A história da filosofia é a sub-disciplina da filosofia, que possuiu diversos propósitos e metodologias ao longo da história. Apesar de presente no modelo biográfico da obra Vidas e Doutrinas dos Filósofos Ilustres, de Diógenes Laércio, a história da filosofia só vai ser elaborada enquanto disciplina auto-consciente no Século XVIII, no contexto do ecletismo alemão, recebendo sua fundação metodológica pelo filologista alemão Christoph August Heumann, estendida e aplicada de maneira notória na obra Historia critica philosophiae, de Johann Jakob Brucker, que buscou estudar a sucessão dos sistemas filosóficos considerados enquanto complexos autônomos e abrangentes de princípios e doutrinas. O surgimento da disciplina da história da filosofia partia de uma crítica ao modelo biográfico derivado de Laércio e usado até então, esse foi criticado por não fazer avaliações críticas da coerência e verdade do pensamento filosófico passado, dado que a maioria das biografias eram elogiosas aos filósofos, sendo feitas por seguidores ou alunos próximos.[1] A história da filosofia segundo o modelo de Heumann e Brucker utilizava a noção de princípios, em um sentido metafísico, como base para a organização e reconstrução dos sistemas filosóficos do passado.[2][3]
Contra essa fundamentação metafísica dos sistema filosóficos, e a subordinação das demais áreas à metafísica, os positivistas do século XIX, como Paul Tannery e Paul Duhem, buscaram reformar a metodologia da história da filosofia, privilegiando as teorias físicas presentes nos sistemas. Essa metodologia alternativa será base do que viria à ser a História da Ciência.[2] Mais tarde surgiriam outras críticas metodológicas e outros programas alternativos, como a história das ideias do historiador (com formação em filosofia) Arthur O. Lovejoy, na década de 1930, que propunha as unidades de ideias (consideradas estáveis ao longo da história) como objeto de pesquisa, ampliando a abordagem para além da filosofia, e buscou contrastar sua abordagem à história da filosofia precedente.[4]
O programa da história das ideias, segundo proposto por Lovejoy, teve ampla recepção institucional, ao mesmo tempo que foi criticada em suas bases por historiadores como Quentin Skinner, que focou principalmente nas falhas da noção de 'unidade de ideias' e apontou a displicência com a produção dos discursos e os atores envolvidos. Skinner buscou utilizar a filosofia da linguagem que se desenvolvia em Cambridge na metade do século XX, principalmente nas figuras de Ludwig Wittgenstein e John Austin, para analisar a história do pensamento, lançando mão das teorias sobre atos de fala em contexto linguísticos e sociais.[5]
Ver também
Referências
- ↑ Catana 2015, p. 130.
- ↑ 2,0 2,1 Catana 2015, p. 131.
- ↑ "(...) a metafísica fornecia os conceitos essenciais no sistema individual de filosofia; o conteúdo doutrinal da filosofia política e ética era visto como determinado pelos princípios metafísicos formulados dentro do mesmo sistema." (Catana, 130)
- ↑ Catana 2015, p. 132.
- ↑ Catana 2015, p. 133.
Bibliografia
- Catana, Leo (2015). «The Identity of Intellectual Hisyory». In: Whatmore, Richard. A companion to intellectual history. [S.l.]: John Wiley & Sons. ISBN 9781118294802
- Gracia, Jorge JE. (1992). Philosophy and its history: Issues in philosophical historiography. [S.l.]: SUNY Press