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Marina de La Riva (álbum)

Marina de La Riva
Álbum de estúdio de Marina de La Riva
Lançamento Maio de 2007
Gênero(s) MPB, Música Cubana, Jazz Latino, Bossa Nova
Duração 61:23
Idioma(s) Espanhol, Português
Formato(s) CD
Gravadora(s) Mousike/Universal Music

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Marina de La Riva é o álbum de estreia gravado pela cantora brasileira Marina de La Riva. Lançado em 2007 pelo selo Mousike, a sua distribuição foi feita pela gravadora Universal Music.

Sobre o CD

Marina de La Riva durante o show "Conexão Latina", no Memorial da América Latina, em São Paulo

O CD possui 14 faixas (escolhidas dentre um rol de 24 faixas gravadas), as quais apresentam o sincretismo entre a música cubana e brasileira. Algumas músicas de la Habana apresentam trechos de músicas brasileiras (“Tin Tin Deo”, com os dois mais famosos versos de “Xote das Meninas”, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas; “Ojos Malignos”, com a inclusão da melodia de “Sampa” de Caetano Veloso). E também ao contrário, algumas músicas brasileiras apresentam trechos de músicas cubanas (caso de “Adeus Maria Fulô”, que contém “La Mulata Chancletera”), ou poemas de poetas cubanos (caso da poesia “Cultivo una Rosa Blanca”, de José Martí, que é declamada ao final da famosa música “Sonho Meu”). As canções cubanas foram gravadas em Cuba (com exceção de "Ojos Malignos"), as brasileiras no Brasil.[1]

O álbum ficou três anos em estúdio até ser concluído e chegou às lojas oficialmente no dia 25 de maio de 2007. Foi muito bem recebido não só pela crítica, mas como também pelo público, tendo boa vendagem. Fato inusitado é que nem a própria gravadora esperava que o CD obtivesse boa quantidade de vendas em tão pouco tempo.

Através desse CD, Marina conquistou o prêmio APCA em 2007 por revelação feminina (categoria música popular).[2] O álbum foi indicado ao Prêmio Tim de Música de 2007.[3] Além disso, Pedro Alexandre Sanches (segundo Rita Lee, um dos críticos mais temidos pelos músicos[4]), da revista Carta Capital, Lauro Lisboa Garcia, do jornal O Estado de S. Paulo[5], e Sérgio Martins, da Veja, elegeram o CD como um dos melhores de 2007.[6] Na lista de os melhores CDs e músicas de 2007 da revista Rolling Stone, estão presentes este álbum e a canção “Sonho Meu” (mais informações logo abaixo na seção "críticas").

Críticas

As análises feitas pela imprensa foram em sua imensa maioria positivas, os críticos dos principais jornais e revistas brasileiros classificaram o álbum como bom ou ótimo.

Segundo a Folha de S.Paulo ela é mais uma revelação, mas não mais uma "cantora eclética", já que sua opção é clara e corajosa.[7] O jornalista Mauro Ferreira escreveu que [o CD] exibe entrelaçamento das músicas cubana e brasileira que, se não soa exatamente original, ao menos realça a personalidade e a fina assinatura estilística da nova cantora, dona de timbre agradável.[8]

Tárik de Souza (do Jornal do Brasil) elogia a originalidade da cantora: "Com exceção da surrada Drume negrita (Ernesto Grenet), do repertório de Bola de Nieve, onde sua voz límpida soa mais próxima de Zizi Possi, as escolhas turbinam o disco de originalidade".[9] Já para a revista Veja, a artista “mostra como ser moderna sem apelar para o cruzamento de música eletrônica e MPB, mistureba que já deu o que tinha que dar”, além de afirmar que a intérprete apresenta o melhor do universo cubano e brasileiro [10].

Cantoras brasileiras surgem tantas a cada estação que às vezes fica difícil para o público escolher qual vale a pena conhecer e acompanhar. A diferença no impacto do lançamento às vezes se deve apenas ao cacife promocional. Outras se impõem pela personalidade ou pelo inusitado. Marina de la Riva tem um pouco disso tudo ao seu redor e vem sendo bem falada no meio cultural já há algum tempo” foi o parecer dado pelo jornal O Estado de S. Paulo, o qual elogiou ainda “a bela e afinada voz” da cantora.[11]

