Cuitelão | |||||||||||||
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Estado de conservação | |||||||||||||
Quase ameaçadaPredefinição:Cat-artigo (IUCN 3.1) [1] | |||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||
Jacamaralcyon tridactyla (Vieillot, 1817)[2] | |||||||||||||
Sinónimos | |||||||||||||
Cuitelão (Jacamaralcyon tridactyla) é uma espécie de ave da ordem Galbuliformes, que integra a família Galbulidae. Endêmica do Brasil,[4] é encontrada às margens de rios, capoeiras e matas.[5] Possui cerca de 18 cm e vive em pequenos grupos.[6][5] Também é conhecida como bico-de-agulha e bicudo.[7]
Taxonomia e etimologia
O cuitelão é uma das 18 espécies da família Galbulidae. Está no gênero monotípico Jacamaralcyon,[8] e não possui subespécies.[9] Quando o descreveu pela primeira vez em 1807, o naturalista francês François Levaillant chamou a espécie de "jacamaralcion", uma combinação das palavras "jacamar" e "alcyon" - esta última uma forma da palavra "halcyon", que significa "guarda-rios".[10] O ornitólogo francês Louis Jean Pierre Vieillot atribuiu-o ao grande gênero Galbula quando estabeleceu um nome científico em 1817, batizando-o de Galbula tridactyla. Em 1830, o ornitólogo francês René Primevère Lesson criou o gênero Jacamaralcyon, separando-o de outras espécies de com base em sua estrutura incomum de pé;[11] o nome do gênero é uma referência ao nome comum anterior de Levaillant.[10] O nome tridactyla é uma combinação das palavras gregas tri, que significa "três", e dactulos, que significa "dedos do pé".[10]
Descrição
Como todos os membros de sua família, possui pernas curtas e asas curtas. Empoleira-se ereto, com a cauda para baixo e o bico longo e pontiagudo voltado para cima.[12] É uma ave de tamanho médio, medindo Predefinição:Convert/cmPredefinição:Convert/test/Aon de comprimento[13] e pesando entre Predefinição:Convert/andPredefinição:Convert/test/Aon; as fêmeas são, em média, mais pesadas que os machos.[14] Os sexos têm plumagens semelhantes: preto em ardósia com um brilho verde-bronzeado acima e um pouco mais pálido abaixo. O ventre e o centro do peito são brancos. O adulto tem o gorro cinza-acastanhado e a garganta preta, e o gorro, o queixo e os lados da cabeça são finamente marcados com estrias fúlvas claras. Seu bico é preto e seus pés são cinza.[3]
Ao contrário de outros membros de sua família, possui três dedos em vez de quatro. Seus pequenos pés zigodáctilos estão sem um dedo do pé traseiro, e os dois dedos da frente estão fundidos na base.[12]
Habitat e abrangência
Endêmico do sudeste do Brasil, é encontrado em partes mais secas da Mata Atlântica.[12] Atualmente está restrito aos estados do Rio de Janeiro (principalmente no vale do Paraíba do Sul) e leste de Minas Gerais, embora também existisse anteriormente nos estados do Espírito Santo, São Paulo e Paraná. Embora geralmente seja encontrado em florestas intactas, pode sobreviver em áreas mais degradadas, como plantações, desde que persista uma camada de sub-bosque nativa. Existem algumas evidências de que está associado a riachos, pois necessita de bancos de terra para se aninhar; também usa bancos criados por cortes de estradas.[13] É amplamente sedentária, embora os jovens se dispersem após a emplumação e os adultos às vezes se movam por curtas distâncias[12]
Comportamento
Embora costume nidificar de forma comunitária,[15] a espécie é geralmente encontrada sozinha ou em casais. Às vezes se junta a bandos de espécies mistas.[12]
Dieta
É um insetívoro.[12] Alimenta-se preferencialmente de pequenas mariposas e borboletas de cores crípticas e de himenópteros, mas também consome moscas, libélulas, besouros, Hemiptera e cupins.[13] Caça a partir de um poleiro aberto no sub-bosque da floresta ou ao longo da borda da floresta, saltando atrás de uma presa que frequentemente bate em um galho; isso serve para atordoar o inseto e remover qualquer ferrão ou veneno,[12] assim como as asas.[16]
