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Maria de Cleófas

Predefinição:Info/Santos Maria de Cléofas (hebraico: מרי של קליאופס; grego: Μαρία του Κλεόπας; latim: Maria Cleophae) é a tia de Jesus, concunhada de Maria de Nazaré, e casada com Cléofas (Cleofas, Cleofás, Cleopas, Clopas), irmão de José.

Biografia

Segundo relatos históricos de cristãos primitivos, Hegésipo e Eusébio de Cesaréia, ela é identificada como tia de Jesus, pelo fato de ser casada com Cléofas, este, identificado como irmão de José nas obras: Hypomnemata (em grego: Ὑπομνήματα, "Memórias" ou "Memoranda", por Hegésipo) e História Eclesiástica (por Eusébio).

Foi também identificada como mãe de Simeão, primo de Jesus e que foi o segundo Bispo da Igreja em Jerusalém, após o martírio de Tiago, o Justo (irmão do Senhor), seu antecessor.

Maria de Cléofas, foi contada entre as mulheres que serviu e acompanhou o ministério de Jesus desde a Galileia até à crucificação,[1] e teve a bem-aventurança de ver o Cristo ressuscitado.

Tradições no Cristianismo

Há discrepâncias em torno de seu grau de parentesco com Maria de Nazaré, devido a tentativa da tradição Católica Romana e Ortodoxa em preservar o dogma da Virgindade Perpétua de Maria, associando então, a figura de Maria de Cléofas como mãe dos irmãos de Jesus.

Segundo as tradições Ortodoxas e Católicas, esta Maria também é considerada uma santa, e foi na casa desta mulher que Maria de Nazaré ficara após a morte de seu esposo José de Belém, devido ao seu parentesco próximo com os membros desta família que a acolheu (e que a seguiam para onde ela fosse).

Para essas vertentes cristãs, foi mãe de Tiago, Judas Tadeu, Simão e de algumas mulheres não nomeadas na Bíblia. Maria de Cléofas é entendida como sendo a mãe dos irmãos de Jesus pelos Católicos, por tentarem associar o nome de seus filhos a alguns personagens mencionados pelo evangelista Mateus, afim de preservar a virgindade de Maria. Porém, em consonância com a Bíblia e as obras legítimas históricas, muitas denominações Protestantes rechaçam essa tese, pois tanto os termos em grego, quanto o contexto dentro da exegese bíblica, apontam as discrepâncias das tradições mencionadas anteriormente.

Sua festa é celebrada no dia 9 de abril no calendário da Igreja Católica.

Obras Históricas

Maria de Cléofas foi mencionada nos relatos de História Eclesiástica, no Livro III, como segue:

"2.Testemunha disto é aquele mesmo Hegésipo, de quem já utilizamos diferentes passagens. Ao falar de alguns hereges, acrescenta claramente que por esse tempo, efetivamente, o mencionado Simeão teve que sofrer uma acusação e que durante muitos dias foi maltratado de muitas maneiras por ser cristão, e que depois de deixar admiradíssimos o juiz e os que o acompanhavam, alcançou um final semelhante à paixão do Senhor. 3. Mas nada melhor do que ouvir o próprio escritor, que relata isto mesmo textualmente como segue: "A partir disto, evidentemente alguns hereges acusam Simão.243, o filho de Clopas, por ser descendente de Davi e cristão, e assim sofre martírio na idade de cento e vinte anos, sob o imperador Trajano e o governador Ático." 4. O mesmo autor diz que inclusive os próprios carrascos foram presos quando se procuraram os descendentes da tribo real dos judeus, já que também eles o eram. Com um pouco de cálculo pode-se dizer que também Simeão viu e ouviu pessoalmente o Senhor, baseando-se na longa duração de sua vida e na menção que o texto dos evangelhos faz de Maria de Clopas.244, de quem já se demonstrou que Simeão era filho."[2]

Na Bíblia Sagrada

A Sagrada Escritura menciona algumas vezes esta Maria, a quem João Evangelista chama de Mulher de Cléofas:

Maria de Cléofas segundo Mateus

A figura de Maria de Cléofas aparece uma vez no Evangelho de Mateus.

