Predefinição:Manutenção/Categorizando por assunto
cobras-cegas Gymnophiona | |||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Ocorrência: Jurássico - Recente | |||||||||
Classificação científica | |||||||||
| |||||||||
Distribuição geográfica | |||||||||
Famílias | |||||||||
Gymnophiona ou Apoda é uma ordem de anfíbios que inclui cerca de 175 espécies, distribuídas em 5 ou 6 famílias, variando por classificação. São encontrados na América do Sul e na América Central, na África, e no Sudeste Asiático. Os gimnofionos caracterizam-se pela ausência de patas. A maioria das espécies possui a pele segmentada em anéis e um estilo de vida predominantemente fossorial, o que as leva a ser frequentemente confundidas com minhocas, havendo inclusive algumas sendo chamadas de minhocoçu (minhoca-grande) em algumas regiões do Brasil. No entanto, são vertebrados e não anelídeos. Há também frequente confusão com as cobras, especialmente as espécies maiores. São conhecidos popularmente pelos nomes de cobra-cega, cobra-pilão, ibicara, mãe-de-saúva, pilão e ubijara.
Características
Os gimnofionos são animais sem patas, com pele esguia e segmentada, com olhos pequenos recobertos por pele (o que leva muitas pessoas a pensar que são animais cegos, sendo que na verdade não são completamente cegos, sendo capazes de distinguir entre ausência e presença de luz) e extremamente adaptados à vida subterrânea. Detectam a maioria dos estímulos a partir do nariz e da pele, tendo também um órgão único, um par de tentáculos localizados entre os olhos e o nariz, provavelmente com funções quimio e mecanorreceptoras. O tamanho desses animais varia conforme a espécie, havendo gimnofionos com poucos centímetros até alguns com cerca de um metro e meio. A respiração faz-se principalmente por pulmões, mas também através da pele e da boca. O crânio é muito ossificado, uma adaptação que o permite ser usado para a escavação. Os gimnofionos são o único grupo de anfíbios onde só há fecundação interna. O macho, na hora da cópula, extroverte a cloaca, que, assim, transforma-se em um tipo de pênis, conhecido como Phallodeum. Cerca de 75% das espécies são vivíparas e dão à luz crias já desenvolvidas. E a maior parte das espécies produzem uma secreção que serve de alimento para os filhotes, se assemelhando ao leite materno, sendo secretada pelas membranas do oviducto.[1]
Os gimnofionos tendem a ter cores escuras, mas há espécies muito coloridas, como por exemplo as cobras-cegas do táxon Schistometopum thomensis, que possuem um amarelo muito vivo.
Os gimnofionos são onívoros, espécies criadas em cativeiro podem geralmente ser alimentadas com uma dieta à base de minhocas. A dieta desses anfíbios na natureza, porém, é ainda pouco entendida.
Classificação
Taxonomicamente os gimnofionos são divididos em 6 famílias.
- Rhinatrematidae Nussbaum, 1977 - 2 gêneros, 9 espécies - terrestres de pequeno porte, acredita-se que tenham larvas aquáticas - América do Sul
- Ichthyophiidae Taylor, 1968 - 2 gêneros, 39 espécies - terrestres, moderadamente grandes, com larvas aquáticas - Ásia
- Uraeotyphlidae Nussbaum, 1979 - 1 gêneros, 5 espécies - terrestres, pequenos, ovíparos, talvez com desenvolvimento direto - Índia
- Scolecomorphidae Taylor, 1968 - 2 gêneros, 6 espécies - terrestres, moderadamente grandes e talvez vivíparas - África
- Typhlonectidae Taylor, 1968 - 5 gêneros, 13 espécies - aquáticas e semi-aquáticas de pequeno a grande porte, vivíparas com larvas aquáticas - América do Sul
- Caeciliidae Rafinesque, 1814 - 26 gêneros, 99 espécies - terrestres e aquáticas, muito pequenas a muito grandes, vivíparas e ovíparas; sem estágiolarval aquático - América do Sul e Central, África, Índia e ilhas Seychelles
Estudo de filogenia molecular do grupo baseados na estrutura molecular mitogenómica permitem estabelecer o seguinte cladograma:[2]
Reprodução
Entre os vertebrados, os anfíbios são caracterizados por uma grande diversidade de modos reprodutivos e tipos de cuidados parentais.[3] Na ordem Gymnophiona, há oviparidade com desenvolvimento direto ou indireto, bem como viviparidade.[4] Embora este grupo apresente diversos habitats ecológicos, com variações morfológicas, fisiológicas e comportamentais associadas,[5] sua diversidade reprodutiva ainda é pouco investigada.[3]
Dimorfismo sexual
O dimorfismo sexual em cecílias é pouco estudado, mas alguns padrões morfológicos têm sido usados para identificar o sexo, como a presença de glândulas anais, formato da cloaca, número de vértebras e correspondentes anéis tegumentares.[3] Para algumas espécies, o tamanho da cabeça tem sido utilizado como um bom indicador do sexo, pois esse caráter parece estar relacionado à defesa territorial. Os machos de Schistometopum thomense usam suas cabeças largas para segurar as fêmeas durante o acasalamento,[6] uma característica que nunca foi observada em outras espécies.[7] Em Boulengerula taitanus, os machos são em média mais longos do que as fêmeas.[7] Em Ichthyophis cf. kohtaoensis as fêmeas e seus discos cloacais são, em média, maiores do que os machos.[8] Em relação a Siphonops annulatus, há completa ausência de caracteres externos que possibilitem a diferenciação entre os sexos.[3]
