lançamento

Problemas com a data de lançamento

Talvez John estivesse certo. Talvez os Beatles fossem uma porcaria. Quanto mais cedo eu lançar este álbum e acabar com ele, melhor.

– McCartney comentando após terminar o trabalho em seu primeiro álbum solo

McCartney disse que "boicotou" os escritórios da Apple após a chegada de Allen Klein em 1969. Seu isolamento contínuo em 1970 levou Lennon, Harrison e Starr a tomar decisões de negócios sem a contribuição de McCartney[4][8]. Uma decisão dizia respeito ao lançamento do documentário Let It Be, uma necessidade a fim de cumprir as obrigações contratuais dos Beatles com a produtora United Artists[4]. McCartney concordou em particular com uma data de lançamento de McCartney em meados de abril com o executivo da Apple Records Neil Aspinall, uma das poucas pessoas associadas aos Beatles que conhecia o projeto[5]. Sua adição tardia à programação da Apple entrou em conflito com o lançamento iminente do álbum Let It Be, e da estreia solo de Starr, Sentimental Journey, que deveria ser lançado em 27 de março[6][4]. Em 25 de março, depois de descobrir que Klein providenciou o adiamento do lançamento de McCartney, Paul recebeu uma garantia de Harrison, como diretor da Apple Records, de que seu álbum solo seria lançado em 17 de abril, conforme planejado[4].

A situação então mudou quando Spector relatou que o trabalho no álbum Let It Be estava quase completo, o que significa que ele poderia ser lançado para coincidir com a estreia mundial do filme, que estava marcada para 28 de abril, em Nova York[4]. Doggett escreve que "a solução era óbvia", já que Let It Be era "um pacote multimídia" e, como uma aventura de banda ao invés de um álbum solo, "deveria automaticamente ter precedência"[4]. Harrison e Lennon, portanto, escreveram a McCartney em 31 de março para dizer que instruíram a EMI, gravadora mãe da Apple, a adiar McCartney para 4 de junho; eles também explicaram a necessidade de escalonar os vários novos lançamentos, particularmente nos EUA, onde a compilação Hey Jude tinha sido lançada em 26 de fevereiro[4]. Em vez de um funcionário entregar a carta a McCartney na Cavendish Avenue, Starr decidiu levá-la pessoalmente.

McCartney reagiu mal à mensagem de Starr: "Eu disse a [Starr] para sair. Tive de fazer algo assim para me afirmar, porque estava apenas afundando ... Eu estava levando uma surra na cabeça, pelo menos na minha mente."[11] De acordo com Starr, McCartney "enlouqueceu", ameaçando: "Vou acabar com você agora. Você vai pagar!"[8] Paul relembra "Todos, para mim, estavam me tratando como lixo. Era algo do tipo "Somos os grandes, somos os adultos".[2] Embora os outros Beatles tenham recuado com o lançamento de McCartney,[4] o confronto iniciou o que Rodriguez chama de "uma guerra três contra um" dentro da banda.[6]

Comunicado de imprensa e a separação dos Beatles

Ver artigo principal: Separação de The Beatles

Em 9 de abril, McCartney entregou uma série de perguntas e respostas para a imprensa britânica, no qual ele explicou suas razões para fazer seu álbum solo e descreveu seu tema geral como "Home, Family, Love" (Lar, Família, Amor)[8]. Compilado com a ajuda dos executivos da Apple Derek Taylor e Peter Brown[8], a auto-entrevista também continha perguntas que McCartney imaginou que seriam feitas sobre a possibilidade de separação dos Beatles. Embora parando de dizer que a banda estava acabada[8][4], McCartney afirmou que não sabia se sua "ruptura com os Beatles" seria temporária ou permanente e que se baseava em negócios, diferenças pessoais e criativas[5]. Ele também disse que não sentiu falta da bateria de Starr, nem das contribuições de seus companheiros de banda ao fazer o álbum, e não poderia imaginar um momento em que ele e Lennon escreveriam juntos novamente. Quando questionado se Klein e sua empresa ABKCO estariam "de alguma forma envolvidos com a produção, fabricação, distribuição ou promoção deste novo álbum", McCartney disse: "Não se eu puder evitar", e ele enfatizou que Klein não era seu representante comercial[5]. Embora McCartney mais tarde tenha dito que estava respondendo a perguntas feitas a ele, Brown disse que McCartney escreveu todas as perguntas[4].