  • Ela é denominada (pelo menos pela maior parte dos exegetas bíblicos) como a outra Maria, que acompanha Madalena ao túmulo de Jesus para perfumar a área onde estava o sepulcro de Jesus.[3]

Essa passagem mostra a imagem de uma serva de Cristo[4] que se manteve na fé, mesmo após a morte de Jesus, o que não ocorreu com seu marido, que começou a demonstrar resquícios de incredulidade em Cristo após a sua morte, como mostra o evangelista Lucas.[5]

Maria de Cléofas segundo Marcos

O Evangelista Marcos:

  • A primeira fora no capítulo 15, versículos 40-47, em cujo trecho ela é mencionada como a mãe de Tiago Menor, e José.[6] Neste capítulo é documentado que ela seguiu Jesus desde a Galileia, e que observou com Maria Madalena a deposição do corpo de Cristo no sepulcro.
  • Na segunda ela é documentada indo ao sepulcro de Jesus, como sendo a mãe de Tiago, a quem um jovem vestido de branco fala que Jesus ressuscitou, e que era para elas avisarem aos discípulos o que fazer.[7]
  • OBS : Este Tiago, o menor e José citados, são atribuídos aos irmãos de Jesus pela tradição Católica Romana e Ortodoxa. Porém, os escritores Hegésipo e Eusébio destacam que Tiago, o Justo, era filho de José, não podendo assim, ser o mesmo, Tiago, o menor.

Maria de Cléofas segundo Lucas

Para os Católicos, o Evangelista Lucas menciona apenas uma vez Maria de Cléofas em seu evangelho, também pelo nome de mãe de Tiago;

Praticamente, o capítulo 24 do Evangelho de Lucas trata somente das aparições de Jesus para seus parentes próximos, uma vez que Paulo documentará que após isso tudo, Jesus apareceu a "Tiago, irmão do Senhor."

Maria de Cléofas segundo João

O Evangelista João não fala muito sobre ela, mas nos deixou duas informações:

  • Ela tem certo parentesco com Maria, a Mãe de Jesus (já que o evangelista utiliza o termo irmã para ela, querendo indicar parentesco próximo).[8]
  • E também tem algum parentesco com Cléofas; provavelmente, parentesco de casamento com este.

João também nos deixou o nome pelo qual a conhecemos: Maria de Cléofas. Este evangelista mostrou que a tia de Cristo esteve junto de sua mãe no momento da crucificação, e presenciou Jesus dar sua mãe, segundo os católicos, como mãe da Igreja.[9]

Tradição x Contradição

Tradição: Para muitos cristãos de todo o mundo, principalmente para os que se denominam Católicos Romanos e que acreditam na Perpétua Virgindade de Maria, interpretam que em Lc 1:34, Maria mostra um voto de Virgindade, deduzindo que Maria de Cléofas seria a mãe dos denominados 'irmãos de Jesus' de Mt 13,55-56.

Contradição: Ocorre que, em contrapartida, para outros tantos cristãos pelo mundo, essa conjectura Católica se baseia na tentativa de preservar o ensino de que Jesus nasceu de uma Virgem, que consolidou o dogma da Virgindade Perpétua de Maria. Porém, Lc 1:34, na verdade Maria descreveu ao anjo da anunciação o seu estado virginal momentaneamente, uma vez que estava prometida a José e pela Lei, ambos deveriam obedecer e consumar o casamento, pois do contrário, estariam em pecado contra a Lei.

Tradição: Pelas conjecturas Católicas e Ortodoxas, Maria de Cléofas foi biblicamente dita mãe de Tiago, José, Simão e Judas. Em Mt 27,55-56, associam-na como mãe de Tiago e José; Pela conjectura de alguns cristãos católicos, na Bíblia também narra-a como sendo mãe de Judas, o Tadeu (Jd 1,1; At 1,13; Lc 6,12-16), visto que este era irmão de Tiago; e pela lógica das listas do Novo Testamento, onde os irmãos são sempre colocados um do lado do outro, Simão Cananeu sempre fica do lado de seus 'irmãos' (Mc 3,16; Mt 10,2-4; At 1,13; Lc 6,12-16). E este são os nomes ditos por Mateus como 'irmãos de Jesus' em Mt 13,55-56. Muitos padres dos primeiros séculos, como Papias (século II), Eusébio de Cesareia (século IV) e Jerônimo (século IV), acreditavam que os ditos 'irmãos' eram filhos de Maria de Cléofas, e primos de Jesus.