Sistema reprodutor
Feminino
Ovários
O sistema genital feminino é composto por um par de ovários alongados caracterizados pela presença de folículos e ovócitos em diferentes estágios de desenvolvimento, um par de ovidutos e uma cloaca, particularmente adaptada à fertilização interna.[9][10][11] Ao redor das gônadas, os corpos adiposos estão presentes e variam em volume dependendo do estágio do ciclo sexual e da manutenção dos embriões no interior dos ovidutos (em espécies vivíparas).[9][12][13][14][15] Os ovários são estruturas pareadas dentro da cavidade corporal, localizadas paralelamente aos rins e ao trato digestivo. Cada ovário está conectado ao respectivo rim por uma folha de tecido conjuntivo (mesovário) e à gordura corporal por outra folha de tecido conjuntivo. Assim, como em outros vertebrados, os ovários das cecílias não estão diretamente conectados aos ovidutos.[16]
Oogênese
Comparado a espermatogênese,[17][18] não há um estudo igualmente preciso sobre os estágios da oogênese.[3] Segundo descrições gerais de oócitos e folículos em Chthonerpeton indistinctum, Typhlonectes compressicauda, Ichthyophis beddomei e Siphonops annulatus, foram feitas diferentes divisões em relação aos estágios de desenvolvimento.[19][20][21][22][23][24][25][26] Uma delas conseguiu resumir a oogênese em seis estágios:[18] oogônias agrupadas em ninhos germinativos (A), presença de ninhos germinativos com oócitos primários circundados por células foliculares achatadas (B), oócitos pré-vitelogênicos redondos com núcleos centrais arredondados com nucléolos e cromatina granular (C), citoplasma do oócito contendo grânulos de vitelo que pressionam o núcleo contra a parede do oócito que é circundado pela zona pelúcida e células foliculares prismáticas (D), predominância de folículos atréticos (E) e presença de corpo lúteo (F).[18][17]
Geralmente, os ninhos germinativos são encontrados durante o ciclo sexual com diversas variações de acordo com a espécie.[3] Em Chthonerpeton indistinctum, os ninhos germinativos foram observados junto com o corpo lúteo.[26] Em Typhlonectes compressicauda, os ninhos são particularmente bem desenvolvidos durante o ciclo sexual em fêmeas grávidas e não grávidas.[25] Já em Ichthyophis beddomei, oogônias são observadas apenas durante o período reprodutivo.[20] Isso indica que a oogênese é contínua ao longo do ciclo sexual, com aumento no início do período reprodutivo. Em espécies ovíparas e vivíparas, vários oócitos degeneram antes da oviposição, principalmente durante o período não reprodutivo.[3] Quando os oócitos atingem um estágio crítico, podem ser depositados se o período for propício ou podem degenerar se não for, demonstrando que a oogênese em cobras-cegas parece ser contínua ao longo do ano.[18]
Estrutura e função do oviduto
Os ovidutos, essenciais para a condução dos ovos ao longo do trato reprodutivo, são derivados dos dutos de Müller.[3] Durante a embriogênese, os dutos de Müller estão inicialmente presentes em ambos os sexos, porém, no sexo feminino, eles se diferenciam formando os ovidutos que, ao final do desenvolvimento embrionário, se conectam à cloaca.[27]
Nos anfíbios, à medida que os ovos passam ao longo dos ovidutos, eles são revestidos por substâncias secretadas por regiões do epitélio ovidutal, formando uma cápsula gelatinosa composta por várias camadas.[3] Essas camadas variam entre as espécies em número e composição, embora sua constituição seja principalmente de mucopolissacarídeos e mucoproteínas.[28] As cápsulas gelatinosas têm funções diferentes, como ação fungicida, ligação dos ovos, ancoragem do substrato, regulação da temperatura e osmolaridade.[29]
Os ovidutos de cecílias vivíparas são muito mais conhecidos do que os das ovíparas. Isso possivelmente se deve à descoberta do leite uterino, substância nutritiva secretada pela parede do oviduto de cecílias vivíparas.[3] Segundo descrição da morfologia do oviduto em algumas espécies, foi possível notar que o oviduto das fêmeas não grávidas é caracterizado por um epitélio fino e não secretor, semelhante ao das fêmeas ovíparas. No início da gestação, porém, o oviduto apresenta epitélio proliferativo, mas ainda apresenta projeções de tecido conjuntivo pouco desenvolvidas. Testes histoquímicos desse epitélio determinaram a presença de aminoácidos e carboidratos, precursores do leite uterino. Na próxima fase, os dutos já apresentam considerável proliferação de projeções de tecido conjuntivo e epitélio. No final da gravidez, o oviduto secreta o leite uterino, que contém quantidades crescentes de lipídios.[27] Finalmente, após o nascimento, o epitélio recrudesce[30] e as células epiteliais degeneram.[31]
Segundo a descrição do desenvolvimento de embriões Typhlonectes compressicauda, as larvas se alimentam de secreção ovidutal e de ovos não fertilizados.[32] Nesse caso, o epitélio ovidutal prolifera, formando espessas camadas circundadas por uma rede de tecido conjuntivo e capilares. Assim que o suprimento de vitelo acabar, a secreção do leite uterino pela camada ovidutal recém-formada começa.[3]
