Predefinição:Info/Escritor José Alfredo de Vilhena Rodrigues (Figueira de Castelo Rodrigo, Figueira de Castelo Rodrigo, 7 de julho de 1927 - Lisboa, 3 de outubro de 2015) foi um escritor, pintor, cartoonista e humorista português. Marcou várias gerações de portugueses e criou centenas de títulos emblemáticos.[1]
Biografia
Filho duma professora primária e dum proprietário agrícola, passa a sua infância na aldeia de Freixedas, concelho de Pinhel. Aos dez anos de idade foi estudar para Lisboa, indo no meio da adolescência para o Porto, onde realizou um ano de tropa. Cursa arquitectura na Escola de Belas-Artes do Porto, mas fica pelo quarto ano, já que começa a desenhar para jornais.
Fixa-se em Lisboa, na zona do Bairro Alto, onde desenha cartoons para os jornais "Diário de Lisboa", "Cara Alegre" e "O Mundo Ri" (de que foi co-fundador) durante os anos 50.[2] Publica em 1956 Este Mundo e o Outro, a sua primeira colectânea de cartoons, e em 1959 Manual de Etiqueta, livro de textos humorísticos.[3]
Durante os anos 60 a sua actividade de escritor desenvolve-se. Com o fim da revista "O Mundo Ri", publica uma grande quantidade de livros com textos humorísticos.[4] Esses seus mesmos livros e desenhos, muitos deles usando a Censura como tema de paródia, provocaram-lhe problemas com a polícia, mais concretamente com a PIDE, que lhe apreendeu constantemente escritos e lhe causou três estadias na prisão, em 1962, 1964 e 1966. Isso tornou-o muito popular na época. Até ao 25 de Abril de 1974 Vilhena redigiu cerca de 70 livros.[4]
Em 1973, Vilhena inicia a publicação, em fascículos, da Grande Enciclopédia Vilhena, que virá a interromper após a Revolução dos Cravos, em 1974, para dar início à publicação da revista Gaiola Aberta[5][2], cujo primeiro número sai logo a 15 de Maio desse ano. Esta revista de textos e cartoons humorísticos foi mantida por ele durante vários anos, satirizando a sociedade da época o que o levou a ser perseguido e a responder várias vezes em tribunal tendo ficado quase na bancarrota.[3]
Um interregno de quatro anos ocorreu depois devido a uma fotomontagem que envolvia a princesa Carolina Grimaldi, da qual foi alvo de processo de que se defendeu com sucesso.
Vilhena volta assim com O Fala Barato, numa primeira edição em forma de jornal e mais tarde em revista (de Julho de 1987 a 1994)[2]. Depois de deixar de ser publicada seguiu-se «O Cavaco: revista do Humor Possível» (de Outubro de 1994 a Outubro de 1995) e mais recentemente O Moralista ( de Abril de 1996 a Abril de 2003).[2]
Faleceu a 3 de outubro de 2015, aos 88 anos de idade, no Hospital de S. Francisco Xavier, vítima de doença prolongada.[6][7]
Em outubro de 2015 foi-lhe atribuído, a título póstumo, o estatuto de membro honorário da comunidade portuguesa erótico-generalista Chupa-mos, como ponto de mérito à sua obra, vivência e legado social. [8]
Obras
- Manual de Etiqueta, 1959[9]
- Humor sem Palavras vol. I, 1960
- Copofonia ou sinfonia do copo ou o garrafão é o melhor amigo do homem, 1960[10]
- Humor sem palavras vol. II, 1961
- O Elogio da Nobreza, 1962 [11]
- Branca de Neve e os 700 anões, 1962[5]
- A Criação do Mundo, 1963[12]
- Dicionário Cómico, 1963[13]
- Humor Parisiense, 1965 [14]
- Os Judeus, 1965 [15]
- O Beijo, como aperitivo para outras comidas, 1966[16][17]
- Tenha Maneiras, 1966[12]
- A Menina do Chapéuzinho Vermelho e o Lobo Relativamente Mau, 1966[12]
- A Liga dos Fósforos Queimados, 1966[1]
- Os Infiéis Defuntos, comédia em 3 actos (peça de teatro, ulteriormente levada à cena com o nome "As calcinhas amarelas"), 1967 [18]
- Cheques sem Cobertura, 1968[1]
- Dói-me aqui, 1968[1]
- O Guerra e o Paz , 1968[1]
- O Batoteiro, 1968[1]
- O Atraso de Vida,1968[12]
- Diz-me com quem Dormes,1969 [19]
- A Grande Tourada,1970[1]
- A Pílula, 1970 [20]
- A Hora da Verdade,1970[1]
- Julieta das Minhocas,1970 [12]
- O Furúnculo,1970[1]
- A Mesa Pé-de-galo,1970[1]
- Marmelada,1971[1]
- Coscuvilhices, 1972[1]
- As Gatas Atacam ao Anoitecer,1972[1]
- As misses ou um negócio da china(chicha), 1972[21]
- A Vaca Borralheira, 1972[22]
- Educação de Adúlteros,1972[12]
- A Caneta dos Amantes, 1972 [23]
- As noites quentes do cruzado D. Egas, 1973[24]
