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Helena Almeida

Helena Almeida
Nome completo Maria Helena de Castro Neves de Almeida
Nascimento 1934[[Categoria:Predefinição:Categorizar-ano-século-milénio/1]]Predefinição:Sem local
Morte 25 de setembro de 2018 (84 anos)[[Categoria:Predefinição:Categorizar-ano-século-milénio/1]]Predefinição:Sem local
Nacionalidade Predefinição:PRTn
Ocupação Artista plástica
Prémios Prémio Autores de 2016

Helena Almeida GOIH (Lisboa, 1934 — Sintra, 25 de setembro de 2018) foi uma artista plástica portuguesa.[1]

Helena Almeida iniciou a sua carreira no final da década de 1960 e é uma figura incontornável no panorama artístico português contemporâneo. Autora de uma obra multifacetada, sintonizada com as práticas artísticas mais avançadas da época, viria a centrar-se num território onde o seu próprio corpo é elemento nuclear. Uma grande retrospectiva da sua obra, intitulada "A minha obra é o meu corpo, o meu corpo é a minha obra", foi exposta no Museu de Serralves, Porto (2015), e em Paris (2016) e Bruxelas.[2] Em 2018 está em destaque na Tate Modern, em Londres, num espaço focado na relação entre o indivíduo e a obra da arte; é apresentada a peça em fotografia “Tela Habitada” e a série “Desenho (com pigmento)”.[3] Faleceu a 25 de Setembro de 2018.

Biografia / Obra

Arquivo:Helena Almeida, Pintura habitada, 1975, acrílico sobre foto a preto e branco, 46 x 52 cm.jpg
Pintura habitada, 1975, acrílico sobre foto a preto e branco, 46 x 52 cm

Filha do escultor Leopoldo de Almeida (1898 - 1975) Helena Almeida nasce em Lisboa em 1934. Em 1955 termina o curso de pintura da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa; já então casada com o arquiteto Artur Rosa[4] e mãe de dois filhos, irá dedicar os anos imediatos às tarefas familiares. Em 1964 obtém uma bolsa de estudos e desloca-se a Paris.

Expõe individualmente pela primeira vez em 1967 (Galeria Buchholz, Lisboa), apresentando trabalhos que revelam já alguns traços da obra futura; nessas suas pinturas tridimensionais, inverte as componentes físicas da pintura ("o que estava virado para a frente era o gradeamento e a estrutura de madeira"), adicionando-lhes uma série de elementos tridimensionais (estore; portada). Estamos assim, desde o início, perante um exercício crítico através do qual "desmonta a estrutura lógica e a percepção da pintura".[5]

Informado pelos princípios da arte concetual, esse exercício crítico irá extravasar para além do território restrito da pintura e do desenho, realizando-se numa prática multidisciplinar articulada primeiramente com o suporte fotográfico (segundo João Pinharanda, "a fotografia é a placa central do seu discurso"), mas que se cruza identicamente com a performance e a escultura.[6]

A partir de 1969 Helena Almeida define um novo aspeto nuclear da sua obra, o desejo de autorrepresentação, "o desejo de que a pintura e o desenho se tornem corpo, de que se anule a distância entre corpo e obra". No início da década de 1970 interroga o desenho, que se torna em balão de ensaio do que estava para vir. A utilização de fio de crina permite-lhe "tornar o traço tridimensional e fazer com que o desenho salte do papel, se autonomize da superfície". O questionamento estende-se depois à pintura, materializada agora através de manchas azuis ou vermelhas que se independentizam, preenchendo a boca, espalhando-se (ou sendo espalhadas) pelas mãos… Nas suas Pinturas habitadas de 1975-77 a pintura "agarra-se com as mãos, entra pela boca ou derrama-se numa lágrima. Em 1976 a artista afirmava: «creio estar perto da verdade se disser que pinto a pintura e desenho o desenho»".[7]

Arquivo:Helena Almeida, Voar, 2001, 4 fotografias, 124 x 180 cm.jpg
Voar (fragmento), 2001, 4 fotografias, 124 x 180 cm

A partir de 1975 fotografia, pintura e desenho conjugam-se numa prática artística que se constrói "nos limiares de todas essas disciplinas, criando a sua própria linguagem e com o corpo da artista como primeiro suporte de intervenção plástica"[8]. No entanto em nenhum caso poderá falar-se de autorretrato – estas obras "nada nos dizem sobre o corpo concreto ou a natureza psicológica da artista"[9] –, nem de teatralização ou encenação de outros personagens.

Se a pintura e o desenho são essenciais para o entendimento do trabalho de Helena Almeida nas décadas de 1970 e 1980, a escultura e a performance são as linguagens a que devemos recorrer para pensar muitas das obras posteriores onde se foca na relação entre o corpo e o espaço, nomeadamente o espaço do seu ateliê[9]. É o que acontece em Dentro de mim, 2001, em que cola um espelho estreito, vertical, ao seu corpo, afirmando "o desejo de que o corpo se prolongue, que saia e ultrapasse os seus limites físicos", ou na série Voar, do mesmo ano, onde arrisca uma vez mais "a relação entre o seu corpo e o espaço, de modo simultaneamente irónico e lúdico. O desejo de ultrapassar os limites físicos está novamente presente, mas agora é este próprio desejo que é submetido a um exercício de autocrítica ou autoironia" [10].

