𝖂𝖎ƙ𝖎𝖊

Guillermo Stábile

Guillermo Stábile
Stabile hurac 1926.jpg
Stábile en 1926
Informações pessoais
Nome completo Guillermo Antonio Stábile
Data de nasc. 17 de janeiro de 1906[[Categoria:Predefinição:Categorizar-ano-século-milénio/1]]
Local de nasc. Buenos Aires, Argentina
Nacionalidade Argentina argentino
Morto em 26 de dezembro de 1966 (60 anos)[[Categoria:Predefinição:Categorizar-ano-século-milénio/1]]
Local da morte Buenos Aires, Argentina
Altura 1,68 m
Apelido El Filtrador ("O Infiltrador")
Informações profissionais
Posição atacante
Clubes profissionais
Anos Clubes Jogos (golos)
1924-1930
1930-1934
1934-1935
1935-1936
1937-1939
Argentina Huracán
Flag of Italy (1861-1946).svg Genoa
Flag of Italy (1861-1946).svg Napoli
Flag of Italy (1861-1946).svg Genoa
França Red Star Paris

41 (15)
20 (3)
1 (1)
Seleção nacional
1930 Flag of Argentina.svg Argentina 4 (8)
Times/clubes que treinou
1937-1939
1939-1960
1939-1940
1940-1941
1941-1949
1949-1960
França Red Star Paris
Flag of Argentina.svg Argentina
Argentina San Lorenzo
Argentina Estudiantes La Plata
Argentina Huracán
Argentina Racing

Guillermo Stábile (Buenos Aires, 17 de janeiro de 1906[1]26 de dezembro de 1966) foi um futebolista e treinador argentino.

Stábile celebrizou-se como o artilheiro da primeira Copa do Mundo, onde foi vice-campeão. Era conhecido como Filtrador ("Infiltrador") por sua jogada característica: passar pelo meio da zaga adversária em seus ataques rumo ao gol.[2]

Também foi um vitorioso e longevo treinador da Seleção Argentina, ficando mais de duas décadas no cargo, sendo quem por mais tempo treinou a Albiceleste.

Carreira em clubes

Huracán

Stábile nasceu no bairro portenho de Parque Patricios, e foi no clube local, o Huracán, que ele iniciou em 1924 a carreira. O Globo, na época, era um dos principais times da liga profissional, a Asociación Argentina de Football, disputando acirradamente os títulos do campeonato dela com o Boca Juniors.[3]

Cedo logo mostrou-se decisivo: no campeonato de 1925 da AAF, fez parte da campanha de 18 vitórias, 2 empates e apenas 1 derrota do time, o que demandou uma final com o Nueva Chicago, com a qual terminara empatado.[3] Stábile marcou o gol de empate, que consternou os atletas da equipe de Mataderos, que minutos mais tarde abandonariam o gramado.[3] Pela desistência, o Huracán conquistou ali o seu terceiro título argentino.[3]

No mesmo 1925, conquistaria a Copa Dr. Carlos Ibarguren. Em 1927, a disputa se torna mais forte com a fusão da AAF com a Asociación Amateurs de Football [3] e no ano seguinte, veio novo título argentino para Stábile e os quemeros, com um ponto de diferença para o grande rival da equipe na época - o Boca Juniors.[3]

Exterior

Após consagrar-se na Copa do Mundo de 1930, chamou a atenção da Itália, terra de seus pais, sendo disputado por Genoa e Juventus.[2] Stábile preferiu o clube genovês, na época o maior do país: o Genoa ainda é considerado o time que aperfeiçoou a forma de jogar no país, e fora o pioneiro, ainda no século XIX, a não apenas jogar amistosos fora da Itália, mas também a possuir categorias de base, além de ter sido também o primeiro time italiano a implantar o profissionalismo (já em 1912).[4] Os rossoblù eram justamente os maiores vencedor do futebol italiano na época, com nove conquistas, enquanto a Juventus tinha apenas um título.[5] Stábile foi recebido com grande festa popular em sua chegada, em novembro,[2] correspondendo ao carinho com uma estreia das mais espetaculares, marcando três vezes em trinta minutos contra o Bologna.[2]

