A Igreja de Santa Bárbara localiza-se na freguesia de Santa Bárbara, no concelho de Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira, nos Açores.
Constitui-se na igreja paroquial desta que é uma das mais importantes freguesias rurais da Terceira, cabeça de vários curatos que, no decorrer dos séculos, foram a seu tempo elevados a freguesias.
História
O povoamento da costa sudoeste da Terceira teve como ponto central a povoação de Santa Bárbara das Nove Ribeiras, a mais antiga paróquia rural do oeste da ilha.
A freguesia foi a primeira paróquia real criada na jurisdição de Angra, ainda ao tempo de Jácome de Bruges, devendo, por consequência ser anterior a 1486. A sua jurisdição estendia-se desde a Cruz das Duas Ribeiras, no limite com a atual freguesia de São Bartolomeu dos Regatos (então termo da paróquia de São Mateus da Calheta), até ao Biscoito da Fajã, então limite do concelho da Vila de São Sebastião e da paróquia de São Roque dos Altares.
A primitiva igreja de Santa Bárbara deverá ter sido construída na primeira década do século XVI, sendo seguro que já existia no ano de 1515.[1] Não se sabe se foi demolida ou simplesmente transformada na actual, embora a localização do atual templo, às "Sete" e não às "Nove", pareça indiciar que houve demolição e construção noutra localização.
Terá sido reconstruída em 1592,[2] tendo sofrido extensas alterações posteriores.
Foi ampliada em 1834, com a substituição das antigas colunas redondas por pilastras rectangulares. Em 1846 foram reconstruídas a capela-mor, a do Santíssimo Sacramento e a do Senhor Jesus. Na mesma altura a sacristia também sofreu obras de melhoramento e asseio. Sucederam-se novas obras de melhoramento em 1876 e em 1891, com restauro das pinturas existentes.
A igreja foi bastante danificada pelo terramoto de 1 de Janeiro de 1980, sendo reconstruída em 1985, mantendo a traça original.
Para colocar termo aos enterramentos no interior da igreja, em 1822 foi construído o primeiro cemitério, no lugar onde agora se encontra o passal paroquial. Devido à sua exiguidade, foi substituído pelo actual, inaugurado a 1 de Janeiro de 1871. A capela anexa ao cemitério foi construída em 1900.
Características
Este templo evidencia a sua antiguidade, através de certos pormenores da sua construção, como a torre sineira bastante baixa. O templo é comprido e relativamente espaçoso, apresentando-se o interior dividido em três naves por meio de arcos assentos em colunas de pedra.
Do mesmo modo que nos templos das freguesias de São Bento e de São Bartolomeu, este também não possui a imagem de seu orago no lugar principal da sua capela-mor. Ao centro do camarim encontra-se a imagem de Nossa Senhora da Conceição, estando a de Santa Bárbara num dos nichos laterais fazendo as honras à Virgem, do mesmo modo que a da rainha Santa Isabel em outro nicho, do lado oposto.
Tem capelas consagradas ao Santíssimo, ao Sagrado Coração de Jesus, a Santa Bárbara, a Nossa Senhora de Lurdes e às Almas. A imagem primitiva do orago da paróquia, Bárbara de Nicomédia, é uma escultura policromada em pedra de Ançã, datada do século XV, que terá sido trazida pelos primeiros povoadores daquela zona da ilha Terceira.
O pesquisador Alfredo da Silva Sampaio, quando alude a esta igreja (1904), assinala que "abaixo do cruzeiro e no segundo arco lateral está um coreto alto com um órgão grande adquirido em 1834 e que pertencia ao extinto Convento da Conceição de Angra do Heroísmo".
A história do órgão de tubos desta igreja, no ilha Terceira, começa com o atracar no Porto de Pipas, em Angra do Heroísmo uma nau em mau estado, por vias de ter sido apanhada por uma tempestade. Essa nau levava a bordo, com destino ao território de Macau, um grandioso órgão, e que teve de ser descarregado para que a nau fosse reparada.
Já em terra o órgão foi montado na Sé de Angra, a Igreja de São Salvador, Catedral dos Açores. Após algum tempo neste templo o bispo afeiçoou-se-lhe, de tal forma, que intercedeu junto à Coroa para que o órgão ficasse definitivamente na Igreja da Sé.
Dada a concordância da Coroa, assim aconteceu e só cerca de dois séculos depois, um incêndio, o haveria de destruir. Só sobraram alguns tubos e foram esses tubos sobreviventes que vieram a integrar um conjunto de dois novos órgãos.
Desses dois novos órgãos, construídos em 1793, inicialmente destinados a ficarem na Sé Catedral dos Açores, um foi acabou por ficar no Convento de São Gonçalo e o outro por comprar foi para a esta igreja de Santa Bárbara.[3]
Com a extinção das ordens religiosas em Portugal em 1834, foi o Órgão adquirido pela paróquia em 3 de Fevereiro de 1837, tendo o pagamento sido feito em títulos da Dívida Pública.
Este órgão que a quando da sua construção se destinou à Sé Catedral de Angra do Heroísmo foi construído pela mão de Joaquim António Peres Fontanes, um dos mais importantes organeiros Portugueses dos finais do século XVII.
Actualmente (Novembro de 2010) a necessitar de restauro, este órgão encontra-se inactivo tendo tocado pela última vez a quando do terramoto de 1 de Janeiro de 1980.
Durante as obras de reparação da igreja, foi desmontado e arrumado na garagem de um dos moradores da freguesia, no entanto após a sua montagem não voltou a tocar, e apesar de já se encontrar no seu lugar dentro da igreja.[4]
Notas
- ↑ Francisco Ferreira Drummond, Anais da Ilha Terceira (v. II). Angra do Heroísmo, 1981.
- ↑ História da freguesia[ligação inativa].
- ↑ Diário Insular n.º 19948, ano LXIV, de 18/11/2010, pág. 1
- ↑ Diário Insular n.º 19947, ano LXIV, de 17/11/2010, pág. 3
Bibliografia
- Jornal Açores, 1955.