Naquele mesmo dia, McCartney ligou para Lennon na clínica onde ele estava se submetendo à terapia primária com sua esposa, Yoko Ono. McCartney disse a ele que estava seguindo o exemplo de Lennon e deixando os Beatles, mas não fez menção de tornar sua saída pública[16]. Doggett sugere que a intenção de McCartney não era necessariamente separar a banda já que ele ficou "devastado" pela interpretação da mídia de sua auto-entrevista[4]. A primeira reação da imprensa foi um artigo de Don Short do Daily Mirror, em 10 de abril[16], intitulado "PAUL ESTÁ DEIXANDO OS BEATLES"[17]. A partir daí, na descrição do autor Mark Hertsgaard, "manchetes de jornais em todo o mundo reduziram a história a variações gritantes de PAUL SEPARA OS BEATLES".

Vendas e publicidade

McCartney foi lançado na Grã-Bretanha em 17 de abril de 1970 (como Apple PCS 7102) e três dias depois na América (Apple STAO 3363). Embora os relatos sobre a separação dos Beatles tenham resultado na queda de McCartney entre os fãs dos Beatles, eles também garantiram que o álbum fosse altamente divulgado[5]. Somando-se a esta exposição nos Estados Unidos, McCartney encomendou um segundo conjunto de anúncios impressos para o álbum, para contrariar o que Doggett descreve como "declaração incendiária de fato" de Klein nos anúncios oficiais de que a Apple era "uma empresa gerenciada pela ABKCO"[4].

No Reino Unido, McCartney estreou no número 2, onde permaneceu por três semanas atrás do álbum mais vendido de 1970, Bridge Over Troubled Water de Simon and Garfunkel. Em 15 de maio, McCartney vendeu mais de 1 milhão de cópias nos Estados Unidos[16], e a partir de 23 de maio, começou uma permanência de três semanas no número 1 na parada de Billboard Top LPs, eventualmente ganhando platina dupla. Apesar de "Maybe I'm Amazed" ter sido tocado consideravelmente nas rádios dos Estados Unidos[12], McCartney recusou-se a lançá-la ou qualquer outra música do álbum como single[5].

Os ex-companheiros de banda de McCartney viram o fato de ele tornar pública a separação da banda como uma traição, visto que Lennon concordou com os interesses do grupo ao permanecer em silêncio sobre sua saída no ano anterior, e como McCartney usando o fim dos Beatles como forma de promover seu álbum solo. Quando questionado sobre sua opinião sobre o álbum logo após seu lançamento, Harrison descreveu "Maybe I'm Amazed" e "That Would Be Something" como "excelente", mas o resto, ele disse, "simplesmente não faz meu tipo"[16]. Harrison acrescentou que, ao contrário de Lennon, Starr e ele mesmo, McCartney provavelmente estava muito "isolado" de outros músicos, de tal forma que: "A única pessoa que ele tem que dizer a ele se a música é boa ou ruim é Linda"[16]. Em uma entrevista de 1970 com o editor da Rolling Stone Jann Wenner, que foi republicada no ano seguinte como o livro Lennon Remembers, Lennon apontou McCartney como "lixo"[16] e "música de Engelbert Humperdinck"[8]; ele disse seu album inspirado em sua terapia primária, John Lennon/Plastic Ono Band, "provavelmente assustaria [McCartney] e faria algo decente"[18]. Lennon rejeitou a interpretação de Wenner do retrato da contracapa como uma possível referência ao aborto recente de Ono; em vez disso, ele o leu como um exemplo dos McCartney seguindo servilmente o exemplo dele e de Ono, lançando um álbum voltado para a família.

McCartney foi seguido por duas sequências, McCartney II (lançado em 1980) e McCartney III (lançado em dezembro de 2020), ambos compartilhando a mesma técnica de gravação deste álbum.

Críticas

Críticas contemporâneas

No lançamento, McCartney foi amplamente criticado por ser subproduzido e por suas canções inacabadas[6]. Além disso, de acordo com Nicholas Schaffner em seu livro de 1977, The Beatles Forever, a tentativa de McCartney de usar a separação dos Beatles para promover seu álbum solo, enquanto se apresentava como um homem de família feliz, "aparentemente saiu pela culatra", já que "muitos observadores descobriram a coisa toda foi inventada, de mau gosto e bastante cruel.[9]" Madinger e Easter escrevem sobre o álbum que o "sentimento geral" entre os críticos era "algo no sentido de 'Ele separou os Beatles para isso?!?'[12]" Richard Williams do Melody Maker[16] sugeriu que "Com este registro, a dívida [de McCartney] para com George Martin torna-se cada vez mais clara ... "[8] Williams encontrou" pura banalidade "em todos as faixas" exceto em "Maybe I'm Amazed"[8] e descreveu "Man We Was Lonely" como "o pior exemplo de seu lado music-hall".[10][16]

