Jucás |
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População total |
Regiões com população significativa |
Ceará, no Brasil |
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Os jucás eram índios que habitavam as terras do Ceará, nas quais atualmente situam-se os municípios de Acopiara, Cariús, Iguatu, Saboeiro e Tarrafas[1].
História
Os jucás habitavam a região dos Inhamuns. O nome dos jucás aparece pela primeira vez na crônica cearense ligado, como tantas outras etnias indígenas, à história dos Montes e dos Feitosas, famílias matutas rivais que encheram os sertões da terra cearense com seus atos de vandalismo.
Partidários dos Feitosas, os jucás lhes prestaram continuada assistência na terrível contenda que enlutou o Ceará e pôs os chãos interiores da Capitania em fogo e sangue.
Em 1727, foram agrupados sob a direção de um missionário nas margens do rio Jaguaribe, constituindo, com os Quixelô, Quixerariú, Cariú e Candandu, a Aldeia da Telha (hoje, Iguatu), sita na ribeira dos Quixelôs, então distrito da Vila dos Icó.
Os moradores nativos da Telha eram, ao que parece, inveterados rapinantes, pois havia, contra eles, várias queixas do povo da região circunvizinha à Câmara do Icó. A datada de junho de 1714 diz que se prevaleciam das saídas autorizadas pelo ouvidor para as pescarias, para matar e roubar gado e pilhar o quanto achavam, fato que se devia atribuir à pouca ou nenhuma energia do missionário, que tolerava os abusos dos seus tutelados.
No ano de 1743, os jucás residentes na Telha, instigados pelos Feitosas, abandonaram, em grande número, a sua missão, retornando, com mulheres e filhos, à vida nômade. O capitão-general de Pernambuco, informado do fato, deu ordens para dele se tirar devassa e apurar quem havia promovido a fuga dos nativos. Estes deviam ser constrangidos mesmo pela força a voltar às suas antigas moradas.
Da providência, nada surtiu, ficando, a missão, quase despovoada. Três anos depois, a 25 de junho de 1746, os moradores da Ribeira do Quixelô, reiteraram suas reclamações contra roubos praticados pelos indígenas da Missão da Telha, roubos estes que tinham origem na fraqueza do seu missionário, que os deixava sair da aldeia a ponto de se achar a missão deste gentio reduzida a uns 60 homens, que pouco residiam nela.
Os apelos incessantes dos criadores de gado motivaram uma ordem régia com data de 20 de dezembro de 1746 mandando que, para prevenir semelhantes frutos, se inquirisse por eles nas devassas de janeiro de cada ano.
Assistia-o, em 1749, conforme se vê da "relação das aldeias que há no distrito deste governo de Pernambuco e Capitania da Paraíba, sujeito à Junta da Missões deste Bispado", um sacerdote do hábito de São Pedro.
Dezessete anos depois, por volta de 1761, foram os jucás e cariús que habitavam a Aldeia do Brejo, antiga Missão do Miranda, hoje a cidade do Crato. Pouco tempo os jucás aí permaneceram. Movidos por natural tendência para a vida nômade, quase todos fugiram para as matas, onde passaram a viver em completo estado de barbárie.
Só dois anos mais tarde, em 1763, conseguiu, o coronel Manuel F. Ferro, por determinação do então governador da capitania do Ceará, José Vitoriano Borges da Fonseca, reconduzi-los à sua missão.
A aldeia dos índios jucás foi, por iniciativa do capitão-mor Borges da Fonseca, elevada a Vila, em 1767, com o nome de Arneirós. A 25 de novembro do mesmo ano, representava, porém, o Senado do Icó contra a criação da Vila de Arneirós, assim como de a São Mateus porque "estes lugares são menos convenientes que Telha (Iguatu) e Mangabeira (Lavras da Mangabeira), que são lugares já povoados e onde há gente capaz de servir os empregos ao passo que nas outras é preciso mandar empregados do Icó".
Os Jucás, volvidos à sua antiga missão, em nada modificaram a existência de rapinagem e violência que dantes levavam. Viviam furtando gado e assaltando moradores das adjacências. Esses crimes, incessantemente renovados, acabaram por atrair, sobre eles, a odiosidade dos Feitosas, que assentaram livrar-se dos antigos comparsas, agora tão agressivos e incômodos. Cada roubo praticado pelos indígenas era imediatamente seguido à eliminação violenta de um ou de muitos de sua raça. Cientificado da grave ocorrência, o governador de Pernambuco, dom José César de Mendes, determinou, ao ouvidor-geral do Ceará, José da Costa Dias e Barros, que retirasse os índios da povoação da Telha, levando-os para uma das vilas de índios situadas próximo à sede administrativa da Capitania. A ordem foi executada em 1780[2].
Em 1791, estavam, ainda, aldeados na missão de Telha, presentemente cidade de Iguatu, e mais na vila de São Mateus, sendo, depois, reunidos aos Kanindé, Jenipapo e Paiacu para povoarem a vila de Monte-Mor (hoje, Baturité).[3]