Legotown foi uma construção de LEGO elaborada por estudantes em um programa extra-classe no Hilltop Children´s Center, um programa de atendimento a crianças na cidade de Seattle, nos Estados Unidos. Ela obteve projeção na mídia internacional uma vez que os professores decidiram banir o LEGO da sala de aula e utilizá-lo como uma experiência de aprendizado de valores com forte conotação anticapitalista.
Pressupostos
Conforme descrito pelos professores envolvidos na atividade, os estudantes - na faixa etária de cinco a nove anos de idade - foram incentivados a construir uma grande cidade, com "tijolos" LEGO fornecidos pelo Centro. A partir de então:
- "Um grupo de cerca de oito estudantes concebeu e iniciou Legotown. Outras crianças ansiavam por juntar-se ao projeto, mas à medida que a cidade crescia - e o espaço disponível, assim como a matéria-prima, se tornava mais escasso e valioso - os construtores começaram a excluir as demais crianças.[1]
Após dois meses de observação, os professores removeram o LEGO do Centro, redirecionando a atividade para a exploração de questões ligadas à "propriedade" e ao "poder" com os alunos.
Objetivos
Para esse fim, os professores estabeleceram objetivos tais como "uma avaliação de... as injustiças da propriedade privada e autoridade hierárquica sobre a qual ela está fundamentada". Também procuraram "promover um conjunto oposto de valores: coletividade, colaboração, partilha de recursos e plena participação democrática".
Após cinco meses de atividades, incluindo discussões em grupo, jogos e exercícios concebidos para explorar as questões propostas, o LEGO foi devolvido à sala de aula de maneira controlada, iniciando-se um projeto colaborativo para construir uma nova estrutura: "Pike Place Market".
Os professores acreditam ter alcançado os objetivos, uma vez que os estudantes chegaram aquilo que os professores denominaram de "acordos essenciais":
- Todas as estruturas são de edifícios públicos. Qualquer um pode utilizar todas as estruturas LEGO. Mas apenas ao próprio construtor ou a uma pessoa por ele autorizada, é permitido alterar uma estrutura.
- Pessoas LEGO podem ser conservadas apenas por um "time" de crianças, nunca por indivíduos.
- Todas as estruturas terão tamanhos-padrão.
Reação
Após a experiência ter sido descoberta pela mídia digital,[2] organizações conservacionistas[3] e blogs[4] registraram-se manifestações ultrajadas do que foi descrito como uma tentativa de "empurrar" uma agenda política em oposição a ideologias de "livre-mercado" em crianças pequenas.
Resultados
Embora resultados a longo-prazo do experimento nunca venham a ser conhecidos,[5] houve uma divulgação expressiva do emprego de LEGO em sala de aula deste modo. Da mesma forma, ficou demonstrada a utilidade do LEGO como uma ferramenta de ensino-aprendizado para além de simples técnicas de construção.
Notas
- ↑ PELLO, Ann; PELOJOAQUIN, Kendra. Why We Banned Legos. Rethinking Schools Online, vol. 21, n° 2 (Winter 2006/2007).
- ↑ Por exemplo: Toronto Star (Toronto, ON, Canadá), Shelbyville Times-Gazete (Shelbyville, TN, EUA), Daily Targum (Rutgers University, NJ, EUA).
- ↑ Como o National Review and Heartland Institute.
- ↑ Como o How Schoolteachers Reprogram Budding Capitalists.
- ↑ Não existe indicação se os professores envolvidos pretendem acompanhar a futura carreira profissional ou as escolhas de vida desses estudantes, ou mesmo se pretendem repetí-la com outras crianças