Bastante positiva também foi a avaliação feita por Pedro Alexandre Sanches, crítico de música da Carta Capital, haja vista o fato de elogiar a cantora por assumir o sincretismo Cuba-Brasil presente em suas raízes familiares e apostar nele (ao contrário do que muitos artistas já fizeram) e de afirmar que “Marina de la Riva é representante notável de um novo momento da música local, que sucede os anos recentes em que dezenas de novos artistas se projetaram sob a asa protetora e o peso de serem filhos (e supostamente herdeiros musicais) de Elis Regina, João Gilberto, Caetano Veloso, Djavan, Jair Rodrigues, Baby do Brasil, Zezé di Camargo e outros. Em sua vez de tentar se impor num meio de criatividade e eficácia comercial cada vez mais estranguladas, Marina de la Riva também chega como filha, mas não mais a filha de uma mãe ou um pai famoso, e sim filha de uma idéia, uma mistura, uma cicatriz aberta, um desejo novamente vivo de união”.[12]

Em Sintonia Fina (programa da Rádio Eldorado), o crítico Nelson Motta elogiou o CD, qualificando-o como belo.[1] E Chris Mello, do Em Cena, programa desta mesma rádio, classificou Marina como “a nova aposta MPB” , dizendo que ela é “uma cantora pronta para estourar”.[1]

Por fim, vale destacar a avaliação de Ademir Correa, da Rolling Stone Brasil, que deu a nota máxima para o CD (5 estrelas)[13], tendo este mesmo veículo de comunicação escolhido a música “Sonho Meu” como a 23ª melhor música nacional de 2007[14] e o CD de Marina como o 16° melhor disco nacional de 2007.[15]

Comentários e curiosidades faixa a faixa

  1. REDIRECIONAMENTO Predefinição:VT
A cantora durante apresentação

1) Tin Tin Deo:

  • Esta música é do cubano Chano Pozo, que junto ao americano Dizzy Gillispie, é um dos principais divulgadores e popularizadores do Latin Jazz. O ritmo original seria a rumba, mas a própria cantora rebatizou de rumba mix “arroz con mango” (em Cuba, a expressão significa “grande mistura”). Na versão de Marina, a faixa traz o famoso verso “Ela só quer, só pensa em namorar” do forró pernambucano “Xote das Meninas”, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas.[1]
  • Tin Tin Deo significa “eu te entendo” (do espanhol “te entiendo”: te’en tien do).
  • Alguns grandes nomes que já gravaram esta música: Ray Charles, Ray Barretto, John Coltrane e Art Blakey.

2)Central Constancia:

  • O compositor desta música, o maestro Enrique Jorrín, é o criador do ritmo chachachá. A canção foi gravada por Marina no estúdio Egrem Havana Vieja. É a música com maior número de instrumentistas do disco. Possui arranjos de Alfred Thompson, musicista da banda Irakere, que atualmente acompanha a cantora cubana Omara Portuondo.[1]
  • Ao final da música, há uma brincadeira de estúdio feita pela cantora: "Pero oye estoy alegre, Ya me voy pa' Brasil, Mira, Alfred, venga, Sí, pero ese es aparte".

3)Ta-hí!:

  • Uma das músicas mais famosas do Brasil, sucesso do carnaval de 1930, Ta-hí foi a composição de maior destaque de Joubert de Carvalho e o primeiro grande hit de Carmen Miranda, que fez seu disco vender mais de 35 mil unidades (à época, para se ter uma idéia, grandes artistas vendiam geralmente 1000 cópias). Originalmente, o título da música é “Pra você gostar de mim”, mas Ta-hí foi como ficou conhecido pelo povo.[16]

4) Drume Negrita:

  • É uma canção de ninar (canción de cuna) Ernesto Grenet, mas que ficou conhecida através do músico Bola de Nieve: “A idéia do novo arranjo era criar uma cena onde a Negra Mecê, ao colocar o bebê para dormir, não se esquecesse de si, ouvindo internamente e fantasiosamente os tambores da senzala. A negra Mecê é vista pela cantora como uma mulher doce que está cumprindo seu dever da única forma que sabe: amando, mas ameaçando também”[1]
  • Além de Marina, outros artistas brasileiros que já gravaram esta música foram Caetano Veloso, Joyce e Badi Assad.