Em uma avaliação favorável, para o NME, Alan Smith escreveu que, embora na primeira audição tenha achado McCartney "muito inofensivamente brando", sua visão mudou com o tempo, de modo que: "Ouvir é como ouvir o contentamento pessoal de um homem comprometido com o som da música. A maioria dos sons, efeitos e ideias é puro brilho; grande parte da aura é de canções tranquilas em uma noite quente de verão; e praticamente todas as faixas refletem uma espécie de redondeza intangível. 'Excitação' não é uma palavra para usar neste álbum ... 'calor' e 'felicidade' são." Em sua análise combinada de todos os lançamentos solo dos Beatles em 1970, Geoffrey Cannon do The Guardian o caracterizou como um álbum que tinha "nenhuma substância". Cannon continuou: "Paul se revela nisso como um homem preocupado consigo mesmo e com sua própria situação. A música é ostensivamente casual ... Ele parece acreditar que vale a pena ter qualquer coisa que vem à sua cabeça. E ele está errado." John Gabree, da revista High Fidelity, encontrou as razões para o fracasso do álbum no filme Let It Be, onde McCartney parecia ser "o único Beatle que estagnou como um ser humano", bem como "incrivelmente arrogante" no tratamento de seus companheiros de banda. Gabree acrescentou que "Talvez a maior decepção esteja nas canções, embora a maioria delas pudesse ter sido salva por melhores performances, especialmente as instrumentais."

Escrevendo para a Rolling Stone, Langdon Winner considerou as canções "distintamente de segunda categoria" em relação às melhores composições de McCartney como Beatle, com apenas "Maybe I'm Amazed" "chegando perto" de corresponder a esse alto padrão, mas ele admirou os vocais de McCartney e acrescentou: "se alguém pode aceitar o álbum em seus próprios termos, McCartney se destaca como um trabalho muito bom, embora não surpreendente." Winner admitiu ter repelido a "propaganda espalhafatosa" em torno do lançamento, porém, sobre a qual enfatizou: "Lembre-se, tudo isso é coisa que o próprio Paul incluiu deliberadamente [no kit de imprensa do álbum], não apenas alguns comentários inúteis que ele deixou escapar a um jornalista investigativo.[19]" O crítico concluiu: "Gosto muito de McCartney. Mas lembro que o povo de Tróia também gostou daquele cavalo de madeira que empurrou pelos portões até descobrir que estava oco por dentro e cheio de guerreiros hostis.[19]"

Avaliações retrospectivas

Predefinição:Críticas profissionais Na edição de 2004 do The Rolling Stone Album Guide, Greg Kot considera o álbum "tão modesto que mal se registra" em comparação com a Plastic Ono Band de Lennon, acrescentando: "Apenas a alma branca de 'Maybe I'm Amazed' distingue das outras insuportáveis composições como 'Lovely Linda'." Stephen Thomas Erlewine do AllMusic escreve que McCartney possui "uma qualidade caseira e desalinhada", com "That Would Be Something", "Every Night", "Teddy Boy" e "Maybe I'm Amazed", todos "clássicos completos de McCartney". Embora ele observe que "a natureza descartável de grande parte do material ... tornou-se charmosa em retrospecto", Erlewine acrescenta: "Infelizmente, em retrospecto, também parece um prenúncio da mediocridade incômoda que assolaria toda a carreira solo de McCartney.[20]" Record Collector destacou "Every Night", "Junk" e "Maybe I'm Amazed" como canções que "ainda soam absolutamente sem esforço e demonstram o gênio natural do homem com uma melodia".

Entre os biógrafos dos Beatles, Robert Rodriguez inclui McCartney em seu capítulo cobrindo os piores álbuns solo lançados por ex-membros da banda entre 1970 e 1980[6]. Ao lamentar a falta de controle de qualidade que permitiu que "canções sem graça" como "Teddy Boy" fossem subdesenvolvidas, Rodriguez escreve: "O que tornou McCartney tão frustrante de ouvir não foi a ausência de ideias musicais convincentes; foi a abundância delas. Se melodias como "Momma Miss America" tivessem sido transformadas em composições com início, meio, fim e ponto, McCartney poderia ter acabado altamente aclamado da mesma maneira que Plastic Ono Band: composições pop amigáveis, completas e focadas, que poderiam muito bem ter dado aos fãs muito menos motivos para amargura com a separação dos Beatles.[6]"