Pouco se sabe sobre o controle hormonal da reprodução de cecílias, principalmente sobre as modificações observadas no oviduto.[3] Segundo autores, um corpo lúteo está presente durante a gravidez, sugerindo que a progesterona deve estar envolvida neste processo.[33] Além disso, há a presença de peptídeo neurohipofisário, atuando no controle da contração do tubo ovidutal.[34]
Masculino
Testículos
Os testículos das cecílias são geralmente emparelhados, alongados e compostos por uma série de lóbulos ovais. Estes lóbulos são interligados por um duto central e por muitos dutos transversais que transportam os espermatozoides para a cloaca.[35] A região posterior da cloaca, chamada de falodeu, se everte formando um falo, utilizado para fertilização interna.[36]
Corpos adiposos ligados por tecido conjuntivo correm paralelos aos testículos.[16] Os dutos de Müller são mantidos em machos adultos e são diferenciados em glândulas funcionais que secretam fluido liberado na cloaca.[37][38][39][40]
O número e tamanho dos lóbulos testiculares pode variar intraespecificamente, como ocorre em Rhinatrema sp..[19] Em Uraeotyphlus oxyurus, os lobos centrais são maiores, enquanto em Geotrypetes seraphinii, Lutkenotyplus brasiliensis, Chthonerpeton viviparum, Typhlonectes compressicauda[23] e S. annulatus,[22] os lobos anteriores ou posteriores são os maiores.[3] Usualmente, esta variação parece não estar relacionada com o tamanho ou idade dos animais.[41][42][43]
Espermatogênese
Na espermatogênese, os lobos testiculares são formados por células germinativas em diferentes fases de desenvolvimento e maturação. Portanto, existem diferentes gerações de células espermatogênicas no mesmo lóbulo, variando desde as espermatogônias primárias até os espermatozoides completamente desenvolvidos e maduros.[3] Segundo descrições da espermatogênese em algumas espécies, pode-se identificar seis,[44] sete,[9][45][10] ou até oito[46] fases de diferenciação entre as células germinativas.
Durante a espermatogênese, as células germinativas dos testículos estão estreitamente associadas às células de Sertoli. Existem células amebóides nos dutos espermáticos, juntamente com o esperma. A abundância e o tamanho das células ameboides aumentam com o avanço da fase de maturação. A origem e função destas células são pouco conhecidas, mas estudos indicam função fagocitária.[43]
Ademais, as cecílias apresentam uma matriz gordurosa dentro dos lóbulos testiculares que não está presente em outros grupos anfíbios. Esta matriz é composta essencialmente de gordura, um produto nutricional que suporta e mantém as células germinativas no lóbulo.[44]
Fertilização
Todas apresentam fertilização interna. Os machos inserem o falodeu na cloaca da fêmea para a transferência de espermatozoides. A fêmea secreta uma substância glicoproteica que facilita a penetração e que mantém os espermatozóides vivos até a fertilização, que ocorre no oviduto.[3]
Desenvolvimento
As cecílias podem ser ovíparas, ou vivíparas,[3] sendo majoritariamente vivíparas.[47] Nas ovíparas, há um intervalo de tempo entre a fertilização e a oviposição, que pode variar entre as espécies. O estágio de desenvolvimento dos embriões dentro dos ovos já postos também pode variar entre as diferentes espécies. Ademais, as cecílias parecem conseguir retardar a postura dos ovos até acharem um local adequado.[3] Grande quantidade de vitelo permanece até o final do desenvolvimento, possivelmente porque o vitelo deve durar até a eclosão.[3] O desenvolvimento pode ser direto ou indireto, no qual ocorre a eclosão de uma larva aquática de vida livre.[47]
Nas vivíparas, o desenvolvimento é direto e os embriões se desenvolvem no oviduto. Inicialmente, sua nutrição é obtida pelo vitelo,[47] o qual é rapidamente consumido pelo embrião.[3] Depois, os filhotes se nutrem do[47] leite uterino,[3] uma secreção rica em lipídio. Para que ele seja liberado, os filhotes raspam a parede do oviduto da mãe com sua dentição fetal especializada, caracterizando um caso de matrotrofia.[47]
O tamanho dos ovos das espécies ovíparas de desenvolvimento larval varia entre 8 e 10 mm. Já os das espécies vivíparas variam entre 3 e 6 mm.[47] Em geral, as fases da embriogênese, como desenvolvimento de órgãos sensoriais, brânquias e dentes fetais, são mais longas nos ovíparos que nos vivíparos. Nos ovíparos, o tempo da oviposição até a eclosão é aproximadamente três meses, com estágios larvais de até um ano (gênero Ichthyophis). Nas vivíparas, a embriogênese termina dentro do oviduto, sendo a larva mantida nele de 7 a 9 meses.[3]
Composição do vitelo
A quantidade de vitelo do ovo varia de acordo com o padrão de desenvolvimento embrionário e a quantidade de nutrientes que o embrião precisa. Os ovos dos anfíbios são em sua maioria telolécitos, ou seja, grandes e com bastante vitelo. Nesse grupo, o vitelo é constituído principalmente de fosvitina e lipovitelina, além de várias proteínas, carboidratos e lipídios. Porém, pouco se sabe sobre a composição do vitelo em cecílias. Em geral, os lipídios e proteínas são abundantes, sendo os lipídios a principal fonte de energia durante a embriogênese. Eles já devem estar presentes no vitelo na quantidade necessária no caso de ovíparos, mas podem ser fornecidos através do leite uterino no caso de vivíparos.[3]
