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Batalha de França

Predefinição:Info/Batalha A Batalha da França, também conhecida por Queda da França, foi a invasão da França, Bélgica, Luxemburgo e Holanda pela Alemanha Nazista, em 10 de Maio de 1940 durante a Segunda Guerra Mundial, terminando assim a "Guerra de Mentira".

Unidades blindadas alemãs atravessaram a região florestal das Ardenas, flanqueando a Linha Maginot e derrotando os defensores Aliados. A Força Expedicionária Britânica foi evacuada no que ficou conhecido como a Batalha de Dunquerque na Operação Dínamo, e muitas unidades francesas juntaram-se à Resistência ou passaram ao lado dos Aliados.

A Itália declarou guerra à França em 10 de junho. Paris foi ocupada em 14 de junho, e o Governo Francês fugiu para Bordéus no mesmo dia.

Em 17 de junho, o Marechal Pétain anunciou publicamente que a França iria propor um armistício, que foi assinado pela França e a Alemanha em 22 de junho, quando se deu a rendição do Segundo Grupo do Exército Francês. O armistício entrou em vigor a 25 de junho. Para o Eixo, a campanha foi uma vitória espetacular.[1]

Antecedentes

O expansionismo alemão da década de 1930 pôs em cheque a política de apaziguamento levada a cabo pelo Reino Unido e França. Em 1938, a Alemanha anexou a Áustria e, em meados de 1939, concluiu a dominação da Tchecoslováquia. Com essas invasões, a Alemanha fortaleceu ainda mais seu poderio econômico e suas forças armadas, já que após as invasões divisões austríacas foram incorporadas a Wehrmacht e centenas de tanques checoslovacos passaram a integrar a Panzerwaffe, tanques esses superiores aos tanques Panzer I e Panzer II que compunham a espinha dorsal das forças blindadas alemães à época. Além disso, as indústrias tchecas de armas pesadas Skoda e CKD também contribuíram para esse fortalecimento alemão produzindo toneladas de munições e outros itens bélicos.[carece de fontes?]

Reino Unido e França, de início procurando a conciliação pacífica, mudaram sua política após a tomada da Tchecoeslováquia pela Alemanha, a qual desrespeitou o Tratado de Munique. Dessa forma, finalmente Reino Unido e França se contrapuseram diretamente aos planos expansionistas da Alemanha nazista. Em 3 de setembro, dois dias após o início da invasão da Polônia pela Alemanha, França e Reino Unido declararam guerra à Alemanha, dando início, desta forma, à Segunda Guerra Mundial. A União Soviética permaneceu neutra.

Após a derrota da Polônia, Hitler começou a preparação do plano de invasão da Europa Ocidental. A França e a Inglaterra começaram seus preparativos para conter um possível ataque alemão. Porém, o período que se segue ficou conhecido como "Guerra de Mentira", pois, desde os fins de setembro de 1939 até abril de 1940, as hostilidades simplesmente eram inexistentes, à exceção de uma ou outra incursão aérea de ambos os lados em nível de reconhecimento. O Reino Unido mandou, a território francês, a BEF (British Expeditionary Force) e a RAF (Royal Air Force).[carece de fontes?]

A França, por sua vez, acreditava estar protegida pela majestosa Linha Maginot, que era uma barreira de fortificação com extensão de 400 quilômetros, construída ao longo da fronteira franco-germânica. Na verdade, a Linha Maginot fora construída após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) com o objetivo de barrar os alemães, e a França nunca mais sofrer uma invasão germânica. Contudo, fora construída baseada nas arcaicas teorias da guerra linear de 1914, ignorando a moderna aviação, que poderia facilmente bombardeá-la, e também o transporte aéreo de tropas, que poderiam flanqueá-la por trás. Após meses de tédio, enquanto os aliados esperavam um ataque alemão, em abril de 1940, Hitler direcionou seus exércitos ao norte, ocupando a Noruega e a Dinamarca. Franceses e britânicos enviaram tropas para impedir esse ataque, mas fracassaram.[2]

Estratégia alemã

Tropas alemãs avançando pela França.

As forças alemãs estavam divididas em três Grupos de Exércitos; ao norte, contando apenas com três divisões blindadas, estava o Grupo de Exércitos B, comandado pelo general Fedor von Bock, que tinha como objetivo invadir a Bélgica e atrair as forças britânicas e francesas para o combate. Mais ao sul, estava o Grupo de Exércitos A, que tinha 37 divisões, sendo sete delas blindadas e três de infantaria motorizada, o que a tornava a principal força de ataque alemã, responsável por avançar nas Ardenas, romper a linha francesa no rio Meuse e então atacar ao norte, dividindo a Força Expedicionária Britânica e o 1º e 2º exército francês do restante das forças armadas francesas. Mais ao sul, estava o Grupo de Exércitos C, comandado pelo general Wilhelm Ritter von Leeb, com o objetivo de atacar a linha Maginot.[2]