"Ando em círculo; os ciclos voltam. O trabalho nunca está completo, tem de se voltar a fazer. O que me interessa é sempre o mesmo: o espaço, a casa, o teto, o canto, o chão; depois, o espaço físico da tela, mas o que eu quero é tratar de emoções. São maneiras de contar uma história".[11]

Exposições / Prémios

Exposições individuais

Helena Almeida representou Portugal na Bienal de São Paulo, Brasil (1979), na Bienal de Veneza (1982 e 2005) e na Bienal de Sidney (2004).

Do seu vasto currículo de exposições individuais em Portugal e no estrangeiro, podem destacar-se: Musée Charleroi, Bélgica (1991); Fundação de Serralves, Porto (1995); Centro Galego de Arte Contemporânea, Santiago de Compostela (2000); MEIAC- Museu Estremenho e Ibero-americano de Arte Contemporânea, Badajoz (2000); Drawing Art Centre, Nova Iorque (2004); Centro Cultural de Belém, Lisboa (2004); Kettle’s Yard, Cambridge (2009); Fundación Telefónica, Madrid (2009); Museu de Serralves, Porto (2015-2016).[12][13]

E ainda: Galeria Buchholz, Lisboa (1967, 68, 69); Galeria Quadrante, Lisboa (1970); Galeria Judite Dacruz, Lisboa (1971); Galeria Módulo, Porto (1972, 76); Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa (1972, 76); Galerie e+o Friedrich, Bern (1978, 80); Galerie Bama, Paris (1978, 81); Galeria EMI Valentim de Carvalho, Lisboa (1985, 90); Galerie Kara, Génova (1986); Cooperativa Diferença, Lisboa (1988); Richard Demarco Gallery, Edimburgo (1989); Casa D’América, Madrid (1997); Galeria Presença, Porto (1998, 2002); Galeria Estrany de la Mota, Barcelona (2000); Thomas Erben Gallery, Nova Iorque (2001); Galeria Filomena Soares, Lisboa (2001); Galeria Helga Avelar, Madrid (2001); etc.

Prémios

Obteve vários prémios, de onde podem destacar-se: 1º Prémio de Desenho, Coimbra, 1969; Prémio da 11ª Bienal de Tóquio; Prémio da Bienal de Vila Nova de Cerveira, 1984; Prémio da Fundação Calouste Gulbenkian, 1984; Prémio BESphoto, 2004; Prémio AICA, 2004.

A 9 de junho de 2003, foi agraciada com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.[14]

Ligações externas

Referências

  1. Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa – Helena Almeida
  2. «Dentro do corpo e da obra de Helena Almeida». Público. Consultado em 27 de outubro de 2015 
  3. «Helena Almeida é artista em destaque na Tate Modern durante um ano». Artecapital. Consultado em 6 de janeiro de 2017 
  4. Artur Rosa está indissociavelmente ligado à obra de Helena Almeida, na medida em que é ele que faz todos os registos fotográficos. Ver: Carlos, Isabel – Helena Almeida: Dias quase tranquilos. Lisboa: Editorial Caminho, 2005, p. 9.
  5. Carlos, Isabel – Helena Almeida: Dias quase tranquilos. Lisboa: Editorial Caminho, 2005, p. 6, 7. ISBN 972-21-1698-3
  6. Pinharanda, João – Comunidade e diferença: seis artistas portugueses contemporâneos. In: A.A.V.V. (org. João Pinharanda) – De dentro: 6 Contemporary Artists. Lisboa: Instituto Camões, 2006.
  7. Carlos, Isabel – Helena Almeida: Dias quase tranquilos. Lisboa: Editorial Caminho, 2005, p. 13.
  8. Carlos, Isabel – Helena Almeida: Dias quase tranquilos. Lisboa: Editorial Caminho, 2005, p. 15.
  9. 9,0 9,1 Carlos, Isabel – Helena Almeida. In: A.A.V.V. (org. João Pinharanda) – De dentro: 6 Contemporary Artists. Lisboa: Instituto Camões, 2006.
  10. Carlos, Isabel – Helena Almeida: Dias quase tranquilos. Lisboa: Editorial Caminho, 2005, p. 26.
  11. Helena Almeida, citada em: Carlos, Isabel – Helena Almeida: Dias quase tranquilos. Lisboa: Editorial Caminho, 2005, p. 13.
  12. Carlos, Isabel – Helena Almeida: Dias quase tranquilos. Lisboa: Editorial Caminho, 2005.
  13. «Helena Almeida: A minha obra é o meu corpo, o meu corpo é a minha obra». Museu de Serralves. Consultado em 26 de outubro de 2015 
  14. «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Helena Almeida". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 11 de janeiro de 2019 

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