Cuidado Parental
Cuidado parental é um termo que designa qualquer comportamento apresentado por um dos pais após a postura dos ovos e que aumenta a sobrevivência da prole.[47] Entretanto, esse hábito apresenta custo na sobrevivência dos próprios pais, por exemplo, diminuindo sua condição física.[47][48] Tal comportamento é raro em Gymnophiona, ocorrendo em apenas cerca de 5% das espécies do grupo,[47][49] e sendo observado apenas nas fêmeas.[47][49]
Casos em Gymnophiona
Acompanhamento dos ovos
Acompanhamento dos ovos é um comportamento, no qual o progenitor fica junto dos ovos, porém não os defende ativamente.[47] No caso das cobras-cegas, as fêmeas se enrolam em volta dos ovos.[49][50]
Há casos desse hábito em fêmeas da família Caeciliidae: nas espécies Idiocranium russeli e Afrocaecilia taitana, que são africanas; Siphonops paulensis, que é sul-americana, e nos gêneros Grandisonia, Hypogeophis e Praslinia das ilhas Seychelles.[50]
Fêmeas de algumas espécies do gênero Ichthyophis (família Ichthyophiidae) também apresentam esse comportamento.[48] Nelas, observou-se a deterioração de condição física pela perda de massa em fêmeas que estavam guardando os ovos há mais tempo. Este é um exemplo de custo aos pais causado pelo cuidado parental. Após a saída do ovo, as larvas não recebem mais cuidado.[48]
O estudo e observação das cecílias comumente é dificultado por seu comportamento discreto e hábito subterrâneo.[50] No entanto, supõe-se que todas as espécies ovíparas guardem seus ovos, já que todos os ovos que foram encontrados estavam acompanhados de uma fêmea.[49]
Dermatofagia maternal
A dermatofagia é o comportamento de se alimentar de pele descolada do corpo.[51] Há registros dessa prática em uma variedade de répteis e anfíbios, inclusive em cobras-cegas.[51][52] Tal hábito pode ser interpretado como forma de reciclagem de nutrientes.[52]
A dermatofagia maternal é uma forma de cuidado parental bastante incomum, que é encontrada em algumas espécies de cecílias, como Siphonops annulatus e Boulengerula taitanus.[52][53]
Nela, os filhotes removem ativamente e comem a camada mais externa da pele da mãe.[53] Para tal, eles são providos de uma dentição diferenciada, que é multicúspide, ou seja, cada dente têm muitas pontas, enquanto que a do adulto é unicúspide.[52][53]
A pele parece ser a única fonte de alimento dos filhotes durante esse período de cuidado materno.[52] Observa-se que a pele da mãe se modifica, tornando a última camada de células da epiderme mais espessa, em B. taitanus por exemplo pode dobrar de espessura, além de surgirem inclusões de lipídios.[52][53] Assim, ela se torna uma fonte nutricional rica em lipídios e proteína, sendo que a proteína já existe naturalmente na pele.[52]
Como custo para mãe, observa-se que a quantidade de massa materna perdida corresponde à massa de pele que lhe foi removida.[52] Nota-se também que as fêmeas cuidando de filhotes são mais pálidas.[52][53]
Interpreta-se como vantajoso esse comportamento dado que, após a eclosão do ovo, os filhotes ainda são altriciais, ou seja, incapazes de se locomover sozinhos, e ainda apresentam estruturas que não estão plenamente desenvolvidas, como esqueleto e musculatura.[52][54]
Apesar de haver descrições desse tipo de cuidado parental apenas B. taitanus e S. annulatus, acredita-se que ele exista em mais espécies.[53] Em Herpele squalostoma, por exemplo, há registro de dermatofagia, com boas evidências de que seja cuidado parental, como dentição multcúspide.[55] Especula-se também que recém-nascidos do gênero Geotrypetes, que são altriciais, talvez possam se alimentar de pele materna, mas isso não foi observado.[52]
Ingestão de fluidos maternos
Foi observado, em Siphonops annulatus, o que parece ser o consumo de líquido cloacal materno pelos filhotes.[53] No entanto, a função desse líquido ainda permanece desconhecida.[53] Há hipóteses de que seja para nutrição, hidratação, transferência de microbiota ou até comunicação.[53]
Especula-se também que haja alimentação por secreções maternas em recém-nascidos do gênero Geotrypetes, mas isso não foi observado.[52]
Evolução do cuidado parental
O cuidado parental é um comportamento custoso, dado que requer o alocamento de recursos que poderiam ser utilizados para uma futura reprodução.[54] Contudo, a seleção natural favorece um equilíbrio entre os custos e os benefícios desse comportamento.[54]
Na maioria dos vertebrados ovíparos, o vitelo configura o único investimento parental em relação aos filhotes.[54] Temos que o ovo macrolécito é considerado uma característica ancestral presente em cecílias ovíparas com larvas aquáticas.[47][54] Esse caráter ressurge em outros grupos posteriormente.[54]