A ameaça vem das Ardenas

Com a campanha escandinava bem-sucedida e concluída, Hitler direciona seus exércitos para atacar os Países Baixos e a Bélgica, que, até então, eram países neutros à guerra. Efetua desembarques nas cidades de Haia e Rotterdam e também na fronteira oriental neerlandesa, enquanto a Luftwaffe bombardeava ferozmente. Os Países Baixos caíram em cinco dias. A Bélgica foi a próxima a sentir os efeitos da Blitzkrieg alemã, sendo a tomada de Albert Canal e da fortaleza de Eben Emael uma das mais brilhantes operações aerotransportadas de toda a guerra.[3]

A França não julgava ser possível um ataque alemão através da densa floresta das Ardenas, pois seria praticamente instransponível para pesados blindados. Com muitos efetivos do exército francês e também da Força Expedicionária Britânica marchando em território belga, em auxílio à defesa daquele país, foi uma desagradável surpresa quando maciças divisões blindadas alemãs saíram das Ardenas e entraram em território francês. O ataque alemão aos Países Baixos e à Bélgica propiciou aos exércitos de Hitler dar a volta por trás da Linha Maginot, evitando o combate frontal. Assim, em um gigantesco movimento circular, os exércitos de Rundstedt, vindos do sul, e as divisões Panzer de Guderian, a oeste, iriam encurralar franceses e britânicos contra o Canal da Mancha. O rompimento das linhas francesas em Sedan, que tinham o objetivo de barrar os alemães na invasão do país, fez com que a França entrasse em colapso, sendo muitas de suas forças capturadas ou aniquiladas.[4]

Estratégia francesa

A estratégia francesa estava baseada na Linha Maginot, um conjunto de trincheiras construído após a Primeira Guerra Mundial. A Linha Maginot cobria toda a fronteira entre Alemanha e França, começando ao Sul, perto da Suíça, e terminando na fronteira com Luxemburgo, nas Ardenas. Com essa linha, os franceses tinham os seguintes objetivos:

  • Evitar um ataque surpresa;
  • Dar tempo para o exército francês se mobilizar (2-3 semanas);
  • Economizar forças (França tinha apenas 39 milhões de habitantes, contra 70 milhões de habitantes da Alemanha);
  • Proteger a Alsácia e Lorena e suas indústrias;
  • Ser o ponto de partida para um contra-ataque;
  • Forçar um ataque alemão pelos flancos (Bélgica ou Suíça).[carece de fontes?]

Ataque alemão

Em 10 de maio, o Grupo de Exércitos B desencadeou sua ofensiva contra os Países Baixos e Bélgica, obtendo rápido sucesso graças às forças aerotransportadas que inutilizaram o Forte Eben-Emael e tomaram diversas pontes na região. Os aliados prontamente reagiram, avançando através da Bélgica e ali estabelecendo sua linha defensiva. Enquanto isso, o Grupo de Exércitos A avançou pelas Ardenas sem maiores dificuldades, alcançando o Meuse - perto de Sedan - em dois dias, e cruzando-o no dia seguinte. Divisões do 9º Exército Francês foram despachadas para proteger o flanco direito, mas a rapidez dos ataques alemães cercou o exército, terminando por dispersá-lo completamente. Quebrada a linha francesa, a 7ª Divisão Panzer de Erwin Rommel e os Panzerkorps de Guderiam, Hoth e Reindthart avançaram a norte, alcançando o Somme no dia 20.[3]

Antes do começo da invasão, às tropas de Hitler tinha sido distribuído oficialmente Pervitin, uma metanfetamina recentemente descoberta e já habitualmente usada pelo exército nazi. O exército alemão tinha encomendado 35 milhões de comprimidos antes de avançar para a França. A droga possibilitou o avanço rápido e constante dos alemães, que já não sentiam necessidade de descansar e dormir; segundo o próprio Guderiam, as suas tropas não descansaram durante dezassete dias.[5][6][7]

A reação

Em 20 de maio, o Primeiro-Ministro francês, Reynaud, demitiu o general Gamelin e nomeou o general Weygand, que imediatamente tomou medidas para deter o cerco alemão. O Plano Weygand consistia em quebrar a pinça alemã, usando as tropas cercadas ao norte e suas divisões de reserva estacionadas ao sul, atrás do Somme. Não se tratava de uma tarefa impossível; a linha alemã tinha em torno de 40 km de largura, e não estava consolidada no terreno. Um contra-ataque britânico foi feito na região de Arras, pegando a divisão de Erwin Rommel de surpresa. Outras tentativas foram feitas mais ao leste, mas os ataques não foram coordenados e não ameaçaram as posições alemãs, que, após breve parada, retomou o avanço, ordenando os Panzerkorps a avançarem.[carece de fontes?]

