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Humberto I da Itália

Predefinição:Info/Nobre Humberto I (Turim, 14 de março de 1844Monza, 29 de julho de 1900) foi o Rei da Itália de 1878 até seu assassinato. Era o filho homem mais velho do rei Vítor Emanuel II e sua esposa a arquiduquesa Adelaide da Áustria.

Humberto aprovou em 1882 a Tríplice Aliança com o Império Alemão e a Áustria-Hungria. Seu reinado também viu a expansão colonial do Reino da Itália para o Chifre da África, conquistando os territórios da Eritreia e da Somália, mesmo sendo derrotada pelo Império Etíope em 1896 na Batalha de Adwa.

O rei era muito criticado e desprezado pelos círculos esquerdistas devido seu apoio ao Massacre de Bava-Beccaris em Milão. Ele também era odiado pelos anarquistas, que realizaram uma tentativa de assassinato logo no primeiro ano de seu reinado. Humberto foi morto na segunda tentativa em 1900 por Gaetano Bresci.

Família

Humberto era o segundo filho (primeiro varão) do rei Vítor Emanuel II e da arquiduquesa Adelaide da Áustria. Seus avós paternos foram o rei Carlos Alberto da Sardenha e Maria Teresa da Áustria; e seus avós maternos foram Rainer José da Áustria e Isabel de Saboia. Entre seus irmãos estavam o rei Amadeu I de Espanha e Maria Pia de Saboia.

Primeiros anos

Desde a infância, Humberto teve uma formação essencialmente militar, tendo como tutores Massimo d'Azeglio,[1] Pasquale Stanislao Mancini [2] e o general Giuseppe Rossi, que formou o caráter e as ideias que sustentou durante seu reinado.

O príncipe Humberto à época de seu casamento

Iniciou a carreira militar propriamente dita em 1858, com a patente de capitão. Participou da Segunda Guerra de Independência Italiana - distinguindo-se na Batalha de Solferino, em 1859 - e da Terceira Guerra de Independência Italiana - onde, como comandante da XVI Divisão, teve importante atuação no conflito de Villafranca di Verona, em 24 de junho de 1866, na sequência da Derrota de Custoza.[3][4]

Devido à revolta causada pelos Saboia em uma série de outras casas reais (as italianas e outras relacionadas a elas, como os Bourbon de Espanha e França) em 1859-1860, apenas uma pequena parcela da realeza estava disposta a estabelecer relações com a família reinante do recém criado Reino da Itália, o que tornou a procura por uma noiva real para os filhos de Vítor Emanuel II uma tarefa bastante difícil.Predefinição:Nota de rodapé O conflito da família com a Igreja Católica após a anexação dos Estados Pontifícios dificultou ainda mais as negociações de casamento com pretendentes católicas.[5]

Inicialmente, acertou-se o casamento de Humberto com a arquiduquesa Matilde de Áustria-Teschen, descendente de um ramo colateral da Casa de Habsburgo. No entanto, a arquiduquesa morreu aos dezoito anos de idade, vítima de um trágico acidente.[6] O príncipe-herdeiro acabou casando-se com a princesa Margarida de Saboia, sua prima em primeiro grau, em 21 de abril de 1868. Margarida foi uma das raras princesas, entre todas as casas reais da Europa, com disponibilidade para contrair matrimônio com um membro da desprezada família Saboia (da qual ela também fazia parte). O casal teve um único filho, o futuro Vítor Emanuel III.

Reinado

Ascendeu ao trono com a morte do pai, em 9 de janeiro de 1878. O novo rei adotou o título de "Humberto I da Itália", em vez de "Humberto IV" (de Saboia), e permitiu que os restos mortais de Vítor Emanuel II fossem sepultados no Panteão de Roma, em vez da cripta real da Basílica de Superga, reforçando a ideia de uma Itália unificada.

Primeira tentativa de assassinato

O príncipe-herdeiro Humberto com sua mãe, a rainha Adelaide, em ilustração da década de 1850

Durante uma viagem a Nápoles, em 17 de novembro de 1878, Humberto desfilava num carro aberto acompanhado do primeiro-ministro Benedetto Cairoli quando foi atacado pelo anarquista Giovanni Passannante. O rei repeliu o golpe com seu sabre, mas Cairoli, ao tentar defendê-lo, foi gravemente ferido na coxa. O pretenso assassino foi condenado à morte, embora a lei só permitisse tal condenação em caso de morte do rei. Humberto comutou a sentença em trabalhos forçados perpétuos, que Passanante cumpriu numa cela de apenas 1,4 metros de altura, sem saneamento e com 18 quilos de correntes em seu corpo.[7] O anarquista viria a morrer em uma instituição psiquiátrica.[8]

Política externa

Na política externa, Humberto I aprovou a Tríplice Aliança com a Áustria-Hungria e a Alemanha, visitando Viena e Berlim diversas vezes. Muitos na Itália, no entanto, desaprovavam e viam com hostilidade uma aliança com seus antigos inimigos austríacos, que ainda ocupavam áreas reivindicadas pela Itália.[9]

Humberto também foi favorável à política de expansão colonial iniciada em 1885 com a ocupação de Massaua, na Eritreia, e da Somália.[10] Humberto I aspirava um vasto império no nordeste da África, mas sofreu uma desastrosa derrota na Batalha de Adwa, na Etiópia, em 1 de março de 1896.[10]

No verão de 1900, as forças italianas, que compunham a Aliança das Oito Nações, participaram do Levante dos Boxers, na China imperial. Através do Protocolo de Boxer, assinado após a morte de Humberto, o Reino da Itália recebeu a concessão do território de Tianjin, no nordeste da China.

