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Manuel da Gama Lôbo d'Almada

Manuel da Gama Lôbo d'Almada

Manuel da Gama Lôbo D'Almada, também grafado como Manuel da Gama Lobo de Almada (Odivelas, 1745 - Barcelos, 27 de outubro de 1799), foi um militar e geógrafo português. Apesar disso, desenvolveu seus marcos pessoais, militares e políticos no Brasil.

Biografia

Manuel da Gama Lobo de Almada era filho de Antonio da Gama Lobo, e nasceu na freguesia de Odivelas, Portugal, em agosto de 1745.[1] Embora não tenha cursado faculdade, Lobo D'Almada desenvolveu um excelente trabalho de demarcação dos limites fronteiriços entre o Brasil e outros países hispânicos, inclusive desenhando muitos mapas, sendo por isso, considerado por muitos como um geógrafo.[2]

Ainda muito jovem, com apenas 20 anos já se encontrava no Grão-Pará, onde em 1765 assumiu a direção da vila de Monte Alegre, cargo que ocupou por 3 anos, até 1768.[3][4] Em Monte Alegre, Lobo d'Almada exerceu funções militares e civis/administrativas. Nessa vila, sob sua direção e administração se construiu uma olaria pública, nas encostas do Curaxi (que atualmente é um bairro da cidade, mas naquela ocasião era uma área de campos cobertos). Nessa olaria, fabricava-se telhas e tijolos que eram considerados de muita qualidade, inclusive sendo exportados para as cidades de Macapá e Belém. Além dos tijolos e telhas, lá também se fabricavam utensílios do lar como potes, bilhas, moringas e alguidares, além de louças, tais como: panelas, pratos, copos, xícaras etc; ademais nessa olaria também se coziam outros instrumentos e utensílios de argila. Na olaria, a argila preferida era a tabatinga (argila branca); quanto à mão de obra empregada, os homens eram responsáveis pela fabricação de tijolos e telhas, e as mulheres atuavam como oleiras hábeis com as mãos na confecção de louças e outros objetos mais delicados e trabalhados. Ao final do cozimento do barro, as índias de Monte Alegre, hábeis artesãs, aplicavam uma camada de verniz sobre as xícaras, copos, pratos e panelas. Esse envernizamento era conseguido com aplicação de breu quente, derretido ao fogo que formava uma fina camada protetora.[4][5][6]

No mesmo ano de 1768, Lobo d'Almada retorna a Portugal, só voltando ao Pará em janeiro de 1770, depois de sua nomeação como Sargento-Mor da Fortaleza de São José de Macapá, ocorrida em 5 de setembro de 1769.[2] Em 12 de Janeiro de 1770, o nomeado Sargento-Mor, Manuel da Gama Lobo de Almada, prestou juramento, na cidade de Belém do Grão-Pará, frente ao Governador e Capitão-General do Estado do Pará, Maranhão e Rio Negro Fernando da Costa de Ataíde Teive Sousa Coutinho.[2]

No posto de Sargento-mor comandou a Fortaleza de São José de Macapá em dois períodos de (1769-1771 e 1773-1784).

No posto de Brigadeiro, foi o terceiro governador da Capitania de São José do Rio Negro. Transferiu, em 1791, a sede da administração da capitania de Barcelos para a Barra do Rio Negro, atual Manaus.

Foi o pioneiro na criação de gado bovino e eqüino no vale do rio Branco, atual estado de Roraima.

Segundo o historiador Mário Ypiranga Monteiro, "(...) foi o maior administrador que a Amazônia possuiu no período colonial, naqueles tempos em que tudo era difícil e podemos mesmo dizer que superou a muitos outros dos nossos dias. Só encontrou um rival noutro militar - Eduardo Gonçalves Ribeiro, no período da República."

Ainda conforme Monteiro:[7]

Lobo d'Almada "(...) deixou um trabalho sobre aquela região.[8] As medidas assistenciais, por exemplo, mereceram sempre a sua atenção. Mandou levantar uma fábrica de panos de algodão e outra de tecidos e redes (manqueiras). Criou o depósito de pólvora. Fez construir uma tarracena para reparo de embarcações, que ficava na praia da Ribeira das Naus, próximo ao Porto-Real, à ilharga da fortaleza.

Bento Aranha, em 1897, já enunciava os feitos da personalidade.[9]

Inaugurou uma padaria de pão de arroz moído em atafona movida por bestas, uma fábrica de pano de algodão em rolos, com 18 teares e 10 rolos de fiar com 24 fusos cada um; cordoaria para fabricação de cordas e amarras de piaçaba e calabres; fábrica de fécula de anil; nora para distribuir água; olaria com excelentes amassadeiras, estendedouros, fornos calcinatórios e de torrefação de telhas e ladrilhos; uma fábrica de velas cera; um açougue; engenhos para moer cana (...).
Para estes estabelecimentos mandava vir de outros lugares da capitania o algodão, arroz, cana, curauá, muriti e cera virgem de abelhas; dos rios Solimões e Negro, tucum; e dos rios Mariê, Curucuriau, Padauari, Manauiá e Uaracaá, afluentes do Negro, a piaçaba, que somente encontra-se nas sua terras."

Referências

  1. Odivelas, Paróquia de (1734–1755). «Livro de Registros de baptismos». Consultado em 9 de dezembro de 2021 
  2. 2,0 2,1 2,2 REIS, Arthur Cezar Ferreira (1940). Lobo D'Almada: um estadista colonial. Manaus: Imprensa Oficial do Estado do Amazonas. pp. 70–82 
  3. SANTOS, João (1980). Crônicas do Monte. Monte Alegre: PMMA. p. 44 
  4. 4,0 4,1 REIS, Arthur Cezar Ferreira (1949). Monte alegre: aspectos de sua formação histórica. Belém: Imprensa Oficial do Estado do Pará. p. 15 
  5. FERREIRA, Alexandre Rodrigues (1974). Viagem Filosófica pelas capitanias do Grão-Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá. Memórias (Antropologia). Brasília: Conselho Federal de Cultura. pp. 33–34 
  6. COELHO, Mauro Cezar (2016). Do Sertão para o Mar. Um estudo sobre a experiência portuguesa na América: o caso do Diretório dos Índios (1750-1798). São Paulo: Editora Livraria da Física. p. 355 
  7. Monteiro, Mario Ypiranga (1948). Fundação de Manaus (em português). [S.l.]: Conquista. 206 páginas 
  8. Lôbo d'Almada, Descrição.
  9. Aranha, Bento (1897). Um Olhar pelo Passado. Manaus: Imprensa Oficial (em português). [S.l.]: Conquista. p. 6-7. 12 páginas. Arquivado do original em 14 de maio de 2009 

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