Supõe-se que todas as espécies ovíparas cuidem de seus ovos e acredita-se que este seja o principal cuidado parental nas ovíparas com desenvolvimento indireto.[49][3] Este comportamento aparenta ser basal em relação à dermatofagia.[54]
A evolução da dermatofagia como cuidado parental parece estar associada a diminuição do tamanho do ovo, reduzindo seu tempo de produção.[54] Além de haver o aumento quantitativo e qualitativo da ninhada.[54] Uma vantagem desse comportamento é auxiliar na sobrevivência dos filhotes, que ainda estão terminando de se desenvolver.[54]
Outra questão é que na dermatofagia a pele materna é uma fonte adicional de nutrientes, cujo investimento é dado posteriormente ao nascimento dos filhotes, em vez de investir no vitelo.[52] Sua seleção deve ter sido favorecida por aumentar a aptidão da prole e compensar reduções correspondentes na fecundidade associadas ao menor investimento no ovo.[52]
Estima-se que essa forma de cuidado parental exista há pelo menos 100 milhões de anos.[53] Isso foi inferido estudando-se duas espécies com tal comportamento: S. annulatus, americana, e B. taitanus, africana,[53] as quais divergiram por volta de 156-162 milhões atrás.[53] Esse período corresponde a um momento antes da separação entre África e América do Sul, cuja separação estima-se que ocorreu há cerca de 100-140 milhões de anos.[53]
Ecologia reprodutiva
A reprodução em anfíbios está geralmente associada à estação chuvosa.[56] Em Gymnophiona, entretanto, pouco se sabe sobre a influência da sazonalidade na reprodução. Estudos sugerem que as atividades reprodutivas e a eclosão das larvas estão altamente correlacionadas com as monções: os ovos no estágio inicial de desenvolvimento são encontrados no início da estação chuvosa, enquanto os embriões desenvolvidos no pico da monção.[57][48]
A escolha da melhor localidade para oviposição é um fator importante para o sucesso na reprodução. Estudos observaram que fêmeas de Ichthyophis cf. kohtaoensis depositam seus ovos em pequenas câmaras, construídas em solo macio próximo a superfícies úmidas e a uma distância moderada da água. Após a eclosão, as larvas não recebem nenhum cuidado dos pais e migram para habitats úmidos e pantanosos. O volume dos corpos d'água próximos aos locais dos ninhos deve ser suficiente para permitir o desenvolvimento larval.[48]
Evolução da viviparidade
Muitas análises filogenéticas baseadas em dados morfológicos e moleculares sugerem que a viviparidade é uma condição derivada, que provavelmente surgiu muitas vezes entre os vertebrados. Em Gymnophiona, essas análises confirmam a oviparidade como o modo reprodutivo ancestral, com larvas livres eclodindo dos ovos.[58]
Autores afirmam que cecílias ovíparas são caracterizadas por acompanhamento dos ovos até a eclosão e não fornecem nenhum cuidado parental posterior. O investimento nutricional na prole exclusivamente através do vitelo é observado em todas as cobras-cegas “primitivas”, o que indica a condição ancestral da oviparidade, enquanto a viviparidade, com nutrição fetal dentro do oviduto materno, parece ser a condição derivada. Nesse contexto, a alimentação cutânea observada em algumas cecílias pode representar um estágio intermediário entre a oviparidade e viviparidade.[59]
A filogenia de cecílias indica que a viviparidade deve ter evoluído independentemente pelo menos quatro vezes dentro do grupo,[60] implicando na evolução convergente da nutrição fetal no oviduto.[3] Porém, apesar da convergência da viviparidade, a dentição fetal pode não ser convergente, pois ocorre em espécies ovíparas dos gêneros Siphonops, Caecilia[58] e Boulengerula.[59] Com isso, a linhagem de cecílias vivíparas pode ter surgido de ancestrais já munidos com uma dentição fetal especializada que pode ter sido usada principalmente na dermatofagia e pré-adaptada à alimentação dentro dos ovidutos.[59]
A evolução da viviparidade representou a oportunidade para as fêmeas de reduzirem o investimento nos ovos e investirem em provisão nutricional durante o curso da gestação via placenta ou oviduto.[61] Os lipídios transferidos para as gônadas são normalmente incorporados como material nutritivo no citoplasma de oócitos e constituem a principal fonte de alimentação endógena para o desenvolvimento do embrião. Quando a dieta materna é deficiente, a transferência de lipídios e proteínas se torna insuficiente para o desenvolvimento do oócito, o que pode reduzir a fertilidade e viabilidade da progênie.[62]
Referências
- ↑ «Amphibian Facts» (em inglês). Amphibiaweb. Consultado em 16 de julho de 2018
- ↑ San Mauro, D.; Gower, D. J.; Müller, H.; Loader, S. P.; Zardoya, R.; Nussbaum, R. A.; Wilkinson, M. (2014). «Life-history evolution and mitogenomic phylogeny of caecilian amphibians». Molecular Phylogenetics and Evolution. 73: 177–189. PMID 24480323. doi:10.1016/j.ympev.2014.01.009
- ↑ 3,00 3,01 3,02 3,03 3,04 3,05 3,06 3,07 3,08 3,09 3,10 3,11 3,12 3,13 3,14 3,15 3,16 3,17 3,18 3,19 3,20 3,21 3,22 3,23 Gomes, A. D., Moreira, R. G., Navas, C. A., Antoniazzi, M. M., & Jared, C. 2012. Review of the reproductive biology of caecilians (Amphibia, Gymnophiona). South American Journal of Herpetology, 191-202.