Nas relações com a Santa Sé, Humberto declarou, em um telegrama de 1886, Roma "intocável" e afirmou a permanência da posse italiana da "Cidade Eterna".[9]

Desordem

O reinado de Humberto I corresponde a uma época de revolução social, embora fosse afirmado mais tarde que tenha sido uma tranquila belle époque.[9] Tensões sociais decorrentes da ocupação relativamente recente do Reino das Duas Sicílias, a disseminação de ideias socialistas, a hostilidade do povo em relação aos planos colonialistas de vários gabinetes - especialmente o de Francesco Crispi - e a repressão às liberdades civis.[11] Em 22 de abril de 1897, Humberto I foi atacado novamente, por Pietro Acciarito um ferreiro desempregado, que tentou esfaqueá-lo perto de Roma.[9][12]

Massacre de Bava Beccaris

O rei foi duramente criticado pela oposição socialista e anarquista-republicana por ter concedido a grã-cruz da Ordem Militar de Saboia ao general Fiorenzo Bava Beccaris que, em 7 de maio de 1898, ordenou o uso de canhões contra a multidão que participava do chamado "Motim de Milão" (também conhecido como o "protesto do estômago"), uma manifestação popular provocada pela grande alta no custo dos cereais. Sob as ordens de Bava Beccaris, o exército protagonizou um massacre com pelo menos uma centena de mortos e mais de 500 feridos, segundo estimativas da polícia da época.[13]

Após os eventos em Milão, o governo do general Luigi Pelloux tomou um rumo autoritário, preparando-se para dissolver as organizações socialistas e radicais católicas e limitar a liberdade de imprensa e de reunião. Esta atitude, no entanto, foi vetada pelo parlamento, onde os socialistas conseguiram forçar Pelloux a dissolver o governo e convocar novas eleições, com avanço acentuado da esquerda.

Pelloux renunciou e Humberto I, em respeito à legislação vigente, nomeou Giuseppe Saracco como presidente do conselho de ministros, que deu início a uma política de reconciliação nacional. A concessão da condecoração ao general Bava Beccaris foi a causa do último e fatal ataque ao monarca, por Gaetano Bresci.[14]

Morte

Em 29 de julho de 1900, Humberto I foi convidado a Monza para participar de uma cerimônia de entrega de prêmios organizada pela Società Ginnastica Monzese Forti e Liberi, evento que contou com equipes de atletas de Trento e Trieste. Embora ele costumasse usar uma cota de malha de proteção sob a camisa, decidiu não usá-la naquele dia em virtude do calor, atitude que contrariava as instruções de seus agentes de segurança. Entre os populares que o saudavam também se encontrava Gaetano Bresci, com um revólver no bolso.

O rei permaneceu no local por cerca de uma hora e, segundo testemunhas, estava de bom humor: Entre esses jovens inteligentes me sinto rejuvenescido, teria declarado.[9] Ele decidiu retornar ao palácio da Villa Reale di Monza por volta de 22h30, caminhando entre a multidão e a banda de música, que iniciava a Marcha Real.Predefinição:Nota de rodapé

Aproveitando-se da confusão, Bresci postou-se à frente do rei e disparou três tiros. Humberto, baleado no ombro, pulmão e coração, dirigiu-se ao general Ponzio Vaglia: Vamos, eu acho que estou ferido![15]

Logo após, a polícia prendeu Bresci (que não ofereceu nenhuma resistência), livrando-o do linchamento pela multidão. Enquanto isso, a carruagem chegava à Villa Reale onde a rainha, já avisada do ocorrido gritava: Façam algo, salvem o rei![9] Mas nada mais podia ser feito, o rei já estava morto.

Seu corpo foi sepultado Panteão de Roma, em 13 de agosto. Bresci foi julgado e condenado à morte por regicídio em 29 de agosto, mas a condenação foi comutada em prisão perpétua pelo novo rei, Vítor Emanuel III. Bresci morreu em 22 de maio de 1901.