Evacuação

Lord Gort, comandante da Força Expedicionária Britânica, recuou de Arras em 23 de maio; ao oeste, as cidades portuárias da região de Calais foram dominadas uma por uma, até que as forças alemãs foram detidas no canal Aa, a poucos quilômetros de Dunquerque, de onde seriam evacuadas todas as forças britânicas e parte das divisões francesas. Nesse interim, as unidades panzer de Guderiam foram ordenadas pelo Alto-Comando a não avançar; aproveitando a hesitação adversária, os aliados estabeleceram uma linha defensiva no canal Aa e em torno de Dunquerque, permitindo que ali fossem evacuados mais de 300 mil soldados até 4 de junho, quando os alemães definitivamente tomaram Dunquerque.[3]

Paris

Soldado alemão observa a torre Eiffel durante ocupação alemã da França. Paris, 1943

Terminada a batalha de Calais, os alemães voltaram suas forças para a travessia do Somme, visando à conquista de Paris. Em 5 de junho, os alemães desencadearam um ataque através do rio e venceram as escassas reservas de Weygand. No dia 14, após um rápido avanço, os alemães tomaram a capital francesa Paris. O governo, transferido para a cidade de Bordeaux, ainda solicitou a ajuda por apoio aéreo na França, pedido negado por Churchill. Nas tentativas finais, o líder britânico garantiu do Almirante Darlan que a frota francesa não cairia em mãos alemãs.[3]

Batalha dos Alpes

Em 10 de junho, quando a Batalha da França já estava literalmente definida em favor dos alemães, o governo italiano de Benito Mussolini entrou na guerra como aliado da Alemanha, ordenando a invasão do território francês. O objetivo do ditador fascista era obter vantagens territoriais, quando a França se rendesse.[carece de fontes?]

A invasão italiana - conhecida como Batalha dos Alpes - resultou em fracasso militar, mas a rendição da França, poucos dias depois, garantiu a Mussolini o alcance de seus objetivos políticos.[carece de fontes?]

Rendição francesa

A rendição oficial se deu em 22 de junho de 1940 em Compiègne, no mesmo trem que a Alemanha, em 1918, ao final da Grande Guerra, fora forçada a se render. Reynaud, Primeiro-Ministro francês, se negou a assinar a rendição e abdicou do cargo, que foi assumido pelo marechal Pétain, que anunciou ao povo francês, via rádio, a intenção do governo em se render.[3]

Consequências

Soldados alemães marcham em Paris após a vitória

Com a rendição aos alemães a França foi dividida em três partes:

  • França de Vichy - Formada pelo centro-sul da França, cujo comando foi entregue ao Marechal Pétain, que organizou um regime colaboracionista com os alemães, de orientação semi-fascista;
  • Zona de Ocupação alemã - Correspondia ao norte e à costa atlântica da França, incluindo Paris. Esta área ficou sob comando direto de autoridades militares alemãs, que usaram a indústria local para ajudar no esforço de guerra alemão e como base logística para a futura Operação Leão-Marinho;
  • Alsácia-Lorena - Tornou-se parte do Reich alemão, tornando-se na prática um território nacional alemão.

Houve também a fundação da França Livre, sob o comando de Charle de Gaulle, com apoio inicial da Guiana Francesa e da África Equatorial Francesa (mais tarde as ilhas francesas da Oceania e o Chade se uniriam a França livre de De Gaulle). Este governo estava sediado em Londres e organizou a resistência francesa, ainda que nominalmente, pois diversas facções compunham essa resistência, nem todas submetidas ao líder da França Livre.[carece de fontes?]

Ver também

Referências

  1. Keegan, John (1989). «The Second World War». Glenfield, Auckland 10, New Zealand: Hutchinson .
  2. 2,0 2,1 Coggiola, Osvaldo. «A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL - Causas, Estrutura, Consequências» (PDF). edisciplinas.usp.br. p. 59. Consultado em 27 de outubro de 2020 
  3. 3,0 3,1 3,2 3,3 3,4 Araujo Pereira Junior, Athayr (2010). «A blitzkrieg alemã e a evolução da arte da guerra» (PDF). Santa Catarina: Universidade do sul de Santa Catarina. p. 33. Consultado em 27 de outubro de 2020 
  4. Araujo Pereira Junior, Athayr (2010). «A blitzkrieg alemã e a evolução da arte da guerra» (PDF). Santa Catarina: Universidade do sul de Santa Catarina. p. 34. Consultado em 27 de outubro de 2020 
  5. Ohler, Norman (2017). Blitzed -Drugs in Nazi Germany (Cap: The dealer for the Wehrmacht). [S.l.]: Penguin Press 
  6. Gomes, João Francisco. «Nazis invadiram França à força de anfetaminas. Para serem homens sem sono». Observador (em português). Consultado em 9 de outubro de 2019 
  7. «Hitler's all-conquering stormtroopers 'felt invincible because of crystal meth'». The Independent (em English). 14 de setembro de 2015. Consultado em 9 de outubro de 2019 

Bibliografia

  • CHURCHILL, Winston Spencer - Memórias da Segunda Guerra Mundial.
  • Ohler, Norman - Blitzed -Drugs in Nazi Germany - Penguin Press, 2017
  • WILLIAN, John - França 1940 - A catástrofe. Ed. Renes, RJ

Ligações externas

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