Em 1999, Neil Young introduziu Paul no Hall da Fama do Rock and Roll[16] e elogiou McCartney, dizendo: "Eu amei aquele álbum porque era tão simples. E havia muito para ver e ouvir. Era apenas Paul. Não havia nenhum adorno ... Não houve nenhuma tentativa de competir com as coisas que ele já havia feito. E então ele saiu da sombra dos Beatles.[15]" McCartney posteriormente disse à Rolling Stone que, dadas as qualidades caseiras do álbum, ele o considerou o primeiro álbum indie do rock, acrescentando: "Sabe, agora é o que se chamaria de uma coisa 'indie'. Para mim, então, era apenas ... experimentando com alguns sons e não se preocupando com o resultado. Acho que esse foi um dos segredos.[15]" Citando sua gravação e mixagem caseiras, Brent Day do Paste sentiu que McCartney foi indiscutivelmente "um dos primeiros grandes discos lo-fi recordes da história." Foi um dos dois álbuns pós-Beatle de McCartney que foi incluído em "1001 Álbuns que Você Deve Ouvir Antes de Você Morrer"[21].

Reedições

McCartney foi lançado em CD em 7 de junho de 1993, junto com seis outros álbuns de estúdio que McCartney fez durante os anos 1970, incluindo Ram (com Linda) e Band on the Run (com sua banda Wings)[16].

Em 13 de junho de 2011, o álbum e o segundo trabalho solo oficial de Paul, McCartney II, foram reeditados juntos pelo Hear Music/Concord Music Group como parte da Paul McCartney Archive Collection[22]. O álbum voltou às paradas no Reino Unido, Holanda, França e Japão. Em 17 de novembro de 2017, McCartney foi relançado pela Capitol/UMe sem faixas bônus como parte do retorno de McCartney à Capitol Records em 2016 e de um contrato de serviço de catálogo assumindo a Concord Records e Hear Music.

McCartney recebeu um lançamento especial de 50º aniversário em uma edição limitada de prensagem de vinil half-speed para o Record Store Day em 26 de setembro de 2020[23].

Faixas

Todas as canções foram compostas por Paul McCartney.

Original

Lado APredefinição:Lista de faixasLado BPredefinição:Lista de faixas

Remasterização de 2011

Para sua reedição em junho de 2011, McCartney foi lançado em vários formatos:

  • Edição Padrão: 1-CD; as 13 faixas do álbum original;
  • Edição Especial: 2-CD; as 13 faixas do álbum original no primeiro disco, mais 7 faixas bonus no segundo;
  • Edição Deluxe: 2-CD/1DVD; o álbum original, as faixas bônus, um livro de 128 páginas com fotos não publicadas;
  • Vinil remasterizado: 2-LP contendo a edição especial e um link para download do material.

Disco 1 – Álbum Original

As 13 faixas do álbum original.

Disco 2 – Faixas bônus

Todas as faixas não tinham sido lançadas até então.

Predefinição:Lista de faixas

Disco 3 - DVD

  1. "The Album Story"
  2. "The Beach"
  3. "Maybe I'm Amazed" (Music Video)
  4. "Suicide" (de One Hand Clapping, 1974)
  5. "Every Night" (Live at the Concert for the People of Kampuchea, 1979)
  6. "Hot as Sun" (Live at the Concert for the People of Kampuchea, 1979)
  7. "Junk" (MTV Unplugged, 1991)
  8. "That Would Be Something" (MTV Unplugged, 1991)

Participações

De acordo com Bruce Spizer[5]:

Paradas

Paradas semanais

Referências

  1. Day, Brent (26 de outubro de 2005). «Paul McCartney Walks the Fine Line Between Chaos and Creation». Paste. Consultado em 12 de março de 2021. Cópia arquivada em 25 de agosto de 2019 
  2. 2,0 2,1 Doyle, Tom (2014). Man on The Run: Paul McCartney nos anos 1970. [S.l.]: Leya. p. 42 
  3. «Paul McCartney to release new album recorded alone in lockdown» 
  4. 4,00 4,01 4,02 4,03 4,04 4,05 4,06 4,07 4,08 4,09 4,10 4,11 4,12 4,13 4,14 4,15 4,16 4,17 4,18 Doggett. A Batalha Pela Alma dos Beatles. [S.l.: s.n.] ISBN 8580660955 
  5. 5,00 5,01 5,02 5,03 5,04 5,05 5,06 5,07 5,08 5,09 5,10 5,11 5,12 5,13 5,14 5,15 5,16 5,17 5,18 5,19 5,20 5,21 5,22 Bruce Spizer
  6. 6,0 6,1 6,2 6,3 6,4 6,5 6,6 6,7 Rodriguez, Robert. Solo in the 70s: John, Paul, George, Ringo 1970 - 1980. [S.l.: s.n.] ASIN B00IZ1W0PO 
  7. Woffinden, Bob. "Beatles" Apart. [S.l.: s.n.] ISBN 0906071895 
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