Sua escolha, porém, acabaria não lhe trazendo sorte a longo prazo: em uma época em que era bem mais difícil recuperar-se de lesões, Stábile fraturou duas vezes o mesmo perônio.[2] No tempo em que ficou parado, chegou até a trabalhar como assistente técnico do time. Em quatro anos, jogaria apenas 41 vezes pelos rossoblù e ainda veria justamente a Juventus emendar títulos na Serie A em todos eles. Para completar, na última dessas temporadas, o Genoa caiu. O Filtrador passou a temporada 1934/35 como jogador do Napoli, sem conseguir bom desempenho, e vendo novamente a Juve campeã (totalizando cinco títulos seguidos entre 1931 e 1935).[5] O argentino voltou ao Genoa na temporada seguinte, com o clube de volta à elite, mas jogou apenas uma partida.

Desgastado com o futebol italiano, Stábile rumou em 1937 para a França. Foi jogar na equipe fundada por Jules Rimet, o Red Star Paris, atuando como jogador e treinador. Na primeira temporada - 1937/38, experimentou novamente o rebaixamento, mas reconduziu o clube parisiense à elite imediatamente, faturando a Ligue 2 de 1938/39. A Segunda Guerra Mundial irromperia pouco depois e Stábile então regressou à Argentina natal, aposentado dos gramados.

Carreira na Seleção

Embora tenha sido convocado já em 1926,[2] Stábile só efetivamente jogaria pela Argentina em 1930. Foram quatro partidas, todas elas pela Copa do Mundo de 1930. Ele, inicialmente, seria apenas um reserva, sendo escalado a partir do segundo jogo por conta de uma crise nervosa do titular Roberto Cherro.[2][6] Meses antes de sua grande estreia pelo Genoa, faria também três gols em seu debute com a Albiceleste, na vitória por 6 a 3 sobre o México, os dois primeiros ainda antes dos 20 minutos de jogo.

Argentina e Chile então enfrentaram-se na última rodada da fase de grupos para decidir quem iria às semifinais. Os vizinhos foram derrotados por 3 a 1, com Stábile marcando os dois primeiros gols da partida — em um espaço de dois minutos entre eles. Outros dois viriam nas semifinais, em um implacável 6 a 1 sobre os Estados Unidos. A final seria contra o anfitrião e rival Uruguai, que dois anos antes levara a melhor contra os argentinos na final olímpica de 1928.

O primeiro tempo encerrou-se com parcial vitória argentina por 2 a 1, com o segundo gol sendo marcado por ele, no melhor estilo Filtrador: o colega Luis Monti lançou a bola do meio de campo em direção à área uruguaia, e Stábile, correndo mais que os zagueiros, antecipou-se ainda a José Leandro Andrade e conseguiu tocar a bola no meio do gol na saída do goleiro Enrique Ballesteros.[7] Porém, na segunda etapa, a Celeste, utilizando a sua bola preferida, mais pesada (por decisão dos organizadoras, em cada tempo seria utilizada a bola mais usada em cada país; a dos argentinos, usada no primeiro tempo, era mais leve),[8] virou a partida para 4 a 2 e conquistou a primeira Copa.

Stábile deixou o Uruguai com oito gols em quatro partidas, média de dois por jogo. Com sua ida para a Itália, acabou não jogando mais por seu país. Como legítimo oriundo, talvez fosse utilizado pela Seleção Italiana - que aproveitou-se de dois de seus colegas da Copa, Luis Monti e Attilio Demaría, além de outros argentinos -, mas as graves lesões acabaram não lhe cogitando para a Azzurra.

Como técnico

A Seleção Argentina campeã do Sul-Americano de 1957. Stábile, grisalho, é o terceiro a aparecer em pé na foto, da esquerda para a direita.