Ancestrais

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Vítor Amadeu II, Príncipe de Carignano
 
 
 
 
 
 
 
Carlos Emanuel, Príncipe de Carignano
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Josefina de Lorena
 
 
 
 
 
 
 
Carlos Alberto da Sardenha
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Carlos da Saxônia, Duque da Curlândia
 
 
 
 
 
 
 
Maria Cristina da Saxônia
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Franciszka Corvin-Krasińska
 
 
 
 
 
 
 
Vítor Emanuel II da Itália
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Leopoldo II do Sacro Império Romano-Germânico
 
 
 
 
 
 
 
Fernando III, Grão-Duque da Toscana
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maria Luísa da Espanha
 
 
 
 
 
 
 
Maria Teresa da Áustria
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fernando I das Duas Sicílias
 
 
 
 
 
 
 
Luísa das Duas Sicílias
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maria Carolina da Áustria
 
 
 
 
 
 
 
Humberto I da Itália
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Francisco I do Sacro Império Romano-Germânico
 
 
 
 
 
 
 
Leopoldo II do Sacro Império Romano-Germânico
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maria Teresa da Áustria
 
 
 
 
 
 
 
Rainer José da Áustria
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Carlos III da Espanha
 
 
 
 
 
 
 
Maria Luísa da Espanha
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maria Amália da Saxônia
 
 
 
 
 
 
 
Adelaide da Áustria
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vítor Amadeu II, Príncipe de Carignano
 
 
 
 
 
 
 
Carlos Emanuel, Príncipe de Carignano
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Josefina de Lorena
 
 
 
 
 
 
 
Isabel de Saboia
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Carlos da Saxônia, Duque da Curlândia
 
 
 
 
 
 
 
Maria Cristina da Saxônia
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Franciszka Corvin-Krasińska
 
 
 
 
 
 

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Honrarias

Italianas

Order of the Most Holy Annunciation BAR.svg Grão-Mestre da Ordem da Anunciação

Cavaliere di gran croce OMS BAR.svg Grão-Mestre da Ordem Militar da Itália

Cavaliere di gran Croce Regno SSML BAR.svg Grão-Mestre da Ordem dos Santos Maurício e Lázaro

Cavaliere di Gran Croce OCI Kingdom BAR.svg Grão-Mestre da Ordem da Coroa da Itália

Ordine Civile di Savoia BAR.svg Grão-Mestre da Ordem Civil de Saboia

Valor militare gold medal - old style BAR.svg Medalha de Ouro ao Valor Militar

Medaglia a ricordo dell'Unità d'Italia BAR.svg Medalha Comemorativa da Unidade Italiana

CampagneGuerreIndipendenza.png Medalha Comemorativa da Campanha da Guerra da Independência

Estrangeiras

Ord.Aquilanera.png Cavaleiro da Ordem da Águia Negra

Order of the Garter UK ribbon.png Cavaleiro da Ordem da Jarreteira

Order of the Golden Fleece Rib.gif Cavaleiro da Ordem do Tosão de Ouro

Predefinição:Notas

Referências

  1. D'Azeglio, Massimo Taparelli. I miei ricordi, Barbera, Firenze, 1891.
  2. «Pasquale Stanislao Mancini». Consultado em 6 de julho de 2011. Arquivado do original em 10 de março de 2016 
  3. Details on Custoza
  4. Encyclopædia Britannica: Second Battle of Custoza
  5. De Sauclières, Hercule. Il Risorgimento contro la Chiesa e il Sud. Intrighi, crimini e menzogne dei piemontesi. Controcorrente, Napoli, 2003. ISBN 978-88-89015-03-2
  6. «La Archiduquesa em llamas - Tragedia en la familia imperial austro-húngara». Consultado em 7 de julho de 2011. Arquivado do original em 13 de agosto de 2011 
  7. Galzerano, Giuseppe. Giovanni Passannante, Galzerano Editore, Casalvelino Scalo, 2004.
  8. Merlino, Salvatore. L'Italia così com'è, 1891 in "Al caffè", por Errico Malatesta, 1922.
  9. 9,0 9,1 9,2 9,3 9,4 9,5 Grimaldi, Ugoberto Alfassio. Il re buono, Feltrinelli, Milano, 1970.
  10. 10,0 10,1 Hess, Robert L. Italian Colonialism in Somalia. University of Chicago P. Chicago, 1966.
  11. Franco Andreucci, Tommaso Detti, Il Movimento operaio italiano:dizionario biografico, 1853-1943, Volume 1, Editori riuniti, Roma, 1975.
  12. Selvetella, Yari. Banditi, Criminali e Fuorilegge di Roma, Newton Compton, 2006.
  13. Valera, Paolo. I cannoni di Bava Beccaris, Milano 1966.
  14. Petacco, Arrigo. L'anarchico che venne dall'America, Mondadori, Milano, 1974.
  15. Oliva, Gianni. I Savoia:novecento anni di una dinastia, Mondadori, Milano, 1998.

Predefinição:Tradução/ref

Ligações externas

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Humberto I da Itália
Humberto I da Itália
Casa de Saboia
14 de março de 1844 – 29 de julho de 1900
Precedido por
Vítor Emanuel II
Great coat of arms of the king of italy (1890-1946).svg
Rei da Itália
9 de janeiro de 1878 – 29 de julho de 1900
Sucedido por
Vítor Emanuel III


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