- ↑ Gower, D. J.; Wilkinson, M. 2009. Gymnophiona. pp. 369-372. In: S. B. Hedges and S. Kumar (Eds.), The Timetree of Life. Oxford University Press, New York
- ↑ Jared, C.; Navas, C. A.; Toledo, R. C. 1999. An appreciation of the physiology and morphology of the Caecilians (Amphibian: Gymnophiona). Comparative Biochemistry and Physiology, 123:313-328.
- ↑ Delêtre, M.; Measey, G. J. 2004. Sexual selection vs ecological causation in a sexually dimorphic caecilian, Schistometopum thomense (Amphibia: Gymnophiona: Caecilidae). Ethology Ecology & Evolution, 16(3):243-253.
- ↑ 7,0 7,1 Malonza, P. K.; Measey, G. J. 2005. Life history of an African caecilian: Boulengerula taitanus Loveridge 1935 (Amphibia Gymnophiona Caecilidae). Tropical Zoology, 18:9-66.
- ↑ Kupfer, A. 2009. Sexual size dimorphism in caecilian amphibians: analysis, review and directions for future research. Zoology, 112:362-369.
- ↑ 9,0 9,1 9,2 Tonutti, E. 1931. Beitrag zur Kenntnis der Gymnophionen. XV. Das Genital-system. Morphologisches Jahrbuch, 68:151-292.
- ↑ 10,0 10,1 Spengel, J. W. 1876. Das Urogenital system der amphibien. I. Theil, Der anatomishe ban des urogenital system. Arbeiten aus dem Zoologisch-Zootomischen Institut in Würzburg, 3:51-114.
- ↑ Exbrayat, J. M. 1996. Croissance et cycle du cloaque chez Typhlonectes comressicaudus (Duméril et Bibron, 1841), Amphibien Gymnophione. Bulletin de la Société Zoologique de France, 64:37-50.
- ↑ Smita, M.; Oommen, O. V.; George, J. M.; Akbarsha, M. A.. 2005. Sertoli cells in the testis of caecilians Ichthyophis tricolor e Uraeotyphlus narayani (Amphibia: Gymnophiona): light and electron microscopic perspective. Journal of Morphology, 258:317-326.
- ↑ Smita, M.; Jancy, M. G.; Akbarsha, M. A.; Oommen, O. V. 2003. Ameboid cells in spermatogenic cysts of caecilian testis. Journal of Morphology, 263:340-355
- ↑ Smita, M., Oommen, O. V.; Jancy, M. G.; Akbarsha, M. A. 2004. Stages in spermatogenesis of two species of caecilians, Ichthyophis tricolor and Uraeotyphlus cf. narayani (Amphibia: Gymnophiona): light and electron microscopic study. Journal of Morphology, 261:2-104.
- ↑ Exbrayat, J. M.; Delsol, M. 1988. Oviparité et développement intrauterine chez les Gymnophiones. Bulletin de la Société Herpétologique de France, 45:27-36.
- ↑ 16,0 16,1 Exbrayat, J. M.; Estabel, J. 2006. Anatomy with particular reference to the reproductive system. pp. 275-290. In: J. M. Exbrayat (Ed.), Reproductive Biology and Phylogeny of Gymnophiona (caecilians). Science Publishers, New Hampshire.
- ↑ 17,0 17,1 Tonutti, E. 1931. Beitrag zur Kenntnis der Gymnophionen. XV. Das Genital-system. Morphologisches Jahrbuch, 68:151-292.
- ↑ 18,0 18,1 18,2 18,3 Exbrayat, J. M. 2006b. Oogenesis and Folliculogenesis. pp. 275-290. In: J. M. Exbrayat (Ed.), Reproductive Biology and Phylogeny of Gymnophiona (caecilians). Science Publishers, New Hampshire.
- ↑ 19,0 19,1 Wake, M. H. 1968. Evolutionary morphology of the Caecilian urogenital system. Part I: the gonads and fat bodies. Journal of Morphology, 126:291-332.
- ↑ 20,0 20,1 Masood-Parveez, U. and V. B. Nadkarni. 1993. The ovarian cycle in an oviparous gymnophione amphibian, Ichthyophis beddomei (Peters). Journal of Herpetology, 27:59-63.
- ↑ Masood-Parveez, U. 1987. Some aspects of reproduction in the female Apodan Amphibian Ichthyophis. PhD., Karnatak University, Dharwad, India.
- ↑ 22,0 22,1 Gomes, A. D. 2010. Caracterização endócrina e metabólica do ciclo reprodutivo de cecílias dermatófagas Siphonops annulatus (Caecilian, Gymnophiona, Amphibian) ao longo do ciclo reprodutivo. Dissertação de mestrado. Universidade de São Paulo, São Paulo, 120 pp.