Suas primeiras experiências ocorreram quando ainda era jogador. No Genoa, chegou a ser assistente técnico enquanto recuperava-se de uma das lesões. No Red Star Paris, acumulou as funções de jogador e treinador. Deixou o clube francês em 1939 e no mesmo ano, de volta à Argentina, assumiu pela primeira vez com exclusividade o cargo, e logo na Seleção Argentina.

Além da Albiceleste, em 1939 começou a treinar também o San Lorenzo, curiosamente o rival histórico do Huracán. Para sua própria ex-equipe iria dois anos depois, após passar pelo Estudiantes de La Plata, enquanto treinava também a seleção. Ficou no Huracán até 1949, sem conquistar títulos ali, chegando no máximo a um terceiro lugar em 1942; era o treinador da equipe no período em que Alfredo di Stéfano esteve emprestado nela. Paralelamente, os troféus vinham em série na seleção: foram três títulos em quatro participações no Campeonato Sul-Americano na década, além das Copas Roca já em 1939 e também em 1940. Todavia, a consagração ficaria restrita à América do Sul, uma vez que a Segunda Guerra Mundial impediu a realização prevista de Copas do Mundo para 1942 e 1946.

Em 1949, Stábile foi treinar outro time alviceleste, o Racing. Ficou os onze anos seguintes no clube de Avellaneda, faturando um tricampeonato argentino em 1949, 1950 e 1951. Já a Seleção vivia certo ocaso - no final dos anos 40, os melhores atletas foram embora do país, revoltados com a recusa dos dirigentes em melhorar as condições e remunerações de trabalho.[9] Sabendo do enfraquecimento, o próprio presidente Juan Domingo Perón ordenou que o país sequer disputasse as Eliminatórias para as Copas do Mundo de 1950 e 1954,[10][11] ficando de fora dos dois mundiais.

A seleção foi "retomada" com os Sul-Americanos de 1955 e 1957, ambos vencidos. No segundo, vencido por 3 a 0 na final contra o Brasil, Stábile lançou um trio de atacantes que fez história: Humberto Maschio, Omar Sívori e Antonio Angelillo.[2] Todavia, os três foram para a Itália,[12] onde chegariam até a defender a Seleção Italiana - os dois primeiros inclusive jogariam por ela na Copa do Mundo de 1962. Como o sindicato dos atletas profissionais argentinos vedava a convocação de jogadores que jogassem no estrangeiro,[12] Stábile teve que disputar as Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1958 com um time envelhecido, o que incluía o quarentenário Ángel Labruna.[12] Ainda assim, a classificação veio sem problemas.

Na preparação para a Copa, a Albiceleste de Stábile foi elogiada pela imprensa italiana após vencer por 2 a 0 o Milan em Milão, em amistoso.[13] 28 anos após consagrar-se no Uruguai, o agora técnico Stábile retornou a um mundial de forma desagradável, pois apesar de sair na frente no placar, levou a virada e acabou perdendo na estreia para a Alemanha Ocidental por 3x1. Para o segundo jogo, voltou a usar Labruna - que não jogou contra os alemães - e a Argentina recuperou-se, vencendo de virada a Irlanda do Norte por 3 a 1.[14] Com isso, bastava uma vitória contra a Tchecoslováquia para obter a classificação para as quartas-de-final.

Contra os tchecoslovacos, todavia, o país jogou muito mal. Labruna e outro veterano, Néstor Rossi, mostraram-se lentos,[15] a zaga e o goleiro Amadeo Carrizo falharam seguidamente [15] e o adversário não temeu em lançar-se ao ataque, sendo escalado com cinco atacantes.[15] A Argentina experimentou a derrota mais elástica de sua história, perdendo por 6 a 1 e dando adeus à Suécia.

O resultado seria repreendido na volta para casa, com a delegação sendo recebida com uma chuva de moedas e pedras lançadas pelos torcedores, em meio a divulgação de boatos (desmentidos) de falta de empenho nos treinamentos e badalações noturnas.[16] O transtorno abreveria a passagem de Carrizo pela seleção,[17] mas Stábile prosseguiria no comando até 1960, ano em que conquistou seu último título, o Campeonato Pan-Americano.