5) Ojos Malignos:

  • Originalmente é um bolero, mas a versão de Marina de la Riva é um samba. Conta com a participação de Chico Buarque, que também canta em espanhol, e que ajudou Marina a escolher qual versão gravar das 5 existentes.[1]

6) Sonho Meu:

  • Composta por Dona Ivone Lara e Délcio Carvalho, é um dos clássicos do samba. Segundo Marina, essa canção remete à sua infância, quando passava férias em Uberaba e sua tia Soninha cantarolava o dia inteiro esta canção.[1]
  • Segundo a intérprete, "Este samba é um laço do meu disco. Gostaria que as pessoas compreendessem nas entrelinhas que todos temos sonhos e são eles que dão ação à vida; devemos ir atrás deles". [17]
  • A cantora quem sugeriu cantar esta música à capela, acompanhada somente por palmas. Já Davi Moraes sugeriu a inclusão de detalhes como uma caneta Bic, uma jarra e a percussão no dorso do violão.[1] Encerrando a canção, há um poema do cubano José Martí, Cultivo una rosa blanca, que traduzido, ficaria assim:
Cultivo uma rosa branca,
em junho como em janeiro,
para o amigo verdadeiro
que me dá sua mão franca.
E para o cruel que me arranca
o coração com que vivo,
nem cardo nem urtiga cultivo:
cultivo uma rosa branca.

7) Mariposa:

  • Sobre esta música, em entrevista à Rádio CBN, Marina comentou que “A parte oriental de Cuba foi colonizada pelos franceses que introduziram a contradança. Habanera é um gênero musical cubano que vem da contradança. Essa música, Mariposa, na verdade tem uma introdução, La Comparsa, também de Ernesto Lecuona, que é um maestro importantíssimo para a cultura cubana. Essa habanera termina em tchá, que é um outro gênero musical. Mesmo que mariposa em espanhol queira dizer borboleta, em Cuba mariposa é o nome de um passarinho pequenininho que canta lindamente, e é todo colorido. Por isso é ‘Mariposa de lindos colores que em mi patio cantas al atardecer’”.[18]
  • Marina era carinhosamente chamada de Mariposa pelos seus familiares.[12]

8) La Caminadora:

  • “Caminando va, Guarachando va” são os versos marcantes desta conga que quase ficou de fora do disco, já que a princípio não estava inclusa no repertório. Foi um amigo cubano de Marina que cantarolou os primeiros versos da canção, e lançou, assim, a vontade em Marina de gravar esta música.[18]
  • Guaracha” é um gênero musical que faz parte da identidade do povo cubano. Foi incorporado ao teatro musical, sendo que toda obra de teatro terminava com um “fim de festa”, música cantada por uma dupla, um artista ou por toda a companhia. Uma possível tradução de “guarachando” seria “festejando”, “bailando”.[19]
  • Já a conga é um ritmo para se brincar na rua, uma espécie de carnaval cubano.
Marina de La Riva no festival "Power to the Peaceful" no Parque Burle Marx, em São Paulo - 1 de dezembro em 2007

9) Adeus, Maria Fulô / La Mulata Chancletera:

  • -Chancleta é um chinelo, como se fosse um tamanco de madeira antigo. Chancletera é uma pessoa que vende na rua, que chama a atenção com o seu canto e com o barulho que faz com as chancletas.
  • -Nesta música, há a união de um baião com uma habanera.
  • -Quando menina, seus pais não gostavam que se andasse dentro de casa de chinelo e fizesse barulho. No entanto, quando não havia ninguém por perto, Marina gostava de descer as escadas da casa cantando La Mulata Chancletera e, com os chinelos, marcando o ritmo da música: "Quando comecei a gravar Adeus Maria Fulô, imediatamente me lembrei da Chancletera e decidi unir as canções, apesar dos andamentos tão diferentes."[17]

10) Tengo um Nuevo Amor:

  • Mais uma de Ernesto Lecuona. Esta música foi composta para “Romance Del Palmar” (1939), primeiro filme produzido em Cuba. Maria de Los Ángeles Santana atua no filme e interpreta esta canção, inaugurando então a parceria entre ela e Lecuona.[1]

11) Juramento:

12) Pensamiento:

  • Composta em 1910 por Rafael Gómez. Naquela época, era comum as meninas de 15 anos ganharem uma festa e terem seus nomes registrados em novas espécies de flores. O compositor foi convidado para tocar em uma festa e se viu apaixonado por uma das aniversariantes. Ao saber isso, a menina fez o seguinte desafio: lhe daria um beijo se ele descobrisse qual daquelas flores a representava. Gómez descobriu que ela se chamava Fragância. O beijo nunca aconteceu, mas nasceu a canção.[1]
  • Ao assistir a um show de Omara Portuondo no Rio de Janeiro, Marina teve a idéia de convidar o músico Papi Oviedo para o disco, para gravar ‘Pensamiento’, e já na manhã seguinte ao convite foi para o estúdio fazer a gravação. A introdução de ”Siempre en mi corazón” (Ernesto Lecuona) foi feita por Papi.[1]