- ↑ 23,0 23,1 Exbrayat, J. M. 1986. Le testicule de Typhlonectes compressicaudus; structure, ultrastructure, croissance et cycle de reproduction. Mémoire de la Societe Zoologique de France, 43:121-132.
- ↑ Exbrayat. J. M.; Collenot, G. 1983. Quelques aspects de l’évolution de l’ovaire de Typhlonectes compressicaudus (Duméril et Bibron, 1841), Batracien Apode vivipare. Etude quantitative et histochimique des corps jaunes. Reproduction Nutrition Developmental, 23:889-898.
- ↑ 25,0 25,1 Exbrayat, J. M. 1983. Premières observations sur le cycle annuel de l’ovaire de Typhlonectes compressicaudus (Duméril et Bibron, 1841), Batracien Apode vivipare. Comptes Rendus de l’Académie des Sciences, Sciences de La Vie, 296:493-498.
- ↑ 26,0 26,1 Berois, N.; Sá, R. 1988. Histology of the ovaries and fat bodies of Chthonerpeton indistinctum. Journal of Herpetology, 22:146-151.
- ↑ 27,0 27,1 Wake, M. H. 1970. Evolutionary morphology of the caecilian urogenital system. Part II. The kidneys and urogenital ducts. Acta Anatomica, 75:321-358.
- ↑ Salthe, N. S. Mecham, J. S. 1974. Reproductive and courtship patterns. pp. 309-521. In: B. Lofts (Eds.), Physiology of Amphibia, Vol. 2. Academic Press, NewYork.
- ↑ Wake, M. H. Dickied, R. 1998. Oviduct structure and function and reproductive modes in Amphibians. The Journal of Experimental Zoology, 282:477-506
- ↑ Welsch, U.; Müller, M.; Schubert, C. 1977. Elektronenmikroskopische und histochemische Beobachtungen zur Fortpflanzungsbiologie viviparer Gymnophionen (Chthonerpeton indistinctum). Zoolische Jahrbücher. Abteilung für Anatomie und Ontogenie der Tiere,97:532-549.
- ↑ Hraoui-Bloquet, S., Scudie, G.; Exbrayat, J. M. 1994. Aspects ultrastructuraux de l’evolution de la muqueuse uterine au cours de la gestation chez Typhlonectes compressicaudus.Amphibien Gymnophione vivipara.
- ↑ Exbrayat, J. M.; Hraoui-Bloquet, S. 1992. La nutrition embryonnaire et les relations foeto-maternelles chez Typhlonectes compressicaudus amphibian gymnophione vivipare. Bulletin de la Société Herpétologique de France, 61:53-61.
- ↑ Exbrayat, J. M. 1992. Reproduction et organes endocrines chez les femelles d’un Amphibien Gymnophione vivipare, Typhlonectes compressicaudus. Bulletin de la Société Herpétologique de France, 64:37-50.
- ↑ Hilscher, C. A.; Conklin, D. J.; Boyd, S. K. 1994.Neurohypophysial peptides control of oviduct contraction in a caecilian amphibian. American Zoology, 34:20A.
- ↑ Noble, G. K. 1931. The Biology of the Amphibia. McGraw-Hill, New York.
- ↑ Gower, D. J.; Wilkinson, M. 2002. Phallus morphology in caecilians (Amphibia, Gymnophiona) and its systematics utility. Bulletin of the Natural History Museum. Zoology, 68:143-154.
- ↑ George, J. M. M.; Smita, B.; Kadalmani, R.; Girija, O. V. Oommen, and A. Akbarsha. 2005. Contribution of the secretory material of Caecilian (Amphibia:Gymnophiona) male Mullerian gland to motility of sperm: a study in Uraeotyphlus narayani. Journal of Morphology, 263:227-237.
- ↑ Exbrayat, J. M. 1985. Cycle des canaux de Müller chez le mâle adulte de Typhlonectes compressicaudus (Duméril et Bibron, 1841), Amphibien Apode. Comptes Rendus de l’Académie des Sciences, Sciences de La Vie, 301:507-512.
- ↑ George, J. M., Smita, M.; Kadalmani, B.; Girija, R.; Oommen, O. V.; Akbarsha, A. 2004. Secretory and basal cells of the epithelium of the tubular glands in the male Mullerian gland of the Caecilian Uraeotyophlus narayani (Amphibia:Gymnophiona). Journal of Morphology, 262:760-769.
- ↑ Wake, M. H. 1981. Structure and function of the male Mullerian gland in Caecilians (Amphibia: Gymnophiona), with comments on its evolutionary significance. Journal of Herpetology, 15:17-22.
- ↑ Smita, M., Oommen, O. V.; Jancy, M. G.; Akbarsha, M. A. 2004. Stages in spermatogenesis of two species of caecilians, Ichthyophis tricolor and Uraeotyphlus cf. narayani (Amphibia: Gymnophiona): light and electron microscopic study. Journal of Morphology, 261:2-104.
- ↑ Smita, M.; Jancy, M. G.; Akbarsha, M. A.; Oommen, O. V. 2003. Ameboid cells in spermatogenic cysts of caecilian testis. Journal of Morphology, 263:340-355.