Ainda em 1958, a amargura da Copa seria amenizada no Racing, conquistando seu quarto título argentino como treinador da Academia. Stábile deixou o clube também em 1960, tornando-se diretor da Escola Nacional de Treinadores até sua morte, seis anos depois.[2]

Títulos

Como jogador

Como treinador

Referências

  1. Marcelo Duarte e Mário Mendes (2010). Enciclopédia dos Craques. 2. [S.l.]: Panda Books. p. 237. 9788578880859 
  2. 2,0 2,1 2,2 2,3 2,4 2,5 2,6 2,7 2,8 Infiltrador de defesas (novembro de 1999). Placar - Especial "Os Craques do Século". Editora Abril, p. 91
  3. 3,0 3,1 3,2 3,3 3,4 3,5 VENÂNCIO, Rafael Duarte Oliveira (17 de outubro de 2010). «Boca Juniors e Huracán: o Superclássico do Amadorismo». Futebol Portenho. Consultado em 19 de outubro de 2010 
  4. BERTOZZI, Leonardo (janeiro de 2009). O berço do "Calcio". Trivela n. 35. Trivela Comunicações, pp. 52-55
  5. 5,0 5,1 KARPATI, Tamas; KRAMARSIC, Igor (8 de outubro de 2010). «Italy - List of Champions». RSSSF. Consultado em 24 de abril de 2011 
  6. GEHRINGER, Max (setembro de 2005). Vandalismo. Placar: A Saga da Jules Rimet, fascículo 1 - 1950 Uruguai. Editora Abril, p. 32
  7. GEHRINGER, Max (setembro de 2005). Os gols da final. Placar: A Saga da Jules Rimet, fascículo 1 - 1950 Uruguai. Editora Abril, p. 42
  8. GEHRINGER, Max (setembro de 2005). Lotação e provocações. Placar: A Saga da Jules Rimet, fascículo 1 - 1950 Uruguai. Editora Abril, p. 41
  9. DINIZ, Bruno (novembro de 2008). A Argentina que ninguém viu. Trivela n. 33. Trivela Comunicações, pp. 58-59
  10. GEHRINGER, Max (dezembro de 2005). Surpresas desagradáveis. Placar: A Saga da Jules Rimet, fascículo 4 - 1950 Brasil. Editora Abril, pp. 6-8
  11. GEHRINGER, Max (janeiro de 2006). Como sempre, deserções. Placar: A Saga da Jules Rimet, fascículo 5 - 1954 Suíça. Editora Abril, pp. 10-13
  12. 12,0 12,1 12,2 GEHRINGER, Max (fevereiro de 2006). A geopolítica da bola. Placar: A Saga da Jules Rimet, fascículo 6 - 1958 Suécia. Editora Abril, pp. 10-15
  13. GEHRINGER, Max (fevereiro de 2006). Faltou objetividade. Placar: A Saga da Jules Rimet, fascículo 6 - 1958 Suécia. Editora Abril, p. 26
  14. GEHRINGER, Max (fevereiro de 2006). Chama o velho. Placar: A Saga da Jules Rimet, fascículo 6 - 1958 Suécia. Editora Abril, p. 27
  15. 15,0 15,1 15,2 GEHRINGER, Max (fevereiro de 2006). Um dia para esquecer. Placar: A Saga da Jules Rimet, fascículo 6 - 1958 Suécia. Editora Abril, p. 28
  16. GEHRINGER, Max (fevereiro de 2006). Pedras e moedas. Placar: A Saga da Jules Rimet, fascículo 6 - 1958 Suécia. Editora Abril, p. 28
  17. O professor aloprado (novembro de 1999). Placar - Especial "Os Craques do Século". Editora Abril, p. 69

Predefinição:Treinadores Campeões da Copa América Predefinição:Seleção da Copa do Mundo de 1930Predefinição:Club Atlético HuracánPredefinição:Racing Club

talvez você goste