13) Si Llego a Besarte:

  • Quanto à gravação desta música, apesar de os músicos terem feito, segundo a própria artista, arranjos belíssimos, ainda não era o que ela queria. Então, Marina contou para eles que Chet Baker fora a Cuba e se apaixonara por uma menina de lá. Contudo, o pai dessa garota não permitiu que o trompetista americano levasse a garota embora consigo. Arrasado, Chet Baker voltou para Nova York, onde possuía um show marcado. Após o fim da apresentação, quando todo o público já havia saído e só restavam os garçons que limpavam o local, Baker sentou-se sozinho e começou a tocar esta música. Impressionados com a história, finalmente os músicos de Marina entenderam o “espírito” da canção, e gravaram da maneira que a cantora queria. Quando a faixa já estava pronta, aí sim Marina revelou que a história com Chet Baker não era verdade, tinha sido criada pela própria artista para que os músicos chegassem onde ela queria.
  • Na realidade, está canção é considerada um dos mais belos boleros cubanos, e seu autor, Luis Casas Romero, foi diretor da banda do Exército cubano e escreveu mais de 500 partituras.[1]

14) Te Amaré y Después:

Referências

  1. 1,00 1,01 1,02 1,03 1,04 1,05 1,06 1,07 1,08 1,09 1,10 1,11 1,12 Ondequando.com, 23.02.2008: "MARINA DE LA RIVA" - O disco, faixa a faixa" Arquivado em 3 de março de 2016, no Wayback Machine., acessado em 22 de maio de 2008
  2. Associação Paulista de Críticos de Artes, 11.12.2007: "A APCA escolhe os melhores de 2007", acessado em 23 de maio de 2008
  3. FolhaOnline, 06.05.2008: "Sexta edição do Prêmio Tim de Música anuncia indicados", acessado em 23 de maio de 2008
  4. Samba & Choro, 27.08.2001: "Rita Lee entrevista Pedro Alexandre Sanches", acessado em 23 de maio de 2008
  5. Music News: Os Melhores de 2007, matéria de 21/12/2007 (seção "Mercado") Arquivado em 8 de junho de 2008, no Wayback Machine., acessado em 25 de maior de 2008
  6. Revista Cult, ed. 121: Classe de 2007[ligação inativa], acessado em 21 de maio de 2008
  7. Folha de S.Paulo, Ilustrada, CDs, 22 de junho de 2007: CDs (obs: disponível só para assinantes)
  8. Notas Musicais, 22 de junho de 2007. Com Chico, Marina reergue a ponte Brasil-Cuba
  9. Jornal do Brasil, Caderno Cultura, 13 de julho de 2007: O resgate de uma herança cubana[ligação inativa], acessado em 23 de maio
  10. Revista Veja, ed. 2010, 30 de maio de 2007: Veja Recomenda Arquivado em 1 de junho de 2008, no Wayback Machine., acessado em 23 de maio de 2008
  11. O Estado de S. Paulo, Caderno 2, Música Lançamento, 03 de julho de 2007: Brasil e Cuba balançam em Marina (obs: disponível para não assinantes)
  12. 12,0 12,1 Blog Pedro Alexandre Sanches, 11.09.2007: "la mariposa chancletera", acessado em 22 de maio de 2008
  13. Revista Rolling Stone, ed 06, março de 2007: Acontece - Marina de La Riva Arquivado em 5 de junho de 2008, no Wayback Machine., acessado em 23 de maio de 2008
  14. Revista Rolling Stone, ed. 16, janeiro de 2008: "50 Melhores Músicas de 2007" Arquivado em 3 de junho de 2008, no Wayback Machine., acessado em 23 de maio de 2008
  15. Revista Rolling Stone, ed.16, janeiro de 2008: "Os Melhores Discos de 2007"
  16. Blog Cifranatiga, 31.03.2006: Joubert de Carvalho, acessado em 22 de maio de 2008
  17. 17,0 17,1 Revista Expresso, ed. 19 (março/abril/maio de 2008): "A brasileira, cubana e caminadora"[ligação inativa], acessado em 22 de maio de 2008
  18. 18,0 18,1 Rádio CBN, 17.11.2007: Entrevista por telefone com Marina de La Riva[ligação inativa], acessado em 22 de maio de 2008
  19. Wikipedia, La enciclopedia libre: es:Guaracha, acessado em 22 de maio de 2008 (versão: 17239835)

Ligações externas

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