- ↑ 43,0 43,1 Smita, M.; Oommen, O. V.; George, J. M.; Akbarsha, M. A.. 2005. Sertoli cells in the testis of caecilians Ichthyophis tricolor e Uraeotyphlus narayani (Amphibia: Gymnophiona): light and electron microscopic perspective. Journal of Morphology, 258:317-326.
- ↑ 44,0 44,1 Seshachar, B. R. 1937. The spermatogenesis of Ichthyophis glutinosus (Linn). II The meiotic divisions. Zeitschrift für Zellforschung und Mikroskopische Anatomie, 26:133-158.
- ↑ Exbrayat, J. M. 1996. Croissance et cycle du cloaque chez Typhlonectes comressicaudus (Duméril et Bibron, 1841), Amphibien Gymnophione. Bulletin de la Société Zoologique de France, 64:37-50.
- ↑ Exbrayat, J. M.; Sentis, P. 1982. Homogeneite du testicule etcycle annual chez Typhlonectes compressicuadus. Academic Science Paris, 292:417-420.
- ↑ 47,00 47,01 47,02 47,03 47,04 47,05 47,06 47,07 47,08 47,09 47,10 47,11 Vitt, J. l., And JP CAldWell. 2014. Herpetology: An Introductory Biology of Amphibians and Reptiles.
- ↑ 48,0 48,1 48,2 48,3 48,4 Kupfer, A., Nabhitabhata, J., & Himstedt, W. 2004. Reproductive ecology of female caecilian amphibians (genus Ichthyophis): a baseline study. Biological Journal of the Linnean Society, 83(2), 207-217.
- ↑ 49,0 49,1 49,2 49,3 49,4 Crump, M. L. 1996. Parental care among the amphibia. In Advances in the Study of Behavior (Vol. 25, pp. 109-144). Academic Press.
- ↑ 50,0 50,1 50,2 Kentwood, D. W. 2007. The ecology and behavior of amphibians.
- ↑ 51,0 51,1 Weldon, P. J., Demeter, B. J., & Rosscoe, R. 1993. A survey of shed skin-eating (dermatophagy) in amphibians and reptiles. Journal of Herpetology, 27(2), 219-228.
- ↑ 52,00 52,01 52,02 52,03 52,04 52,05 52,06 52,07 52,08 52,09 52,10 52,11 52,12 52,13 Kupfer, A., Müller, H., Antoniazzi, M. M., Jared, C., Greven, H., Nussbaum, R. A., & Wilkinson, M. 2006. Parental investment by skin feeding in a caecilian amphibian. Nature, 440(7086), 926-929.
- ↑ 53,00 53,01 53,02 53,03 53,04 53,05 53,06 53,07 53,08 53,09 53,10 53,11 53,12 Wilkinson, M., Kupfer, A., Marques-Porto, R., Jeffkins, H., Antoniazzi, M. M., & Jared, C. 2008. One hundred million years of skin feeding? Extended parental care in a Neotropical caecilian (Amphibia: Gymnophiona). Biology Letters, 4(4), 358-361.
- ↑ 54,0 54,1 54,2 54,3 54,4 54,5 54,6 54,7 54,8 54,9 Kupfer, A., Maxwell, E., Reinhard, S., & Kuehnel, S. 2016. The evolution of parental investment in caecilian amphibians: a comparative approach. Biological Journal of the Linnean Society, 119(1), 4-14.
- ↑ Kouete, M. T., Wilkinson, M., & Gower, D. J. 2012. First reproductive observations for Herpele Peters, 1880 (Amphibia: Gymnophiona: Herpelidae): evidence of extended parental care and maternal dermatophagy in H. squalostoma (Stutchbury, 1836). International Scholarly Research Notices, 2012.
- ↑ Wells, K. D. 2007. The ecology and behavior of amphibians. The University of Chicago Press, Chicago, 1148 pp.
- ↑ Kupfer, A., J. Nabhitabhata, and W. Himsted. 2005. Life history of amphibians in the seasonal tropics: habitat, community and population ecology of a caecilian (genus Ichthyophis). Journal of Zoology London, 266:37-247.
- ↑ 58,0 58,1 Wilkinson, M. and R. A. Nussbaum. 1998. Caecilian viviparity and amniote origins. Journal of Natural History, 32:1403-1409.
- ↑ 59,0 59,1 59,2 Kupfer, A., A. Kramer, W. Himstedt, and H. Greven. 2006. Copulation and egg retention in an oviparous caecilian. Zoologie Anzeiger, 244:23-228.
- ↑ Gower, D. J., V. Giri, M. S. Dharne, and Y. S. Shouche. 2008. Frequency of independent origins of viviparity among caecilians (Gymnophiona): evidence from first ‘live-bearing’ Asian Amphibian. Journal of Evolutive Biology, 21:1220-1226.
- ↑ Speake, B. K. and M. B. Thompson. 2000. Lipids of the eggs andneonates of oviparous and viviparous lizards.
- ↑ Adams, S. M. 1999. Ecological role of lipids in the health and success of fish populations; pp. 132-153. In: M. T. Arts and B. C.Wainman (Eds.), Lipids in freshwater ecosystems. Springer, New York.