- O Cinto da Castidade,1973 [25]
- A Boa Viúva,1973[1]
- Se Bem Me Lembro,1973[22]
- Os Palitos,1973 [1]
- Trilogia «Avelina, criada para todo o Çerviço» (Avelina; O Trivial[12]; Criada para Todo o Serviço), 1971[26]
- História Universal da Pulhice Humana (vol. I a vol. III) de 1960 a 1965[27]
- Grande Enciclopédia Vilhena, de dezembro de 1972 a abril de 1974[1]
- Trilogia «Filho da Mãe» (O filho da Mãe ,1971; O filho da Mãe volta a Atacar, 1971; A Vingança do Filho da Mãe, 1972), 1971-1972 [28]
- A Grande Gaita, 1973[12]
- Jesus Cristo Super Star, 1974
- Revista Gaiola Aberta, de abril de 1974 a dezembro de 1976
- Gente Fina, 2005[1]
Referências
- ↑ 1,00 1,01 1,02 1,03 1,04 1,05 1,06 1,07 1,08 1,09 1,10 1,11 1,12 1,13 1,14 1,15 1,16 «José Vilhena (1927-2015) | BMEL - Biblioteca Eduardo Lourenço». www.bmel.pt. Consultado em 23 de maio de 2021
- ↑ 2,0 2,1 2,2 2,3 «Efemérides | José Vilhena (1927-2015) na coleção da Hemeroteca». hemerotecadigital.cm-lisboa.pt. Consultado em 23 de maio de 2021
- ↑ 3,0 3,1 «O humor de José Vilhena, em tempos de censura, foi "um ato de coragem"». Jornal Expresso (em português). Consultado em 23 de maio de 2021
- ↑ 4,0 4,1 Franco, Hugo. «José Vilhena» (PDF). Correio da Manhã. Magazine Domingo: 6-9. Consultado em 23 de maio de 2021
- ↑ 5,0 5,1 Lopes, Mário. «Morreu José Vilhena, o sátiro cartoonista da "Gaiola Aberta"». PÚBLICO (em português). Consultado em 23 de maio de 2021
- ↑ http://sol.pt/noticia/414796/Morreu-o-cartoonista-Jose-Vilhena
- ↑ http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/morreu-jose-vilhena-o-satiro-cartoonista-de-gaiola-aberta-1709982
- ↑ http://forum.chupa-mos.com/showthread.php/505983-Morreu-o-cartoonista-Jos%C3%A9-Vilhena/page2
- ↑ Cipriano, Rita. «Quer ser uma pessoa de bem? Aprenda com o Vilhena». Observador (em português). Consultado em 23 de maio de 2021
- ↑ Macedo de Sousa, Osvaldo (2017). O Espírito dos Vinhos e dos Humores. Alcobaça: Museu do Vinho de Alcobaça. p. 52
- ↑ Vilhena, José (1962). A Pílula. Lisboa: O Mundo Ri. 137 páginas
- ↑ 12,0 12,1 12,2 12,3 12,4 12,5 12,6 12,7 Rosa, Vasco. «O Vilhena por descobrir». Observador (em português). Consultado em 23 de maio de 2021
- ↑ Vilhena, José. Dicionário Cómico. [S.l.]: E-primatur. 160 páginas. ISBN 9789898872142
- ↑ Vilhena, José (1965). Humor Parisiense. Lisboa: Specil. 141 páginas
- ↑ Vilhena, José (1965). Os Judeus. Lisboa: Branco e Negro. 142 páginas
- ↑ «O beijo segundo Vilhena». www.dn.pt (em português). Consultado em 23 de maio de 2021
- ↑ Vilhena, José. O Beijo - Como Aperitivo para Outras Comidas. [S.l.]: Dom Quixote. 140 páginas. ISBN 9789722028219
- ↑ Vilhena, José (1967). Os Infiéis Defuntos, comédia em 3 actos. Lisboa: Branco e Negro. 159 páginas
- ↑ Vilhena, José (1969). Diz-me com quem Dormes. Lisboa: Branco e Negro. 141 páginas
- ↑ Vilhena, José (1970). A Pílula. Lisboa: Branco e Negro. 141 páginas
- ↑ Vilhena, José (1972). As misses ou um negócio da china(chicha). Lisboa: Branco e Negro. 136 páginas
- ↑ 22,0 22,1 «Vilhena: a malandrice ilustrada». www.cmjornal.pt (em português). Consultado em 23 de maio de 2021
- ↑ Vilhena, José (1972). A Caneta dos Amantes. Lisboa: Branco e Negro. 136 páginas
- ↑ Vilhena, José (1973). As noites quentes do cruzado D. Egas. Lisboa: Branco e Negro. 136 páginas
- ↑ Vilhena, José (1973). O Cinto da Castidade. Lisboa: Branco e Negro. 138 páginas
- ↑ Cipriano, Rita. «A "Avelina" está de volta, e pronta para todo o çerviço». Observador (em português). Consultado em 23 de maio de 2021 «Passados 50 anos, a obra regressa agora às bancas (ou melhor, às livrarias) pelas mãos da E-Primatur, numa edição fac-similada (reprodução do original) que reúne a trilogia original — “Avelina”, “O Trivial” e “Criada Para Todo o Çerviço”. »
- ↑ «"História universal da pulhice humana" de José Vilhena regressa em edição fac-similada». ionline (em português). Consultado em 23 de maio de 2021
- ↑ Cipriano, Rita. «A vida e os feitos (menos) notáveis do Filho da Mãe». Observador (em português). Consultado em 23 de maio de 2021
Ligações externas
- «Página dedicada à vida e obra do artista». www.historia.com.pt
- Página dedicada à obra de José Vilhena www.josevilhenahumorista.com