Contradição: Os ditos irmãos de Jesus, foram identificados no grego (língua original dos Evangelhos), como αδέλφος. Pela gama de significados do termo αδέλφος, pode-se deduzir como: irmãos biológicos ; meio- irmãos ; irmãos na fé ou primos. Porém, seguindo o contexto empregado nos relatos em que são mencionados, todos estão na companhia de Maria de Nazaré e não com Maria de Cléofas. A idéia que os Evangelhos passam, é de que o Messias foi (por ora), descredibilizado pelos de sua própria casa (Mc 6:4).

Obs: Em História Eclesiástica, no início do Livro II, Eusébio de Cesaréia identifica Tiago, o Justo como filho de José, sendo assim, impossível ter sido primo de Jesus.

Outro fator histórico e cultural, é que não era do costume judaico daquele tempo que os sobrinhos andassem em companhia de tios e tias, mas sim de seus pais por onde fossem.

Outra observação notória, é que estes irmãos de Jesus carregam os nomes dos antepassados de José, o que conclui-se que ele passou seu próprio nome a um de seus filhos (José, irmão de Jesus) e aos demais, deu o nome de seus antepassados (vide a genealogia de Jesus), não corroborando mediante isso, com a afirmação de que são filhos de Maria de Cléofas.

Há também, uma forçosa intenção de contrastar Maria de Cléofas como irmã de Maria de Nazaré, pois na cultura Judaica não há hipótese de irmãos e irmãs possuírem o mesmo nome. O que corrobora com a afirmação de Eusébio, citando Hegésipo no livro História Eclesiástica de que Cléofas era irmão de José e não Maria sendo irmã de Maria de Cléofas, mas sim sua concunhada.

A afirmação mais sensata diante dos Evangelhos, dos conteúdos históricos e arqueológicos legítimos, é de que estes irmãos de Jesus são filhos de José e Maria, após o nascimento de Jesus. Conclui-se então, que o termo grego empregado αδέλφος (irmãos) se refere a menção de oriundos do mesmo útero.

Veredito

"2.Naquele tempo também Tiago, o chamado irmão do Senhor.96 - porque também ele era chamado filho de José; pois bem, o pai de Cristo era José, já que estava casado com a Virgem quando, antes que convivessem descobriu-se que havia concebido do Espírito Santo, como ensina a Sagrada Escritura dos evangelhos -; este mesmo Tiago pois, a quem os antigos puseram o sobrenome de Justo, pelo superior mérito de sua virtude, refere-se que foi o primeiro a quem se confiou o trono episcopal da Igreja de Jerusalém."[10]

  • Se Tiago, era chamado filho de José, logo, sua mãe não poderia ser Maria de Cléofas;
  • José e Cléofas eram irmãos;
  • Pelas cronologia dos fatos, não haveria a possibilidade de terem cumprido a Lei de Levirato, pois Cléofas estava vivo após a ressurreição de Jesus, estando à caminho de Emaús com outro discípulo e seria um absurdo por si, considerar que Cléofas teria tomado Maria como esposa, com base na conjectura de que a essa altura, José já havia falecido, pois não é mais mencionado nas Escrituras.

Fonte Histórica

"Depois do martírio de Tiago e da tomada de Jerusalém, que se seguiu imediatamente, é tradição que os apóstolos e discípulos do Senhor que ainda viviam reuniram-se de todas as partes num mesmo lugar, junto com os que eram da família do Senhor segundo a carne (pois muitos deles ainda viviam), e todos celebraram um conselho sobre quem seria considerado digno de suceder a Tiago, e todos, por unanimidade, decidiram que Simeão, o filho de Clopas - mencionado também pelo texto do Evangelho.206 -, era digno do trono daquela igreja, por ser primo do Salvador, ao menos segundo se diz, pois Hegesipo refere que Clopas era irmão de José."[11]

Apócrifos

Maria de Cléofas é pouco citada nos evangelhos apócrifos. É citada pelo Evangelho Pseudo-Mateus XLII,1-2 numa reunião da família de Jesus. Ela é dita como 'filha' de Cléofas neste apócrifo. Essa ideia é bastante rejeitada por todas as denominações Cristãs. Também é mencionada pelo Evangelho Árabe da Infância de Jesus XXIX, 1-3; como sendo a mãe de Cléofas e recorrendo a Maria por vingança, contra sua inimiga Azrami e seu filho.

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Ligações externas

- Livro História Eclesiástica (Eusébio de Cesaréia).

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