Reprodução
A espécie se reproduzem durante a estação chuvosa no Brasil, com vocalizações e outros comportamentos de galanteio aumentando entre setembro e fevereiro.[16] Durante o galanteio, os machos rivais sentam-se lado a lado em um galho, batendo as asas e balançando as caudas enquanto cantam. Os territórios são defendidos vocalmente, com os rivais raramente recorrendo ao confronto físico.[12] A espécie escava um ninho em uma toca, usando um pé de cada vez para cavar em um banco de terra; evidências sugerem que a fêmea pode fazer a maior parte ou toda a escavação do ninho. As tocas têm 6 cm de largura e 6–9 cm de altura e podem se estender até 72 cm para dentro da margem.[16] A espécie tende a nidificar colonialmente.[12] TA fêmea põe 2–4 ovos.[12]
Canto
O canto do cuitelão é uma série estridente de assobios curtos e ascendentes, que duram cerca de 20 segundos. Ao contrário da maioria dos jacamars, que normalmente cantam sozinhos, os machos desta espécie tendem a cantar em grupos de 2–6.[16]
Conservação e ameaças
O cuitelão é uma espécie em perigo; a perda de habitat e a degradação de habitat contribuíram significativamente para seu declínio acentuado e agora é classificado como uma "espécie quase ameaçada" pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Sua população total é estimada em 1.300-5.400 indivíduos, que sobrevivem em pequenos e amplamente dispersos bolsões de habitat em todo o sudeste do Brasil e no sul da Bahia.[13]
Referência
- ↑ «Jacamaralcyon tridactyla». BirdLife International. 2020. Consultado em 17 de julho de 2021
- ↑ «Comportamento alimentar e social de Jacamaralcyon tridactyla (Piciformes: Galbulidae)». Biblioteca Virtual da FAPESP. 2021. Consultado em 17 de julho de 2021
- ↑ 3,0 3,1 3,2 3,3 3,4 3,5 Sharpe, Richard Bowdler, ed. (1891). Catalog of the Birds in the British Museum. 19. London, UK: The British Museum. pp. 174–5
- ↑ «Ação humana deteriora ambientes e ameaça aves endêmicas». Universidade Federal de Minas Gerais. 10 de dezembro de 2020. Consultado em 17 de julho de 2021
- ↑ 5,0 5,1 «PÁSSAROS E AVES DA FAMÍLIA GALBULIDAE». Klima Naturali. 2021. Consultado em 17 de julho de 2021
- ↑ Marcos Pivetta (Março de 2014). «Asas da mata atlântica». Pesquisa FAPESP. Consultado em 17 de julho de 2021
- ↑ «Cuitelão». Michaelis. 2021. Consultado em 17 de julho de 2021
- ↑ «ITIS Report: Jacamaralcyon». Integrated Taxonomic Information System. Consultado em 9 de setembro de 2015
- ↑ «ITIS Report: Jacamaralcyon tridactyla». Integrated Taxonomic Information System. Consultado em 9 de setembro de 2015
- ↑ 10,0 10,1 10,2 Jobling, James A. (2010). The Helm Dictionary of Scientific Names. London, UK: Christopher Helm. pp. 210, 390. ISBN 978-1-4081-2501-4
- ↑ Chenu, Jean Charles; des Murs, O. (1860). Encyclopédie d'histoire naturelle ou Traité complet de cette science, d'après les travaux des naturalistes les plus éminents de tous les pays et de toutes les époques: Oiseaux (em français). Paris, France: Marescq. p. 38
- ↑ 12,0 12,1 12,2 12,3 12,4 12,5 12,6 12,7 12,8 12,9 Harris, Tim, ed. (2009). National Geographic Complete Birds of the World. Washington, DC, US: National Geographic Society. pp. 185–6. ISBN 978-1-4262-0403-6
- ↑ 13,0 13,1 13,2 13,3 «BirdLife Species Factsheet: Three-toed Jacamar (Jacamaralcyon tridactyla)». BirdLife International. Consultado em 9 de setembro de 2015
- ↑ Dunning Jr., John B. (2008). CRC Handbook of Avian Body Masses 2nd ed. Boca Raton, FL, US: CRC Press. p. 224. ISBN 978-1-4200-6445-2
- ↑ «Cuitelão constrói ninho comunitário durante o período de reprodução». G1. 20 de março de 2017. Consultado em 17 de julho de 2021
- ↑ 16,0 16,1 16,2 16,3 Silveira, Luís Fábio; Nobre, Henrique Rocha (1998). «New records of Three-toed Jacamar, Jacamaralcyon tridactyla, in Minas Gerais, Brazil, with some notes on its biology» (PDF). Cotinga. 9: 47–51. ISSN 1353-985X. Consultado em 19 de novembro de 2020